Scielo RSS <![CDATA[Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2183-845320240001&lang=en vol. 17 num. lang. en <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[PERSISTENCE OF SYMPTOMS ONE YEAR AFTER SARS-COV-2 INFECTION IN WORKERS, AND THEIR PERFORMANCE OF ACTIVITIES AND PARTICIPATION IN LIFE SITUATIONS]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532024000100200&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Introdução: Embora a maioria dos indivíduos recupere após a infeção aguda por SARS-CoV-2, outros podem apresentar sintomas persistentes com potenciais consequências a médio e longo prazo no desempenho de atividades e participação, com eventuais implicações na sua aptidão para o trabalho. Objetivo: Analisar a persistência de sintomas aos doze meses após infeção por SARS-CoV-2 e perceção do nível de desempenho em atividades e participação em situações de vida de trabalhadores do setor industrial numa empresa da Região de Aveiro. Metodologia: Estudo observacional, desenvolvido num Serviço de Saúde Ocupacional de uma empresa industrial da região de Aveiro, incluindo trabalhadores com teste SARS-COV-2 RT-PCR/TRAg positivo, entre outubro/2020-janeiro/2022. Após sinalização da infeção, a Equipa de Saúde Ocupacional aplicou um questionário recolhendo as variáveis sociodemográficas, uma lista de sintomas comuns durante a fase aguda da infeção por SARS-COV-2 e a funcionalidade percebida avaliada pela versão portuguesa da WHODAS 2.0-PT12 (onde '12 pontos' significa a maior funcionalidade). Aos doze meses, preencheram outra lista de sintomas persistentes após a infeção por SARS-CoV-2 e novamente a WHODAS 2.0-PT12. A análise dos dados incluiu estatística descritiva e regressão logística univariada e multivariada. A condução da análise foi realizada com o software JASP 0,16.3. Resultados: Oitenta e cinco trabalhadores encontravam-se infetados com SARS-CoV-2, com idade média de 36,1±9,8anos, 77,7% eram do sexo masculino, 36,7% possuíam escolaridade superior e 17,7% relataram pelo menos uma condição crónica. Aos doze meses, trinta trabalhadores (35,3%) relataram sintomas persistentes, sendo a fadiga (27,7%) e artralgia (14,4%) os mais mencionados. A média da WHODAS 2.0 nos dois momentos de avaliação foi 19,2±8,0 vs 15,7±5,0. Foram encontradas associações significativas entre os itens da WHODAS 2.0 e os sintomas persistentes fadiga, cefaleia, tosse, mialgia, artralgia e doença crónica prévia. Conclusões: Os sintomas persistentes doze meses após a infeção aguda por SARS-CoV-2 têm repercussão na autoperceção do desempenho em algumas atividades e participação em situações de vida dos trabalhadores. A equipa de saúde ocupacional deve realizar a vigilância contínua da saúde do trabalhador infetado, avaliando a presença de sintomas persistentes desta infeção e poderá implementar um programa de intervenção individualizado, que minimize o impacto da persistência dos sintomas no seu desempenho laboral, assim como, em atividades e participação em situações de vida.<hr/>ABSTRACT Introduction: Although most individuals recover after acute infection by SARS-CoV-2, others may suffer from persistent symptoms with potential medium and long-term consequences on the performance of activities and participation, with possible implications for their fitness for work. Objective: To analyze the persistence of symptoms twelve months after SARS-CoV-2 infection, and the perception of the performance level in activities and participation in life situations, of workers in a company of the industrial sector in the Aveiro Region. Methodology: An observational study, developed in an Occupational Health Service of an industrial company in the region of Aveiro, including workers with positive SARS-COV-2 RT-PCR/TRAg test, between October/2020-January/2022. After signaling the infection, the Occupational Health Team applied a questionnaire collecting sociodemographic variables, a list of common symptoms during the acute phase of infection by SARS-COV-2, and the perceived functionality assessed by the Portuguese version of WHODAS 2.0-PT12 (where '12 points' means the most functionality). At twelve months, they filled out another list of persistent symptoms after SARS-CoV-2 infection and again WHODAS 2.0-PT12. Data analysis included descriptive statistics and univariate and multivariate linear regression. The analysis was conducted with the software JASP 0.16.3. Results: Eighty-five workers were infected with SARS-CoV-2, with a mean age of 36.1± 9.8years, 77.7% were male, 36.7% had higher education and 17.7% reported at least one chronic condition. At twelve months, thirty workers (35.3%) reported persistent symptoms, with fatigue (27.7%) and arthralgia (14.4%) being the most mentioned. The mean WHODAS 2.0 in the two evaluation moments was 19.2±8.0 vs 15.7±5.0. Significant associations between WHODAS 2.0 items and persistent symptoms of fatigue, headache, cough, myalgia, arthralgia, and previous chronic disease were found. Conclusions: Persistent symptoms twelve months after acute SARS-CoV-2 infection have repercussions on workers' self-perception of performance in some activities and participation in life situations. The occupational health team can implement continuous surveillance of the infected worker's health, assess the presence of persistent symptoms of this infection, and implement an individualized rehabilitation program, which minimizes the impact of the persistence of symptoms on their work performance, and in activities and participation in life situations. <![CDATA[EVALUATION OF PSYCHOSOCIAL RISK FACTORS IN HEALTHCARE PROFESSIONALS IN A CENTRAL HOSPITAL CENTER]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532024000100201&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Introdução O trabalho pode ser um fator protetor ou de risco para a saúde mental, dependendo de estratégias individuais e organizacionais. Para além dos estudos apontarem os profissionais de saúde como um grupo de maior risco neste âmbito, nos exames de Medicina do Trabalho destes profissionais verifica-se maior frequência de patologia psiquiátrica. Objetivos O principal objetivo do artigo é identificar os fatores de risco psicossociais ocupacionais presentes no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central e relacioná-los com dimensões laborais, polo hospitalar, experiência profissional, categoria profissional e serviços hospitalares. Metodologia Existindo uma psicóloga exclusiva no Serviço de Saúde Ocupacional do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, desenvolveu-se em parceria com a Ordem dos Psicólogos o “Projeto Avaliar, Refletir e Agir” ao longo de quatro fases, distribuindo o questionário Copenhagen Psychosocial Questionnaire aos seus profissionais. A metodologia escolhida passou por sensibilizar os trabalhadores e respetivas chefias para a temática dos FRPS, avaliar e recomendar estratégias preventivas e corretivas neste âmbito. Resultados Os resultados demonstram como mais relevantes as dimensões da severidade face aos ritmos de trabalho e as exigências cognitivas e emocionais, apresentando-se como fatores protetores a autoeficácia, o significado do trabalho e a transparência do papel. Discussão/Conclusão Com este trabalho pretende-se alertar para a necessidade de avaliação e intervenção multidisciplinar numa vertente biopsicossocial, tendo em conta o aumento de consequências na saúde mental dos profissionais de saúde; bem como fomentar a implementação de estratégias individuais e organizacionais de modo a promover ambientes de trabalho mais saudáveis.<hr/>ABSTRACT Introduction Work can be a protective or risk factor for mental health, depending on individual and organizational strategies. In addition to studies pointing to health professionals as a group at greater risk in this area, in Occupational Medicine medical examinations we found a higher frequency of psychiatric pathology. Objectives The main objective of the article is to identify occupational psychosocial risk factors in Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central and relate them to work dimensions, hospital hub, professional experience, professional category and hospital services. Methodology With an exclusive psychologist in the Occupational Health Service of Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, the “Evaluate, Reflect and Act Project” was developed in partnership with the Order of Psychologists over four phases, distributing the Copenhagen Psychosocial Questionnaire questionnaire to its professionals. The chosen methodology involved raising awareness among workers and their managers about the topic of FRPS, evaluating and recommending preventive and corrective strategies in this area. Results The results demonstrate that the dimensions of severity are more relevant in relation to work rhythms and cognitive and emotional demands, presenting self-efficacy, the meaning of work and role transparency as protective factors. Discussion/Conclusion This work aims to raise awareness of the need for multidisciplinary assessment and intervention from a biopsychosocial perspective, considering the increase in consequences for the mental health of health professionals and encourage to implement individual and organizational strategies to promote healthier work environments. <![CDATA[IMPACT OF DUAL DIAGNOSIS ON WORK CAPACITY: DOES THE PROFESSIONAL ACTIVITY SECTOR MATTER?]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532024000100202&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Objetivos Analisar o impacto da Patologia Dual na capacidade de trabalho e verificar se existe relevância com o setor de atividade profissional. A Patologia Dual define-se pela coexistência de uma Adição e de outra patologia psiquiátrica. Metodologia Todos os pacientes internados para tratamento na Unidade de Tratamento para Álcool e Novas Dependências do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, durante seis meses, entre 1 de novembro de 2021 e 30 de abril de 2022, foram selecionados e avaliados quanto a características sociodemográficas e clínicas (idade, género, nível de educação, situação profissional e setor de atividade aquando da admissão, bem como diagnóstico principal à admissão e outras comorbilidades psiquiátricas). Realizada uma análise observacional retrospetiva focada na capacidade de trabalho dos doentes entre aqueles diagnosticados apenas com uma Adição (com ou sem uso de substância) e doentes com o diagnóstico de Patologia Dual. Resultados A amostra incluiu 78 pacientes com uma idade média de 51 anos. Destes, 31 foram diagnosticados com uma Adição e 47 com Patologia Dual. Apenas 27% dos pacientes estavam com uma situação profissional ativa aquando da admissão hospitalar, com 15% em situação de incapacidade temporária para o trabalho, 41% em situação de desemprego e 17% na reforma. As principais áreas de atividades presentes na amostra pertenciam a três setores, sendo que 29% dos pacientes trabalhava no setor da restauração, hotelaria, transportes e outros serviços de lazer, 19% no setor da construção e 17% no setor da saúde, educação e serviços sociais. As taxas de desemprego presentes entre pacientes diagnosticados com Adição foram semelhantes à dos pacientes diagnosticados com Patologia Dual. No entanto, 39% dos pacientes com Adição encontravam-se com uma situação profissional ativa, enquanto que apenas 19% dos diagnosticados com Patologia Dual estavam profissionalmente ativos. Observamos ainda que 34% dos pacientes com patologia dual trabalhavam no setor da restauração, hotelaria, transportes e outros serviços de lazer. Conclusões Os resultados demonstram que a Patologia Dual pode ter um impacto significativo na capacidade de trabalho da população e sugerem que existem diferenças importantes entre os setores de atividade profissional em pacientes com ou sem o diagnóstico de Patologia Dual, contudo, são necessários estudos mais alargados nesta área.<hr/>ABSTRACT Objective To analyze the impact of Dual Diagnosis on patient’s work capacity and verify if the professional activity sector matters. Dual Diagnosis is defined by the coexistence of an Addiction and another psychiatric disorder. Methodology All patients admitted for inpatient treatment at Alcohol and New Addiction’s Treatment Unit from Lisbon’s Psychiatric Hospital Center, for six months, between 1st November 2021 and 30th April 2022, were selected and screened for sociodemographic and clinical characteristics (age, gender, education level, professional situation, and activity sector at admission as well as main admission diagnosis and other psychiatric comorbidities). Retrospective observative analysis focused on patient’s work capacity was conducted between patients who had been diagnosed with an Addiction Disorder and patients with Dual Diagnosis. Results Our sample had 78 patients and an average age of 51 years. From those, 31 had diagnosis of Addiction Disorder and 47 had Dual Diagnosis. Only 27% patients were still active at admission, with 15% being with temporary incapacity certificate, 41% being unemployed and 17% retired. A significant part of our sample worked in accommodation, transportation, and food services activities (29%), construction sector (19%) and in healthcare, education, and social work activities (17%). The unemployment rates between patients with an Addiction Disorder and Dual Diagnosis were similar. However, 39% of patients with an Addiction Disorder were active while only 19% with Dual Diagnosis were in the same state. Also of interest was that 34% of those with Dual Diagnosis worked in accommodation, transportation, and food services activities. Conclusions These results show that Dual Diagnosis may have a significant impact in the working capacity and suggest that there are important differences between professional activity sectors in patients with or without dual diagnosis. <![CDATA[PSYCHOLOGY APPLIED TO HEALTHCARE WORKERS: THE EXPERIENCE OF AN OCCUPATIONAL HEALTH SERVICE IN A HOSPITAL CENTER OF LISBON]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532024000100203&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Introdução Os profissionais de saúde estão expostos a um elevado número de fatores de risco psicossociais. Estes têm consequências a nível individual e organizacional. A psicologia da saúde ocupacional aplica princípios da psicologia na proteção e promoção da saúde e bem-estar dos trabalhadores. Neste âmbito, pode atuar a nível da organização, com intervenções que melhorem o ambiente de trabalho, e a nível individual, dotando os indivíduos de recursos para lidar com diferentes tipos de ambientes. Foi neste contexto que um serviço de saúde ocupacional de um centro hospitalar de Lisboa decidiu integrar na sua equipa um psicólogo. Objetivo Descrever uma amostra de profissionais de saúde referenciados à consulta de psicologia, com vista a gerar hipóteses quanto a características que possam constituir fatores de risco para carecer desse apoio. Metodologia Trata-se de um estudo descritivo em que a amostra corresponde ao grupo de trabalhadores referenciado à consulta de psicologia ao longo de sete meses. Foram avaliados os sintomas humor deprimido, pensamentos de morte, ansiedade e alterações do sono. Todos os dados provêm dos registos clínicos do psicólogo e do médico do trabalho, obtidos através de entrevista clínica, tendo sido previamente anonimizados. Resultados Foram acompanhados em consulta de psicologia 47 trabalhadores, correspondendo a 1% da população do centro hospitalar. O grupo profissional mais prevalente na amostra foram os assistentes operacionais. A maioria dos trabalhadores referia já ter um diagnóstico prévio de psicopatologia e 55% mantinham-se medicados. Apenas 15% dos trabalhadores identificavam o trabalho como fator determinante na sintomatologia. Discussão Verificou-se uma maior proporção do sexo feminino, em relação com a população global do centro hospitalar, um achado que poderá relacionar-se com um maior risco inerente às expectativas impostas pela sociedade relativamente ao papel da mulher como cuidadora e o acúmulo de funções na esfera social/familiar. Está ausente da amostra o grupo profissional “médicos”, hipoteticamente por uma menor afluência destes às consultas de medicina do trabalho ou eventual proteção conferida a níveis educacionais mais altos. Conclusões Ao contrário da evidência existente, nesta amostra de profissionais de saúde de um centro hospitalar de lisboa, o trabalho não foi o fator preponderante para o aparecimento de efeitos adversos na saúde e a determinar o seguimento em consulta de psicologia. No futuro, deve ser testada de forma mais robusta a relação entre género, nível educacional e grupo profissional e aumento do risco de psicopatologia.<hr/>ABSTRACT Introduction Healthcare workers are exposed to many psychosocial risk factors. These have consequences at an individual and organizational level. Occupational health psychology applies the principles of psychology to the protection and promotion of workers' health and well-being. Here, it can act at the organizational level, with interventions that improve the working environment, and at the individual level, providing individuals with resources to deal with different types of settings. It was in this context that the occupational health service of a Lisbon hospital center decided to incorporate a psychologist into its team. Objective To describe a sample of health professionals referred for a psychology consultation, looking to generate hypotheses about characteristics that may constitute risk factors for needing this support. Methodology This is a descriptive study in which the sample corresponds to the group of workers that was referred to psychology, over seven months. The following symptoms were assessed: depressed mood, thoughts of death, anxiety, and sleep disturbances. All the data came from the clinical records of the psychologist and the occupational medicine physician, obtained through a clinical interview, and were previously anonymized. Results A total of 47 workers were followed in psychology appointments, corresponding to 1% of the hospital's population. The most prevalent professional group in the sample was operational assistants. Most of the workers reported having a previous diagnosis of psychopathology and 55% were still medicated. Only 15% of the workers identified work as a determining factor in their symptoms. Discussion There was a higher proportion of women compared to the overall population of the hospital, a finding that could be related to a greater risk inherent in the expectations imposed by society regarding the role of women as caregivers and the accumulation of functions in the social/family sphere. The "doctors" professional group is absent from the sample, hypothetically due to their lower attendance at occupational medicine consultations or the possible protection afforded to higher levels of education. Conclusions Contrary to the existing evidence, in this sample of health professionals from a hospital center in Lisbon, work was not the preponderant factor for the appearance of adverse health effects and determining follow-up in psychology consultations. In the future, the relationship between gender, educational level and professional group and increased risk of psychopathology should be tested more robustly. <![CDATA["THINKING OUTSIDE THE BOX..." A PARTICIPATORY LEADERSHIP PROJECT: A partnership between a Surgical Unit and the Occupational Health Service in promoting healthy work environments]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532024000100204&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Introdução: Este projeto visa reconhecer a inteligência relacional como instrumento de coesão, satisfação e motivação profissional, com inerente repercussão na qualidade e segurança dos cuidados prestados, bem como na promoção de ambientes de trabalho saudáveis. Diagnóstico da situação: Procedeu-se ao diagnóstico da situação utilizando-se a pesquisa de consenso, mais especificamente a técnica de “brainstorming”, para identificar a área de intervenção, priorizando-se as questões relacionais pelo número de vezes que foram mencionadas pelos colaboradores. Objetivo: Promover a inteligência relacional na equipa da unidade Cirurgia A, do Hospital Curry Cabral, como instrumento de gestão, aumentando em pelo menos 20% a satisfação dos colaboradores, em relação ao ambiente de trabalho. Metodologia: A metodologia focou-se em dois momentos de avaliação, qualitativa e quantitativa. A primeira iniciou-se com o projeto “Pensar fora da caixa…escrevendo para dentro da caixa”- nesta os colaboradores foram estimulados a partilhar emoções, sugestões, elogios, reclamações ou qualquer outro assunto que considerassem pertinente. O anonimato dos contributos permitiu que a sinceridade e frontalidade sobre o ambiente de trabalho emergisse sem constrangimentos e em segurança psicológica. Esta estratégia foi, sem dúvida, o “motor” deste projeto pois, a partir dos seus contributos, foi possível identificar as áreas passiveis de melhoria. Para uma análise quantitativa, de forma que existissem indicadores para medir o objetivo pretendido, foram realizados dois momentos de avaliação através da aplicação de questionários. Resultados: Com os contributos da avaliação qualitativa observou-se a necessidade de intervenção a nível da saúde mental dos colaboradores. Deu-se assim inicio a novas rotinas, onde se incluíram reuniões semanais de reflexão, formação sobre relacionamento interpessoal e medidas de saúde e bem-estar na equipa. As estratégias utilizadas permitiram os resultados obtidos na avaliação quantitativa com um aumento de 44,1% na satisfação desta população. Conclusões: A capacidade de escuta ativa dos problemas dos colaboradores e o envolvimento dos mesmos na sua melhoria associado a uma liderança participativa, transformadora e humanizada contribuiu para o bem-estar dos profissionais. Considera-se assim que este projeto acrescentou valor no que diz respeito à melhoria do ambiente de trabalho, com repercussão na produtividade e na qualidade do atendimento feito aos utentes.<hr/>ABSTRACT Introduction: This project aimed to recognize relational intelligence as an instrument of cohesion, satisfaction, and professional motivation with inherent repercussions on the quality and safety of care provided, as well as the promotion of healthy work environments. Diagnosis: Was use consensus research to identify the area of intervention, more specifically the “brainstorming” technique, prioritizing relational issues based on the number of times they were mentioned by employees. Objective: Promote relational intelligence in the team at the Surgery A unit, at Hospital Curry Cabral, as a management tool, increasing employee satisfaction in relation to the work environment by at least 20%. Methodology: The methodology used focused on two assessment moments, qualitative and quantitative. The qualitative assessment began with the project “Thinking outside the box…writing inside the box”, in which employees were encouraged to share emotions, suggestions, compliments, complaints, or any other subject they considered relevant. The anonymity of the contributions allowed sincerity and directness in the work environment to emerge without constraints, allowing psychological safety. This strategy was the “driver” of this project because, based on its contributions, it was possible to identify areas that could be improved. For a quantitative analysis, to measure the intended objective, was applied questionnaires on two evaluation moments. Results: With the contributions of the qualitative assessment, mas observed the need for intervention in terms of employees’ mental health. This began new routines, which include weekly reflection meetings, training on interpersonal relationships and health and well-being measures in the team. The strategies used allowed the results obtained in the quantitative evaluation with an increase of 44,1% in the satisfaction of this population. Conclusion: There is an association of the ability to actively listen to employees’ problems and their involvement. Participatory, transformative, and humanized leadership contributed to the well-being of professionals. If is therefore considered that this project added value in terms of improving the working environment, with repercussions on productivity and the quality of service provided to users. <![CDATA[RELATIONSHIP BETWEEN OCCUPATIONAL EXPOSURE TO IONIZING RADIATION IN HEALTHCARE WORKERS AND THE DEVELOPMENT OF BREAST CANCER]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532024000100300&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Introdução: Todos os anos são registados mais de 2,3 milhões de casos de cancro da mama, o que o torna o tipo cancro mais comum entre os adultos. A associação entre o cancro da mama e fatores ocupacionais é uma questão que tem vindo a ser estudada na literatura desde o início do século XVIII. Os desenvolvimentos tecnológicos permitiram um estudo mais aprofundado sobre a relação entre o cancro da mama e os fatores profissionais como a exposição a produtos químicos, pesticidas, metais e também fontes de exposição a radiação ionizante e não ionizante. O objetivo da presente revisão de literatura é incidir na relação entre a exposição ocupacional a radiação ionizante em trabalhadores da saúde e o desenvolvimento de cancro da mama. Metodologia: Foi efetuada uma pesquisa na Medline, com o motor de busca PubMed e na Elsevier, com o motor de busca Science Direct. As palavras de pesquisa usadas foram uma combinação dos termos breast cancer, occupational exposure, ionizing radiation e healthcare workers. Foi também realizada pesquisa na Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional utilizando os termos “Cancro de mama” e “Radiação Ionizante”. Discussão/Conclusão: A literatura atual não é unânime quanto às características clínicas e patológicas específicas do cancro da mama possivelmente ligadas a contextos profissionais. Os profissionais de saúde, tais como técnicos de radiologia, enfermeiros, cirurgiões ortopédicos e cardiologistas de intervenção são especialmente vulneráveis a este tipo de exposição, nomeadamente à radiação ionizante. No entanto, alguns estudos apontaram para uma dificuldade em estabelecer uma relação causal entre estes fatores e o desenvolvimento de doença devido ao número de variáveis envolvidas, tais como a duração e intensidade da exposição e à influência de outros fatores de risco. As mudanças no equipamento, procedimentos e medidas de proteção resultaram em doses mais baixas nos anos mais recentes, o que significa que o risco de cancro da mama é baixo nos níveis atuais de exposição profissional à radiação ionizante.<hr/>ABSTRACT Introduction: Every year more than 2.3 million cases of breast cancer are registered, making it the most common type of cancer among adults. The association between breast cancer and occupational factors is an issue that has been studied in the literature since the beginning of the 18th century. Technological developments have allowed a more in-depth study of the relationship between breast cancer and occupational factors such as exposure to chemicals, pesticides, metals and also sources of exposure to ionising and non-ionising radiation.The aim of the present literature review is to complete an update on the scientific knowledge about the relationship between occupational exposure to ionising radiation in healthcare workers and the development of breast cancer. Methodology: A research was carried using Medline with the PubMed search engine and Elsevier with the Science Direct search engine. The search words used were a combination of breast cancer, occupational exposure, ionizing radiation and healthcare workers. A research was also carried out in Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional, using the terms “Breast Cancer” and “Ionizing Radiation”. Discussion/Conclusions: Current literature is not unanimous about the specific clinical and pathological features of breast cancer possibly linked to occupational settings. Healthcare professionals such as radiology technicians, nurses, orthopaedic surgeons and interventional cardiologists are especially vulnerable to this type of exposure, particularly to ionising radiation. However, some studies have pointed to a difficulty in establishing a causal relationship between these factors due to the number of variables involved, such as the duration and intensity of exposure and the influence of other risk factors. Changes in equipment, procedures and protective measures have resulted in lower doses in recent years, which means that the risk of breast cancer is low at current levels of occupational exposure to ionizing radiation. <![CDATA[KITCHEN WORKERS: MAIN RISK FACTORS/OCCUPATIONAL RISKS, OCCUPATIONAL DISEASES AND RECOMMENDED PROTECTIVE MEASURES]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532024000100301&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Introdução: O setor da alimentação coletiva inclui um número razoável de trabalhadores envolvidos. Empiricamente, não existem dúvidas de que este setor possui áreas de trabalho que pela sua natureza envolvem uma série de fatores de risco que podem afetar a saúde dos trabalhadores. Conhecer e catalogar os mesmos, de modo a poder elaborar um plano preventivo, é essencial para a saúde do trabalhador (e da entidade que o emprega). Este artigo objetiva reunir os principais fatores de risco/riscos ocupacionais, doenças profissionais associadas e medidas de proteção recomendadas. Metodologia: Trata-se de umaScoping Review, iniciada através de uma pesquisa realizada nas base de dados Medline (via Pubmed), realizada durante o mês de novembro de 2023, englobando artigos (em português e inglês), com as palavras-chave “kitchen worker” e “occupational” no título, sem limite temporal. Utilizou-se como complemento a ferramenta de análise de riscos “Online interactive risk assessment”, da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho. Conteúdo: Os principais fatores de risco encontrados são exposição a agentes químicos (produtos na higienização das instalações e/ou hortofrutícolas, ou subprodutos derivados da confeção); riscos ergonómicos (posturas mantidas/ forçadas; movimentos repetitivos, manuseamento manual de cargas); riscos de acidentes (quedas ao mesmo nível ou a níveis diferentes; manuseamento de equipamentos/utensílios que aumentem o risco de queimaduras, cortes e/ou amputações); contato com equipamentos elétricos, ruído, stress térmico e riscos psicossociais. As principais doenças profissionais referem-se a condições musculoesqueléticas, psicossociais ou dermatológicas. Cada unidade deverá, no entanto, ser avaliada individualmente, mediante as suas caraterísticas intrínsecas. Conclusões: A segurança e saúde dos trabalhadores das unidades de alimentação coletiva são questões que merecem atenção constante dos Empregadores, reguladores e da sociedade em geral. Este artigo explorou alguns dos principais riscos ocupacionais e listou a necessidade de medidas preventivas eficazes. A redução destes riscos não é apenas uma responsabilidade ética e legal, mas uma estratégia inteligente para melhorar a eficiência operacional e a qualidade dos serviços, evitando acidentes, minimizando o absentismo, mas também melhorando a produtividade das empresas. Seria pertinente desenvolver investigações que avaliassem a realidade nacional.<hr/>SUMMARY Introduction: The food sector includes a reasonable number of workers involved. Empirically, there is no doubt that this sector has work areas that by their nature involve a series of risk factors that can affect the health. Knowing and cataloguing these, in order to be able to draw up a preventive plan, is essential for the health of the worker (and the entity that employs him). This article aims to gather the main occupational risk factors/occupational risks, occupational diseases and recommended protective measures at kitchen workers. Methodology: This is a Scoping Review, initiated through a search carried out in the Medline database (via Pubmed), carried out during the month of November 2023, encompassing articles (in Portuguese and English), with the keywords "kitchen worker" and "occupational" in the title, with no time limit. The risk analysis tool "Online interactive risk assessment" of the European Agency for Safety and Health at Work was used as a complement. Content: The main risk factors found are exposure to chemical agents (products used to clean facilities and/or fruit and vegetables, or by-products from cooking); ergonomic risks (maintained/forced postures; repetitive movements, manual handling of loads); accidents (falls at the same level or at different levels; handling of equipment/utensils that increase the risk of burns, cuts and/or amputations); contact with electrical equipment, noise, heat stress and psychosocial risks. The main occupational diseases refer to musculoskeletal, psychosocial or dermatological conditions. Each unit should, however, be evaluated individually, according to its intrinsic characteristics. Conclusions: The safety and health of kitchen workers are issues that deserve constant attention from employers, regulators and society at large. This article explored some of the main occupational hazards and listed the need for effective preventive measures. Reducing these risks is not only an ethical and legal responsibility, but a smart strategy to improve operational efficiency and quality of services, avoiding accidents, minimizing absenteeism, but also improving the productivity of companies. It would be pertinent to develop investigations that assess the national reality <![CDATA[REMOTE WORK AND ITS PSYCHOSOCIAL RISKS: LITERATURE REVIEW]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532024000100302&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Introdução As sociedades atuais e a sua constante evolução e globalização, têm demonstrado um impacto significativo na forma como se estruturam os postos de trabalho ao longo dos anos, nos quais, mais recentemente e com maior tradução mediática, se destaca a possibilidade de praticar teletrabalho, potenciada pela inovação tecnológica. Objetivos Conhecer a literatura mais recentemente publicada acerca do teletrabalho; bem como a sua relação com fatores de risco de origem psicossocial e inferir sobre a necessidade de implementação e aperfeiçoamento de políticas voltadas para promoção da saúde mental em contexto ocupacional, com enfoque na prevenção dos riscos psicossociais. Metodologia Revisão da literatura integrativa com os termos “teleworking”, “remote work”, “telework”, “telecommuting”, “psychosocial risks”, “mental health” e “occupational health”, em português e em inglês. Foram utilizadas como principais bases de dados a Pubmed, UpToDate, Clinical Key, Medscape, World Health Organization, International Labour Organization, Centers for Disease Control and Prevention, bem como a Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional e a Direção Geral de Saúde. Selecionaram-se os 24 documentos com maior relevância na temática em estudo, publicados entre 2010 e 2023. Discussão As fontes de riscos psicossociais do teletrabalho encontram-se em constante mudança e acompanham as alterações demográficas e da organização. A prática de teletrabalho parece ser uma oferta cada vez mais comum, a sua adoção em larga escala e inesperada devido à COVID-19 e coligada ao enorme avanço dos processos de digitalização, aumentaram as situações de stress tecnológico entre os trabalhadores, com possíveis consequências adversas para a saúde mental. Esta massificação do Teletrabalho, embora com o intuito de proteger os trabalhadores relativamente a um risco biológico aumentou, em diversas situações, o isolamento social, os conflitos trabalho-família e a falta de suporte social, com consequências negativas na saúde mental da população ativa. Conclusão Com o aumento deste tipo de trabalho emerge a necessidade de avaliar os fatores de risco psicossociais que surgem em conformidade, para que estes sejam reconhecidos pelos peritos em saúde ocupacional e intervencionados, assegurando assim que o teletrabalho se torna mais saudável.<hr/>ABSTRACT Introduction Our society’s characteristics, with their constant evolution and globalization, have shown a significant impact on the way jobs have been structured over the years, with one of the most highlighted aspects being the possibility of practicing telecommuting. The prevalence of telecommuting and other forms of remote work enabled by technological innovations has increased in recent years. Objectives Exploring the most recently published literature on telecommuting; examining its relationship with psychosocial risk factors and making inferences about the need for the implementation and improvement of policies aimed at promoting mental health in occupational settings, with a focus on preventing psychosocial risks. Methodology Integrative literature review using the terms "teleworking," "remote work," "telework," "telecommuting," "psychosocial risks," "mental health," and "occupational health" in both Portuguese and English. The primary databases used for the research included Pubmed, UpToDate, Clinical Key, Medscape, World Health Organization, International Labour Organization, Centers for Disease Control and Prevention, “Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional” and “Direção Geral de Saúde”. A total of 24 documents with the highest relevance to the study’s theme were selected, published between 2010 and 2023. Discussion Psychosocial risks in telecommuting are undergoing constant changes and align with demographic, nature, content and organization. These changes may increase exposure to already recognized psychosocial risks or give rise to new emergent ones. The widespread and unexpected adoption of telecommuting due to COVID-19 with the simultaneous advancement of digitization processes have made telecommuting a more common practice. However, this mass adoption has increased instances of technological stress among workers, potentially leading to adverse consequences for mental health. While the widespread implementation of telecommuting aimed to protect workers from biological risks, it has, in various situations, increased social isolation, work-family conflicts, and a lack of social support, with negative consequences for the mental health of the working population. Conclusion The increasing of telecommuting in our society is leading to assess the psychosocial risk factors that arise with it, so that they are recognized by occupational health experts and intervened upon, thus ensuring that telecommuting becomes healthier. <![CDATA[CONTACT DERMATITIS TO DIPHENCYPRONE IN A NURSE PROFESSIONAL: CASE REPORT]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532024000100700&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Introdução As sociedades atuais e a sua constante evolução e globalização, têm demonstrado um impacto significativo na forma como se estruturam os postos de trabalho ao longo dos anos, nos quais, mais recentemente e com maior tradução mediática, se destaca a possibilidade de praticar teletrabalho, potenciada pela inovação tecnológica. Objetivos Conhecer a literatura mais recentemente publicada acerca do teletrabalho; bem como a sua relação com fatores de risco de origem psicossocial e inferir sobre a necessidade de implementação e aperfeiçoamento de políticas voltadas para promoção da saúde mental em contexto ocupacional, com enfoque na prevenção dos riscos psicossociais. Metodologia Revisão da literatura integrativa com os termos “teleworking”, “remote work”, “telework”, “telecommuting”, “psychosocial risks”, “mental health” e “occupational health”, em português e em inglês. Foram utilizadas como principais bases de dados a Pubmed, UpToDate, Clinical Key, Medscape, World Health Organization, International Labour Organization, Centers for Disease Control and Prevention, bem como a Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional e a Direção Geral de Saúde. Selecionaram-se os 24 documentos com maior relevância na temática em estudo, publicados entre 2010 e 2023. Discussão As fontes de riscos psicossociais do teletrabalho encontram-se em constante mudança e acompanham as alterações demográficas e da organização. A prática de teletrabalho parece ser uma oferta cada vez mais comum, a sua adoção em larga escala e inesperada devido à COVID-19 e coligada ao enorme avanço dos processos de digitalização, aumentaram as situações de stress tecnológico entre os trabalhadores, com possíveis consequências adversas para a saúde mental. Esta massificação do Teletrabalho, embora com o intuito de proteger os trabalhadores relativamente a um risco biológico aumentou, em diversas situações, o isolamento social, os conflitos trabalho-família e a falta de suporte social, com consequências negativas na saúde mental da população ativa. Conclusão Com o aumento deste tipo de trabalho emerge a necessidade de avaliar os fatores de risco psicossociais que surgem em conformidade, para que estes sejam reconhecidos pelos peritos em saúde ocupacional e intervencionados, assegurando assim que o teletrabalho se torna mais saudável.<hr/>ABSTRACT Introduction Our society’s characteristics, with their constant evolution and globalization, have shown a significant impact on the way jobs have been structured over the years, with one of the most highlighted aspects being the possibility of practicing telecommuting. The prevalence of telecommuting and other forms of remote work enabled by technological innovations has increased in recent years. Objectives Exploring the most recently published literature on telecommuting; examining its relationship with psychosocial risk factors and making inferences about the need for the implementation and improvement of policies aimed at promoting mental health in occupational settings, with a focus on preventing psychosocial risks. Methodology Integrative literature review using the terms "teleworking," "remote work," "telework," "telecommuting," "psychosocial risks," "mental health," and "occupational health" in both Portuguese and English. The primary databases used for the research included Pubmed, UpToDate, Clinical Key, Medscape, World Health Organization, International Labour Organization, Centers for Disease Control and Prevention, “Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional” and “Direção Geral de Saúde”. A total of 24 documents with the highest relevance to the study’s theme were selected, published between 2010 and 2023. Discussion Psychosocial risks in telecommuting are undergoing constant changes and align with demographic, nature, content and organization. These changes may increase exposure to already recognized psychosocial risks or give rise to new emergent ones. The widespread and unexpected adoption of telecommuting due to COVID-19 with the simultaneous advancement of digitization processes have made telecommuting a more common practice. However, this mass adoption has increased instances of technological stress among workers, potentially leading to adverse consequences for mental health. While the widespread implementation of telecommuting aimed to protect workers from biological risks, it has, in various situations, increased social isolation, work-family conflicts, and a lack of social support, with negative consequences for the mental health of the working population. Conclusion The increasing of telecommuting in our society is leading to assess the psychosocial risk factors that arise with it, so that they are recognized by occupational health experts and intervened upon, thus ensuring that telecommuting becomes healthier. <![CDATA[PROSTATE SPECIFIC ANTIGEN: A SCREENING FOR OCCUPATIONAL MEDICINE? ABOUT A CLINICAL CASE]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532024000100701&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Introdução: A neoplasia da próstata é a segunda mais comummente diagnosticada no sexo masculino, destacando-se como fatores de risco bem estabelecidos a idade avançada, a suscetibilidade familiar e étnica. Recentemente, a associação a fatores ambientais ou de estilo de vida tem vindo a ser investigada, abrindo a possibilidade à associação de fatores de risco ocupacionais com uma maior incidência desta patologia. Apesar de controverso por não significar necessariamente a existência de patologia maligna, o antigénio específico da próstata mantém-se como o pilar no rastreio desta doença. Descrição do caso: Trata-se do caso de um cirurgião de 60 anos, com 36 anos desta atividade profissional, realizando trabalho por turnos e trabalho noturno. No âmbito da vigilância da saúde realizada pela Saúde Ocupacional, é submetido a exames complementares de diagnóstico, detetando-se um aumento do antigénio específico da próstata, que culmina na realização de biópsia, confirmando o diagnóstico de adenocarcinoma da próstata. Discussão/Conclusão: O trabalho por turnos e, particularmente, o trabalho noturno, tem vindo a ser investigado como possivelmente carcinogénico, estando, atualmente, classificado pela Agência Internacional para a Investigação em Cancro como “provavelmente carcinogénico para humanos”. Tendo em conta a crescente evidência relacionando fatores ocupacionais com esta e outras neoplasias, poderá fazer sentido incluir rastreios oncológicos nos protocolos de vigilância da saúde dos trabalhadores, em alguns setores. No caso apresentado, a inclusão da medição de antigénio específico da próstata nos exames complementares pedidos pela Saúde Ocupacional permitiu um diagnóstico atempado, com deteção e tratamento da doença numa fase precoce.<hr/>ABSCTRACT Introduction: Prostate neoplasia is the second most diagnosed cancer in men, having well established risk factors such as advanced age, familial and ethnic susceptibility. Recently, the association with environmental or lifestyle factors has been investigated, opening the possibility of certain occupational risk factors being associated with a higher incidence of this disease. Although controversial, as it does not necessarily imply a malignant etiology, prostate-specific antigen remains the mainstay in screening for this disease. Case report: This is the case of a 60-year-old surgeon with 36 years of professional history, including shift and night-work. As part of the health surveillance carried out by Occupational Medicine, he underwent complementary diagnostic tests and an increase in prostate-specific antigen was detected, culminating in a biopsy which ultimately confirmed the diagnosis of prostate adenocarcinoma. Discussion/Conclusion: Shift work, and particularly night work, has been investigated as a possible carcinogen and is currently classified by the International Agency for Research on Cancer as "probably carcinogenic to humans". Given the growing evidence linking certain occupational factors with this and other neoplasms, it may be sensible to include cancer screening in workers' health surveillance protocols, in some sectors. In the case presented, the inclusion of prostate-specific antigen measurement in the complementary tests requested by Occupational Medicine allowed for a timely diagnosis, with detection and treatment of the disease at an early stage. <![CDATA[PATTELAR TENDON RUPTURE IN WORK RELATED ACCIDENT]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532024000100702&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Introdução: As lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho são extremamente frequentes e muitas decorrentes dos acidentes laborais. O conhecimento das doenças e lesões provadas em contexto ocupacional é importante para a Medicina do Trabalho. Na descrição deste caso clínico apresenta-se um trabalhador de 37 anos, sexo masculino, que recorre ao Serviço de Urgência por queda de escadas com traumatismo do joelho direito com mecanismo de hiperflexão durante o trabalho. Após confirmação de diagnóstico de rotura total do tendão rotuliano. Com este caso clínico pretende-se rever na literatura a existência de fatores de risco ocupacionais e pessoais para esta situação clínica; bem como sequelas que possam configurar limitações na capacidade de trabalho. Métodos: Foi realizada a revisão de literatura não sistemática recorrendo a base de dados de artigos PubMed com as palavras-chave “Patellar tendon; knee injury; outcome; patellar tendon repair”. Foram incluídos dois artigos extra, pela sua relevância para o tema. Dos 56 estudos publicados como revisão sistemática e revisão, publicados entre 2002 e 2022, foram selecionados por leitura do resumo 23 documentos. Os critérios de exclusão foram rutura bilateral do rotuliano, estudos que dirigidos exclusivamente a rutura do rotuliano em contexto desportivo e abordagens a novas técnicas cirúrgicas. Após leitura destas fontes bibliográficas foram usadas sete na discussão deste caso clínico. Resultados: A rotura do tendão rotuliano é uma lesão incomum e incapacitante com maior incidência em homens com idade inferior a 40 anos. Nos casos de rotura total do tendão, a intervenção cirúrgica é necessária para restaurar a funcionalidade do mecanismo extensor. Diferentes autores descreveram a possível predisposição a condições para rotura do tendão rotuliano como o uso de corticosteroides e fluoroquina, diabetes, doença reumática, doença de Lume e o microtrauma. A maioria dos casos descritos são lesões desportivas. A relação com fatores de risco ocupacionais não é clara, com exceção dos atletas profissionais. O microtrauma repetitivo é uma das principais causas de tendinopatia patelar, que pode levar a rotura do rotuliano e que é definida como “patologia de uso excessivo”, que pode estar presente em profissões como assentadores de pavimento. Conclusão: A medicina do trabalho tem um papel relevante na reintegração dos trabalhadores após em caso de acidente no local de trabalho. Conhecer a epidemiologia, identificar os mecanismos de lesão, tratamento e prognóstico desta patologia é importante, não só para atuar na prevenção de futuros acidentes de trabalho, mas também para adaptar o retorno do trabalhador ao seu posto de trabalho.<hr/>ABSTRACT Introduction: Musculoskeletal injuries related to work are extremely common, often resulting from workplace accidents. The knowledge of occupational diseases and injuries by the Occupational Health Physician is crucial for Occupational Medicine. This clinical case describes a 37-year-old male patient who sought Emergency Services due to a fall from stairs with right knee trauma involving hyperflexion during work. The diagnosis confirmed a complete rupture of the patellar tendon. With this clinical case, it was made a review of the literature about occupational and personal risk factors for patellar tendon rupture; as to investigate whether the literature describes any sequelae of the injury that may result in work limitations. Methods: A non-systematic literature review was conducted using the PubMed database with the keywords "Patellar tendon; knee injury; outcome; patellar tendon repair." Two articles not included in this filter were added for their relevance to the topic. Out of 56 articles published as systematic reviews and classic reviews between 2002 and 2022, a total of 23 articles were selected through the reading of abstracts. Exclusion criteria included bilateral rupture of the patellar tendon, studies exclusively focused on patellar tendon rupture in a sports context, and approaches to new surgical techniques. After reading these bibliographic sources, seven were used in the discussion of this clinical case. Results: Patellar tendon rupture is an uncommon and disabling injury with a higher incidence in men under 40 years old. In cases of total tendon rupture, surgical intervention is necessary to restore the extensor mechanism's functionality. Various authors have described potential predisposing conditions for patellar tendon rupture, such as the use of corticosteroids and fluoroquinolones, diabetes, rheumatic disease, Lyme disease and microtrauma. Most described cases are sports-related injuries. The relationship with occupational risk factors is not clear, except for professional athletes. Repetitive microtrauma is one of the main causes of patellar tendinopathy, which can lead to patellar tendon rupture and is defined as "overuse pathology," present in professions such as floor installers. Conclusion: Occupational medicine plays a relevant role in reintegrating workers after a workplace accident. Understanding the epidemiology, identifying injury mechanisms, treatment and prognosis of this pathology is important not only for preventing future workplace accidents but also for adapting the worker's return to their job. <![CDATA[WORK-ASSOCIATED VIRICAL MENINGOENCEPHALITIS IN HEALTHCARE PROFESSIONALS]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532024000100703&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Introdução: As meningites, encefalites e meningoencefalites são causadas por vários agentes patogénicos, mas a etiologia vírica é a mais comum. O diagnóstico consiste na história clínica, observação do doente e no isolamento do agente (mas muitas das vezes o vírus não é identificado), encontrando-se associado a morbilidade e mortalidade significativas. O prognóstico a longo prazo ainda não é muito discutido, mas as sequelas mais frequentes incluem dificuldade de concentração, distúrbios do comportamento e/ou da fala e perda de memória. Muitos destes doentes não regressam ao trabalho e uma boa parte dos que o fazem necessitam de algum reajuste nas tarefas. Descrição do Caso: Trata-se de um caso de uma enfermeira de 47 anos a laborar num internamento de Medicina Interna, em que duas semanas após prestar cuidados a doente com meningoencefalite, inicia quadro compatível com o mesmo diagnóstico. Por se considerar relação com os cuidados de saúde prestados, é participado como suspeita de Doença Profissional, mas não sendo reconhecida. Após quatro anos da participação inicial, inicia queixas de dificuldade de atenção e memória, com evolução progressiva, sendo avaliada por Neurologia, sem resultados conclusivos. Ao longo deste tempo foi necessário restringir algumas tarefas de enfermagem, essencialmente por dificuldades de memória. Por agravamento das queixas, cindo anos após a primeira avaliação de neurologia, é avaliada novamente por agravamento significativo da semiologia. É novamente participada como suspeita de Doença Profissional, sendo reconhecida com uma incapacidade permanente parcial de 82.5%. Discussão/ Conclusão: Enquanto infeções transmitidas na prestação de cuidados de saúde, é importante ter em conta medidas que diminuem a transmissibilidade e protegem os Profissionais de Saúde, para o qual o Serviço de Saúde Ocupacional é fundamental, participando no diagnóstico e encaminhamento, mas essencialmente contribuindo para a adaptação inicial do posto de trabalho, mantendo o trabalhador no ativo o máximo de tempo possível. O atraso no reconhecimento da Doença Profissional resulta do facto de as sequelas só se manifestarem vários anos após e serem de caráter progressivo. Este caso enfatiza o pesado fardo das sequelas da meningoencefalite, resultando num elevado grau de incapacidade, incompatível com o exercício contínuo da profissão. Foi possível estabelecer a associação com a atividade profissional, o que reforça o risco a que os Profissionais de Saúde estão expostos.<hr/>ABSTRACT Introduction: Meningitis, encephalitis and meningoencephalitis are caused by several pathogens, but viral etiology is the most common. Diagnosis consists of clinical history, observation of the patient and isolation of the agent. The virus is often not identified and is associated with significant morbidity and mortality. The long-term prognosis is not yet widely discussed, but the most common sequelae include difficulty concentrating, behavioral and/or speech disorders and memory loss. Many of these patients do not return to work and a good number of those who do that require some readjustment in their tasks. Case Report: This is a case of a 47-year-old nurse working in an Internal Medicine service, in which two weeks after providing care to a patient with meningoencephalitis, a condition compatible with the same diagnosis began. Because it is considered to be related to the health care provided, it is reported as a suspected Occupational Disease, but it is not recognized. After four years of initial participation, she started complaining of difficulty with attention and memory, with progressive evolution, being evaluated by Neurology, without conclusive results. Over this time it was necessary to restrict some nursing tasks, essentially due to memory difficulties. Due to worsening of complaints, five years after the first neurology evaluation, the patient is evaluated one more time. It is again reported as a suspected Occupational Disease, being recognized with a permanent partial disability of 82.5%. Discussion/ Conclusion: As infections are transmitted in the provision of healthcare, it is important to take into account measures that reduce transmissibility and protect Healthcare Professionals, for which the Occupational Health Service is fundamental, participating in diagnosis and referral, but essentially contributing to adaptation initial position of the job, keeping the worker active for as long as possible. The delay in recognizing the Occupational Disease results from the fact that the consequences only appear several years later and are progressive in nature. This case emphasizes the heavy burden of the sequelae of meningoencephalitis, resulting in a high degree of disability, incompatible with the continuous exercise of the profession. It was possible to establish the association with professional activity, which reinforces the risk to which Healthcare Professionals are exposed. <![CDATA[DIABETES MELLITUS IN HOSPITAL WORK CONTEXT: REGARDING TWO CLINICAL CASES]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532024000100704&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Introdução: A Diabetes mellitus é um problema de Saúde Pública que afeta um número crescente de trabalhadores. Pode ser considerada uma doença agravada pelo trabalho com um elevado custo social, económico e pessoal. O tipo de trabalho realizado e as exposições a riscos laborais em contexto hospitalar, podem contribuir para a sua progressão, segundo alguns autores. Este trabalho pretende abordar o impacto desta patologia no trabalho e o papel da Saúde Ocupacional na evicção da exposição a fatores de risco laborais, em ambiente hospitalar, que contribuem para o descontrolo metabólico da Diabetes Melitus tipo I. Pretende-se identificar as exposições laborais que podem constituir fatores de risco modificáveis, interferem com a aptidão para o trabalho, podem aumentar a frequência de acidentes laborais e acelerar a progressão crónica da doença. Metodologia: Na metodologia de pesquisa e seleção de estudos utilizou as bases de dados PubMed, Science Direct e Google Scholar, com as palavras-chave “diabetes mellitus, occupational medicine, risk factors, occupational health”. Aplicaram-se filtros de revisão e revisão sistemática, considerando publicações de 2010 a 2024, totalizando 463 trabalhos. Critérios de exclusão incidiram em doenças não relacionadas à diabetes, exclusividade na tipo II e abordagens não ocupacionais. Foram ainda considerados os artigos sobre diabetes e saúde e segurança no trabalho publicados na Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional, num total de cinco estudos. Incluíram-se a Norma de Orientação Clínica da DGS, um estudo epidemiológico nacional e um caderno técnico sobre diabetes no local de trabalho, totalizando 30 fontes na discussão. Descrição dos casos: Os autores reportam dois casos de profissionais de saúde de uma unidade hospitalar, ambos com diagnóstico de Diabetes tipo I aos cinco anos de idade. Caso 1: Uma auxiliar de ação médica de 35 anos, com antecedentes pessoais de síndrome depressivo e diagnóstico recente de retinopatia diabética. Caso 2: Uma enfermeira de 57 anos com retinopatia e nefropatia diabética, neuropatia, em tratamento para uma osteomielite do 1º dedo do pé direito, sem alterações cardiovasculares. Ambas trabalham ou trabalharam por turnos, com trabalho noturno e com tarefas fisicamente exigentes. Discussão/Conclusão: A diabetes é uma doença crónica que requer cuidados médicos contínuos e educação do doente, juntamente com apoio na prevenção de complicações agudas e redução do risco de complicações crónicas. A incidência de novos casos de Dm tipo I é maior entre os 12-14 anos. Na transição para a idade adulta e entrada no mercado laboral, os doentes podem ser sujeitos ao estigma da doença, ter dificuldade na gestão do tratamento e/ou desafios psicossociais relacionados com o trabalho. A instituição de medidas preventivas e monitorização destes trabalhadores deverá ajudar a reduzir o absentismo laboral, a perda de produtividade e a perda de rendimento para o trabalhador.<hr/>ABSTRACT Introduction: Diabetes mellitus is a public health issue affecting an increasing number of workers, representing a disease exacerbated by work with a high social, economic, and personal cost. The nature of the work performed, coupled with occupational risks in a hospital setting, significantly contribute to the disease's progression. This study aims to address the impact of this disease on work and the role of Occupational Health in the prevention of exposure to occupational risk factors in the hospital environment, which can contribute to the metabolic imbalance of type I diabetes mellitus. Methodology: The methodology included search in PubMed, Science Direct, and Google Scholar databases, using keywords such as "diabetes mellitus, occupational medicine, risk factors and occupational health”. Filters were applied, considering publications from 2010 to 2024, totaling 463 works. Exclusion criteria focused on non-diabetes-related diseases, exclusive focus on Type II, and non-occupational approaches. Articles on diabetes and occupational health and safety published in Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional were also considered, in a total of five studies. Sources also included Direção Geral de Saúde Clinical Guidance, a national epidemiological study, and a technical manual on workplace diabetes, totaling 30 references in the discussion. Results: The authors report two cases of healthcare professionals from a hospital unit, both diagnosed with Type I Diabetes at the age of five. Case 1: A 35-year-old healthcare assistant with a history of depressive syndrome and recent diabetic retinopathy diagnosis. Case 2: A 57-year-old nurse with diabetic retinopathy, nephropathy, neuropathy, undergoing treatment for osteomyelitis of the right big toe, without cardiovascular changes. In both they work or have worked in shifts, including night shifts, engaging in physically demanding tasks. Discussion/Conclusion: Diabetes is a chronic disease requiring continuous medical care and patient education, alongside support in preventing acute complications and reducing the risk of chronic complications. The incidence of new Type I Dm cases is higher between 12-14 years. During the transition to adulthood and entry into the job market, patients face disease stigma, treatment management challenges, and psychosocial workplace-related issues. Implementing preventive measures and monitoring these workers should help reduce work absenteeism, productivity loss, and income loss for the worker. <![CDATA[PROFILE STUDY OF HEALTH WORKERS WITH CONDITIONED OCCUPATIONAL MEDICINE HEALTH EXAME IN A HOSPITAL POPULATION]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532024000100900&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Introdução: A especialidade de Medicina do Trabalho estuda o impacto das condições laborais na saúde dos colaboradores, realizando a promoção da saúde e garantindo a proteção da segurança e da saúde no trabalho. As fichas de aptidão condicionadas são cruciais para avaliar a capacidade dos profissionais de saúde para realizar as suas atividades laborais em condições específicas. Este estudo pretende caracterizar os funcionários com resultados de aptidão condicionada, numa população de trabalhadores hospitalares. Métodos: Este estudo observacional descritivo retrospetivo considera as fichas de aptidão com resultado de aptidão condicionada emitidas de janeiro de 2022 a outubro de 2023. A análise inclui a tipologia de exames, a idade média dos profissionais, a categoria profissional, o tempo de serviço, a análise por tipo de serviço e a análise por grupos de doenças. Resultados e discussão: No intervalo de tempo mencionado foram realizados 2172 exames de saúde de Medicina do Trabalho, sendo emitidas 354 fichas de aptidão com resultado de Aptidão Condicionada, representando estas 15,3% dos exames de saúde realizados. Destes, 50% dos profissionais com incapacidades têm idade superior ao valor da mediana de 50 anos. O tipo de exame mais representativo foi por regresso ao trabalho após doença ou incapacidade temporária para o trabalho com período superior a 30 dias. O grupo com maior representatividade foram os assistentes operacionais. O grande subtipo de doenças tem o mesmo padrão representado nas outras unidades hospitalares, com 78% das aptidões condicionadas a serem relacionadas com lesões musculosqueléticas. Conclusão: A Medicina do Trabalho desempenha um papel crucial na promoção da saúde e bem-estar dos colaboradores, prevenindo o absentismo e abordando doenças relacionadas com o ambiente laboral, como as musculoesqueléticas, psiquiátricas, respiratórias, entre outras. O presente estudo permite aos elementos do Serviço de Saúde Ocupacional perceber em que serviços, classes profissionais e idades se concentram os trabalhadores com aptidão condicionada. Esta informação é fundamental para prestar um apoio à gestão, identificar novos fatores de risco ocupacional ou insuficiências na sua gestão, assim como concentração no mesmo serviço ou grupos etários de profissionais com doença agravada pelo trabalho ou doença não relacionada com o trabalho que necessite de adaptação do posto de trabalho e que cause eventual pressão adicional sobre os serviços e outros colaboradores. O investimento nessa área não só protege a saúde dos trabalhadores, como também fortalece as instituições, reduzindo custos associados ao absentismo e promovendo um ambiente de trabalho saudável.<hr/>ABSTRACT Introduction: The specialty of Occupational Medicine studies the impact of work conditions on employees' health, promoting health and ensuring safety and health protection in the workplace. Conditional fitness reports are crucial for assessing healthcare professionals' ability to perform their work activities under specific conditions. This study aims to characterize employees with conditional fitness results in a population of hospital workers. Methods: This retrospective descriptive observational study considers conditional fitness reports issued from January 2022 to October 2023. The analysis includes the type of exams, average age of professionals, professional category, length of service, analysis by type of service, and analysis by disease groups. Results and Discussion: During the mentioned time frame, a total of 2172 Occupational Medicine health exams were conducted, with a total of 354 fitness records issued with Conditioned Fitness results, representing 15% of the health exams conducted. Among these, 50% of professionals with disabilities are above the median age of 50 years. The most representative type of exam was the one requested for return to work after illness or temporary incapacity for work exceeding 30 days. The group with the highest representation was operational assistants. The major disease group follows the same pattern as in other hospital units, with 78% of conditioned fitness related to musculoskeletal injuries. Conclusion: Occupational Medicine plays a crucial role in promoting the health and well-being of employees, preventing absenteeism, and addressing work-related illnesses such as musculoskeletal, psychiatric, respiratory, among others. This study enables Occupational Health Service members to understand the workers with conditional fitness in terms of services, professional classes and ages. This information is essential for supporting management, identifying new occupational risk factors or deficiencies in their management, as well as concentration in the same service or age groups of professionals with work-aggravated illness or non-work-related illness requiring workplace adaptation and potentially causing additional pressure on services and other employees. Investment in this area not only protects workers' health but also strengthens institutions, reducing absenteeism costs and promoting a healthy work environment. <![CDATA[BEHAVIORAL DETERMINANTS IN HEALTHCARE PROFESSIONALS TO BE VACCINATED AGAINST INFLUENZA]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532024000100901&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Introdução: A Gripe é uma ameaça global, com alto potencial epidémico e afeta anualmente entre 5 a 15% da população mundial. No ambiente hospitalar, a vacinação é crucial para proteger os Profissionais de Saúde. No entanto, apesar das recomendações internacionais, a adesão é baixa devido a preocupações de segurança e/ou desconfiança. Estudos mostram que os profissionais vacinados têm menores taxas de absentismo e, perante infeção pelo vírus, apresentam sintomatologia mais ligeira. Neste trabalho é realizado um estudo observacional transversal retrospetivo da taxa de vacinação contra esta doença numa população de trabalhadores de base hospitalar, no período de 2019 a 2023. Para compreender a importância da vacinação contra a Influenza nestes trabalhadores e quais os determinantes comportamentais que podem justificar esta evolução, realizou-se uma revisão dos desafios da vacinação entre Profissionais de Saúde, para identificar pontos chave e elaborar estratégias com o objetivo de promover a adesão às campanhas de vacinação. Metodologia: Para o estudo observacional da taxa de adesão à vacinação contra a Gripe num hospital periférico foram utilizados os dados de vacinação dos Profissionais de Saúde disponibilizados nos registos do Serviço de Saúde Ocupacional. A categoria profissional foi a única variável considerada. A análise dos dados foi realizada com o Microsoft® Excel®. Para a revisão recorreu-se às bases de dados Medline, Science Direct, Google Scholar; com as palavras-chave "Influenza vaccine”; “health professional” e “behaviour" e filtraram-se estudos de 2010 a 2024. Resultaram 1277 trabalhos e, após aplicar os critérios de exclusão, que incluíam vacinação para outras doenças e populações alvo que não os Profissionais de Saúde, foram selecionadas 22 fontes bibliográficas. Para espelhar a realidade nacional foram incluídos os artigos sobre o tema publicados pela Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional Online, assim como estudos complementares e documentos de referência. Resultados: O estudo da adesão à vacinação contra a Gripe neste hospital periférico a Lisboa, entre 2019 e 2023, mostrou uma variação na adesão à vacinação, com uma média de 30%, valor abaixo dos valores reportados noutros países. As categorias com maior hesitação a esta vacina foram o Pessoal de Enfermagem e os Assistentes Técnicos. Na situação oposta estavam o Pessoal Médico e os Assistentes Técnicos. Durante a Pandemia COVID-19 existiu um número crescente de profissionais vacinados anualmente, tendo esta tendência invertido após o fim da emergência global desta doença. Da revisão da bibliografia sobre a hesitação vacinal destaca-se 8 dos 14 domínios comportamentais que representam as teorias de mudança comportamental que constituem fatores modificáveis que influenciam a atitude em relação à vacina. Abordou-se sobre esta perspetiva cada um deles, nomeadamente, o conhecimento; o contexto ambiental e recursos; influência social; crenças e conhecimento sobre consequências; bem como sobre a capacidade individual; identidade e papel social/profissional; reforço e emoção. Discussão: A hesitação vacinal contra a Gripe entre Profissionais de Saúde pode ser uma causa de morbilidade e mortalidade para os doentes. Compreender as barreiras e motivação para a adesão dos Profissionais de Saúde às campanhas de vacinação contra a Gripe é crucial. Profissionais portadores assintomáticos, tornam-se fontes de transmissão. A vacinação anual, embora segura e eficaz, enfrenta variabilidade devido à concordância antigénica. Em Portugal, estratégias educacionais e de comunicação são vitais, destacando o papel dos Profissionais de Saúde como modelos de comportamento preventivo. O acesso fácil a consultas médicas e tal ser recomendado pela Saúde Ocupacional é associado a maior adesão. Em tempos de pandemia, a propensão à vacinação aumentou, importando promover esta mudança. Estratégias adaptadas ao contexto cultural são essenciais para impulsionar a adesão à vacinação contra a Gripe entre Profissionais de Saúde. Conclusão: A abordagem para combater as barreiras e promover a vacinação nos Profissionais de Saúde deve envolver múltiplas áreas e vários níveis, com uma comunicação dirigida a grupos específicos, para aumentar a sua eficácia. Deve adaptar-se a mensagem aos diferentes grupos populacionais e aos diferentes níveis de literacia em saúde. Conhecer estes determinantes comportamentais pode ajudar a desenvolver campanhas de promoção da vacinação a partir de novas perspetivas e encontrar estratégias para aumentar a cobertura vacinal é crucial para os Serviços de Saúde Ocupacional. Pelas características éticas das profissões envolvidas na prestação de cuidados diretos aos doentes, existe a necessidade de reforçar a ideia de que a vacinação entre Profissionais de Saúde não é apenas para seu benefício mas, acima de tudo, para proteção dos seus doentes.<hr/>ABSTRACT Introduction: Influenza is a global threat, with high epidemic potential and affects between 5 and 15% of the world's population annually. In the hospital environment, vaccination is crucial to protect healthcare professionals. However, despite international recommendations, vaccination uptake is low due to safety concerns and/or distrust. Studies show that vaccinated professionals have lower rates of absenteeism, and when infected with the virus, they present milder symptoms. In this work, a retrospective cross-sectional observational study is carried out on the vaccination rate against this disease in a population of hospital-based workers, from 2019 to 2023. To understand the importance of vaccination against Influenza in these workers and which behavioral determinants may justify considering this evolution, we carried out a review of the challenges of vaccination among health professionals and identified key points to develop strategies with the aim of promoting adherence to vaccination campaigns. Methodology: For the observational study, vaccination data from hospital health professionals by the Occupational Health Service was used, recorded on a specific form at the time of administration. Professional category was the only variable considered. Data analysis was performed using Microsoft® Excel®. For the review, the databases Medline, Science Direct and Google Scholar were used, with the keywords "Influenza vaccine”, “health professional” and “behaviour”, selecting studies from 2010 to 2024. From the result of 1277 works, the exclusion criteria, which included vaccination for other diseases and target populations that did not include health professionals, 22 bibliographic sources were selected. To reflect the national reality, articles on the topic published by the Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional Online were included, as well as complementary studies and reference documents. Results: The study of adherence to flu vaccination in this hospital peripheral to Lisbon, between 2019 and 2023, showed a variation in vaccination adherence, with an average of 30%, a value below the ones reported in other countries. The categories most hesitant about this vaccine were Nursing Staff and Technical Assistants; at the opposite extreme, there was greater adherence from Medical Personnel and Technical Assistants. During the COVID-19 Pandemic, an increasing number of professionals were vaccinated annually, with this trend reversing after the end of the global emergency of this disease. From the review of the literature on vaccine hesitancy, 8 of the 14 behavioral domains stand out that represent theories of behavioral change that constitute modifiable factors that influence behavior in relation to the vaccine. We approach each of them from this perspective, namely: knowledge, the environmental context and resources, social influence, beliefs and knowledge about consequences, beliefs about individual capacity, identity and social/professional role, reinforcement and emotion. Discussion: Flu vaccine hesitancy among healthcare professionals can be a cause of morbidity and mortality for patients. Understanding the barriers and motivation for healthcare professionals to adhere to flu vaccination campaigns is crucial. Professionals who are asymptomatic carriers become sources of transmission. Annual vaccination, although safe and effective, faces variability due to antigenic concordance. In Portugal, educational and communication strategies are vital, highlighting the role of health professionals as models of preventive behavior. Easy access to medical consultations and Occupational Health recommendations is associated with greater adherence. In times of pandemic, the propensity for vaccination has increased, and it is important to promote this change. Strategies adapted to the cultural context are essential to boost adherence to Influenza vaccination among healthcare professionals. Conclusion: The approach to combating barriers and promoting vaccination among healthcare professionals must involve multiple areas and multiple levels, with communication targeted at specific groups, to increase its effectiveness. The message must be adapted to different population groups and different levels of health literacy. Knowing these behavioral determinants can help develop vaccination promotion campaigns from new perspectives and finding strategies to increase vaccination coverage is crucial for Occupational Health Services. Due to the ethical characteristics of the professions involved in providing direct care to patients, there is a need to reinforce the idea that vaccination among healthcare professionals is not only for their benefit, but above all for the protection of their patients.