Scielo RSS <![CDATA[GE-Portuguese Journal of Gastroenterology]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2341-454520240003&lang=en vol. 31 num. 3 lang. en <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[Comments on “Percutaneous Endoscopic Sigmoidopexy: Still a Way to Go”]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2341-45452024000300001&lng=en&nrm=iso&tlng=en <![CDATA[Portuguese Pancreatic Club Perspectives on Pancreatic Neuroendocrine Neoplasms: Diagnosis and Staging, Associated Genetic Syndromes and Particularities of Their Clinical Approach]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2341-45452024000300003&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Pancreatic neuroendocrine neoplasms (panNENs) have been historically regarded as rare, but their incidence has raised more than 6-fold over the last 3 decades, mostly owing to improvement in the detection of small asymptomatic tumours with imaging. Early detection and proper classification and staging are essential for the prognosis and management of panNENs. Histological evaluation is mandatory in all patients for the diagnosis of panNEN. Regarding localization and staging, multiphasic contrast-enhanced computer tomography is considered the imaging study of choice. Nevertheless, several other diagnostic modalities might present complementary information that can help in diagnosis and staging optimization: magnetic resonance imaging, somatostatin receptor imaging using positron emission tomography in combination with computed tomography (PET/CT), PET/CT with fluorodeoxyglucose (18F-FDG), and endoscopic ultrasound. Approximately 10%of panNENs are due to an inherited syndrome, which includes multiple endocrine neoplasia type 1, von Hippel-Lindau disease, neurofibromatosis type 1 (NF-1), tuberous sclerosis complex, and Mahvash disease. In this review, the Portuguese Pancreatic Club summarizes the classification, diagnosis, and staging of panNENs, with a focus on imaging studies. It also summarizes the characteristics and particularities of panNENs associated with inherited syndromes.<hr/>Resumo As neoplasias neuroendócrinas pancreáticas (panNENs) são historicamente consideradas raras, embora a sua incidência tenha aumentado mais de 6 vezes nas últimas três décadas, principalmente devido à otimização do diagnóstico de tumores pequenos e assintomáticos em exames de imagem. A deteção precoce, a classificação e o estadiamento adequados são essenciais para o prognóstico e abordagem dos panNENs. A avaliação histológica é obrigatória em todos os doentes para o diagnóstico de panNENs. Para a localização e estadiamento, a TC multifásica com contraste é considerada o estudo de imagem de eleição. Contudo, várias outras modalidades diagnósticas podem apresentar informações complementares que podem auxiliar no diagnóstico e na otimização do estadiamento: ressonância magnética, PET/CT dos receptores da somatostatina, PET/CT [1⁸F]FDG e ecoendoscopia. Aproximadamente 10% dos panNENs estão relacionados com síndromes hereditários, que incluem neoplasia endócrina múltipla tipo 1 (MEN1), doença de von Hippel-Lindau (VHL), neurofibromatose tipo 1 (NF1), complexo de esclerose tuberosa (TSC) e doença de Mahvash. Neste artigo, o Clube Português de Pâncreas aborda a classificação, diagnóstico e estadiamento de panNENs, com foco nos estudos de imagem, bem como resume as características e particularidades dos panNENs associados aos síndromes hereditários. <![CDATA[Prognostic Markers in Pediatric Acute Liver Failure]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2341-45452024000300013&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Introduction: Acute liver failure (ALF), although rare in children, is a complex progressive pathology, with multi-system involvement and high mortality. Isolated variables or those included in prognostic scores have been studied, to optimize organ allocation. However, its validation is challenging. This study aimed to assess the accuracy of several biomarkers and scores as predictors of prognosis in pediatric ALF (PALF). Methods: An observational study with retrospective data collection, including all cases of ALF, was defined according to the criteria of the Pediatric Acute Liver Failure Study Group, admitted to a pediatric intensive care unit (PICU) for 28 years. Two groups were defined: spontaneous recovery (SR) and non-SR (NSR) - submitted to liver transplantation (LT) or death at PICU discharge. Results: Fifty-nine patients were included, with a median age of 24 months, and 54% were female. The most frequent etiologies were metabolic (25.4%) and infectious (18.6%); 32.2% were undetermined. SR occurred in 21 patients (35.6%). In NSR group (N = 38, 64.4%), 25 required LT (42.4%) and 19 died (32.2%), 6 (15.7%) of whom after LT. The accuracy to predict NSR was acceptable for lactate at admission (AUC 0.72; 95% CI: 0.57-0.86; p =0.006), ammonia peak (AUC 0.72; 95% CI: 0.58-0.86; p = 0.006), and INR peak (AUC 0.70; 95% CI: 0.56-0.85; p = 0.01). The cut-off value for lactate at admission was 1.95 mmol/L (sensitivity 78.4% and specificity 61.9%), ammonia peak was 64 μmol/L (sensitivity 100% and specificity 38.1%), and INR peak was 4.8 (sensitivity 61.1% and specificity 76.2%). Lactate on admission was shown to be an independent predictor of NSR on logistic regression model. Two prognostic scores had acceptable discrimination for NSR, LIU (AUC 0.73; 95% CI: 0.59-0.87; p = 0.004) and PRISM (AUC 0.71; 95% CI: 0.56-0.86; p = 0.03). In our study, the PALF delta score (PALF-ds) had lower discrimination capacity (AUC 0.63; 95% CI: 0.47-0.78; p = 0.11). Conclusions: The lactate at admission, an easily obtained parameter, had a similar capacity than the more complex scores, LIU and PRISM, to predict NSR. The prognostic value in our population of the promising dynamic score, PALF-ds, was lower than expected.<hr/>Resumo Introdução: A falência hepática aguda (FHA), apesar de rara em pediatria, é uma patologia complexa, com envolvimento multissistémico e elevada mortalidade. Têm sido estudadas variáveis isoladas ou incluídas em scores de prognóstico, com o objetivo de otimizar a alocação de órgãos. No entanto, a sua validação apresenta alguns desafios. O presente estudo tem como objetivo avaliar a precisão de vários biomarcadores e scores, como preditores de prognóstico na FHA. Métodos: Estudo observacional com método de colheita de dados retrospetivo, tendo como critérios de inclusão os casos de FHA, definida de acordo com os critérios da Pediatric Acute Liver Failure Study Group,admitidos numa UnidadedeCuidadosIntensivosPediátricos(UCIP)num período de 28 anos. Definiram-se 2 grupos: recuperação espontânea (RE) e sem recuperação espontânea (SRE) -doentes submetidos a transplante hepático (TRH) ou morte naalta daUCIP. Resultados: Incluíram-se 59 doentes, com mediana de idade de 24 meses, 54% do sexo feminino.Asetiologiasmaisfrequentesforam a metabólica (25.4%) e a infeciosa (18.6%); em 32.2% foi indeterminada. Apresentaram RE 21 doentes (35.6%). No grupo SRE (N = 38, 64.4%), 25 necessitaram de TRH (42.4%) e 19 faleceram (32.2%), dos quais 6 (15.7%) tinham sido submetidos a TRH. A precisão prognóstica para a ausência de recuperação espontânea foi aceitável para o lactato na admissão (AUC 0.72; IC 95%: 0.57-0.86; p = 0.006), amónia máxima (AUC 0.72; IC 95%: 0.58-0.86; p = 0.006) e INR máximo (AUC 0.70; IC 95%: 0.56-0.85; p = 0.01). O valor de cut-off do lactato na admissão foi de 1.95 mmol/L (sensibilidade 78.4% e especificidade 61.9%) e da amónia máxima foi de 64 umol/L (sensibilidade 100% e especificidade 38.1%). O lactato à admissão mostrou ser um fator independente para NSR, no modelo de regressão logística. Os scores LIU e PRISM apresentaram curvas ROC com aceitável capacidade de discriminação para a ausência de recuperação espontânea, com AUC de 0.73 (IC 95%: 0.59-0.87; p = 0.004) e 0.71 (IC 95%: 0.56-0.86; p = 0.03), respetivamente. No nosso estudo, o score PALF-Delta (PALF-ds) teve uma menor capacidade de discriminação (AUC 0.63; IC 95%: 0.47-0.78; p = 0.11). Conclusões: O lactato na admissão, um parâmetro de fácil obtenção, teve uma capacidade semelhante aos scores mais complexos, LIU e PRISM, para predizer a ausência de recuperação espontânea. O valor prognóstico nesta série, do promissor score dinâmico PALF-ds, foi inferior ao esperado. <![CDATA[Clinical Characteristics of Genuine Acute Autoimmune Hepatitis]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2341-45452024000300021&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Introduction: Autoimmune hepatitis (AIH) has a spectrum of symptoms ranging from asymptomatic disease to acute severe hepatitis, chronic hepatitis, and decompensated cirrhosis. The acute presentation is not rare and could represent genuine acute AIH (GAAIH) or acute exacerbation of chronic autoimmune hepatitis. We aimed to identify the prevalence, clinical features, and prognostic factors associated with GAAIH and compare these cases with acute exacerbation of chronic AIH. Methods: This cross-sectional observational study evaluated patients with acute AIH presentation, defined as total bilirubin &gt;5 times the upper limit of normality (xULN) and/or alanine aminotransferase &gt;10 xULN, and no prior history of liver disease. Histology findings of acute disease defined GAAIH. Bivariate analyses were performed to identify factors associated with the GAAIH, when compared with acute exacerbation of chronic AIH. Results: Seventy-two patients with acute presentation of AIH were included and six (8.3%) of them presented GAAIH. Comparative analysis between patients with GAAIH and patients with acute exacerbation of chronic AIH revealed that prothrombin activity (96% [74-100] vs. 61% [10-100]; p = 0.003) and albumin levels (3.9 ± 0.2 g/dL vs. 3.4 ± 0.5 g/dL; p &lt; 0.001) were higher in patients with GAAIH. The International Autoimmune Hepatitis Group score was higher in patients with acute exacerbation of chronic AIH (18.5 [8-23] vs. 16.5 [15-17]; p = 0.010). Compared to 15.2% of acute exacerbation of chronic AIH, complete therapeutic response to treatment was achieved in 67.7% of cases with GAAIH (p = 0.018). Conclusions: GAAIH was rare (8.3%), and patients with this presentation exhibited more preserved liver function tests, suggesting that most cases presenting with loss of function are acute exacerbation of chronic AIH. Additionally, patients with GAAIH had a better complete therapeutic response, suggesting a more preserved liver function at presentation, and early diagnosis has a positive therapeutic implication.<hr/>Resumo Introdução: A hepatite autoimune (HAI) apresenta um espectro de sintomas que varia de doença assintomática a hepatite aguda grave, hepatite crónica e cirrose descompensada. A apresentação aguda não é rara e pode representar hepatite autoimune aguda genuína (HAIAG) ou exacerbação aguda de hepatite autoimune crónica (EAHAIC). O nosso objetivo foi identificar a prevalência, caraterísticas clínicas e fatores prognósticos associados à HAIAG, e comparar esses casos com EAHAIC. Métodos: Estudo observacional, transversal, incluindo doentes com apresentação aguda de HAI, definida como bilirrubina total &gt; 5 vezes o limite superior da normalidade (xLSN) e/ou ALT &gt; 10 xLSN, e sem história prévia de doença hepática. HAIAG foi definida pela presença de achados histológicos de doença aguda. Análises bivariadas foram realizadas para identificar fatores associados à HAIAG, quando comparado com o EAHAIC. Resultados: Foram incluídos setenta e dois doentes com apresentação agu-da de HAI, dos quais seis (8.3%) com HAIAG. A análise comparativa entre doentes com HAIAG e doentes com EAHAIC mostrou que a atividade de protrombina (96%(74-100) versus 61% (10-100; p=0.003) e os níveis de albumina (3,9 ± 0,2 g/dL vs. 3,4 ± 0,5 g/dL; p &lt; 0,001) foram significativamente mais elevados em pacientes com HAIAG. O score do Grupo Internacional de Hepatite Autoimune foi mais elevado em doentes com EAHAIC (18.5 (8-23) versus 16.5 (15-17); p=0.010). A resposta terapêutica completa ao tratamento foi alcançada em 66.7% dos casos de HAIAG (vs. 15,2% na EAHAIC, p=0,018). Conclusões: A HAIAG é rara (8.3%), e os doentes com esta apresentação mostraram testes de função hepática mais preservados, sugerindo que a maioria dos casos com perda de função são EAHAIC. Além disso, os doentes com HAIAG tiveram maior taxa de resposta terapêutica completa, sugerindo que uma função hepática mais preservada na apresentação e o diagnóstico precoce tem uma implicação terapêutica positiva. <![CDATA[Influence of COVID-19 on Patients with Esophageal Varices under Prophylactic Endoscopic Band Ligation Therapy]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2341-45452024000300030&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Background and Objectives: Endoscopic band ligation (EBL) plays a critical role in patients with clinically significant portal hypertension, as variceal eradication (VE) is essential to prevent further variceal upper gastrointestinal bleeding (GI). The emergence of COVID-19 has led to a dramatic reduction in endoscopic activity. Our study aimed to evaluate the effect of COVID-19 on VE, GI, and 6-month mortality of patients treated with prophylactic EBL therapy. In addition, our goal was to identify the risk factors for our proposed outcomes. Methods: Asingle-center retrospective cohort study included patients with esophageal varices treated with prophylactic EBL therapy between 2017 and 2021. To demonstrate the impact of COVID-19 on two independent groups on prophylactic EBL therapy with 1 year of follow-up, March 2019 was selected as the cut-off date. Clinical, laboratory, and endo-scopic data were recovered from electronic reports. Results: Ninety-seven patients underwent 398 prophylactic EBL sessions,75men (77.3%) withmeanage 59 ± 12 years. Most achieved VE (60.8%), 14.4% had GI bleeding post-therapy, and 15.5% died at 6 months. The rate of variceal obliteration was significantly lower in the pan-demic group (40.9% vs. 77.4% in the pre-pandemic group, p = 0.001). Mean number of EBL sessions and pandemic group were independently associated with incomplete VE, while MELD-Na, portal vein thrombosis and failed VE were identified as risk factors associated with mortality at 6months. Conclusions: Almost60%ofpatientsinthe pandemic group failed to eradicate esophageal varices. Failure to achieve this result conferred a higher risk of GI bleeding and death at 6 months, the latter also significantly associated with the MELD-Na score and portal vein thrombosis. Our study is among the first to demonstrate the impact of COVID-19 in patients receiving prophylactic EBL therapy.<hr/>Resumo Introdução e objetivos: A laqueação elástica endoscópica (LEE) é crucial nos doentes com hipertensão portal clinicamente significativa, uma vez que permite a erradicação das varizes esofágicas (EVE) que, por sua vez, previne a hemorragia digestiva varicosa. Com o início da pandemia COVID-19, a atividade endoscópica foi drasticamente reduzida. Com este estudo pretendemos avaliar ainfluência da COVID-19 na EVE, hemorragia gastro-intestinal (GI) e mortalidade aos 6 meses dos doentes sob LEE profilática, assim como identificar os seus fatores de risco. Métodos: Estudo de coorte monocêntrico e retrospetivo que incluiu doentes com varizes esofágicas sob LEE profilática entre 2017 e 2021. Para demonstrar o impacto da pandemia COVID-19 em dois grupos independentes sob LEE profilática durante um ano de follow-up, a escolha da data-limite foi Março de 2019. Os dados clínicos, laboratoriais e endoscópicos foram obtidos a partir dos relatórios eletrónicos. Resultados: Noventa e sete doentes cumpriram 398 sessões de LEE, 75 homens (77,3%), com idade média de 59 ± 12 anos. A maioria dos doentes obteve EVE (60,8%), 14,4% desenvolveu hemorragia GI e 15,5% faleceu nos primeiros 6 meses pós-terapêutica. A taxa de EVE foi significativamente inferior no grupo pandémico (40,9% vs. 77,4% no grupo pré-pandémico, p = 0.001). O número médio de sessões de LEE e o grupo pandémico foram independentemente associados à EVE incompleta; enquanto MELD-NA, trombose da veia porta e falha na EVE foram identificados como fatores de risco associados à mortalidade aos 6 meses. Conclusão: Cerca de 60% dos doentes no grupo pandémico não conseguiu erradicar as varizes esofágicas. A EVE incompleta aumenta o risco de hemorragia GI e mortalidade aos 6 meses, esta última também associada de forma significativa ao score MELD-Na e TVP. O nosso estudo foi pioneiro na demonstração do impacto da pandemia COVID-19 nos doentes sob LEE profilática. <![CDATA[Primary Gastric Tuberculosis in na Immunocompetent Patient: The Truth Lying beneath the Surface]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2341-45452024000300039&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Gastrointestinal tuberculosis is an uncommon entity, in which clinical presentation can be widely variable, from mild and nonspecific symptoms to an acute abdomen and gastrointestinal bleeding. Gastric involvement by Mycobacterium tuberculosis is rare, especially when it occurs without other recognized infectious foci - primary gastric tuberculosis - with only a few reported cases. Endoscopic findings can be very heterogeneous, from areas of hyperemia to pseudotumor lesions. We present a case of primary gastric tuberculosis in an immuno-competent patient, in which the absence of an epidemiological context and nonspecificendoscopic findings led to a delay in the diagnosis. Bite-on-bite biopsies proved to be essential, allowing to obtain samples from deeper layers of the sub-mucosa where M. tuberculosis was identified. This case aimed to increase awareness for this entity, especially in endemic countries or regions with a high prevalence of tuberculosis since the diagnosis is based mainly on a high index of suspicion.<hr/>Resumo A tuberculose gastrointestinal é uma entidade pouco comum, com uma apresentação clínica amplamente variável, desde sintomas ligeiros e inespecíficos até quadros de abdómen agudo e hemorragia digestiva. O envolvimento gástrico pelo Mycobacterium tuberculosis é raro, especialmente quando ocorre sem outros focos infeciosos reconhecidos - tuberculose gástrica primária -, havendo apenas alguns casos descritos na literatura. Os achados endoscópicos podem ser muito heterogéneos, variando desde áreas de mucosa hiperemiada até lesões pseudo-tumorais. Apresentamos o caso de uma doente imunocompetente com diagnóstico de tuberculose gástrica primária, em que a ausência de um contexto epidemiológico e achados endoscópicos inespecíficos conduziram a um atraso no diagnóstico. As biópsias sobre biópsias mostraram ser essenciais para o diagnóstico, pois permitiram obter amostras de camadas mais profundas da submucosa do antro gástrico onde foi identificado o agente infecioso. Este caso pretende sensibilizar para existência desta entidade, especialmente em países endémicos ou regiões com alta prevalência de tuberculose, uma vez que o seu diagnóstico implica um elevado grau de suspeição. <![CDATA[Small Bowel Villous Atrophy in a Young Patient: A Challenging Diagnosis]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2341-45452024000300044&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Common variable immunodeficiency enteropathy is a sprue-like disease, which may manifest as a severe mal-absorption syndrome with nutritional deficits and cachexia. The authors report a case of a 33-year-old Afghan man, who presented to the emergency department due to chronic watery diarrhea and severe malnourishment. He had been previously misdiagnosed with celiac disease in his early adulthood; however, this was based on inconclusive findings. After a thorough diagnostic workup, the final diagnosis of common variable immunodeficiency enteropathy with symptomatic norovirus infection of the gut was obtained during his prolonged hospitalization. A slow but progressive improvement was observed with immunoglobulin replacement therapy, corticotherapy, and ribavirin treatment. This is a noteworthy case of a rare malabsorption disorder, and it reviews important aspects concerning the differential diagnosis of small bowel villous atrophy of unknown etiology, as well as gastrointestinal manifestations of common variable im-munodeficiency disorder.<hr/>Resumo A Enteropatia associada à Imunodeficiência Comum Variável é uma entidade com características clínicas e endoscópicas semelhantes à doença celíaca. Por vezes apresenta-se como um síndrome de malabsorção, levando a défices nutricionais e caquexia severa. Os autores relatam o caso de um homem de 33 anos de idade de naturalidade afegã, que recorreu ao serviço de urgência por um quadro de diarreia aquosa crónica e desnutrição severa. O doente teria sido diagnosticado erroneamente com doença celíaca no início da vida adulta, com bases em dados clínicos inconclusivos. Após um estudo exaustivo durante um internamento prolongado, o doente foi diagnosticado com uma Enteropatia associada à Imunodeficiência Comum Variável com sobreinfeção por Norovirus. Foi observada uma melhoria lenta e progressiva com instituição de terapêutica substitutiva com imunoglobulina, corticoterapia e ribavirina. Este caso retrata uma causa rara de malabsorção, abordando pontos essenciais no diagnóstico diferencial da atrofia vilositária do intestinal delgado, bem como das manifestações gastrointestinais da Imunodeficiência Comum Variável. <![CDATA[Autoimmune Hepatitis Induced by Hepatitis Delta Virus: A Conundrum]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2341-45452024000300051&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Introduction: The association of hepatitis delta virus (HDV) infection with positive autoantibodies and autoimmune features has been known for decades. However, to date, very few cases of clinical autoimmune hepatitis (AIH) have been reported in association with HDV infection, most of them being in the context of treatment with peginterferon. Case Report: This case refers to a 46-year-old woman born in Guinea-Bissau who moved to Portugal in 2018 to investigate complaints of diffuse abdominal discomfort and nausea. Her initial work-up, including laboratory and liver histology, was consistent with type 1 AIH. She had HBe antigen-negative chronic hepatitis B virus infection with negative DNA and also a positive total anti-HDV antibody, with negative IgM and undetectable RNA. Therefore, after initiating prophylactic tenofovir difumarate, she was started on prednisolone followed by azathioprine, which was later stopped due to presumed hepatotoxicity. Repeated histology showed signs of viral superinfection, and she was treated with acyclovir due to a positive herpes simplex IgM, with HDV RNA remaining negative. A third flare in transaminases prompted the introduction of mycophenolate mofetil (MMF) after a thorough exclusion of additional causes of liver disease. About 6 months later, during another bout of hepatitis, HDV RNA was finally positive and classified as genotype 5. MMF was stopped, and, considering a contraindication to interferon, the patient was offered therapy with bulevirtide, which she refused for personal reasons as she is currently living in her home country. Discussion: This is a challenging case of autoimmune or “autoimmune-like” hepatitis, probably induced by chronic HDV infection. High suspicion of HDV was essential because, had the case been interpreted as refractory AIH, with escalation of immunosuppression, a more severe course of the viral infection might have ensued. Recently, HDV suppression with bulevirtide was shown to reverse autoimmune liver disease. We hypothesize that the same could have happened to our patient, had she accepted this treatment.<hr/>Resumo Introdução: A associação da infeção pelo vírus da hepatite delta (VHD) com a presença de autoanticorpos e outros aspetos de autoimunidade é conhecida desde há várias décadas. Contudo, até à data, muito poucos casos de hepatite autoimune (HAI) clínica foram reportados em relação com a infeção VHD, sendo a maioria destes no contexto de terapêutica com interferão peguilado. Caso clínico: O caso refere-se a uma mulher de 46 anos natural da Guiné-Bissau, que se mudou para Portugal em 2018 para investigação de queixas de desconforto abdominal difuso e náuseas. A avaliação laboratorial inicial e a histologia hepática foram compatíveis com HAI tipo 1. A doente apresentava também infeção crónica a VHB (vírus da hepatite B) antigénio HBe negativa, com DNA negativo, e anti-VHD (vírus da hepatite delta) total positivo, com IgM negativo e RNA indetetável. Assim, após início de tenofovir difumarato profilático, foi iniciada terapêutica com prednisolona seguida de azatioprina, que posteriormente se interrompeu por presumível hepatotoxicidade. Uma segunda biópsia mostrou aspetos de superinfeção viral e como tal a doente foi tratada com aciclovir, tendo em conta IgM positivo para Herpes Simplex, mantendo-se o RNA VHD negativo. Um terceiro flare de transaminases motivou o início de micofenolato de mofetil, após extensa investigação e exclusão de outras causas de doença hepática. Cerca de 6 meses mais tarde, durante novo episódio de hepatite, o RNA VHD revelou-se finalmente positivo e este foi classificado como genotipo 5. O MMF foi suspenso e, considerando a contra-indicação para interferão, foi proposto à doente tratamento com bulevirtide, que esta recusou, alegando motivos pessoais, visto estar atualmente a residir no seu país de origem. Discussão: Este é um caso desafiante de hepatite autoimune, ou autoimune-like, provavelmente induzida pela infeção crónica pelo VHD. Um elevado índice de suspeição para VHD foi essencial porque, se o caso tivesse sido interpretado como HAI refratária, com incremento de imunossupressão, poderia ter-se verificado um agravamento da hepatite viral. Recentemente, foi reportado que a supressão do VHD pelo bulevirtide pode reverter a doença hepática autoimune. Questionamo-nos se o mesmo poderia ter sucedido com a nossa doente, caso esta tivesse aceite este tratamento. <![CDATA[Cholangioscopy with Laser Lithotripsy in the Treatment of a Patient with Type II Mirizzi Syndrome]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2341-45452024000300057&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Introduction: The association of hepatitis delta virus (HDV) infection with positive autoantibodies and autoimmune features has been known for decades. However, to date, very few cases of clinical autoimmune hepatitis (AIH) have been reported in association with HDV infection, most of them being in the context of treatment with peginterferon. Case Report: This case refers to a 46-year-old woman born in Guinea-Bissau who moved to Portugal in 2018 to investigate complaints of diffuse abdominal discomfort and nausea. Her initial work-up, including laboratory and liver histology, was consistent with type 1 AIH. She had HBe antigen-negative chronic hepatitis B virus infection with negative DNA and also a positive total anti-HDV antibody, with negative IgM and undetectable RNA. Therefore, after initiating prophylactic tenofovir difumarate, she was started on prednisolone followed by azathioprine, which was later stopped due to presumed hepatotoxicity. Repeated histology showed signs of viral superinfection, and she was treated with acyclovir due to a positive herpes simplex IgM, with HDV RNA remaining negative. A third flare in transaminases prompted the introduction of mycophenolate mofetil (MMF) after a thorough exclusion of additional causes of liver disease. About 6 months later, during another bout of hepatitis, HDV RNA was finally positive and classified as genotype 5. MMF was stopped, and, considering a contraindication to interferon, the patient was offered therapy with bulevirtide, which she refused for personal reasons as she is currently living in her home country. Discussion: This is a challenging case of autoimmune or “autoimmune-like” hepatitis, probably induced by chronic HDV infection. High suspicion of HDV was essential because, had the case been interpreted as refractory AIH, with escalation of immunosuppression, a more severe course of the viral infection might have ensued. Recently, HDV suppression with bulevirtide was shown to reverse autoimmune liver disease. We hypothesize that the same could have happened to our patient, had she accepted this treatment.<hr/>Resumo Introdução: A associação da infeção pelo vírus da hepatite delta (VHD) com a presença de autoanticorpos e outros aspetos de autoimunidade é conhecida desde há várias décadas. Contudo, até à data, muito poucos casos de hepatite autoimune (HAI) clínica foram reportados em relação com a infeção VHD, sendo a maioria destes no contexto de terapêutica com interferão peguilado. Caso clínico: O caso refere-se a uma mulher de 46 anos natural da Guiné-Bissau, que se mudou para Portugal em 2018 para investigação de queixas de desconforto abdominal difuso e náuseas. A avaliação laboratorial inicial e a histologia hepática foram compatíveis com HAI tipo 1. A doente apresentava também infeção crónica a VHB (vírus da hepatite B) antigénio HBe negativa, com DNA negativo, e anti-VHD (vírus da hepatite delta) total positivo, com IgM negativo e RNA indetetável. Assim, após início de tenofovir difumarato profilático, foi iniciada terapêutica com prednisolona seguida de azatioprina, que posteriormente se interrompeu por presumível hepatotoxicidade. Uma segunda biópsia mostrou aspetos de superinfeção viral e como tal a doente foi tratada com aciclovir, tendo em conta IgM positivo para Herpes Simplex, mantendo-se o RNA VHD negativo. Um terceiro flare de transaminases motivou o início de micofenolato de mofetil, após extensa investigação e exclusão de outras causas de doença hepática. Cerca de 6 meses mais tarde, durante novo episódio de hepatite, o RNA VHD revelou-se finalmente positivo e este foi classificado como genotipo 5. O MMF foi suspenso e, considerando a contra-indicação para interferão, foi proposto à doente tratamento com bulevirtide, que esta recusou, alegando motivos pessoais, visto estar atualmente a residir no seu país de origem. Discussão: Este é um caso desafiante de hepatite autoimune, ou autoimune-like, provavelmente induzida pela infeção crónica pelo VHD. Um elevado índice de suspeição para VHD foi essencial porque, se o caso tivesse sido interpretado como HAI refratária, com incremento de imunossupressão, poderia ter-se verificado um agravamento da hepatite viral. Recentemente, foi reportado que a supressão do VHD pelo bulevirtide pode reverter a doença hepática autoimune. Questionamo-nos se o mesmo poderia ter sucedido com a nossa doente, caso esta tivesse aceite este tratamento. <![CDATA[Endoscopic Extraction of Two Giant Stone Bezoars Using Mechanical and Laser Lithotripsy]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2341-45452024000300060&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Introduction: The association of hepatitis delta virus (HDV) infection with positive autoantibodies and autoimmune features has been known for decades. However, to date, very few cases of clinical autoimmune hepatitis (AIH) have been reported in association with HDV infection, most of them being in the context of treatment with peginterferon. Case Report: This case refers to a 46-year-old woman born in Guinea-Bissau who moved to Portugal in 2018 to investigate complaints of diffuse abdominal discomfort and nausea. Her initial work-up, including laboratory and liver histology, was consistent with type 1 AIH. She had HBe antigen-negative chronic hepatitis B virus infection with negative DNA and also a positive total anti-HDV antibody, with negative IgM and undetectable RNA. Therefore, after initiating prophylactic tenofovir difumarate, she was started on prednisolone followed by azathioprine, which was later stopped due to presumed hepatotoxicity. Repeated histology showed signs of viral superinfection, and she was treated with acyclovir due to a positive herpes simplex IgM, with HDV RNA remaining negative. A third flare in transaminases prompted the introduction of mycophenolate mofetil (MMF) after a thorough exclusion of additional causes of liver disease. About 6 months later, during another bout of hepatitis, HDV RNA was finally positive and classified as genotype 5. MMF was stopped, and, considering a contraindication to interferon, the patient was offered therapy with bulevirtide, which she refused for personal reasons as she is currently living in her home country. Discussion: This is a challenging case of autoimmune or “autoimmune-like” hepatitis, probably induced by chronic HDV infection. High suspicion of HDV was essential because, had the case been interpreted as refractory AIH, with escalation of immunosuppression, a more severe course of the viral infection might have ensued. Recently, HDV suppression with bulevirtide was shown to reverse autoimmune liver disease. We hypothesize that the same could have happened to our patient, had she accepted this treatment.<hr/>Resumo Introdução: A associação da infeção pelo vírus da hepatite delta (VHD) com a presença de autoanticorpos e outros aspetos de autoimunidade é conhecida desde há várias décadas. Contudo, até à data, muito poucos casos de hepatite autoimune (HAI) clínica foram reportados em relação com a infeção VHD, sendo a maioria destes no contexto de terapêutica com interferão peguilado. Caso clínico: O caso refere-se a uma mulher de 46 anos natural da Guiné-Bissau, que se mudou para Portugal em 2018 para investigação de queixas de desconforto abdominal difuso e náuseas. A avaliação laboratorial inicial e a histologia hepática foram compatíveis com HAI tipo 1. A doente apresentava também infeção crónica a VHB (vírus da hepatite B) antigénio HBe negativa, com DNA negativo, e anti-VHD (vírus da hepatite delta) total positivo, com IgM negativo e RNA indetetável. Assim, após início de tenofovir difumarato profilático, foi iniciada terapêutica com prednisolona seguida de azatioprina, que posteriormente se interrompeu por presumível hepatotoxicidade. Uma segunda biópsia mostrou aspetos de superinfeção viral e como tal a doente foi tratada com aciclovir, tendo em conta IgM positivo para Herpes Simplex, mantendo-se o RNA VHD negativo. Um terceiro flare de transaminases motivou o início de micofenolato de mofetil, após extensa investigação e exclusão de outras causas de doença hepática. Cerca de 6 meses mais tarde, durante novo episódio de hepatite, o RNA VHD revelou-se finalmente positivo e este foi classificado como genotipo 5. O MMF foi suspenso e, considerando a contra-indicação para interferão, foi proposto à doente tratamento com bulevirtide, que esta recusou, alegando motivos pessoais, visto estar atualmente a residir no seu país de origem. Discussão: Este é um caso desafiante de hepatite autoimune, ou autoimune-like, provavelmente induzida pela infeção crónica pelo VHD. Um elevado índice de suspeição para VHD foi essencial porque, se o caso tivesse sido interpretado como HAI refratária, com incremento de imunossupressão, poderia ter-se verificado um agravamento da hepatite viral. Recentemente, foi reportado que a supressão do VHD pelo bulevirtide pode reverter a doença hepática autoimune. Questionamo-nos se o mesmo poderia ter sucedido com a nossa doente, caso esta tivesse aceite este tratamento. <![CDATA[Percutaneous Endoscopic Sigmoidopexy: Still a Way to Go]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2341-45452024000300063&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Introduction: The association of hepatitis delta virus (HDV) infection with positive autoantibodies and autoimmune features has been known for decades. However, to date, very few cases of clinical autoimmune hepatitis (AIH) have been reported in association with HDV infection, most of them being in the context of treatment with peginterferon. Case Report: This case refers to a 46-year-old woman born in Guinea-Bissau who moved to Portugal in 2018 to investigate complaints of diffuse abdominal discomfort and nausea. Her initial work-up, including laboratory and liver histology, was consistent with type 1 AIH. She had HBe antigen-negative chronic hepatitis B virus infection with negative DNA and also a positive total anti-HDV antibody, with negative IgM and undetectable RNA. Therefore, after initiating prophylactic tenofovir difumarate, she was started on prednisolone followed by azathioprine, which was later stopped due to presumed hepatotoxicity. Repeated histology showed signs of viral superinfection, and she was treated with acyclovir due to a positive herpes simplex IgM, with HDV RNA remaining negative. A third flare in transaminases prompted the introduction of mycophenolate mofetil (MMF) after a thorough exclusion of additional causes of liver disease. About 6 months later, during another bout of hepatitis, HDV RNA was finally positive and classified as genotype 5. MMF was stopped, and, considering a contraindication to interferon, the patient was offered therapy with bulevirtide, which she refused for personal reasons as she is currently living in her home country. Discussion: This is a challenging case of autoimmune or “autoimmune-like” hepatitis, probably induced by chronic HDV infection. High suspicion of HDV was essential because, had the case been interpreted as refractory AIH, with escalation of immunosuppression, a more severe course of the viral infection might have ensued. Recently, HDV suppression with bulevirtide was shown to reverse autoimmune liver disease. We hypothesize that the same could have happened to our patient, had she accepted this treatment.<hr/>Resumo Introdução: A associação da infeção pelo vírus da hepatite delta (VHD) com a presença de autoanticorpos e outros aspetos de autoimunidade é conhecida desde há várias décadas. Contudo, até à data, muito poucos casos de hepatite autoimune (HAI) clínica foram reportados em relação com a infeção VHD, sendo a maioria destes no contexto de terapêutica com interferão peguilado. Caso clínico: O caso refere-se a uma mulher de 46 anos natural da Guiné-Bissau, que se mudou para Portugal em 2018 para investigação de queixas de desconforto abdominal difuso e náuseas. A avaliação laboratorial inicial e a histologia hepática foram compatíveis com HAI tipo 1. A doente apresentava também infeção crónica a VHB (vírus da hepatite B) antigénio HBe negativa, com DNA negativo, e anti-VHD (vírus da hepatite delta) total positivo, com IgM negativo e RNA indetetável. Assim, após início de tenofovir difumarato profilático, foi iniciada terapêutica com prednisolona seguida de azatioprina, que posteriormente se interrompeu por presumível hepatotoxicidade. Uma segunda biópsia mostrou aspetos de superinfeção viral e como tal a doente foi tratada com aciclovir, tendo em conta IgM positivo para Herpes Simplex, mantendo-se o RNA VHD negativo. Um terceiro flare de transaminases motivou o início de micofenolato de mofetil, após extensa investigação e exclusão de outras causas de doença hepática. Cerca de 6 meses mais tarde, durante novo episódio de hepatite, o RNA VHD revelou-se finalmente positivo e este foi classificado como genotipo 5. O MMF foi suspenso e, considerando a contra-indicação para interferão, foi proposto à doente tratamento com bulevirtide, que esta recusou, alegando motivos pessoais, visto estar atualmente a residir no seu país de origem. Discussão: Este é um caso desafiante de hepatite autoimune, ou autoimune-like, provavelmente induzida pela infeção crónica pelo VHD. Um elevado índice de suspeição para VHD foi essencial porque, se o caso tivesse sido interpretado como HAI refratária, com incremento de imunossupressão, poderia ter-se verificado um agravamento da hepatite viral. Recentemente, foi reportado que a supressão do VHD pelo bulevirtide pode reverter a doença hepática autoimune. Questionamo-nos se o mesmo poderia ter sucedido com a nossa doente, caso esta tivesse aceite este tratamento. <![CDATA[Chondroepithelial Choristoma: A Rare Cause of Congenital Esophageal Stenosis]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2341-45452024000300065&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Introduction: The association of hepatitis delta virus (HDV) infection with positive autoantibodies and autoimmune features has been known for decades. However, to date, very few cases of clinical autoimmune hepatitis (AIH) have been reported in association with HDV infection, most of them being in the context of treatment with peginterferon. Case Report: This case refers to a 46-year-old woman born in Guinea-Bissau who moved to Portugal in 2018 to investigate complaints of diffuse abdominal discomfort and nausea. Her initial work-up, including laboratory and liver histology, was consistent with type 1 AIH. She had HBe antigen-negative chronic hepatitis B virus infection with negative DNA and also a positive total anti-HDV antibody, with negative IgM and undetectable RNA. Therefore, after initiating prophylactic tenofovir difumarate, she was started on prednisolone followed by azathioprine, which was later stopped due to presumed hepatotoxicity. Repeated histology showed signs of viral superinfection, and she was treated with acyclovir due to a positive herpes simplex IgM, with HDV RNA remaining negative. A third flare in transaminases prompted the introduction of mycophenolate mofetil (MMF) after a thorough exclusion of additional causes of liver disease. About 6 months later, during another bout of hepatitis, HDV RNA was finally positive and classified as genotype 5. MMF was stopped, and, considering a contraindication to interferon, the patient was offered therapy with bulevirtide, which she refused for personal reasons as she is currently living in her home country. Discussion: This is a challenging case of autoimmune or “autoimmune-like” hepatitis, probably induced by chronic HDV infection. High suspicion of HDV was essential because, had the case been interpreted as refractory AIH, with escalation of immunosuppression, a more severe course of the viral infection might have ensued. Recently, HDV suppression with bulevirtide was shown to reverse autoimmune liver disease. We hypothesize that the same could have happened to our patient, had she accepted this treatment.<hr/>Resumo Introdução: A associação da infeção pelo vírus da hepatite delta (VHD) com a presença de autoanticorpos e outros aspetos de autoimunidade é conhecida desde há várias décadas. Contudo, até à data, muito poucos casos de hepatite autoimune (HAI) clínica foram reportados em relação com a infeção VHD, sendo a maioria destes no contexto de terapêutica com interferão peguilado. Caso clínico: O caso refere-se a uma mulher de 46 anos natural da Guiné-Bissau, que se mudou para Portugal em 2018 para investigação de queixas de desconforto abdominal difuso e náuseas. A avaliação laboratorial inicial e a histologia hepática foram compatíveis com HAI tipo 1. A doente apresentava também infeção crónica a VHB (vírus da hepatite B) antigénio HBe negativa, com DNA negativo, e anti-VHD (vírus da hepatite delta) total positivo, com IgM negativo e RNA indetetável. Assim, após início de tenofovir difumarato profilático, foi iniciada terapêutica com prednisolona seguida de azatioprina, que posteriormente se interrompeu por presumível hepatotoxicidade. Uma segunda biópsia mostrou aspetos de superinfeção viral e como tal a doente foi tratada com aciclovir, tendo em conta IgM positivo para Herpes Simplex, mantendo-se o RNA VHD negativo. Um terceiro flare de transaminases motivou o início de micofenolato de mofetil, após extensa investigação e exclusão de outras causas de doença hepática. Cerca de 6 meses mais tarde, durante novo episódio de hepatite, o RNA VHD revelou-se finalmente positivo e este foi classificado como genotipo 5. O MMF foi suspenso e, considerando a contra-indicação para interferão, foi proposto à doente tratamento com bulevirtide, que esta recusou, alegando motivos pessoais, visto estar atualmente a residir no seu país de origem. Discussão: Este é um caso desafiante de hepatite autoimune, ou autoimune-like, provavelmente induzida pela infeção crónica pelo VHD. Um elevado índice de suspeição para VHD foi essencial porque, se o caso tivesse sido interpretado como HAI refratária, com incremento de imunossupressão, poderia ter-se verificado um agravamento da hepatite viral. Recentemente, foi reportado que a supressão do VHD pelo bulevirtide pode reverter a doença hepática autoimune. Questionamo-nos se o mesmo poderia ter sucedido com a nossa doente, caso esta tivesse aceite este tratamento. <![CDATA[Middle-Age New-Onset Dysphagia]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2341-45452024000300069&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Introduction: The association of hepatitis delta virus (HDV) infection with positive autoantibodies and autoimmune features has been known for decades. However, to date, very few cases of clinical autoimmune hepatitis (AIH) have been reported in association with HDV infection, most of them being in the context of treatment with peginterferon. Case Report: This case refers to a 46-year-old woman born in Guinea-Bissau who moved to Portugal in 2018 to investigate complaints of diffuse abdominal discomfort and nausea. Her initial work-up, including laboratory and liver histology, was consistent with type 1 AIH. She had HBe antigen-negative chronic hepatitis B virus infection with negative DNA and also a positive total anti-HDV antibody, with negative IgM and undetectable RNA. Therefore, after initiating prophylactic tenofovir difumarate, she was started on prednisolone followed by azathioprine, which was later stopped due to presumed hepatotoxicity. Repeated histology showed signs of viral superinfection, and she was treated with acyclovir due to a positive herpes simplex IgM, with HDV RNA remaining negative. A third flare in transaminases prompted the introduction of mycophenolate mofetil (MMF) after a thorough exclusion of additional causes of liver disease. About 6 months later, during another bout of hepatitis, HDV RNA was finally positive and classified as genotype 5. MMF was stopped, and, considering a contraindication to interferon, the patient was offered therapy with bulevirtide, which she refused for personal reasons as she is currently living in her home country. Discussion: This is a challenging case of autoimmune or “autoimmune-like” hepatitis, probably induced by chronic HDV infection. High suspicion of HDV was essential because, had the case been interpreted as refractory AIH, with escalation of immunosuppression, a more severe course of the viral infection might have ensued. Recently, HDV suppression with bulevirtide was shown to reverse autoimmune liver disease. We hypothesize that the same could have happened to our patient, had she accepted this treatment.<hr/>Resumo Introdução: A associação da infeção pelo vírus da hepatite delta (VHD) com a presença de autoanticorpos e outros aspetos de autoimunidade é conhecida desde há várias décadas. Contudo, até à data, muito poucos casos de hepatite autoimune (HAI) clínica foram reportados em relação com a infeção VHD, sendo a maioria destes no contexto de terapêutica com interferão peguilado. Caso clínico: O caso refere-se a uma mulher de 46 anos natural da Guiné-Bissau, que se mudou para Portugal em 2018 para investigação de queixas de desconforto abdominal difuso e náuseas. A avaliação laboratorial inicial e a histologia hepática foram compatíveis com HAI tipo 1. A doente apresentava também infeção crónica a VHB (vírus da hepatite B) antigénio HBe negativa, com DNA negativo, e anti-VHD (vírus da hepatite delta) total positivo, com IgM negativo e RNA indetetável. Assim, após início de tenofovir difumarato profilático, foi iniciada terapêutica com prednisolona seguida de azatioprina, que posteriormente se interrompeu por presumível hepatotoxicidade. Uma segunda biópsia mostrou aspetos de superinfeção viral e como tal a doente foi tratada com aciclovir, tendo em conta IgM positivo para Herpes Simplex, mantendo-se o RNA VHD negativo. Um terceiro flare de transaminases motivou o início de micofenolato de mofetil, após extensa investigação e exclusão de outras causas de doença hepática. Cerca de 6 meses mais tarde, durante novo episódio de hepatite, o RNA VHD revelou-se finalmente positivo e este foi classificado como genotipo 5. O MMF foi suspenso e, considerando a contra-indicação para interferão, foi proposto à doente tratamento com bulevirtide, que esta recusou, alegando motivos pessoais, visto estar atualmente a residir no seu país de origem. Discussão: Este é um caso desafiante de hepatite autoimune, ou autoimune-like, provavelmente induzida pela infeção crónica pelo VHD. Um elevado índice de suspeição para VHD foi essencial porque, se o caso tivesse sido interpretado como HAI refratária, com incremento de imunossupressão, poderia ter-se verificado um agravamento da hepatite viral. Recentemente, foi reportado que a supressão do VHD pelo bulevirtide pode reverter a doença hepática autoimune. Questionamo-nos se o mesmo poderia ter sucedido com a nossa doente, caso esta tivesse aceite este tratamento. <![CDATA[Retraction Statement - Paper by Chee Yik Chang and Bryan Tan entitled “Splenic Abscess Caused by Clostridium difficile” [GE Port J Gastroenterol 2023; https://doi.org/10.1159/000533163]]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2341-45452024000300072&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Introduction: The association of hepatitis delta virus (HDV) infection with positive autoantibodies and autoimmune features has been known for decades. However, to date, very few cases of clinical autoimmune hepatitis (AIH) have been reported in association with HDV infection, most of them being in the context of treatment with peginterferon. Case Report: This case refers to a 46-year-old woman born in Guinea-Bissau who moved to Portugal in 2018 to investigate complaints of diffuse abdominal discomfort and nausea. Her initial work-up, including laboratory and liver histology, was consistent with type 1 AIH. She had HBe antigen-negative chronic hepatitis B virus infection with negative DNA and also a positive total anti-HDV antibody, with negative IgM and undetectable RNA. Therefore, after initiating prophylactic tenofovir difumarate, she was started on prednisolone followed by azathioprine, which was later stopped due to presumed hepatotoxicity. Repeated histology showed signs of viral superinfection, and she was treated with acyclovir due to a positive herpes simplex IgM, with HDV RNA remaining negative. A third flare in transaminases prompted the introduction of mycophenolate mofetil (MMF) after a thorough exclusion of additional causes of liver disease. About 6 months later, during another bout of hepatitis, HDV RNA was finally positive and classified as genotype 5. MMF was stopped, and, considering a contraindication to interferon, the patient was offered therapy with bulevirtide, which she refused for personal reasons as she is currently living in her home country. Discussion: This is a challenging case of autoimmune or “autoimmune-like” hepatitis, probably induced by chronic HDV infection. High suspicion of HDV was essential because, had the case been interpreted as refractory AIH, with escalation of immunosuppression, a more severe course of the viral infection might have ensued. Recently, HDV suppression with bulevirtide was shown to reverse autoimmune liver disease. We hypothesize that the same could have happened to our patient, had she accepted this treatment.<hr/>Resumo Introdução: A associação da infeção pelo vírus da hepatite delta (VHD) com a presença de autoanticorpos e outros aspetos de autoimunidade é conhecida desde há várias décadas. Contudo, até à data, muito poucos casos de hepatite autoimune (HAI) clínica foram reportados em relação com a infeção VHD, sendo a maioria destes no contexto de terapêutica com interferão peguilado. Caso clínico: O caso refere-se a uma mulher de 46 anos natural da Guiné-Bissau, que se mudou para Portugal em 2018 para investigação de queixas de desconforto abdominal difuso e náuseas. A avaliação laboratorial inicial e a histologia hepática foram compatíveis com HAI tipo 1. A doente apresentava também infeção crónica a VHB (vírus da hepatite B) antigénio HBe negativa, com DNA negativo, e anti-VHD (vírus da hepatite delta) total positivo, com IgM negativo e RNA indetetável. Assim, após início de tenofovir difumarato profilático, foi iniciada terapêutica com prednisolona seguida de azatioprina, que posteriormente se interrompeu por presumível hepatotoxicidade. Uma segunda biópsia mostrou aspetos de superinfeção viral e como tal a doente foi tratada com aciclovir, tendo em conta IgM positivo para Herpes Simplex, mantendo-se o RNA VHD negativo. Um terceiro flare de transaminases motivou o início de micofenolato de mofetil, após extensa investigação e exclusão de outras causas de doença hepática. Cerca de 6 meses mais tarde, durante novo episódio de hepatite, o RNA VHD revelou-se finalmente positivo e este foi classificado como genotipo 5. O MMF foi suspenso e, considerando a contra-indicação para interferão, foi proposto à doente tratamento com bulevirtide, que esta recusou, alegando motivos pessoais, visto estar atualmente a residir no seu país de origem. Discussão: Este é um caso desafiante de hepatite autoimune, ou autoimune-like, provavelmente induzida pela infeção crónica pelo VHD. Um elevado índice de suspeição para VHD foi essencial porque, se o caso tivesse sido interpretado como HAI refratária, com incremento de imunossupressão, poderia ter-se verificado um agravamento da hepatite viral. Recentemente, foi reportado que a supressão do VHD pelo bulevirtide pode reverter a doença hepática autoimune. Questionamo-nos se o mesmo poderia ter sucedido com a nossa doente, caso esta tivesse aceite este tratamento.