Scielo RSS <![CDATA[Nascer e Crescer]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=0872-075420210003&lang=pt vol. 30 num. 3 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[A ciência como garante do desenvolvimento civilizacional. As vacinas como forma segura e mais eficaz de prevenir doenças e salvar vidas]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0872-07542021000300141&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[Atitude expetante? Abordagem portuguesa à otite média com efusão]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0872-07542021000300143&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction and objective: Otitis media with effusion (OME) is an important public health problem. Several clinical practice guidelines for diagnosis and treatment of OME are in place, including from the American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery (AAO-HNS). This study aimed to evaluate the clinical practice of OME diagnosis and treatment among the Otolaryngology medical community working in Portugal. Material and methods: A questionnaire was developed based on AAO-HNS guidelines regarding placement of tympanostomy tubes in children. Each directive was transformed into a question, and further questions were added to improve the characterization of the population and its practices. Results: Answers provided agreed with “recommendations” and “recommendations against” enunciated in the guidelines. The exceptions were recommendations regarding the adoption of measures to prevent water from entering the external ear canal of children with tympanostomy tubes and the use of drugs. Questions asked outside guidelines scope revealed that 96.7% of doctors consider children’s age and 49.1% wait for the end of summer when deciding about surgery for tube placement, 68% recommend bathing in beaches, and 21.9% recommend mineral water treatment. Conclusion: These results suggest that Portuguese otolaryngologists act according to the latest international guidelines and consider factors like season, bathing in beaches, and mineral water treatment in surgical or treatment decisions.<hr/>Resumo Introdução e objetivo: A otite media com efusão (OME) é um importante problema de saúde pública. Existem várias orientações clínicas para o diagnóstico e tratamento, incluindo as da Academia Americana de Otorrinolaringologia - Cirurgia da Cabeça e Pescoço (AAO-HNS). O objetivo deste estudo foi avaliar a prática clínica de diagnóstico e tratamento da OME entre a comunidade de otorrinolaringologistas em Portugal. Material e métodos: Foi desenvolvido um questionário baseado nas orientações da AAO-HNS sobre colocação de tubos de ventilação transtimpânicos em crianças, convertendo cada recomendação numa questão e acrescentando outras para melhor caracterizar a população de otorrinolaringologistas e a sua prática. Resultados: As respostas dos médicos estiveram de acordo com as “recomendações” e “recomendações contra” enunciadas nas orientações da AAO-HNS. As exceções foram as recomendações relativas à adoção de medidas de evicção de entrada de água no canal auditivo externo em crianças com tubos transtimpânicos e ao uso de fármacos. As questões colocadas fora do âmbito das orientações da AAO-HNS indicaram que 96.7% dos otorrinolaringologistas considera a idade da criança e 49.1% aguarda pelo final do verão para decidir sobre a colocação de tubos transtimpânicos, 68% recomenda banhos de mar e 21.9% recomenda termalismo. Conclusão: Os resultados deste estudo demonstram que a abordagem dos otorrinolaringologistas portugueses à OME está de acordo com as orientações clínicas internacionais consensualmente aceites e que estes consideram a estação do ano, banhos de mar e termalismo no tratamento e decisão cirúrgica. <![CDATA[Após o AVC em idade pediátrica, é hora de habilitar!]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0872-07542021000300152&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: Although rare, pediatric stroke is more common than one may think. Deficits may not be evident in the short term but emerge months or years later, when psychomotor development, educational, and social requirements increase. Aims: To characterize the pediatric population with stroke followed at the Physical and Rehabilitation Medicine (PRM) consultation in a tertiary center and compare it with data in the literature and review the evidence on pediatric stroke rehabilitation care. Material and Methods: This was a retrospective study focusing on the first observation of stroke patients followed at a pediatric PRM consultation over 12 months. Gender, age, type of stroke, vascular territory, risk factors, functionality, event recurrence, and mortality were assessed. A bibliographic search was conducted on PubMed and Medline using the keywords ‘stroke’, ‘pediatric’, ‘perinatal’, ‘neuroplasticity’, ‘functionality’, and ‘rehabilitation’. Inclusion criteria comprised meta-analysis, systematic review, and review type of studies, written in Portuguese and English languages, and focusing human studies. Results: The study included 42 patients, 25 of whom were male (60%). Perinatal stroke was reported in 33 patients (13 in the prenatal period and 20 up to 28 days of life). Ischemic stroke was reported in 35 cases (83%), with the middle cerebral artery being the most affected vascular territory in 29 cases (69%). Fifty percent of patients had known risk factors, specifically prematurity in 21%. Fifty to 75% of patients had high functionality levels. No stroke recurrence or deaths were reported during the study period. Rehabilitation care should be implemented as soon as possible. Evidence-based guidance is still lacking for this population. Conclusions: Stroke, although uncommon in the pediatric population, is a major cause of morbidity and mortality. Diagnosis is challenging, as symptoms are often subtle and mimic other more frequent diseases in this age group. Timely referral to the physiatrist allows integration of the child into a rehabilitation program, optimizing neuroplasticity and improving participation in several activities.<hr/>Resumo Introdução: Embora raro, o acidente vascular cerebral (AVC) em idade pediátrica é mais comum do que se pensa. Os défices podem não ser evidentes a curto prazo mas surgir à medida que aumentam as exigências do desenvolvimento psicomotor, educacionais e sociais. Objetivos: Caracterizar a população pediátrica com AVC seguida na consulta de Medicina Física e de Reabilitação (MFR) de um hospital terciário, comparando os resultados com os previamente publicados na literatura, e rever a literatura relativamente aos melhores cuidados de reabilitação para uma intervenção mais eficaz. Material e Métodos: Foi realizado um estudo retrospetivo de doentes com AVC seguidos em consulta de MFR Pediátrica, à data da primeira observação, ao longo de um período de 12 meses. Foram analisadas as variáveis género, idade, tipo de AVC, território vascular, fatores de risco, funcionalidade, recorrência do evento e mortalidade. Foi efetuada uma pesquisa bibliográfica no PubMed e Medline utilizando as palavras-chave ‘stroke’, ‘pediatric’, ‘perinatal’, ‘neuroplasticity’, ‘functionality’ e ‘rehabilitation’. Os critérios de inclusão compreenderam meta-análises, revisões sistemáticas e revisões, escritas em português e inglês, focando estudos em humanos. Resultados: O estudo incluiu 42 doentes, 25 dos quais do sexo masculino (60%). Foram registados 33 casos de AVC perinatal (13 no período pré-natal e 20 até aos 28 dias de vida). Foram registados 35 casos (83%) de AVC isquémico, sendo a artéria cerebral média o território vascular mais afetado em 29 (69%) deles. Cinquenta por cento dos doentes tinham fatores de risco conhecidos, 21% dos quais prematuridade. Cinquenta a 75% dos doentes apresentavam altos níveis de funcionalidade. Não foram registadas recorrências de AVC ou mortes. Os cuidados de reabilitação devem ser implementados o mais rapidamente possível. São necessárias orientações baseadas em evidência, ainda em falta para esta população. Conclusões: Embora incomum em idade pediátrica, o AVC é uma das principais causas de morbilidade e mortalidade. O diagnóstico é desafiante, pois os sintomas habitualmente são subtis e mimetizam outras doenças mais frequentes nesta faixa etária. A referenciação atempada para o médico fisiatra possibilita a integração da criança num programa de reabilitação, com otimização da neuroplasticidade e máxima participação em todas as atividades. <![CDATA[COVID-19 - O que mudou num serviço de urgência pediátrico de um hospital distrital durante o estado de emergência?]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0872-07542021000300159&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: The COVID-19 pandemic led to the adoption of a state of emergency in Portugal, during which hospital emergency admissions declined. The aim of this study was to analyze the differences in Pediatric Emergency Room admissions during the state of emergency compared to the pre-pandemic setting. Material and methods: Retrospective analytical observational study of patients admitted to the Pediatric Emergency Room of a group I hospital from March 19 to May 2 of 2020 and homologous 2019 period. Data regarding age, gender, admission origin and cause, recurrences, diagnosis, and discharge destination were collected. Results: During the state of emergency, a 78.7% reduction in Pediatric Emergency Room admissions occurred compared to the pre-pandemic state (956 in 2020 vs 4481 in 2019). The main differences between both periods were an increase in admission of patients with &lt;1 year old; a decrease in admissions by own initiative together with an increase of external referrals; less infectious diseases diagnoses; a higher number of accidental intoxications or ingestions, foreign bodies, and burns; a decrease in recurrences; a relative increase of hospital transfers; and higher hospitalization rates despite their shorter duration. No increase was found in Observation Room admissions, referrals for hospital consultations, or deaths. Discussion: Most study findings may be due to a reduction in common reasons for attending the Pediatric Emergency Room, due to social distancing/quarantine and transport/circulation limitations imposed by the pandemic. Conclusions: There was no significant increase in patients’ disease severity and those with criteria for visiting the Pediatric Emergency Room continued to do so. Compliance with isolation measures and recommendations of the Directorate-General of Health (DGS) seem to have been met.<hr/>Resumo Introdução: A pandemia de COVID-19 levou à adoção do estado de emergência em Portugal, com uma diminuição das admissões nas urgências hospitalares. O objetivo deste estudo foi analisar as diferenças nas admissões na Urgência Pediátrica durante o estado de emergência em comparação com o período pré-pandémico. Materiais e métodos: Estudo observacional analítico retrospetivo de doentes admitidos no Serviço de Urgência Pediátrico de um hospital de grupo I entre 19 de março e 2 de maio de 2020 e período homólogo de 2019. Foram analisadas as variáveis idade, género, origem e motivo da admissão, recorrências, diagnóstico e destino após a alta. Resultados: Durante o estado de emergência, verificou-se uma redução de 78,7% nas admissões hospitalares em comparação com o contexto pré-pandémico (956 em 2020 vs 4481 em 2019). As principais diferenças entre os dois períodos foram um aumento das admissões no grupo com idade &lt;1 ano; menor recurso à urgência por iniciativa própria, com aumento significativo das referenciações externas; diminuição dos diagnósticos infeciosos; aumento das intoxicações e ingestões acidentais, corpos estranhos e queimaduras; menor frequência de recorrências múltiplas; e aumento relativo das transferências hospitalares e internamentos no Serviço de Pediatria, embora estes tenham tido menor duração. Não se verificou um aumento dos internamentos no Serviço de Observação, referenciação para consultas externas ou óbitos. Discussão: Os resultados obtidos devem-se provavelmente à redução dos motivos frequentes de recurso ao Serviço de Urgência Pediátrico devido ao isolamento social/quarentena e limitações na deslocação/transportes impostos pela pandemia. Conclusão: A gravidade dos doentes não aumentou significativamente e aqueles com critérios para recorrer ao Serviço de Urgência Pediátrico continuaram a fazê-lo. As medidas de isolamento e recomendações da Direção-Geral da Saúde parecem ter sido cumpridas. <![CDATA[Crianças e adolescentes caminhando na direção da saúde mental]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0872-07542021000300166&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Childhood and adolescence are periods of rapid growth when several structural and behavioral transformations take place. It is important to identify positive environmental exposures during these years and establish behavioral patterns that may have a positive effect on the development of these populations. There is an increasing body of evidence showing that regular exercise has unquestionable physical, social, and psychological benefits, contributing to general health and wellbeing. The aim of this study was to review the available literature regarding the impact of regular physical activity on the mental health of children and adolescents and to highlight possible mechanisms involved in this association. Study findings suggest that there is a global positive impact of physical activity on mental health, with the strongest effect related to the decrease of depressive symptoms. Other benefits include improvement in self-esteem, cognitive function, and sleep quality and a reduction of externalizing behaviors and anxiety symptoms. Competitive and esthetical sports were an exception. Overall, the current evidence allows recommending regular physical activity in children and adolescents, not only for its organic but also mental health benefits.<hr/>Resumo A infância e adolescência são períodos de rápido crescimento, durante os quais é fundamental identificar exposições ambientais que possam ter um efeito positivo no desenvolvimento. O objetivo deste estudo foi efetuar uma revisão da literatura sobre o impacto da atividade física regular na saúde mental de crianças e adolescentes e destacar possíveis mecanismos envolvidos nesta relação. Os dados atualmente disponíveis na literatura sugerem que existe um impacto global positivo da atividade física regular, sendo a diminuição da sintomatologia depressiva o efeito mais significativo. Foi igualmente identificada uma melhoria da autoestima, função cognitiva e qualidade do sono, bem como uma diminuição de comportamentos externalizantes e de ansiedade. Os desportos competitivos e estéticos constituíram uma exceção. A evidência atual permite recomendar a prática regular de atividade física em crianças e adolescentes, não só pelos seus benefícios orgânicos mas também de saúde mental. <![CDATA[Perda ponderal como causa de síndrome da artéria mesentérica superior]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0872-07542021000300171&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction and objective: Superior mesenteric artery syndrome (SMAS) is a rare condition in pediatric age, often presenting with non-specific gastrointestinal symptoms. The aim of this report was to highlight the importance of considering/excluding this diagnosis. Case description: A 17-year-old female presented with slowly progressing epigastralgia, heartburn, early satiety, nausea and sporadic vomiting with one and a half years of evolution. She had lost 13% of her weight in the previous six months. On physical examination, the girl complained of pain on epigastrium palpation, with no further changes. Laboratory tests were normal. Esophageal, gastric and duodenal transit (EGDT) revealed a vertically elongated stomach, with the greater curvature projecting towards the pelvic cavity and a slight delay in gastric emptying. Abdominal computed tomography scan confirmed the diagnosis of SMAS and a conservative approach with a hypercaloric fractionated diet was initiated. The girl maintained multidisciplinary follow-up (Nutrition, Pediatrics and Pedopsychiatry), with marked improvement and without requiring surgical intervention. Comments: Although rare, SMAS should be considered after exclusion of the most frequent underlying causes of persistent non-specific gastrointestinal symptoms.<hr/>Resumo Introdução e objetivo: A síndrome da artéria mesentérica superior (SAMS) é uma patologia rara em idade pediátrica, frequentemente com sintomatologia gastrointestinal inespecífica. Este caso pretende alertar para a importância de considerar/excluir este diagnóstico. Descrição do caso: Uma adolescente de 17 anos recorreu ao Serviço de Urgência com um quadro de epigastralgia, pirose, enfartamento, náuseas e vómitos esporádicos com um ano e meio de evolução. A adolescente tinha registado uma perda ponderal de 13% do peso nos últimos seis meses e apresentava dor à palpação do epigastro no exame objetivo, sem outras alterações. O estudo analítico era normal. O trânsito esofago-gastroduodenal revelou um estômago vertical alongado com a grande curvatura projetando-se para a cavidade pélvica e atraso no esvaziamento gástrico. Por suspeita de SAMS, foi efetuada tomografia computorizada abdominal, que confirmou o diagnóstico. Foi instituída uma abordagem conservadora, através de uma dieta hipercalórica fracionada e acompanhamento por nutricionista, pediatra e pedopsiquiatra, tendo a adolescente apresentado franca melhoria, sem necessidade de intervenção cirúrgica. Comentários: Apesar de rara, a SAMS deve ser ponderada após exclusão das causas orgânicas mais frequentes associadas a sintomas gastrointestinais persistentes. <![CDATA[Tenossinovite crónica da mão - uma apresentação incomum de tuberculose em idade pediátrica]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0872-07542021000300175&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Tuberculosis remains the most common cause of death from infectious diseases worldwide. Extrapulmonary tuberculosis with musculoskeletal involvement occurs in about 10-15% of cases, mainly affecting joints and bones. Of these, only 1-5% are reported as synovitis of the hand. However, prompt diagnosis and treatment are often delayed and, if left untreated, bone and tendon destruction soon ensue and may lead to chronic synovitis. A 15-year-old girl presented with recurrent pain of the hand following trauma. Imaging showed tenosynovitis and tendon rupture. Surgical treatment was performed. Pathological assessment revealed necrotic caseous granulomas. Chest radiography showed no abnormal findings, but both Tuberculin Skin Test and Interferon Gamma-Release Assay were positive. Tuberculous tenosynovitis was diagnosed, and 12-month anti-tuberculous chemotherapy was instated. Five years after surgery, the patient maintained chronic pain and functional hand limitation. Tuberculous tenosynovitis of the hand is a rare and insidious condition that should be considered in the differential diagnosis of chronic hand pain. Delayed diagnosis and treatment can lead to residual functional limitation, making disease recognition critical.<hr/>Resumo A tuberculose é a principal causa de morte por doença infeciosa globalmente. Em 10-15% dos casos ocorrem manifestações extrapulmonares músculo-esqueléticas, que afetam preferencialmente articulações e ossos. Destas, apenas 1-5% se manifestam como sinovite dos tendões flexores das mãos. O diagnóstico e início de tratamento tardios são frequentes e podem conduzir a sinovite crónica. Uma adolescente de 15 anos apresentou dor recorrente na mão na sequência de traumatismo. Exames radiológicos revelaram tenossinovite e rotura tendinosa. A adolescente foi submetida a tratamento cirúrgico, evidenciando granulomas necróticos caseosos no exame anatomopatológico. Não foram detetadas alterações na radiografia torácica, mas ambos os testes de mantoux e IGRA foram positivos. Foi estabelecido o diagnóstico de tenossinovite tuberculosa e cumprido tratamento durante 12 meses. No entanto, cinco anos após a cirurgia a adolescente mantinha dor crónica e limitação funcional da mão. A tenossinovite tuberculosa da mão é uma doença rara e insidiosa, devendo ser considerada no diagnóstico diferencial de dor crónica da mão. Um diagnóstico e início de tratamento tardios podem levar a dor crónica e limitação funcional do membro, pelo que o reconhecimento da doença é fundamental. <![CDATA[Febre Q pediátrica. Um caso de difícil abordagem]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0872-07542021000300179&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: Q fever, a zoonosis caused by Coxiella burnetti, is relatively rare in the pediatric population. The disease is often asymptomatic or with mild clinical presentation in children. Case report: A four-year-old boy with persistent fever, severe anemia, and positive IgM for Coxiella burnetti was treated with trimethoprim-sulfamethoxazole and azithromycin, with no improvement. After polymerase chain reaction confirmation, he completed 14 days of doxycycline, with good response. After eleven months, the child remains asymptomatic. Discussion: Despite having a usually mild presentation, the severe clinical progression and lack of response to initial antibiotic therapy in this case prompt the use of doxycycline, a non-consensual drug in younger ages, with good results. New recommendations endorse the use of this drug for short periods at any age.<hr/>Resumo Introdução: A febre Q, uma zoonose causada por Coxiella burnetti, é relativamente rara em idade pediátrica. Em crianças, a doença é frequentemente assintomática ou com apresentação clínica ligeira. Caso clínico: Uma criança do sexo masculino de quatro anos de idade com febre persistente, anemia grave e IgM positiva para Coxiella burnetti foi medicada com trimetoprim-sulfametoxazol e azitromicina, sem melhoria. Após confirmação da infeção por polymerase chain reaction, completou 14 dias de doxiciclina, com boa resposta. Onze meses depois, a criança permanece assintomática, sem sinais de doença. Discussão: Apesar de ser habitualmente uma doença ligeira, a evolução clínica grave e falta de resposta à antibioterapia inicialmente instituída neste caso levaram à utilização de doxiciclina, um fármaco não consensual em idades mais jovens, com bons resultados. Novas recomendações sustentam o uso de doxiciclina por curtos períodos em todas as faixas etárias. <![CDATA[Lesão no couro cabeludo de um recém-nascido]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0872-07542021000300183&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract A full-term newborn infant born by vaginal delivery presented with an oval skin defect on the parietal scalp measuring 0.5x0.5 cm. The scalp lesion was conservatively managed, with complete epithelization after several weeks. This skin lesion is consistent with the typical appearance of aplasia cutis congenita (ACC) on the scalp. ACC is a rare malformation (present in 1 to 3 in 10,000 live births) characterized by localized absence of certain skin layers, mostly on the scalp, but potentially in any part of the body. ACC etiology remains unclear. Diagnosis is mainly clinical and treatment depends on the presence of complications and the child’s condition. A conservative approach is traditionally used for small defects that heal uneventfully with gradual epithelization, as in the present case.<hr/>Resumo Uma recém-nascida de termo, nascida por parto vaginal, apresentou ao nascimento um defeito cutâneo oval na região parietal com 0.5x0.5 cm. A lesão foi tratada de forma conservadora, ocorrendo epitelização completa após algumas semanas. Esta lesão cutânea foi consistente com o diagnóstico de aplasia cútis congénita (ACC). A ACC é uma malformação rara (observada em 1 a 3 em cada 10.000 nascimentos) caraterizada por ausência de pele em qualquer parte do corpo, sendo mais comum no escalpe. A etiologia permanece incerta. O diagnóstico é predominantemente clínico e o tratamento depende da presença de complicações e da condição da criança. Tradicionalmente, é utilizado tratamento conservador em defeitos pequenos que cicatrizam sem intercorrências com epitelização gradual, tal como no presente caso clínico. <![CDATA[Caso clínico dermatológico]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0872-07542021000300186&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Herein are reported two cases of a previously healthy fourteen-year-old girl and a nine-year-old boy who presented to the Pediatric Emergency Department with a cutaneous reaction after applying a temporary black henna tattoo. Diagnosis of delayed hypersensitivity to black henna was established. Black henna tattoos are known for their temporary and harmless nature, but henna usually contains paraphenylendamine (PPD), originating black henna. PPD induces skin sensitization and causes allergic contact dermatitis.<hr/>Resumo São descritos dois casos clínicos correspondentes a uma rapariga de catorze e um rapaz de nove anos, previamente saudáveis, que recorreram ao Serviço de Urgência Pediátrica com uma reação cutânea após aplicação de uma tatuagem temporária de henna negra. Foi diagnosticada hipersensibilidade tardia à henna negra. As tatuagens de henna são conhecidas por serem temporárias e inofensivas, mas geralmente contêm parafenilenodiamina (PPD), obtendo-se dessa forma a henna negra. A PPD induz sensibilização da pele e causa dermatite de contato alérgica. <![CDATA[Depressão óssea craniana neonatal]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0872-07542021000300189&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract A female preterm was admitted to the Neonatal Intensive Care Unit for late prematurity and very low weight. The physical examination was normal. On the third day of life, a hard left, non-painful parietal depression was noted, with no evidence of neurological impairment. Head computed tomography (CT) showed focal sinking of the left parietal bone posteriorly to the coronal suture. A watchful attitude was adopted and the patient was discharged on day 28. The diagnosis was a “ping-pong fracture”, which can occur iatrogenically or spontaneously in uterus. This diagnosis can be confirmed by x-ray or CT scan and the prognosis is usually good, with complete deformity regression. At two months, the parietal fracture was barely perceptible, and neurological examination was normal.<hr/>Resumo Uma recém-nascida foi internada nos cuidados intensivos neonatais por prematuridade tardia e muito baixo peso, com um exame objetivo normal à admissão. No terceiro dia de vida, foi detetada uma depressão óssea parietal esquerda, dura, não dolorosa e sem implicações neurológicas aparentes. A tomografia computorizada (TC) evidenciou um afundamento focal do osso parietal esquerdo posterior à sutura coronal. Foi decidido manter vigilância clínica e a recém-nascida teve alta ao 28º dia de vida. O diagnóstico foi uma “fratura do tipo ping-pong”, que podem ocorrer de forma iatrogénica ou espontânea no útero. O diagnóstico pode ser confirmado por radiografia ou TC e o prognóstico é geralmente favorável, com regressão completa da deformidade óssea. Aos dois meses, a fratura era praticamente impercetível e o exame neurológico normal.