Scielo RSS <![CDATA[Comunicação e Sociedade]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2183-357520210002&lang=pt vol. 40 num. lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[Comunicar em Saúde em Tempos de Pandemia: Qual o Nosso Papel Enquanto Académicos de Comunicação? Nota Introdutória]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752021000200007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[Covid-19: Uma Pandemia Gerida Pelas Fontes Oficiais Através de uma Comunicação Política]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752021000200017&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: A pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 trouxe para o campo jornalístico um conjunto alargado de especialistas, principalmente da área da saúde. No entanto, as fontes oficiais, sobretudo políticas, não perderam espaço. A elas ficou reservado o papel de decisores, mas isso nem sempre foi comunicado da melhor forma, criando-se com regularidade entropias de vária ordem. Por exemplo, por vezes não se tornou claro por que é que alguns países adotaram confinamentos severos enquanto outros rejeitaram medidas restritivas. A resposta a esta pandemia foi sempre difícil. Acima de tudo, porque o conhecimento era escasso, mas muitas vezes porque não havia cooperação e coordenação entre vários agentes, entre eles os governos, autoridades de saúde ou especialistas. Neste trabalho, procuramos saber qual o lugar das fontes oficiais na imprensa portuguesa durante os estados de emergência. Para isso, analisámos dois jornais, um de referência (Público), outro de linha popular (Jornal de Notícias), de 18 de março a 2 de maio de 2020 e de 9 de novembro a 23 de dezembro de 2020. O nosso corpus de análise é composto por 2.307 textos noticiosos: 1.850 textos foram publicados durante a primeira fase de emergência nacional, citando 4.048 fontes; e 457 foram publicados na segunda fase, apresentando a citação de 857 fontes. Como conclusões, constatamos uma grande visibilidade das fontes oficiais, particularmente do governo, sobressaindo aí o primeiro-ministro e um conjunto restrito de outros ministros. Não há propriamente ninguém que assuma o papel de porta-voz oficial daquilo que vai acontecendo, ao contrário do que é recomendado na literatura, e isso foi provocando alguns deslizes na comunicação ao longo de 2020, verificando-se no final desse ano uma subida de casos, resultante também de algumas hesitações ao nível das decisões.<hr/>Abstract: SARS-CoV-2 pandemic attracted a wide range of expert sources into journalism, especially those from the health field. Nonetheless, official sources (mainly politicians) did not become less visible. They were mainly decision-makers, even though decisions were not always well-communicated, which promoted entropy. Worldwide, countries adopted different strategies, some undergoing severe lockdowns and others rejecting restrictive measures - and that was often difficult to understand. The management of this pandemic was hard, not only due to the lack of technical knowledge but also due to the lack of cooperation and coordination amongst several stakeholders, such as governments, health authorities, or experts. In this research, we seek to understand the role of official sources in the Portuguese press during the emergency states. In order to do so, we analyzed two national newspapers, a reference newspaper (Público) and a mainstream newspaper (Jornal de Notícias) from March 18 to May 2, 2020, and from November 9 to December 23, 2020. Our corpus comprises 2.307 news pieces: 1.850 were published during the first emergency state, quoting 4.048 news sources, and 457 were published during the second emergency state, with 857 sources. We realized that official news sources are highly visible in the news, especially those from the government, such as the prime minister and a few other ministers. Although evidence recommends the appointment of an official spokesperson, that did not happen in Portugal, and it may have contributed to some lapses throughout 2020. By the end of the year, the country had an increase in covid-19 cases, and the hesitancy that characterized political decisions was also behind that. <![CDATA[Informação Televisiva de <em>Prime Time</em> e Estratégias de Comunicação em Tempo de Pandemia]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752021000200033&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: A pandemia de covid-19, declarada pela Organização Mundial de Saúde a 11 de março de 2020, teve um impacto imediato no quotidiano das sociedades globalizadas. No ocidente, a doença desafiou a democracia e as liberdades individuais e cívicas, ao mesmo tempo que demonstrou a centralidade do Estado e dos governos na gestão da crise. Para a concretização das orientações emanadas pelos responsáveis políticos, foram centrais as estratégias e dispositivos comunicacionais de executivos governamentais e autoridades sanitárias, assim como a sua capacidade para influenciar a agenda dos media dominantes. Este artigo objetiva refletir sobre as estratégias de comunicação utilizadas pelo governo português na gestão da crise e os seus reflexos na cobertura jornalística televisiva, analisada a partir de um estudo empírico que incide sobre os 3 primeiros meses da propagação do vírus em Portugal. Utiliza-se uma metodologia de análise de conteúdo, quantitativa e qualitativa, com base em categorias unívocas pré-determinadas sistematizadas no programa Excel. Inicia-se a exposição apresentando alguns elementos de enquadramento político, social e comunicacional que envolvem o desenrolar da pandemia ao longo do ano de 2020, no mundo e em Portugal. Em seguida, sintetizam-se tendências e estratégias de comunicação de organizações internacionais e nacionais. Por fim, os resultados da análise empírica são apresentados, discutidos e interpretados da perspetiva das estratégias de comunicação das instituições de saúde pública sobre a cobertura jornalística da pandemia.<hr/>Abstract: The covid-19 pandemic, declared by the World Health Organisation on 11 March 2020, had an immediate impact on the daily life of globalised societies. In the west, the virus has defied democracy and individual freedoms while demonstrating the centrality of the State and governments in managing the crisis. Communication strategies of governments and health authorities and their ability to influence mainstream media agendas were paramount in the deployment of public health restrictions and guidelines. This paper reflects on the communication strategies used by the Portuguese government during the covid-19 crisis and on their impacts on television coverage. This study was based on an empirical analysis of the first 3 months of the pandemic in Portugal by using a quantitative and qualitative assessment of news content and pre-determined systematised univocal categories. We start by presenting the global and national political, social and communicational frameworks in 2020, followed by a summary of trends and communication strategies of national and international organisations. The results are presented, discussed and interpreted from the point of view of the media coverage and communication strategies used by political and health authorities. <![CDATA[O Impacto da Covid-19 no Jornalismo: Um Conjunto de Transformações em Cinco Domínios]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752021000200053&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract: The covid-19 outbreak is a highly disruptive event in our society. Its consequences have affected different social domains. Our objective is to analyse its impact on journalism in a panoramic and comprehensive way. We intend to identify the main alterations and changes that the outbreak of the coronavirus has caused. The methodology is based on the qualitative analysis of secondary data, taking the case of Spain during the first period of the pandemic as a reference. The results allow the identification of positive and negative effects in five areas: news consumption, business models, working conditions, disinformation, and relations with political actors. These findings reveal that covid-19 has had a considerable impact on journalism. This incidence is ambivalent as it has positive and negative effects that affect different aspects of this domain. The main positive consequences are increased news consumption and the promotion of new formats and information products, such as infographics or newsletters. On the other hand, the weakening of business models due to the reduction of advertising revenues, the deterioration of journalists’ working conditions, the reinforcement of political control mechanisms over the media, and the increase of disinformation are the main negative effects.<hr/>Resumo: O surto da covid-19 é um acontecimento altamente perturbador na nossa sociedade e as suas consequências têm afetado diferentes domínios sociais. O nosso objetivo é analisar o seu impacto no jornalismo de uma forma multidisciplinar e abrangente. Pretendemos identificar as principais alterações e mudanças que o surto do coronavírus provocou. A metodologia baseia-se na técnica da análise qualitativa de dados secundários, tendo como referência o caso da Espanha durante o primeiro período da pandemia. Os resultados permitem a identificação de efeitos positivos e negativos em cinco áreas: consumo de notícias, modelos de negócio, condições de trabalho, desinformação e relações com os atores políticos. Estas descobertas revelam que o covid-19 tem tido um impacto considerável no jornalismo. Esta incidência é ambivalente, pois tem efeitos tanto positivos como negativos que afectam diferentes aspectos deste domínio. O aumento do consumo de notícias e a promoção de novos formatos e produtos informativos, tais como infografias ou boletins informativos, são as principais consequências positivas. Por outro lado, o enfraquecimento dos modelos de negócio devido à redução das receitas publicitárias, a deterioração das condições de trabalho dos jornalistas, o reforço dos mecanismos de controlo político sobre os meios de comunicação, e o aumento da desinformação são os principais efeitos negativos. <![CDATA[Com a Redação em Casa: Rotinas e Tensões de Mulheres Jornalistas em Tempos de Covid-19]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752021000200071&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract: This article identifies the routines and working practices of women journalists from Colombia and Venezuela in the framework of the health emergency caused by covid-19 in the countries where they work. It is a quantitative research at a descriptive cross-sectional level in which an instrument made up of 26 questions organized into five categories of analysis was used. Categories include family-work relationship, working life, and health and well-being, and the questionnaire was applied to 110 professionals from Colombia and Venezuela. It was found that the compulsory confinement hastened the insertion of journalists in the use of information and communication technologies, applications, and software for content production. Although they were already working in digital media, they had to develop new skills in this field. For 47% of them, their working hours were extended for more than 3 hours a day, which for 79% represents family tensions, given that 38% have underage children or older adults under their care. However, during the confinement, their participation in the formation of public opinion was also expanded through their personal social networks, incorporating corruption issues and citizen complaints. Regarding their routines, it is concluded that the pandemic transformed access to information sources, newsrooms, and, therefore, the dynamics of news production, so we are faced with a new way of doing journalism that puts reporting and ethics into tension with information and communication technologies.<hr/>Resumo: Este artigo identifica as rotinas e práticas de trabalho das mulheres jornalistas na Colômbia e na Venezuela no contexto da emergência sanitária da covid-19 nos países onde trabalham. É uma investigação quantitativa a um nível descritivo transversal, na qual foi utilizado um instrumento composto por 26 perguntas, organizadas em cinco categorias de análise, que contemplam a relação familia-trabalho, a vida profissional, e a saúde e o bem-estar. O questionário foi aplicado a 110 profissionais na Colômbia e Venezuela. Verificou-se que o confinamento obrigatório apressou a adesão das jornalistas às tecnologias de informação e comunicação e a aplicações e software para a produção de conteúdos. Embora já trabalhassem em meios digitais, tiveram de desenvolver novas competências neste campo. Para 47% dessas jornalistas, o horário de trabalho foi estendido por mais de 3 horas ao dia. Isto colocou tensões familiares a 79%, dado que 38% têm crianças menores ou adultos mais velhos sob o seu cuidado. No entanto, durante o confinamento também aumentaram a sua participação na formação da opinião pública através das suas redes sociais pessoais, incorporando questões de corrupção e queixas dos cidadãos. A pandemia transformou o acesso às fontes de informação, às redações e, portanto, alterou a dinâmica da produção de notícias. Estamos perante uma nova forma de fazer jornalismo, que coloca a reportagem e a ética em tensão com as tecnologias de informação e comunicação. <![CDATA[Potencialidades do Podcasting no Jornalismo de Saúde - Uma Análise a Três Podcasts Sobre a Covid-19 em Portugal]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752021000200091&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: A pandemia provocada pela covid-19 foi uma alavanca para o aparecimento de vários podcasts dedicados à doença. Em diversos países, incluindo Portugal, os media acrescentaram à sua oferta informativa tradicional conteúdos sonoros utilizando para tal esta ferramenta digital. A popularidade do podcast tem crescido junto das audiências e as empresas de comunicação social olham para esta plataforma como uma boa estratégia para diversificar os conteúdos e assim chegar junto dos públicos. Em momentos de crise, como uma pandemia, cresce a necessidade de as populações terem acesso a informações credíveis nas quais possam confiar e, assim, obterem um conhecimento que as ajudem a tomar decisões. Neste caso em particular, a covid-19, as populações sentiram a necessidade de estarem informadas sobre uma doença desconhecida, procurando informações sobre os sintomas, o contágio ou os meios de proteção pessoal e os podcasts representaram uma resposta para essas necessidades informativas. O presente artigo analisa como três podcasts portugueses dedicados em exclusivo à covid-19 trataram a doença. A partir dos dados procederemos a uma reflexão sobre a importância desta nova ferramenta para o jornalismo de saúde. Os resultados da pesquisa permitem-nos concluir que os podcasts nacionais sobre a covid-19 analisados seguem alguns padrões identificados na cobertura de temas de saúde em Portugal e que, adotando um tom de “consultório”, se colocaram na posição de ferramentas coadjuvantes no combate à pandemia, ao esclarecerem, informarem e clarificarem questões relacionadas com a doença.<hr/>Abstract: The pandemic caused by covid-19 was a lever for the appearance of several podcasts dedicated to the disease. In several countries, including Portugal, the media added audio content to their traditional information offering by using this digital tool. The podcast’s popularity has grown with audiences, and media companies look to this platform as a good strategy to diversify content and thus reach audiences. In times of crisis, such as a pandemic, the need for populations to access credible information they can trust and thus gain knowledge to help them make decisions increases. In this particular case, covid-19, the populations felt the need to be informed about an unknown disease, looking for information about symptoms, contagion, or means of personal protection, and podcasts represented an answer to these information needs. This article examines how three Portuguese podcasts dedicated exclusively to covid-19 treated the disease. Based on the data, we will reflect on the importance of this new tool for health journalism. The results of the research allow us to conclude that the national podcasts on covid-19 analyzed follow some patterns identified in the coverage of health topics in Portugal and that, adopting an “advisory” tone, they placed themselves in the position of supporting tools in combat the pandemic by clarifying, informing and clarifying issues related to the disease. <![CDATA[A Controvérsia na Cobertura Mediática de Saúde: A Aplicação Stayaway Covid e as Fontes de Informação]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752021000200109&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Apresentada como um importante instrumento no combate à progressão da pandemia de covid-19, desde que foi mencionada pela primeira vez nos media, a aplicação Stayaway Covid manteve-se em cena no panorama mediático nacional, tendo originado cerca de 1.400 notícias em 2020. Este assinalável volume de notícias justifica-se não só pela potencial relevância desta tecnologia em contexto de pandemia, mas também pelas polémicas que se levantaram na opinião pública e nos media. De forma a contribuir para a compreensão da cobertura noticiosa da aplicação, foram analisadas as fontes de uma amostra de 182 notícias de imprensa, rádio e televisão com referência à Stayaway Covid, distinguindo as que focam as controvérsias da privacidade e da obrigatoriedade das que não o fazem. Os resultados evidenciam que, neste caso de controvérsia em saúde pública, os especialistas não assumiram o protagonismo, tendo os políticos tido um papel mais preponderante a alimentar a polémica, sobretudo no que diz respeito à intenção de tornar a aplicação obrigatória.<hr/>Abstract Presented as an essential tool to stop the covid-19 pandemic, the Stayaway Covid app has remained at the scene of the national media landscape since it was mentioned for the first time, having generated around 1,400 news in 2020. This remarkable volume of news coverage reflects the potential relevance of this technology during a pandemic and the controversy among the public and the media. To contribute to the understanding of the news coverage of the application, we analysed the sources of a sample of 182 press, radio and television news pieces associated with Stayaway Covid, distinguishing those that focus on privacy and obligatoriness controversies from those that do not. In this case of public health controversy, the results show that experts did not take the lead, with politicians having a more prominent role in fueling the controversy, especially concerning the intention to make the application mandatory. <![CDATA[Teorias da Conspiração em Tempos de Pandemia Covid-19: Populismo, <em>Media Sociais</em> e Desinformação]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752021000200129&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: As plataformas de media sociais são há muito reconhecidas como grandes disseminadoras de desinformação sobre saúde. Estudos anteriores encontraram uma associação positiva entre a utilização dos media sociais como fonte principal de informação e a aceitação de formas de desinformação, como teorias da conspiração. Encontra-se ainda descrita a associação entre atitudes populistas e a valorização da informação através dos media sociais. A partir de um questionário aplicado a 242 respondentes após o primeiro estado de emergência da pandemia da covid-19 (março de 2020), em Portugal, o presente estudo possui como objetivo identificar antecedentes e pré-requisitos da crença em desinformação. Os dados obtidos sugerem que indivíduos com sentimentos populistas possuem menor confiança em estratégias institucionais de combate à pandemia, privilegiam os media sociais como fonte de informação e revelam uma maior aceitação de teorias da conspiração sobre a doença. A ligação, documentada na literatura, entre crença em teorias da conspiração e comportamentos de risco, recomenda a adoção de medidas de combate aos fatores de desinformação.<hr/>Abstract: Social media platforms have for a long time been recognized as great disseminators of misinformation on health. Previous studies found a positive association between the use of social media as the main source of information and the acceptance of forms of misinformation, such as conspiracy theories. The association between populist attitudes and the valuation of information through social media is also described. From a questionnaire applied to 242 respondents after the first state of emergency of the covid-19 pandemic (March 2020) in Portugal, this study aims to identify the background and pre-requisites for the belief in misinformation. The data obtained suggest that individuals with populist feelings have less trust in institutional strategies to fight the pandemic, privileging social media as a source of information and revealing a greater acceptance of the conspiracy theories on the disease. The connection, documented in the literature, between the belief in conspiracy theories and risk behaviours recommends that measures be adopted to combat misinformation factors. <![CDATA[Revisão Crítica: Uma Abordagem aos Estudos Sobre o Uso dos Media Sociais Durante a Pandemia Covid-19]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752021000200149&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract: Since the coronavirus disease (covid-19) was declared a public health emergency of international concern by the World Health Organization in January 2020, it has led to the loss of millions of human lives and a global economic recession. Recently, there has been a recognized need for effective health communication via social media to deliver accurate information and promote pertinent behavioral change. Thus, this study provides a systematic review to explore what has been done, what conflicts exist, and what knowledge gap remains in terms of social media use during the covid-19 wave, indicating relevant communication strategies. This research is based on 76 relevant papers taken from searches on the Web of Science and Google Scholar. The analysis revealed that much of the literature confirms the positive effect of social media on information propagation and promotion of precautions in the control of covid-19. The spreading of rumors, especially about government performance, in social media is clearly of increasing concern. Currently, heated debate continues about the association between exposure to social media and public mental health. Another fiercely debated question is whether rumors are shared more widely than fact-checking information. Up to date, far too little attention has been paid to information disparities and vulnerable groups on social media.<hr/>Resumo: Desde que a doença coronavírus (covid-19) foi declarada como uma emergência de saúde pública de interesse internacional pela Organização Mundial da Saúde em janeiro de 2020, levou à perda de milhões de vidas humanas e à recessão económica global. Cada vez mais, é reconhecida a necessidade de uma comunicação em saúde eficaz através dos media online, que possa fornecer informações credíveis e promover mudanças de comportamento relevantes. Assim, este estudo faz uma revisão sistemática da literatura, para compreender quais os conflitos de posição que existem e que lacunas de conhecimento permanecem em termos de uso dos media sociais durante a primeira vaga de covid-19, bem como indicar estratégias de comunicação relevantes. Esta pesquisa recolheu 76 artigos relevantes através de pesquisas na Web of Science e no Google Scholar. A análise revelou que grande parte da literatura veio confirmar o efeito positivo dos media sociais online na propagação de informações e promoção de precauções durante o controlo do covid-19. A propagação de rumores e a intervenção do governo nos media sociais têm aumentado as preocupações dos utilizadores. Atualmente, o debate continua sobre a associação entre a exposição aos media sociais e a saúde mental pública. Outra questão muito debatida é se os rumores são partilhados de forma mais ampla do que as informações verificadas e credíveis. Até agora, muito pouca atenção tem sido dada, nos media sociais, às disparidades e lacunas de informação e também aos grupos vulneráveis. <![CDATA[Em Quem Confiam os Portugueses? A Gestão da Comunicação Governamental na Pandemia Covid-19]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752021000200169&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Numa situação de emergência sanitária, o grau de cumprimento público das ordens governamentais das autoridades de saúde pode afetar grandemente o curso da pandemia. Partindo do pressuposto que o (in)cumprimento das recomendações das autoridades está diretamente ligado à confiança nas fontes de informação, neste artigo, discutimos o caso concreto da comunicação governamental de Portugal durante o início da segunda vaga da doença. No contexto de uma investigação internacional da rede European Public Relations Education and Research Association Com-Covid, foi aplicado um inquérito online a 460 cidadãos portugueses entre 7 de outubro e 11 de novembro de 2020. Para este trabalho analisamos uma secção do inquérito com questões relativas às fontes de informação que inspiram maior confiança junto da população portuguesa e à opinião dos portugueses sobre a gestão da comunicação do governo. Os inquéritos foram codificados e inseridos no software estatístico SPSS. O estudo concluiu que sobressai uma perceção positiva sobre a comunicação governamental entre os inquiridos, mas que os portugueses consideram os atores do campo da saúde fontes de informação mais confiáveis do que os media ou as autoridades governamentais. Em relação à questão de género, concluiu-se que as mulheres confiam mais no governo e que têm também melhor opinião sobre a comunicação das autoridades. No que concerne à idade, verificou-se serem os jovens quem mais confia nas autoridades e nos media, ao mesmo tempo que são os mais críticos do desempenho do governo na gestão comunicacional da crise. De maneira geral, os inquiridos demonstraram pouca confiança nas redes sociais digitais e nos influenciadores digitais como fonte de informação sobre a covid-19, sendo que quanto maior é o grau académico menor é a confiança dos inquiridos nos influencers e nas redes sociais digitais.<hr/>Abstract: In a health emergency situation, the degree of public compliance with orders from health authorities and governments can significantly affect the course of the pandemic. Based on the assumption that (non-)compliance with the authorities’ recommendations is directly linked to trust in the sources of information, in this article, we discuss the concrete case of the Portuguese government communication during the beginning of the second wave of the disease. In the context of an international investigation of the European Public Relations Education and Research Association Com-Covid network, an online survey was applied to 460 Portuguese citizens between October 7 and November 11, 2020. For this paper, we analyzed a section of the survey with questions regarding the sources of information that inspire greater confidence among the Portuguese population and their opinion on the management of government communication. The surveys were coded and entered in the SPSS statistical software. The study concluded a positive perception of government communication among respondents but that the Portuguese consider healthcare personnel to be more reliable sources of information than the media or government authorities. Regarding the gender issue, it was concluded that women trust the government more and have a better opinion about the authorities’ communication. Regarding age, it was found that young people are the ones who trust more the authorities and the media, while at the same time being the most critical of the government’s performance in managing the crisis. In general, respondents showed little confidence in digital social networks and digital influencers as a source of information about covid-19, and the higher the academic degree, the lesser confidence respondents have in influencers and digital social networks. <![CDATA[Comunicação Para a Saúde em Tempos de Pandemia: A Perspetiva dos Utentes do Serviço Nacional de Saúde]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752021000200189&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: A doença covid-19, originada pela infeção com o novo coronavírus (SARS-CoV-2), introduziu numerosos desafios globais de comunicação para a saúde. A necessidade de mudança de comportamentos, como a utilização de máscara, a higienização das mãos ou o distanciamento social, tornou-se um imperativo por forma a evitar a propagação desta doença. Os cuidados de saúde primários, pela sua abrangência populacional, em todo o território português, e quase gratuitidade, desempenham um papel central na prestação de cuidados de saúde, sendo o contacto preferencial entre as pessoas e os serviços de saúde. O objetivo principal deste estudo foi analisar, na perspetiva dos utentes do Serviço Nacional de Saúde, qual o contributo dos agrupamentos de centros de saúde, instituições responsáveis pelos cuidados de saúde primários, na comunicação para a saúde a propósito da covid-19. Os dados foram recolhidos por questionário online a 904 utentes do Serviço Nacional de Saúde, residentes nos 18 distritos de Portugal, entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. A nossa pesquisa confirmou que os agrupamentos de centros de saúde foram a fonte de informação menos procurada pelos utentes para adquirir conhecimento sobre a covid-19. Os participantes neste estudo revelaram também não ter recebido qualquer informação sobre o novo coronavírus por parte do seu centro de saúde (80%), embora desejassem ter sido contatados, preferencialmente por email (87,2%), telefone/telemóvel (36,5%) ou correio (20,2%).<hr/>Abstract The covid-19 disease, caused by infection with the novel coronavirus (SARS-CoV-2), has introduced numerous global health communication challenges. The need for behavioral change, such as mask-wearing, hand washing, or social distancing, has become imperative to prevent the spread of this disease. Primary health care, due to its population coverage throughout the Portuguese territory and almost free of charge, plays a central role in health care provision, being the preferred contact between people and health services. The main objective of this study was to analyze, from the perspective of users of the Portuguese national health service (NHS; Serviço Nacional de Saúde, SNS), the contribution of the health center clusters, institutions responsible for primary health care in health communication regarding covid-19. Data were collected by online questionnaire from 904 users of the national health service residing in the 18 districts of Portugal between December 2020 and January 2021. Our research confirmed that health center clusters were the source of information the least sought after by users to learn about covid-19. Participants in this study also revealed that they had not received any information about the new coronavirus from their health center (80%), although they wished to have been contacted, preferably by email (87.2%), phone/mobile (36.5%), or mail (20.2%). <![CDATA[Retórica Clássica e <em>Storytelling</em> na Práxis Publicitária]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752021000200207&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Partindo da constatação de que o storytelling adquiriu uma nova centralidade nas estratégias publicitárias, cujo sucesso pode ser explicado pela crescente importância da comunicação de marca em detrimento da publicidade unidirecional do produto (Baynast &amp; Lendrevie, 2014; Baynast et al., 2018; Kotler &amp; Keller, 2015; Rossiter et al., 2018); pelo efeito da evolução tecnológica que permitiu que os vídeos publicitários deixassem a exclusividade da televisão e passassem a estar disponíveis nos canais de vídeo da internet, como o YouTube (Cardoso et al., 2017; Laurence, 2018; Zamudio, 2016); e por vivermos numa sociedade hedónica que privilegia as emoções e as gratificações sensoriais e que, simultaneamente, elege o cidadão comum como protagonista (Escalada, 2016; Laurence, 2018; Rossiter et al. 2018), este texto pretende evidenciar que a riqueza comunicacional do storytelling em publicidade tem na retórica clássica alguns dos vieses científicos em que assenta, nomeadamente: (a) na verossimilhança da história, que surge por estar sustentada numa narrativa do quotidiano, com conteúdos de “valor humano” e com o recurso a “pessoas” reais (Ballester &amp; Sabiote, 2016; Escalada, 2016; Laurence, 2018; Panarese &amp; Villegas, 2018); (b) na evidência do pathos, que advém, principalmente das emoções que a história gera nas audiências (Ballester &amp; Sabiote, 2016; Laurence, 2018; Panarese &amp; Villegas, 2018; Salmon, 2016); (c) na relevância do ethos, que surge da confiabilidade do autor/credibilidade da marca (Laurence, 2018; Panarese &amp; Villegas, 2018).<hr/>Abstract: Based on the observation that storytelling has acquired a new centrality in the advertising strategies, which success can be explained by the growing importance on the brand communication in prejudice of the product’s unidirectional advertisement (Baynast &amp; Lendrevie, 2014; Baynast et al., 2018; Kotler &amp; Keller, 2015; Rossiter et al. 2018); by the effect of the technological evolution, which allowed that the advertisement videos stop having the television exclusivity and started to be available in internet video channels, such as YouTube (Cardoso et al., 2017; Laurence, 2018; Zamudio, 2016); and for living in a hedonic society, which privileges the emotions and sensory gratifications, and, simultaneous, elect the ordinary citizen as leading figure (Escalada, 2016; Laurence, 2018; Rossiteret al., 2018); this text pretends to point the communicational wealth of storytelling in advertising, that has in the classical rhetoric some of the scientific bias on which it is based, can be established via: (a) the history verisimilitude, that comes for being sustained in the quotidian narrative, with content of “human value” and with resource to real “people” (Ballester &amp; Sabiote, 2016; Escalada, 2016; Laurence, 2018; Panarese &amp; Villegas, 2018); (b) evidence of the pathos, which comes mainly from the emotions that the history generates in the audience (Ballester &amp; Sabiote, 2016; Laurence, 2018; Panarese &amp; Villegas, 2018; Salmon, 2016); (c) the relevance of the ethos, which comes from the reliability of the author/credibility of the brand (Laurence, 2018; Panarese &amp; Villegas, 2018). <![CDATA[Desafios e Recomendações Para Dotar a Europa de um Protocolo de Legendagem de Filmes na Era Digital Através Três Estudos de Caso]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752021000200225&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract: By analysing European cultural policies and paradigmatic case studies, this article highlights the close link between the normalisation of minority languages in Europe and film subtitling. Film subtitling is an activity that urgently needs to be protocolised insofar as it guarantees both the preservation of the cultural originality of the audiovisual work and its value as tangible and intangible European cultural heritage. To do so, we will analyse the legal divide between the all-encompassing European Union declarations and their implementation by state and local administrations, which often occur in erratic, random, contingent packages of measures that lead to a systemic absence of results. Finally, we will propose some key challenges and recommendations to provide Europe with a film subtitling protocol to promote cultural diversity and normalise non-hegemonic languages.<hr/>Resumo: Através da análise de políticas culturais europeias e de estudos de caso paradigmáticos, este artigo destaca a ligação que existe entre o processo de normalização de línguas europeias minoritárias e a prática de legendagem de filmes: esta última é uma atividade que carece urgentemente de ser protocolada, na medida em que garante tanto a preservação da originalidade cultural da obra como o seu valor enquanto património cultural europeu material e imaterial. Neste sentido, propomo-nos analisar o fosso que existe entre as declarações abrangentes da União Europeia e a sua implementação por administrações estatais e locais, que frequentemente ocorrem em pacotes de medidas erráticas, arbitrárias e contingentes, que conduzem, deste modo, a uma sistemática ausência de resultados. Por fim, enunciaremos alguns desafios e recomendações, para dotar a Europa de um protocolo de legendagem de filmes, de modo a promover a diversidade cultural e a normalização de línguas não-hegemónicas. <![CDATA[As Implicações Invisibilizadas do Tecno-Otimismo da Vigilância Eletrónica em Portugal]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-35752021000200247&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Nos últimos anos, a supervisão de ofensores nas comunidades tem-se vindo a constituir como uma nova faceta da paisagem penal na maioria dos países ocidentais, assistindo-se ao seu crescimento em escala, alcance e intensidade. Em Portugal, a par das penas e medidas na comunidade e das penas de prisão, destaca-se a vigilância eletrónica como forma de monitorizar ofensores. Este instrumento penal é associado a elevadas expectativas criadas por discursos políticos e mensagens mediáticas que retratam a vigilância eletrónica como um instrumento que permite reduzir a sobrelotação e a pressão sobre o sistema prisional e os custos associados. Ao mesmo tempo, também é argumentado que, ao manter os ofensores na comunidade, a vigilância eletrónica favorece igualmente a manutenção dos laços sociais, evita os potenciais efeitos criminógenos da prisão e facilita os processos de ressocialização. Neste artigo, inspirando-me nos estudos sociais da ciência e tecnologia e nos estudos da vigilância, exploro as implicações invisibilizadas do tecno-otimismo em torno da vigilância eletrónica em Portugal. Por via de análise documental, baseada em audições parlamentares, peças jornalísticas, artigos de opinião, relatórios oficiais e literatura científica, reflito sobre a forma como o tecno-otimismo tem invisibilizado a ampliação da malha penal; implicado a cooptação da família na esfera penal e a transmutação do espaço doméstico num espaço de reclusão; e, no que concerne à violência doméstica, a caracterização deste flagelo social como tendo uma solução tecnocientífica, estreitando, assim, o debate público sobre a sua prevenção.<hr/>Abstract: In recent years, offenders’ supervision has emerged as a new facet of the penal landscape in most Western countries, growing in scale, reach and scope. In Portugal, in addition to community sanctions and prison sentences, electronic monitoring stands out as a way of monitoring offenders. This penal instrument is associated with high expectations created by political discourses and media messages that portray electronic monitoring as an instrument that enables the reduction of overcrowding and pressure of the prison system and its costs. In addition, it is also argued that, by maintaining offenders in the community, electronic monitoring also favours the maintenance of social ties, avoids the potential criminogenic effects of prison, and facilitates resocialisation processes. In this article, drawing inspiration from social studies of science and technology and surveillance studies, I explore the invisible implications of techno-optimism of electronic monitoring in Portugal. Through documentary analysis, based on parliamentary hearings, media pieces, opinion articles, official reports, and scientific literature, I reflect upon how techno-optimism makes the expansion of the penal sphere invisible. Moreover, techno-optimism about electronic monitoring in Portugal also implies the co-optation of family in the criminal sphere and the transmutation of the domestic space into a confinement space. Regarding domestic violence, techo-optimism around electronic monitoring also contributes to the characterisation of this social phenomenon as having a technoscientific solution, thus narrowing the public debate on its prevention.