Scielo RSS <![CDATA[Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2183-845320250001&lang=pt vol. 19 num. lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[PACE-MAKER: QUAIS OS CUIDADOS A TER EM CONTEXTO LABORAL?]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532025000100300&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Introdução/enquadramento/objetivos: O uso de pacemaker não é muito prevalente, mas quase todos os profissionais da Saúde Laboral já devem ter tido alguns clientes com este equipamento e, por vezes, ter ficado com alguma dúvida, sobretudo em relação a situações em que poderá haver alguma interferência discreta a moderada, dado geralmente os indivíduos estarem mais alertados para as situações profissionais que podem causar alterações graves e/ou consensuais, da parte da equipa que colocou o dispositivo. Metodologia: Trata-se de uma Revisão Bibliográfica, iniciada através de uma pesquisa realizada em abril de 2024 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina e RCAAP”. Conteúdo: O dispositivo é constituído por um gerador de pulso e um ou dois cabos-elétrodos; o primeiro funciona energeticamente devido a bateria incorporada. Os cabos elétricos são fios metálicos revestidos por material isolador (silicone ou poliuretano), com um ou dois polos metálicos, com as extremidades posicionadas no átrio e/ou ventrículo. A tecnologia tem vindo a ser progressivamente aperfeiçoada, de forma a sofrerem cada vez menos interferências e menos relevantes. Os primeiros aparelhos funcionavam sem interação com o ritmo do próprio coração. Mais recentemente foram desenvolvidos modelos com capacidade de interagir e coordenar com o ritmo do coração. Os últimos, por sua vez, conseguem se ajustar parcialmente às exigências metabólicas do momento (em função da informação proveniente do movimentos, temperatura, respiração e contratilidade cardíaca, por exemplo). A nível de resultados são ainda destacadas várias classificações possíveis de diversos tipos de interferência, realçando as respetivas gravidades e probabilidades de ocorrência, bem como algumas especificidades em relação a grupos/tarefas profissionais e ainda qual a postura que a generalidade das equipas de Saúde e Segurança deveriam ter perante este tema. Discussão e Conclusões: Não existem consensos absolutos em relação ao que é seguro e o que não é; ainda assim, a generalidade dos investigadores concorda que os equipamentos são construídos cada vez com mais qualidade, perante as interferências domiciliares, sociais e laborais, e que existem situações que quase de certeza não causam problemas e outras que provavelmente o farão, existindo um outro grupo de fatores em posição intermédia. Seria interessante perceber se as empresas portuguesas têm noção das interferências que podem surgir e se preocupam em minimizar o perigo, perante os funcionários que se identificam como portadores deste tipo de equipamento, perante os profissionais de saúde, sobretudo nos postos com maquinaria/tarefas mais relevantes neste contexto.<hr/>ABSTRACT Introduction/framework/objectives: The use of pacemakers is not very prevalent, but almost all Occupational Health professionals already had some clients with this equipment and, at times, had some doubts, especially in relation to situations in which there may be some discreet/moderate interference, as individuals are generally more alert to professional situations that can cause serious and/or consensual by the team that placed the device. Methodology: This is a Bibliographic Review, initiated through a search carried out in April 2024 in the databases “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina and RCAAP”. Content: The device consists of a pulse generator and one or two electrode cables; the first works energetically due to the built-in battery. Electrical cables are metallic wires covered with insulating material (silicone or polyurethane), with one or two metallic poles, with the ends positioned in the atrium and/or ventricle. Technology has been progressively improved, so that they suffer less and less interference and are less relevant. The first devices worked without interacting with the heart's own rhythm. More recently, models have been developed with the ability to interact and coordinate with the heart rhythm. The latter, in turn, are able to partially adjust to the metabolic demands of the moment (depending on information from movements, temperature, breathing and cardiac contractility, for example). In terms of results, several possible classifications of different types of interference are also highlighted, with the respective severities and probabilities of occurrence, as well as some specificities in relation to professional groups/tasks and also the measures taken by most Health and Safety teams should have on this topic. Discussion and Conclusions: There are no absolute consensuses regarding what is safe and what is not; even so, most researchers agree that equipment is built in an increasingly safer way in the face of domestic, social and work interference and that there are situations that almost certainly do not cause problems and others that probably will, with another group of factors in an intermediate position. It would be interesting to understand whether Portuguese companies are aware of the interference that may arise and are if they are concerned with minimizing the danger, in the face of employees who identify themselves as carrying this type of equipment, in relation to healthcare professionals, especially in positions with more relevant machinery/tasks in this context. <![CDATA[FATORES INFLUENCIADORES DO USO DOS PROTETORES AUDITIVOS EM TRABALHADORES DA INDÚSTRIA: REVISÃO DA LITERATURA]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532025000100301&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Introdução: O ruído é um dos riscos físicos ocupacionais mais comuns, principalmente em indústrias, aumentando o risco de perda auditiva e também de efeitos extra-auditivos dos trabalhadores. A eliminação/redução do ruído é uma obrigação legal para empregadores, quanto mais seguro e saudável for o ambiente de trabalho, menores são as probabilidades de acidentes de trabalho e de absentismo. As medidas de controlo do ruído podem ser coletivas (construtivas/de engenharia e/ou organizacionais) e/ou individuais. Estas últimas consistem em protetores auditivos que devem ser selecionados de acordo com a atenuação que proporcionam e consoante os valores (decibéis) a que cada trabalhador se encontra submetido. Objetivo: Identificar os fatores influenciadores do uso dos protetores auditivos em trabalhadores da indústria. Metodologia: Revisão da literatura através de pesquisa nas bases de dados Cinahl Complete, Medline Complete, Academic Search Complete, Medic Latina, Web of Science, Scopus e SciELO. A estratégia de pesquisa foi definida com base na mneumónica PCC e baseou-se na questão de investigação: “Quais os fatores influenciadores do uso dos protetores auditivos em trabalhadores da indústria?”. Foram utilizados descritores tendo em conta as bases de dados, com a junção de operadores booleanos AND e OR. Foram considerados como elegíveis estudos publicados até Fevereiro de 2024, disponíveis em texto integral, em português, inglês, espanhol e/ou castelhano. Após aplicação dos critérios de inclusão foram selecionados seis artigos para análise. O tema foi também pesquisado na Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional. Resultados/Discussão: A análise mais detalhada dos artigos selecionados permitiu a identificação de cinco grupos de fatores de influência do uso dos protetores auditivos: sociodemográficos, situacionais/influência no local de trabalho, interpessoais, comportamentais de promoção da saúde e cognitivo-percetivos. O fator cognitivo-percetivo foi o mais emergente. Conclusão: A prevenção total da exposição ao ruído não é possível, sendo por isso fulcral aliar todas as medidas de controlo do ruído ocupacional. Neste sentido, importa que o serviço de saúde ocupacional esteja interligado com o de higiene e segurança, unindo esforços para a consciencialização dos trabalhadores e prevenção atempada de lesões auditivas. Os estudos analisados remetem apenas para a indústria internacional, sendo pertinente um maior investimento futuro em estudos primários nesta área em Portugal.<hr/>ABSTRACT Introduction: Noise is one of the most common occupational physical hazards, especially in industries, increasing the risk of hearing loss and also of extra-auditory effects in workers. The elimination/reduction of noise is a legal obligation for employers; the safer and healthier the working environment, the lower the chances of accidents at work and absenteeism. Noise control measures can be collective (constructive/engineering and/or organisational) and/or individual. The latter consist of hearing protectors that should be selected according to the attenuation they provide and the values (decibels) to which each worker is subjected. Objective: To identify the factors influencing the use of hearing protectors in industrial workers. Methodology: Literature review by searching the Cinahl Complete, Medline Complete, Academic Search Complete, Medic Latina, Web of Science, Scopus and SciELO databases. The search strategy was defined using the PCC mnemonic and was based on the research question: ‘What are the factors influencing the use of hearing protectors in industrial workers?’ Descriptors were used, taking into account the databases, using the Boolean operators AND and OR. Eligible studies were those published up to February 2024, available in full text, in Portuguese, English, Spanish and/or Spanish. After applying the inclusion criteria, six articles were selected for analysis. The topic was also researched in Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional. Results/Discussion: A more detailed analysis of the selected articles identified five groups of factors influencing the use of hearing protectors: sociodemographic, situational/influence in the workplace, interpersonal, health-promoting behavioural and cognitive-perceptual. The cognitive-perceptual factor was the most prominent. Conclusion: Total prevention of noise exposure is not possible, which is why it is crucial to combine all occupational noise control measures. In this sense, it is important for the occupational health service to be interlinked with the health and safety service, joining forces to raise workers' awareness and prevent hearing damage in good time. The studies analysed only refer to the international industry, and further investment in primary studies in this area in Portugal is pertinent. <![CDATA[DERMATITE EM MECÂNICO AUTOMÓVEL: PRODUTOS “BIO/ORGÂNICOS” NÃO SIGNIFICA ISENTOS DE ALERGÉNIOS]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532025000100700&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Introdução: O ruído é um dos riscos físicos ocupacionais mais comuns, principalmente em indústrias, aumentando o risco de perda auditiva e também de efeitos extra-auditivos dos trabalhadores. A eliminação/redução do ruído é uma obrigação legal para empregadores, quanto mais seguro e saudável for o ambiente de trabalho, menores são as probabilidades de acidentes de trabalho e de absentismo. As medidas de controlo do ruído podem ser coletivas (construtivas/de engenharia e/ou organizacionais) e/ou individuais. Estas últimas consistem em protetores auditivos que devem ser selecionados de acordo com a atenuação que proporcionam e consoante os valores (decibéis) a que cada trabalhador se encontra submetido. Objetivo: Identificar os fatores influenciadores do uso dos protetores auditivos em trabalhadores da indústria. Metodologia: Revisão da literatura através de pesquisa nas bases de dados Cinahl Complete, Medline Complete, Academic Search Complete, Medic Latina, Web of Science, Scopus e SciELO. A estratégia de pesquisa foi definida com base na mneumónica PCC e baseou-se na questão de investigação: “Quais os fatores influenciadores do uso dos protetores auditivos em trabalhadores da indústria?”. Foram utilizados descritores tendo em conta as bases de dados, com a junção de operadores booleanos AND e OR. Foram considerados como elegíveis estudos publicados até Fevereiro de 2024, disponíveis em texto integral, em português, inglês, espanhol e/ou castelhano. Após aplicação dos critérios de inclusão foram selecionados seis artigos para análise. O tema foi também pesquisado na Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional. Resultados/Discussão: A análise mais detalhada dos artigos selecionados permitiu a identificação de cinco grupos de fatores de influência do uso dos protetores auditivos: sociodemográficos, situacionais/influência no local de trabalho, interpessoais, comportamentais de promoção da saúde e cognitivo-percetivos. O fator cognitivo-percetivo foi o mais emergente. Conclusão: A prevenção total da exposição ao ruído não é possível, sendo por isso fulcral aliar todas as medidas de controlo do ruído ocupacional. Neste sentido, importa que o serviço de saúde ocupacional esteja interligado com o de higiene e segurança, unindo esforços para a consciencialização dos trabalhadores e prevenção atempada de lesões auditivas. Os estudos analisados remetem apenas para a indústria internacional, sendo pertinente um maior investimento futuro em estudos primários nesta área em Portugal.<hr/>ABSTRACT Introduction: Noise is one of the most common occupational physical hazards, especially in industries, increasing the risk of hearing loss and also of extra-auditory effects in workers. The elimination/reduction of noise is a legal obligation for employers; the safer and healthier the working environment, the lower the chances of accidents at work and absenteeism. Noise control measures can be collective (constructive/engineering and/or organisational) and/or individual. The latter consist of hearing protectors that should be selected according to the attenuation they provide and the values (decibels) to which each worker is subjected. Objective: To identify the factors influencing the use of hearing protectors in industrial workers. Methodology: Literature review by searching the Cinahl Complete, Medline Complete, Academic Search Complete, Medic Latina, Web of Science, Scopus and SciELO databases. The search strategy was defined using the PCC mnemonic and was based on the research question: ‘What are the factors influencing the use of hearing protectors in industrial workers?’ Descriptors were used, taking into account the databases, using the Boolean operators AND and OR. Eligible studies were those published up to February 2024, available in full text, in Portuguese, English, Spanish and/or Spanish. After applying the inclusion criteria, six articles were selected for analysis. The topic was also researched in Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional. Results/Discussion: A more detailed analysis of the selected articles identified five groups of factors influencing the use of hearing protectors: sociodemographic, situational/influence in the workplace, interpersonal, health-promoting behavioural and cognitive-perceptual. The cognitive-perceptual factor was the most prominent. Conclusion: Total prevention of noise exposure is not possible, which is why it is crucial to combine all occupational noise control measures. In this sense, it is important for the occupational health service to be interlinked with the health and safety service, joining forces to raise workers' awareness and prevent hearing damage in good time. The studies analysed only refer to the international industry, and further investment in primary studies in this area in Portugal is pertinent. <![CDATA[PERDA AUDITIVA SÚBITA PÓS COVID-19: UM CASO CLÍNICO]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532025000100701&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Introdução: A pandemia COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, tem representado um desafio sem precedentes para os sistemas de saúde globais. Além dos sintomas agudos provocados pela doença, tem-se observado um número crescente de pacientes que desenvolvem sequelas a longo prazo. Entre estas, os problemas auditivos têm ganho algum destaque. Caso clínico: Relata-se o caso de uma enfermeira de 52 anos que, após contrair COVID-19 e recuperar dos sintomas iniciais, desenvolveu hipoacusia neurossensorial moderada no ouvido direito. Apesar do tratamento com corticosteróides e oxigenoterapia hiperbárica, não foi possível obter recuperação completa do quadro. A infeção provocada pelo SARS-CoV-2 e a sequela auditiva daí resultante foram participadas e aceites como doença profissional. Discussão/Conclusão: Os profissionais de saúde, devido à sua exposição constante a pacientes infetados, estão em maior risco de contrair a COVID-19. Este caso destaca a necessidade de aumentar a consciencialização sobre as sequelas auditivas da COVID-19 e a importância de reconhecer e tratar essas condições atempadamente. Além disso, reforça a necessidade de implementação de estratégias de prevenção ocupacional que minimizem o risco biológico nas instituições de saúde.<hr/>ABSTRACT Introduction: The COVID-19 pandemic, caused by the SARS-CoV-2 virus, has posed an unprecedented challenge to global health systems. In addition to the acute symptoms caused by the disease, there has been a growing number of patients developing long-term sequelae. Among these, hearing problems have gained some prominence. Case report: This report describes the case of a 52-year-old nurse who, after contracting COVID-19 and recovering from the initial symptoms, developed moderate sensorineural hearing loss in her right ear. Despite treatment with corticosteroids and hyperbaric oxygen therapy, complete recovery was not achieved. The infection caused by SARS-CoV-2 and the resulting auditory sequelae were reported and accepted as an occupational disease. Discussion/Conclusion: Healthcare professionals, due to their constant exposure to infected patients, are at a higher risk of contracting COVID-19. This case highlights the need to raise awareness about the auditory sequelae of COVID-19 and the importance of recognizing and treating these conditions promptly. Furthermore, it reinforces the necessity for implementing occupational prevention strategies that minimize biological risk in healthcare institutions. <![CDATA[DIAGNÓSTICO E GESTÃO DE HEPATITE TÓXICA OCUPACIONAL: RELATO DE CASO]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532025000100702&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Introdução: A hepatite tóxica ocupacional é uma condição subdiagnosticada, resultante da exposição a agentes químicos com esse potencial, em ambiente laboral. O diagnóstico é desafiador e requer uma história profissional detalhada, exclusão de outras causas e ligação entre a exposição química e a lesão hepática. Caso clínico: Este artigo descreve o caso de uma mulher de 37 anos, costureira numa indústria de estofos automóveis, que apresentou elevação das transaminases hepáticas durante um exame periódico de medicina do trabalho. Após exclusão de outras causas e realização de biópsia hepática, foi diagnosticada com hepatite crónica de etiologia tóxica. Por se observar um padrão cíclico de agravamento das enzimas hepáticas durante períodos laborais e melhoria nas ausências ao trabalho, foi estabelecido nexo de causalidade e participada a hepatite tóxica como doença profissional. As medidas preventivas implementadas inicialmente, nomeadamente o uso de luvas e adaptações no posto de trabalho, não evitaram a progressão da doença. Só após transferência para um setor sem exposição química, se verificou a normalização dos parâmetros hepáticos alterados. Discussão/ Conclusão: Este caso destaca a importância da história ocupacional detalhada e da monitorização contínua dos trabalhadores expostos a riscos químicos. Além disso, sublinha a necessidade de medidas preventivas eficazes e da colaboração entre médicos do trabalho, empregadores e trabalhadores para garantir ambientes laborais seguros e prevenir doenças insidiosas como a hepatite tóxica ocupacional.<hr/>ABSTRACT Introduction: Occupational toxic hepatitis is an underdiagnosed condition resulting from exposure to hepatotoxic chemical agents in the workplace. The diagnosis is challenging and requires a detailed occupational history, exclusion of other causes, and a connection between chemical exposure and liver injury. Case report: This article describes the case of a 37-year-old woman, a seamstress in an automotive upholstery industry, who presented elevated hepatic transaminases during a periodic occupational health examination. After excluding other causes and performing a liver biopsy, she was diagnosed with chronic hepatitis of toxic etiology. A cyclical pattern of worsening liver enzymes was observed during work periods and improvement during absences from work, which allowed for the establishment of a causal link and classification as an occupational disease. The initially implemented preventive measures, including the use of gloves and adaptations to the workstation, did not prevent the progression of the disease. Only after transferring to a sector without chemical exposure was there a normalization of altered hepatic parameters. Discussion/Conclusion: This case highlights the importance of detailed occupational history and continuous monitoring of workers exposed to chemical risks. Furthermore, it underscores the need for effective preventive measures and collaboration among occupational health physicians, employers, and workers to ensure safe working environments and prevent insidious diseases such as occupational toxic hepatitis. <![CDATA[ALÉM DA DOR: ESTRATÉGIAS INTEGRADAS DE SAÚDE OCUPACIONAL]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532025000100703&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Introdução: A cefaleia é uma perturbação neurológica comum e incapacitante, afetando cerca de 52% da população mundial anualmente, com maior prevalência em mulheres. Apesar da sua ubiquidade, o seu impacto na saúde pública é frequentemente subestimado, especialmente no contexto laboral. O trabalho por turnos emerge como um potencial fator de risco ocupacional, associado a uma maior prevalência de cefaleias inespecíficas e enxaquecas, bem como a um risco aumentado de enxaqueca crónica e maior incapacidade. O caso apresentado pretende destacar a importância de considerar os fatores ocupacionais na gestão das cefaleias, sugerindo que a mitigação dos desencadeantes laborais pode ser um complemento valioso à terapêutica farmacológica no tratamento desta condição. Caso clínico: Apresenta-se o caso de uma enfermeira de 27 anos com história de cefaleias desde os 16 anos, inicialmente bem controlada com ibuprofeno. Há um ano, verificou-se um agravamento significativo do quadro, com aumento da frequência e intensidade das crises, acompanhadas de sintomatologia neurovegetativa que afetavam o seu desempenho laboral. O acompanhamento em neurologia confirmou o agravamento, tendo os exames de imagem descartado alterações estruturais cerebrais que justificassem a condição. Apesar de múltiplas estratégias de terapêutica farmacológica, não obteve resposta clínica completamente satisfatória, pelo que solicitou apoio à medicina do trabalho para controlo dos desencadeantes laborais. Daqui resultou a atribuição de um horário de trabalho regular, com redução do trabalho noturno e horas suplementares. Três meses após a implementação destas medidas, observava-se uma redução na frequência das crises e diminuição do uso de medicação, assim como redução do absentismo laboral. Discussão/Conclusão: O caso clínico apresentado ilustra a importância de uma abordagem multidisciplinar na gestão dos casos de cefaleia com desencadeantes laborais. Estratégias como maior suporte social, controlo sobre tarefas laborais e espaços de trabalho adequados podem aumentar a produtividade dos trabalhadores afetados. No caso apresentado, a adaptação do horário de trabalho resultou numa redução da frequência e intensidade das crises, facto reforçado pela diminuição objetivada do absentismo laboral. Conclui-se que, além da terapêutica farmacológica, as modificações no estilo de vida e no ambiente de trabalho são essenciais para o controlo eficaz das cefaleias. Por fim, recomenda-se a realização de estudos mais amplos sobre intervenções ocupacionais e o desenvolvimento de protocolos específicos para a gestão desta condição nos locais de trabalho.<hr/>ABSTRACT Introduction: Headache is a common and disabling neurological disorder, affecting approximately 52% of the global population annually, with a higher prevalence in women. Despite its ubiquity, its impact on public health is often underestimated, especially in the workplace context. Shift work emerges as a potential occupational risk factor, associated with a higher prevalence of non-specific headaches and migraines, as well as an increased risk of chronic migraine and greater disability. The presented case aims to highlight the importance of considering occupational factors in headache management, suggesting that mitigating workplace triggers can be a valuable complement to pharmacological therapy in treating this condition. Case report: We present the case of a 27-year-old nurse with a history of headaches since the age of 16. Initially, her condition was well-controlled with ibuprofen. A year ago, a significant worsening of her condition was observed, with an increase in the frequency and intensity of episodes, accompanied by neurovegetative symptoms that affected her work performance. Neurological follow-up confirmed the worsening, and imaging tests ruled out structural brain changes that could explain the condition. Despite multiple pharmacological therapeutic strategies, a completely satisfactory clinical response was not achieved. As a result, she requested support from occupational medicine to control workplace triggers. This led to the assignment of a regular work schedule, with a reduction in night work and overtime hours. Three months after implementing these measures, a reduction in the frequency of episodes and decreased use of medication was observed, as well as a reduction in work absenteeism. Discussion/ Conclusion: The presented clinical case illustrates the importance of a multidisciplinary approach in managing headache cases with work-related triggers. Strategies such as increased social support, control over work tasks, and appropriate workspaces can increase the productivity of affected workers. In the presented case, the adaptation of the work schedule resulted in a reduction in the frequency and intensity of crises, a fact reinforced by the objectified decrease in workplace absenteeism. It is concluded that, in addition to pharmacological therapy, modifications in lifestyle and work environment are essential for effective headache control. Finally, it is recommended to conduct broader studies on occupational interventions and develop specific protocols for managing this condition in the workplace. <![CDATA[SÍNDROME DE RAYNAUD - IMPACTO DA TEMPERATURA DO BLOCO OPERATÓRIO: RELATO DE CASO]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532025000100704&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Introdução: A Síndrome de Raynaud é uma condição vascular que afeta cerca de 5% da população, principalmente mulheres entre os 30 e os 40 anos. Caracteriza-se por vasoespasmos nas extremidades, com fases de palidez, cianose e rubor. A sua fisiopatologia envolve desequilíbrio entre vasodilatadores e vasoconstritores. Classifica-se em primária (idiopática) e secundária (se associada a outras patologias). O diagnóstico é clínico, auxiliado por capilaroscopia. O tratamento inclui medidas não farmacológicas e farmacológicas. A exposição ao frio (menos que 15°C) é um fator desencadeante crucial, tornando ambientes como blocos operatórios (17-22°C) desafiadores para os profissionais afetados. Descrição do caso clínico: Relato de uma enfermeira instrumentista de 40 anos, com aparecimento de fenómenos de Raynaud no bloco operatório. A trabalhadora, previamente diagnosticada com cirrose biliar primária em 2017, foi posteriormente avaliada por Reumatologia, recebendo o diagnóstico de Síndrome de Reynolds- uma condição que combina esclerose sistémica com cirrose biliar primária. Apesar da medicação, a enfermeira continuava a reportar agravamento dos sintomas no Bloco Operatório, especialmente durante cirurgias com duração superior a uma hora, chegando a perder a sensibilidade e a capacidade de manipular instrumentos. O Médico do Trabalho implementou restrições, recomendando a evicção da alocação na instrumentalização em cirurgias prolongadas e sugerindo a realocação para salas de Cirurgia de Ambulatório, Oftalmologia ou Sala de Recobro. Numa reavaliação à posteriori, a trabalhadora relatou ausência de queixas, confirmando o cumprimento das restrições e expressando satisfação com a sua integração e capacidade de desempenhar as suas funções como instrumentista. Discussão/Conclusão: A Síndrome de Raynaud impacta significativamente a capacidade laboral, afetando tarefas manuais precisas, especialmente em ambientes frios. A avaliação ocupacional deve considerar aspetos clínicos e ambientais. O caso apresentado demonstra a importância da adaptação do posto de trabalho e da intervenção médica. Pequenas variações térmicas, como no bloco operatório, podem afetar significativamente o desempenho. Estratégias preventivas, adaptações ambientais e tratamento adequado são cruciais para manter a funcionalidade laboral. Mais pesquisas são necessárias sobre a relação desta patologia e as exposições ocupacionais.<hr/>ABSTRACT Introduction: Raynaud's Syndrome is a vascular condition affecting 5% of the population, primarily women between the 30s and 40s years old. It is characterized by vasospasms in the extremities, with phases of pallor, cyanosis, and flushing. Its pathophysiology involves an imbalance between vasodilators and vasoconstrictors. It is classified as primary (idiopathic) and secondary (if associated with other pathologies). Diagnosis is clinical, aided by capillaroscopy. Treatment includes non-pharmacological and pharmacological measures. Exposure to cold (less than 15°C) is a crucial triggering factor, making environments such as operating rooms (17-22°C) challenging for affected professionals. Case description: Report of a 40-year-old scrub nurse with the onset of Raynaud's phenomena in the operating room. The worker, previously diagnosed with primary biliary cirrhosis in 2017, was later evaluated by Rheumatology, receiving a diagnosis of Reynolds Syndrome - a condition that combines systemic sclerosis with primary biliary cirrhosis. Despite medication, the nurse continued to report worsening symptoms in the Operating Room, especially during surgeries lasting more than one hour, to the point of losing sensitivity and the ability to manipulate instruments. The Occupational Health Physician implemented restrictions, recommending the avoidance of allocation to instrumentation in prolonged surgeries and suggesting reallocation to Ambulatory Surgery, Ophthalmology, or Recovery Room. In a subsequent reassessment, the worker reported no complaints, confirming compliance with the restrictions and expressing satisfaction with her integration and ability to perform her duties as a scrub nurse. Discussion/Conclusion: Raynaud's Syndrome significantly impacts work capacity, affecting precise manual tasks, especially in cold environments. Occupational assessment should consider both clinical and environmental aspects. The presented case demonstrates the importance of workplace adaptation and medical intervention. Small thermal variations, such as in the operating room, can significantly affect performance. Preventive strategies, environmental adaptations, and appropriate treatment are crucial for maintaining work functionality. More research is needed on the relationship between these and occupational exposures." <![CDATA[ERITEMA PALMAR, PRIMEIRO INDÍCIO DE UMA NOVA DERMATOSE OCUPACIONAL? - RELATO DE CASO]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532025000100705&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Introdução: O Eritema Palmar é uma condição dermatológica caracterizada pela ruborização das palmas das mãos, podendo ser primário ou secundário a diversas condições médicas. As causas secundárias incluem doenças hepáticas, autoimunes, uso de medicamentos e exposição a fatores ambientais/ocupacionais. No contexto ocupacional, pode ser induzido por pressão e por exposição a fatores físicos repetitivos, exigindo uma avaliação clínica detalhada que considere as manifestações dermatológicas e as possíveis causas subjacentes. A investigação do ambiente de trabalho, das tarefas executadas e do uso adequado de equipamentos de proteção é fundamental para compreender o impacto e a causa desta condição. O objetivo deste caso é aumentar a conscientização sobre uma possível dermatose ocupacional pouco conhecida, enfatizando a importância da deteção precoce, da rotatividade de tarefas e da otimização dos equipamentos para prevenir o aparecimento/cronicidade das lesões e evitar a necessidade de mudança de posto de trabalho. Descrição do caso clínico: Mulher de 79 anos, aposentada, consultou um dermatologista devido a sinais suspeitos nas costas e queda de cabelo. Durante o exame, foi observado um eritema palmar bilateral na região hipotenar, bem delimitado e com ligeira hiperestesia. A paciente relatou que esta condição surgiu aos 50 anos, durante sua jornada de trabalho, tornando-se permanente aos 60 anos. Apesar de ter consultado vários médicos, nunca obteve um diagnóstico claro. A paciente tem histórico de hipertensão, dislipidemia, insónia e gastrite crónica, negando agravamento da condição com a medicação atual. Trabalhou por mais de 35 anos numa empresa de eletrodomésticos, utilizando principalmente uma "pinadeira" para fixar as estruturas dos eletrodomésticos. A área do eritema corresponde ao local onde apoiava a mão na máquina e exercia força. Embora destra, usava ambas as mãos devido às longas horas de trabalho. A paciente informou que, apesar de ter relatado os sintomas ao médico do trabalho, nunca lhe foi sugerida mudança de função ou rotatividade de tarefas. Discussão/Conclusão: Este caso descreve uma dermatose ocupacional causada pelo uso prolongado de equipamentos ergonomicamente inadequados, semelhante aos casos de "computer hands" relatados na literatura (lesão por pressão de estágio I, resultante da pressão crónica na área hipotenar das palmas quando apoiadas por longos períodos sobre um teclado ou mesa). Estas lesões, resultantes de pressão crónica na área hipotenar das palmas, podem levar a alterações vasculares irreversíveis. A condição é frequentemente subdiagnosticada devido à sua natureza inicialmente assintomática. O caso apresentado destaca a possível irreversibilidade das lesões, mesmo após quinze anos sem exposição ocupacional, e a possibilidade de desenvolvimento de sintomas adicionais, como hiperestesia. Estas situações devem ser averiguadas logo na fase inicial da sintomatologia de forma a evitar a cronicidade das lesões relatadas e mudança do posto de trabalho, dando enfoque na rotatividade de tarefas e otimização dos equipamentos a utilizar.<hr/>ABSTRACT Introduction: Palmar Erythema is a dermatological condition characterized by redness of the palms, which can be primary or secondary to various medical conditions. Secondary causes include liver diseases, autoimmune disorders, medication use, and exposure to environmental/occupational factors. In an occupational context, it can be induced by pressure and exposure to repetitive physical factors, requiring a detailed clinical evaluation that considers both dermatological manifestations and possible underlying causes. Investigation of the work environment, tasks performed, and proper use of protective equipment is essential to understand the impact and cause of this condition. The aim of this case is to raise awareness about this little-known occupational dermatosis, emphasizing the importance of early detection, task rotation, and equipment optimization to prevent the onset/chronicity of lesions and avoid the need for workplace changes. Case description: A 79-year-old retired woman consulted a dermatologist due to suspicious signs on her back and recent hair loss. During the examination, a well-defined bilateral palmar erythema was observed in the hypothenar region, with slight hyperesthesia. The patient reported that this condition first appeared at age 50 during her work hours, becoming permanent at age 60. Despite consulting several doctors, she never received a clear diagnosis. The patient has a history of hypertension, dyslipidemia, insomnia, and chronic gastritis, denying any worsening of her condition with current medication. She worked for over 35 years in a home appliance company, primarily using a "pin inserter" to fix the structures of household appliances. The erythema area corresponds to where she rested her hand on the machine and exerted force. Although right-handed, she used both hands due to long work hours. The patient reported that despite informing the occupational physician about her symptoms, she was never suggested a change of position or task rotation. Discussion/Conclusion: This case describes an occupational dermatosis caused by prolonged use of ergonomically inadequate equipment, similar to the "computer hands" cases reported in the literature. These lesions, resulting from chronic pressure on the hypothenar area of the palms, can lead to irreversible vascular changes. The condition is frequently underdiagnosed due to its initially asymptomatic nature. The presented case highlights the possible irreversibility of the lesions, even after 15 years without occupational exposure, and the possibility of developing additional symptoms, such as hyperesthesia. These situations should be investigated early in the initial phase of symptoms to prevent the chronicity of reported injuries and promote changes in the workstation, focusing on task rotation and optimization of equipment to be used.