Scielo RSS <![CDATA[PsychTech & Health Journal]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2184-100420250001&lang=pt vol. 9 num. 1 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[Para além das métricas: A crise da qualidade académica em Portugal]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-10042025000100001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[A arquitectura psicológica do desempenho desportivo de elite: Evidências, intervenções e prioridades de pesquisa]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-10042025000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract This systematic review synthesizes contemporary research on the psychological profile of elite athletes, with a focus on self-confidence, anxiety/negativity, attentional control, motivation, imagery, positivity, and competitive attitude. Drawing on 48 empirical studies across diverse sports and global contexts, the review evaluates the dynamic relationships among these constructs, benchmarks psychological training interventions, and critically examines the unique roles of positivity and competitive attitude in elite performance. Findings show that self-confidence inversely correlates with anxiety/negativity, while attentional control and motivation are pivotal for sustaining resilience and competitive drive. Psychological skills training, encompassing imagery, relaxation, and cognitive restructuring, effectively enhance self-confidence and reduce anxiety/negativity, although intervention heterogeneity limits definitive conclusions. Persistent challenges include a lack of standardized measurement tools, a predominance of cross-sectional studies, and insufficient longitudinal and culturally adapted research. The review underscores the need for rigorous, longitudinal investigations and tailored interventions to advance theoretical models and optimize psychological preparation in elite sport.<hr/>Resumo Esta revisão sistemática sintetiza a investigação contemporânea sobre o perfil psicológico de atletas de elite, com especial enfoque na autoconfiança, ansiedade/negatividade, controlo atencional, motivação, imagética, positividade e atitude competitiva. Com base em 48 estudos empíricos realizados em contextos desportivos e geográficos diversos, a revisão avalia as relações dinâmicas entre estes constructos, analisa intervenções de treino psicológico e examina criticamente os papéis únicos da positividade e da atitude competitiva no desempenho de elite. Os resultados indicam que a autoconfiança se correlaciona inversamente com a ansiedade/negatividade, enquanto o controlo atencional e a motivação são fundamentais para sustentar a resiliência e a atitude competitiva. O treino de competências psicológicas, incluindo imagética, relaxamento e reestruturação cognitiva, revela-se eficaz na promoção da autoconfiança e na redução da ansiedade/negatividade, embora a heterogeneidade das intervenções limite conclusões definitivas. Persistem desafios como a ausência de instrumentos de avaliação padronizados, a predominância de estudos transversais e a escassez de investigação longitudinal e culturalmente adaptada. A revisão destaca a necessidade de investigações rigorosas, longitudinais e de intervenções ajustadas, de modo a consolidar modelos teóricos e optimizar a preparação psicológica no desporto de elite. <![CDATA[Fatores que influenciam a visualização e a autoimagem atlética em estudantes-atletas]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-10042025000100031&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract This study investigated the influence of sex, level of schooling, sport type, and years of competitive practice on the psychological attributes of student-athletes, specifically examining kinetic imagery, mental imagery, and athletic self-image. A quasi-experimental design was employed with a sample of 366 student-athletes (152 female, 214 male). Participants completed the Movement Imagery Questionnaire (MIQ) to assess kinetic and mental imagery, and a measure of athletic self-image. Data were analyzed using independent samples t-tests and one-way ANOVA. Results indicated that years of competitive practice had a significant main effect on athletic self-image (p &lt; .001), with athletes having six or more years of experience reporting a stronger self-image than those with less experience. Significant differences were also found by sex, with males reporting greater ease in mental imagery (p = .030), and by level of schooling, where university students reported significantly more difficulty with both kinetic (p = .006) and mental imagery (p = .041) than 12th-grade students. No significant differences were observed for sport type (individual vs. collective) on any measure. The findings confirm that athletic self-image is a developmental construct strongly linked to experience. The counterintuitive results regarding schooling level suggest that factors such as metacognitive awareness or cognitive load may influence self-reported imagery ability. Overall, this study highlights the complex interplay of demographic and experiential factors on athletes’ psychological profiles and underscores the need for tailored mental skills training.<hr/>Resumo Este estudo investigou a influência do sexo, nível de escolaridade, tipo de desporto e anos de prática competitiva nos atributos psicológicos de estudantes-atletas, examinando especificamente a imagética cinestésica, a imagética mental e a autoimagem como atleta. Foi utilizado um desenho quasi-experimental com uma amostra de 366 estudantes-atletas (152 do sexo feminino, 214 do sexo masculino). Os participantes preencheram o Questionário sobre Imagética do Movimento (MIQ) para avaliar a imagética cinestésica e mental, e uma medida da autoimagem como atleta. Os dados foram analisados através de testes t para amostras independentes e ANOVA one-way. Os resultados indicaram que os anos de prática competitiva tiveram um efeito principal significativo na autoimagem como atleta (p &lt; .001), com os atletas com seis ou mais anos de experiência a reportar uma identidade mais forte do que os menos experientes. Foram também encontradas diferenças significativas por sexo, com os atletas do sexo masculino a reportarem maior facilidade na imagética mental (p = .030), e por nível de escolaridade, em que os estudantes universitários reportaram significativamente mais dificuldade tanto na imagética cinestésica (p = .006) como na mental (p = .041) do que os alunos do 12.º ano. Não foram observadas diferenças significativas para o tipo de desporto (individual vs. coletivo) em nenhuma das medidas. As conclusões confirmam que a identidade de atleta é um construto desenvolvimental fortemente ligado à experiência. Os resultados contraintuitivos relativos ao nível de escolaridade sugerem que fatores como a consciência metacognitiva ou a carga cognitiva podem influenciar a capacidade de imagética autorreportada. Globalmente, este estudo destaca a complexa interação de fatores demográficos e experienciais nos perfis psicológicos dos atletas e sublinha a necessidade de um treino de competências mentais personalizado. <![CDATA[Factores determinantes de sucesso na natação competitiva de elite: As percepções de técnicos olímpicos]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-10042025000100041&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract This study explored the perceptions of 33 Olympic swimming coaches from 12 national federations on key factors influencing elite performance, focusing on coach education, professional context, engagement with science, training planning and monitoring, and multidisciplinary team collaboration. Using a validated 76-item online questionnaire, data were analyzed with descriptive statistics and non-parametric tests. Nearly all coaches held university degrees and valued initial academic training, prioritizing ongoing education through peer interaction and professional development. Over half regularly consulted scientific literature. Despite the emphasis on exclusive coaching dedication, one-third of coaches held second jobs, reflecting occupational instability at the Olympic level. Professional practice involved assessing technical, psychological, and physiological indicators. Greater coaching experience, particularly through multiple Olympic participations, led coaches to assume more responsibility in athlete preparation, emphasizing technical and dryland strength training and multidisciplinary team contributions, especially from psychologists. Three models of psychologist integration were identified: full team integration, inclusion in the medical department, and external consultancy. The study concludes that coaches believe success is underpinned by the convergence of academic training, competitive experience, systematic monitoring, technical specialization, and multidisciplinary support, while the full professionalization of coaching remains a significant structural challenge.<hr/>Resumo Este estudo analisou as percepções de 33 treinadores olímpicos de natação, de 12 federações nacionais, sobre os principais fatores que influenciam o desempenho de elite, nomeadamente a formação de treinadores, contexto profissional, relação com a ciência, planeamento e monitorização do treino, e colaboração multidisciplinar. Recorreu-se a um questionário online validado de 76 itens, analisado com estatísticas descritivas e testes não paramétricos. Quase todos os treinadores têm formação universitária, valorizam a formação académica inicial e dão prioridade à educação contínua, sobretudo pelo contacto com colegas e formação profissional. Mais de metade consulta regularmente literatura científica. Apesar de se valorizar a dedicação exclusiva ao treino, um terço dos treinadores mantém outro emprego, evidenciando instabilidade profissional mesmo ao mais alto nível. A prática inclui a avaliação de indicadores técnicos, psicológicos e fisiológicos. Com maior experiência, sobretudo após várias participações olímpicas, os treinadores assumem mais responsabilidades na preparação dos atletas, destacando o treino técnico, o trabalho de força fora de água e o contributo das equipas multidisciplinares, especialmente dos psicólogos. Foram identificados três modelos de integração do psicólogo: plena, no departamento médico e consultoria externa. Conclui-se que o sucesso depende da convergência entre formação, experiência, especialização técnica e apoio multidisciplinar, mantendo-se desafios de profissionalização. <![CDATA[A gestão das emoções no desporto competitivo: Os modelos integrados de flexibilidade psicológica]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-10042025000100059&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract High-performance sport has evolved into an arena where psychological excellence is as decisive as physical prowess. The ability to effectively regulate emotions, particularly pre-competitive anxiety/negativity (PCA), consistently distinguishes elite performance. This article presents a critical and in-depth analysis of the contemporary literature on emotional management in sport. Beginning with a deconstruction of the athlete’s complex emotional landscape, it delves into the neurocognitive mechanisms and multifactorial antecedents of these states, identifying them as a central obstacle to optimal performance. The core of the work focuses on evaluating a spectrum of evidence-based psychological interventions, ranging from physiological regulation strategies and pre-competitive routines to third-wave approaches such as Acceptance and Commitment Therapy (ACT) and mindfulness training. The analysis reveals a paradigm shift from models aimed at eliminating anxiety/negativity to approaches that promote psychological flexibility and acceptance. It is concluded that the most effective intervention resides in an integrated, periodized, and personalized model-a “toolbox” of psychological skills-adapted to the athlete’s individual needs and the phases of their training cycle. This work argues that the future of sport psychology lies in promoting the athlete’s holistic well-being as the fundamental pillar for sustainable, high-level performance.<hr/>Resumo O desporto de alta competição evoluiu para uma arena onde a excelência psicológica é tão determinante quanto a proeza física. A capacidade de regular eficazmente as emoções, particularmente os estados emocionados (a ansiedade/negatividade pré-competitiva - APC), distingue consistentemente a performance de elite. Este artigo apresenta uma análise crítica e aprofundada da literatura contemporânea sobre a gestão emocional no desporto. Começando por uma desconstrução do complexo panorama emocional do atleta, procura-se aprofunda os mecanismos neurocognitivos e os antecedentes multifatoriais, identificando-a como um obstáculo central ao rendimento ótimo. O núcleo do trabalho foca-se na avaliação de um espetro de intervenções psicológicas baseadas em evidências, desde estratégias de regulação fisiológica e rotinas pré-competitivas a abordagens de terceira vaga, como a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e o treino de mindfulness. A análise revela uma transição paradigmática de modelos que visam eliminar a ansiedade/negatividade para abordagens que promovem a flexibilidade psicológica e a aceitação. Conclui-se que a intervenção mais eficaz reside num modelo integrado, periodizado e personalizado - uma “caixa de ferramentas” de competências psicológicas - adaptado às necessidades individuais do atleta e às fases do seu ciclo de treino. Este trabalho defende que o futuro da psicologia do desporto reside na promoção do bem-estar holístico do atleta como o pilar fundamental para uma performance sustentável e de excelência.