Scielo RSS <![CDATA[Vista. Revista de Cultura Visual]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2184-128420210002&lang=pt vol. num. 8 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA["Quem Quer Ser Apagada?" Imagens deMulheres em Manuais de História no Ensinoem Contexto Moçambicano]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000200001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Neste artigo iremos discutir a forma como as mulheres são representadas nos manuais de história em vigor no segundo ciclo do ensino secundário geral em Moçambique: qual o lugar das mulheres nos manuais na história de Moçambique? Quais as mulheres com nome, com rosto ou com voz nos manuais escolares? Como é descrita a sua agência histórica? Para responder a estas questões realizámos uma análise sincrónica, multimodal e comparativa da forma como as mulheres são representadas nos manuais de história da 11.ª e da 12.ª classes. A análise efetuada demonstra profundas assimetrias nas representações de género, quer no que concerne aos conteúdos de ensino, quer no que toca às fontes e à iconografia. Os manuais apresentam um quadro historiográfico assente na liderança masculina, enquanto as mulheres são apresentadas confinadas aos papéis tradicionais de género, com raras exceções. Tendo em conta a escassez de estudos referentes às representações de género, interseccionalidades e ensino de história em Moçambique, neste trabalho, analisamos o modo como texto e imagem contribuem para o apagamento da agência das mulheres nos manuais escolares de história. Prestamos particular atenção às imagens de mulheres e discutimos o potencial das imagens para o combate ao sexismo e para a descolonização do conhecimento.<hr/>Abstract In this article, we discuss how women are portrayed in the current history textbooks of the general secondary education in Mozambique: what is the place of women in the history of Mozambique? Which women have a name, a face or a voice in the textbooks? How is women historical agency described? To answer these questions, we conducted a synchronic, multimodal and comparative analysis of how the history textbooks of 11th and 12th grades portray women. The analysis reveals profound asymmetries in the gender representations, both regarding the teaching content and the sources and iconography. The textbooks provide a historiographical framework based on male leadership while women appear confined to traditional gender roles, with rare exceptions. In light of the scarcity of studies concerning gender representations, intersectionality and history education in Mozambique, we analyse how text and image contribute to the erasure of women's agency in history textbooks. We pay particular attention to the pictures of women and discuss images' potential for combating sexism and decolonising knowledge. <![CDATA[“De Repente, a Esperança”: Análise Semiótica de uma Capa da Revista Noticiosa The Economist]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000200002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Propomo-nos fazer a análise semiótica da capa da revista noticiosa The Economist, de novembro de 2020, intitulada “Suddenly, Hope” (De Repente, a Esperança). Sendo este o nosso objetivo, partimos da conceção triádica do signo, de inspiração peirceana (Peirce, 1960), assim como da demonstração, realizada por Saussure (1916/2006), de que cada signo está vinculado à estrutura que significante e significado compõem, pelo que estas dimensões não podem ser consideradas isoladamente. Mas o ponto de vista que privilegiámos é o de que a produção de sentido ocorre sempre em condições concretas de tempo, espaço e interlocução. Sendo este o ponto de partida para a análise, identificámos a cor da imagem retratada na capa do The Economist como o principalelemento de análise. Foi Goethe (1810/1840) quem apresentou a cor como o principal elemento da perceção humana, com capacidade para induzir um efeito significativo na alma do recetor da mensagem, ou seja, no interpretante, para utilizarmos a conceção do signo, proposta por Peirce (1960). A análise da imagem presente na capa do The Economist remete para o contexto social atual de pandemia, causada pelo vírus SARS-CoV-2. A imagem de capa do The Economist conduz-nos, ainda, à teoria da liminaridade, de Victor Turner (1969/1974). Essa sugestão decorre da ideia formulada, no sentido de a sociedade atravessar o túnel, como quem empreende um rito de passagem para uma sociedade melhor.<hr/>Abstract In this work, we propose to analyse, from a semiotic point of view, the front cover of the news magazine, The Economist, released in November 2020, entitled “Suddenly, Hope”. The basis of our analyses was the sign triadic conception inspired by Charles Peirce (1960), including Saussure’s (1916/2006) demonstration, that each sign is linked to the signifier and signified structure and that these dimensions cannot be considered on their own. It is important to mention that the argument that was privileged was the notion that meaning is only produced in specific conditions of time, space and interlocution. Taking into consideration these conceptions, the colour portrayed in The Economist front cover was identified as the principal element of analysis. Goethe (1810/1840) presented colour as the main element of human perception, with the capacity to induce a significative effect in the message receptor soul, or the interpretant, to use Peirce's (1960) terminology in the conception of a sign. The image represented on the front cover of The Economist takes us to the actual social context, the pandemic caused by the SARS-CoV-2 virus. The front cover of The Economist also compares to the liminality theory of Victor Turner (1969/1974). The crossing of the tunnel can be compared to a rite of passage so that society can become a better one. <![CDATA[Repetições da Violência na Arte de Vitória Cribb e Welket Bungué]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000200003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: O artigo descreve três obras artísticas audiovisuais (@ Ilusão, Bustagate e Eu Não Sou Pilatus, produzidas respectivamente pelos artistas Vitória Cribb e Welket Bungué, entre 2019 e 2020) para debater como elas tratam, cada uma à sua maneira, o tema da repetição da violência contra corpos negros no ambiente numérico das redes; invocando uma análise qualitativa e estética dos procedimentos empregados nos vídeos e também dos locais em que eles foram disponibilizados, explora-se a hipótese, seguindo Hui (2021), de que a arte joga luz sobre a irracionalidade do racismo viabilizado por algoritmos e assim pode constituir uma necessária aproximação ao sublime, ao não-racional. Ao exercitar tal movimento, os criadores propiciam mais que discussões de temática escapista da realidade, pois instauram perspectivas essencialmente antirracistas, ao denunciar a irracionalidade explícita da violência, como em Bungué, ou ao modelar a deformidade dos sistemas algorítmicos, como em Cribb. É na recursividade transformada em artefato que as possibilidades de interpretação de fenômenos como espancamentos e execuções bárbaras ganham complexidade: as repetições do social encontram materialidade no audiovisual, em novos discursos sobre o espalhamento digital. Além de se apontar para responsabilizações daqueles que permitem violências e replicam suas representações — dentro e fora das redes —, conclui-se que as implicações sociais derivadas do uso das redes, a perpetuar certas violências, são apropriadas pelos artistas em forma e conteúdo, e assim podem habitar espaços mais abertos à reflexão e ao diálogo.<hr/>Abstract The article describes three audiovisual pieces (@Ilusão, Bustagate and Eu Não Sou Pilatus, produced by Vitória Cribb and Welket Bungué, between 2019 and 2020). It discusses how they address, in their way, the repetition of violence against Black bodies in the digital environment of the web. As such, it invokes a qualitative and aesthetic analysis of the videos’ features and the spaces where they were found. Following Hui (2021), the paper explores the assumption that art can shed light on the irrationality that algorithms enable and reach the sublime, the non-rational. In doing so, the creative minds behind the works cited forge more than escapist perspectives from reality to offer antiracist angles about the explicit irrationality of violence — like in Bungué — or to model deformed algorithmic systems — like in Cribb. Thanks to the recursivity turned into artifacts, interpreting phenomena such as beatings and barbaric executions gains complex meanings: repetitions found in social life meet their audiovisual counterparts and create discourses via digital sharing. Besides holding accountable those who allow and disseminate such representations — in and out of the web —, the paper makes a case that the artists appropriate both in form and content certain social manifestations which perpetuate types of violence so that the online environment can also feature more reflection and dialogue. <![CDATA[A Música de Hans Erdmann no Filme Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens ()]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000200004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Este artigo centra-se no estudo da banda sonora musical do compositor Hans Erdmann, feita para o filme alemão Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens (Nosferatu, o Vampiro; 1922) pelo realizador Friedrich Murnau. A metodologia combina a técnica qualitativa do estudo de caso com abordagens recentes na análise musicológica de bandas sonoras de filmes. Esta investigação destaca os elementos estilísticos, recursos estruturais, influências musicais, referências de compositores e orquestração instrumental da partitura. A criação romântica de Erdmann é também influenciada pelo estilo barroco, classicismo e impressionismo. Este artigo constitui um novo contributo na área, uma vez que não foram encontrados estudos musicais ou cinematográficos com o tratamento aqui oferecido.<hr/>Abstract The text focuses on the study of the musical soundtrack by the composer Hans Erdmann, made for the German film Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens (Nosferatu, the Vampyre; 1922) by the director Friedrich Murnau. Its methodology combines the qualitative technique of case studies with the latest trends in the musicological analysis of film soundtracks. Research shows the stylistic elements, structural resources, musical influences, references to composers and the instruments used in this musical composition. The romantic creation by Erdmann also has influences of baroque style, classicism, and impressionism. It constitutes an innovative contribution in the area as musical and film studies of the nature that is presented in this contribution cannot be easily found. <![CDATA[Poéticas Biográficas do Corpo Explantado: Notas Sobre Três Ensaios Visuais Brasileiros]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000200005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: O presente texto propõe uma reflexão sobre as imagens do corpo feminino através dos ensaios visuais de três artistas brasileiras contemporâneas: Karka Keiko, Fiamma Viola e Maria Luísa Andrade. Os apontamentos tecidos às imagens estão interligados por três notas principais: a primeira discute as tematizações do corpo feminino que figuram nos contextos midiáticos, artísticos e culturais compondo uma agenda de pesquisa propriamente feminista; a segunda observa como as artistas emprestam seus corpos explantados, submetidos aos procedimentos cirúrgicos, para a construção de um trabalho de elaboração criativa e narrativa de si através das imagens; e a terceira traça os pontos de ruptura estético-políticos provocados pelas imagens ensaísticas indicando o recurso poético como um gesto de resistência em uma sociedade inundada por selfies. Ao desenvolver a discussão, é possível observar como este tipo de conteúdo circula tanto nas elaborações visuais e artísticas das galerias e museus, quanto na forma de postagens, através de conhecidos sites de redes sociais, de modo a adquirir maior alcance do olhar público. Capazes de instaurar a criação de uma cena enunciativa voltada para as telas, os corpos das mulheres submetidos ao explante mamário propõem refletir acerca das novas formas de vínculos do olhar sobre o corpo feminino.<hr/>Abstract This text proposes a reflection about the images of the female body through the visual essays of three Brazilian artists: Karka Keiko, Fiamma Viola and Maria Luísa Andrade. Three main annotations were made to the images under analysis: the first discusses the themes of the female body that figure in the media, artistic and cultural contexts that make up a specifically feminist research agenda; the second observes how the artists lend their explanted bodies, submitted to surgical procedures, to build a work of creative and narrative elaboration of themselves through the images; and the third, traces the aesthetic-political breaking points caused by the essayistic images indicating the poetic resource as a gesture of resistance in a society flooded with selfies. In developing the discussion, we can observe that this content travels both in visual and artistic elaborations, at galleries and museums, and in the form of postings, through renowned digital platforms and social networks to expand the reach of the public gaze. They can create an enunciative scene on the screens, and the bodies of women who have undergone breast explantation suggest a reflection on the new forms of linking the gaze on the female body. <![CDATA[A Arte Multifacetada: Dinâmicas Culturais e Políticas da Cidade do Rio de Janeiro]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000200006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Esta contribuição busca apresentar o breve resumo de uma longa pesquisa baseada nos acontecimentos das últimas décadas na cidade do Rio de Janeiro. Este artigo percorre um trajeto que busca prioritariamente compreender o uso de aparelhos culturais e artísticos como ferramentas para um complexo processo de mudanças e perspectivas na cidade. Mudanças estas impulsionas pelo fato da cidade do Rio ter sediado dois megaeventos, a Copa do Mundo FIFA (2014) e as Olimpíadas (2016), com forte impacto nas áreas centrais e/ou turísticas da cidade. A zona portuária figura como o principal campo desta pesquisa, desde a ideia de área abandonada a centro de um polo cultural, com drásticas mudanças visuais, estruturais e simbólicas, tendo como principais exemplos a construção do Museu de Arte do Rio e do Museu do Amanhã. Uma retrospectiva da vida política da cidade assim como suas gestões municipais constroem a ideia de que a instrumentalização da arte e seu uso como ferramenta para “revitalizar” áreas da cidade parte de um projeto antigo que encontrou na vinda dos grandes eventos o momento exato para ser posto em prática. Em contrapartida, pequenos coletivos culturais autônomos surgiram na região durante esse processo, inserindo na discussão novos conceitos e significados para o uso da arte, tornando a discussão em torno da zona portuária e seus agentes ainda mais complexa. Por fim, ao analisarmos o cenário político recente da cidade, foi possível perceber a ofensiva a instituições culturais decorrente de perspectivas políticas conservadoras, o que novamente redefine o uso da arte e da cultura na cidade.<hr/>Abstract This contribution aims to present a brief summary of a long research based on the events of the last decades in the city of Rio de Janeiro. This article follows a path that seeks primarily to understand the use of cultural and artistic devices as tools for a complex process of changes and perspectives in the city. These changes are driven by the fact that the city of Rio has hosted two mega-events, the FIFA World Cup (2014) and the Olympics (2016), with a strong impact on the central and/or tourist areas of the city. The port area stands out as the main field of this research, from the idea of an abandoned area to the center of a cultural hub, with drastic visual, structural, and symbolic changes, with the building of Museu de Arte do Rio (Rio Museum of Art), and Museu do Amanhã (Museum of Tomorrow), as the main examples. A retrospective of the political life of the city, including the one of its municipal administrations, builds the idea that the instrumentalization of art and its use as a tool to "revitalize" areas of the city is part of an old project which was waiting for the right moment to be put into practice: the hosting of mega events. On the other hand, small autonomous cultural collectives have emerged in the region during this process and inserted new concepts and meanings for the use of art into the discussion, which resulted in a more complex discussion around the port area and its agents. Finally, by analyzing the recent political scenario of the city, it was possible to perceive the offensive posture toward cultural institutions resulting from conservative political perspectives, which again redefines the use of art and culture in the city. <![CDATA[Nossos Fantasmas Estão Vindo Cobrar: Giro Decolonial na Arte Contemporânea Brasileira]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000200007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Este texto expande, aprofunda e comenta o ensaio “As Práticas Artísticas Contemporâneas no Contexto Ibero-Americano e o Pensamento Pós-Colonial e Decolonial” (Sales &amp; Cabrera, 2020), onde comentamos a obra dos artistas Yonamine, Grada Kilomba, Jota Mombaça e Daniela Ortiz. No texto citado, trabalhamos a problemática da discussão em torno do surgimento de um campo de pensamento denominado “pós-colonial”, bem como um projeto decolonial e a maneira como se configuram no espaço ibero-americano práticas poéticas interessadas na discussão em torno do legado colonial. A partir de uma abordagem histórica, neste artigo, tentamos perceber a forma como os estudos pós-coloniais produzem influência no Brasil, assim como o giro e o pensamento decolonial que se consolida na América Latina, a fim de compreender as formas de produzir respostas do campo da arte brasileira para questões que envolvem a descolonização. Nos estudos pós-coloniais e também no projeto decolonial, a descolonização da arte está relacionada com o questionamento da matriz de pensamento eurocêntrico a partir de seus esquemas de representação de mundo racializados e subalternizados, e também está profundamente relacionada com o caráter performativo daquele ou daquela que narra. Ou seja, a descolonização da arte e do pensamento, assim como dos modos de ser e de estar no mundo não estão dissociados do aparecimento de artistas, escritores e intelectuais que disputam o direito de autorepresentação, de auto-apresentação e de criação de narrativas e imagens não coloniais ou completamente fora do imaginário e da cosmovisão euro-centrada. No texto que agora se apresenta, firmamos um interesse aprofundado no contexto brasileiro, apropriando-nos da discussão importante em torno da constituição de um campo de pensamento decolonial, analisando a obra de artistas brasileiros contemporâneos como Jota Mombaça, Juliana Notari, Michelle Mattiuzzi e Paulo Nazareth.<hr/>Abstract This text expands, deepens and comments on the essay “As Práticas Artísticas Contemporâneas no Contexto Ibero-Americano e o Pensamento Pós-Colonial e Decolonial” (Contemporary Artistic Practices in the Ibero-American Context and Postcolonial and Decolonial Thought; Sales &amp; Cabrera, 2020), where we comment on the work of the artists Yonamine, Grada Kilomba, Jota Mombaça, and Daniela Ortiz. In the text cited, we work on the problematic discussion around the emergence of a field of thought called “post-colonial” and a decolonial project and how poetic practices interested in the discussion around the colonial legacy are configured in the Ibero-American space. From a historical approach, we try to understand how postcolonial studies produce influence in Brazil and the decolonial turn and thought consolidated in Latin America to understand how to produce responses from the Brazilian art field to decolonization issues. In postcolonial studies and the decolonial project, the decolonization of art is related to the questioning of a Eurocentric thought matrix from its racialized and subalternized world representation schemes deeply related to the performative character of the one who narrates. In other words, the decolonization of art and thought, and the ways of being and existing in the world, are not dissociated from the emergence of artists, writers, and intellectuals. These intellectuals dispute the right to self-representation, self-presentation, and the creation of non-colonial narratives and images or those who stand completely outside the Eurocentric imaginary and worldview. This text establishes a deep interest in the Brazilian context, appropriating the important discussion around the constitution of a decolonial field of thought, analyzing the work of contemporary Brazilian artists such as Jota Mombaça, Juliana Notari, Michelle Mattiuzzi, and Paulo Nazareth. <![CDATA[A Experiência-Cinema Como um Currículo: Cartografando Masculinidades Dissidentes em <em>Boi Neon</em> (2015)]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000200008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Em meio ao agreste pernambucano no nordeste do Brasil, um corpo macho se coloca em trânsito no pleno movimento de um território de intensidades, o que provoca abalos nos modos como são construídas as identidades de gênero e de sexualidade. Com o objetivo de cartografar os processos de subjetivação das masculinidades que escapam aos modelos hegemônicos e inspirado nas contribuições da filosofia da diferença, da cultura visual e da teorização pós-crítica da educação, lanço meus olhos e dou espaço ao meu “corpo vibrátil” (Rolnik, 1989) para ler algumas cenas de Boi Neon (2015), filme dirigido por Gabriel Mascaro e um dos representantes do novo cinema pernambucano, que narra a história de Iremar, um vaqueiro que sonha em se tornar estilista. O argumento desenvolvido no texto é o de que uma experiência-cinema é potente para a promoção de encontros que nos dessubjetivam, fazendo-nos provar existências mais afirmativas. Como considerações finais, entendo que o boi neon, figura mágica que surge na narrativa do filme, simboliza o próprio Iremar, que em meio aos retalhos coloridos e aos destroços do lixão da moda, emerge com sua potência transformadora de mundos cotidianos, ainda que resguardados na localização de uma existência lida como insignificante. Iremar é o boi neon do agreste pernambucano, aquele que por meio do corpo bruto, da couraça aparentemente inquebrável, revela a sensibilidade e a ternura de um modo de vida masculino em seu devir-mulher.<hr/>Abstract In the wild of the Pernambuco countryside in Northeast Brazil, a male body moves in the middle of a territory of intensities, which provokes shocks in how gender and sexuality identities are constructed. To map the processes of subjectivation of masculinities that escape the hegemonic models and inspired by the contributions of the philosophy of difference, visual culture, and post-critical theorizing of education, I cast my eyes and give space to my "vibrating body" (Rolnik, 1989) to read some scenes from Boi Neon (Neon Bull; 2015). The film, directed by Gabriel Mascaro, and one of the representatives of the new Pernambuco cinema, tells the story of Iremar, a cowboy who dreams of becoming a stylist. The argument developed in the text is that an experience-cinema is powerful for promoting encounters that de-subject us, making us prove affirmative existences. As final considerations, I understand that the neon ox, a magical figure that appears in the film's narrative, symbolizes Iremar himself, who, amidst the colorful patches and the rubble of the fashion dump, emerges with its transforming power in everyday worlds, even if protected in the location of an existence read as insignificant. Iremar is the neon ox of the Pernambuco countryside, the one who, through his natural body, his apparently unbreakable armor, reveals the sensitivity and tenderness of a male way of life in his becoming-woman. <![CDATA[Capítulos Fotográficos no Centro da Fortaleza Transitória]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000200009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Em meio ao agreste pernambucano no nordeste do Brasil, um corpo macho se coloca em trânsito no pleno movimento de um território de intensidades, o que provoca abalos nos modos como são construídas as identidades de gênero e de sexualidade. Com o objetivo de cartografar os processos de subjetivação das masculinidades que escapam aos modelos hegemônicos e inspirado nas contribuições da filosofia da diferença, da cultura visual e da teorização pós-crítica da educação, lanço meus olhos e dou espaço ao meu “corpo vibrátil” (Rolnik, 1989) para ler algumas cenas de Boi Neon (2015), filme dirigido por Gabriel Mascaro e um dos representantes do novo cinema pernambucano, que narra a história de Iremar, um vaqueiro que sonha em se tornar estilista. O argumento desenvolvido no texto é o de que uma experiência-cinema é potente para a promoção de encontros que nos dessubjetivam, fazendo-nos provar existências mais afirmativas. Como considerações finais, entendo que o boi neon, figura mágica que surge na narrativa do filme, simboliza o próprio Iremar, que em meio aos retalhos coloridos e aos destroços do lixão da moda, emerge com sua potência transformadora de mundos cotidianos, ainda que resguardados na localização de uma existência lida como insignificante. Iremar é o boi neon do agreste pernambucano, aquele que por meio do corpo bruto, da couraça aparentemente inquebrável, revela a sensibilidade e a ternura de um modo de vida masculino em seu devir-mulher.<hr/>Abstract In the wild of the Pernambuco countryside in Northeast Brazil, a male body moves in the middle of a territory of intensities, which provokes shocks in how gender and sexuality identities are constructed. To map the processes of subjectivation of masculinities that escape the hegemonic models and inspired by the contributions of the philosophy of difference, visual culture, and post-critical theorizing of education, I cast my eyes and give space to my "vibrating body" (Rolnik, 1989) to read some scenes from Boi Neon (Neon Bull; 2015). The film, directed by Gabriel Mascaro, and one of the representatives of the new Pernambuco cinema, tells the story of Iremar, a cowboy who dreams of becoming a stylist. The argument developed in the text is that an experience-cinema is powerful for promoting encounters that de-subject us, making us prove affirmative existences. As final considerations, I understand that the neon ox, a magical figure that appears in the film's narrative, symbolizes Iremar himself, who, amidst the colorful patches and the rubble of the fashion dump, emerges with its transforming power in everyday worlds, even if protected in the location of an existence read as insignificant. Iremar is the neon ox of the Pernambuco countryside, the one who, through his natural body, his apparently unbreakable armor, reveals the sensitivity and tenderness of a male way of life in his becoming-woman. <![CDATA[Máscaras de Nós]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000200010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Em meio ao agreste pernambucano no nordeste do Brasil, um corpo macho se coloca em trânsito no pleno movimento de um território de intensidades, o que provoca abalos nos modos como são construídas as identidades de gênero e de sexualidade. Com o objetivo de cartografar os processos de subjetivação das masculinidades que escapam aos modelos hegemônicos e inspirado nas contribuições da filosofia da diferença, da cultura visual e da teorização pós-crítica da educação, lanço meus olhos e dou espaço ao meu “corpo vibrátil” (Rolnik, 1989) para ler algumas cenas de Boi Neon (2015), filme dirigido por Gabriel Mascaro e um dos representantes do novo cinema pernambucano, que narra a história de Iremar, um vaqueiro que sonha em se tornar estilista. O argumento desenvolvido no texto é o de que uma experiência-cinema é potente para a promoção de encontros que nos dessubjetivam, fazendo-nos provar existências mais afirmativas. Como considerações finais, entendo que o boi neon, figura mágica que surge na narrativa do filme, simboliza o próprio Iremar, que em meio aos retalhos coloridos e aos destroços do lixão da moda, emerge com sua potência transformadora de mundos cotidianos, ainda que resguardados na localização de uma existência lida como insignificante. Iremar é o boi neon do agreste pernambucano, aquele que por meio do corpo bruto, da couraça aparentemente inquebrável, revela a sensibilidade e a ternura de um modo de vida masculino em seu devir-mulher.<hr/>Abstract In the wild of the Pernambuco countryside in Northeast Brazil, a male body moves in the middle of a territory of intensities, which provokes shocks in how gender and sexuality identities are constructed. To map the processes of subjectivation of masculinities that escape the hegemonic models and inspired by the contributions of the philosophy of difference, visual culture, and post-critical theorizing of education, I cast my eyes and give space to my "vibrating body" (Rolnik, 1989) to read some scenes from Boi Neon (Neon Bull; 2015). The film, directed by Gabriel Mascaro, and one of the representatives of the new Pernambuco cinema, tells the story of Iremar, a cowboy who dreams of becoming a stylist. The argument developed in the text is that an experience-cinema is powerful for promoting encounters that de-subject us, making us prove affirmative existences. As final considerations, I understand that the neon ox, a magical figure that appears in the film's narrative, symbolizes Iremar himself, who, amidst the colorful patches and the rubble of the fashion dump, emerges with its transforming power in everyday worlds, even if protected in the location of an existence read as insignificant. Iremar is the neon ox of the Pernambuco countryside, the one who, through his natural body, his apparently unbreakable armor, reveals the sensitivity and tenderness of a male way of life in his becoming-woman.