Scielo RSS <![CDATA[Vista. Revista de Cultura Visual]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2184-128420220001&lang=pt vol. num. 9 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[O Referente Emancipado: Nota Introdutória]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842022000100001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[O Referente Esteve Lá. O Referente Como Carne]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842022000100002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Parte-se da constatação de que, apesar da mediação que implica e define os modos de relacionamento entre indivíduos e real, a realidade é incontornável. No entanto, e tendo em conta a diluição da importância do referente enquanto forma de legitimação da produção de imagens na passagem do século XIX para o século XX, e apesar da emergência da fotografia enquanto meio que implica a presença do referente, defende-se que a relação entre indivíduos e imagens se funda, em grande medida, numa relação entre estas duas entidades, que prescinde do referente, e que é esta relação, quando específica, que pode justificar aproximações como a do punctum, de Roland Barthes. Nesta aceção, existe um espaço, proposto pela imagem, que permite que, para lá dela, o sujeito se possa projetar, e que existe como definição da imagem enquanto superfície e profundidade. Como contraponto, aproxima-se a situação das imagens à situação do corpo e, através desta comparação, defende-se que a importância e realidade do referente, como “coisa em si”, existe quando a imagem não consegue controlar o excesso que o referente é, tal como o corpo, quando não consegue controlar a carne, a torna visível. A imagem está para o corpo como o referente para a carne. As imagens de entes queridos, ou de atrocidades de guerra, são tidas como exemplo desta emergência do referente, como sintoma.<hr/>Abstract: We set out from the observation that, even though mediation involves and defines the modes of relationship between individuals and the real, reality is unavoidable. However, considering the diluting importance of the referent to legitimizing image production between the 19th and the 20th century, and despite the emergence of photography as a medium involving the referent's presence, the relationship between individuals and images is argued to be largely grounded on a connection between these two entities. These do not need the referent, and this relationship, when specific, may justify approximations such as Roland Barthes' punctum. Thus, the image provides a space that allows the subject to project itself beyond it. That space stands as a definition of the image as surface and depth. In contrast, the situation of the images is brought closer to the body's condition. Through this comparison, the importance and reality of the referent, as a "thing in itself", is argued to exist when the image cannot control the excess the referent is, just as the body, when it cannot control the flesh, makes it visible. The image is to the body as the referent is to the flesh. The images of loved ones or war atrocities exemplify this emergence of the referent as a symptom. <![CDATA[Quebrando Limites: O Jornal de Borda Além das Fronteiras da Arte]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842022000100003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract: Artists' publications are often used in contemporary art studies in discussions about the printed page. However, these publications go beyond their nomenclatures and place in art institutions. The boundaries of visual arts are increasingly blurred, and discussions of works of art become more potent when viewed within the broader spectrum of visual culture. Aesthetics have the power to produce knowledge and establish relations with ways of living and being in the world and throughout history. Publications, as such, are social places that can mediate these relationships between people, especially when it involves issues like feminism, capitalism, and decoloniality. The Jornal de Borda — an anarchist visual culture newspaper circulated in Latin America in Portuguese and Spanish between 2015 and 2021 — is an example of artistic expression through printing. It strategizes the name of dissenting bodies — referred to as “corpas — in the context of art within visual culture; it establishes relations between these bodies and anarchism within the Latin American context; and the aesthetic relates directly to other newspapers from the last century, such as A Plebe, honoring history as it makes history.<hr/>Resumo: As publicações dos artistas são frequentemente utilizadas em estudos de arte contemporânea nas discussões sobre publicações impressas. No entanto, estas publicações vão para além das suas nomenclaturas e do seu lugar nas instituições de arte. As fronteiras das artes visuais estão cada vez mais difusas, e as discussões sobre as obras de arte tornam-se mais potentes quando vistas dentro do espectro mais amplo da cultura visual. A estética tem o poder de produzir conhecimento e de estabelecer relações com as formas de viver e de estar no mundo e através da história. As publicações, como tal, são lugares sociais que podem mediar as relações entre as pessoas, especialmente quando envolvem questões como o feminismo, o capitalismo e a descolonização. O Jornal de Borda, jornal de cultura visual anarquista que circulou na América Latina em português e espanhol entre 2015 e 2021, é um exemplo de expressão artística em publicação impressa. Estabelece estrategicamente o nome de corpos dissidentes — referidos como "corpas" — no contexto da arte dentro da cultura visual; estabelece as relações entre estes corpos e o anarquismo dentro do contexto latino-americano; e a estética relaciona-se diretamente com outros jornais do século passado, tais como A Plebe, honrando a história e, simultaneamente, fazendo história. <![CDATA[O Real em Cena: Uma Cenografia Para Lá da Representação]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842022000100004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Este artigo pretende problematizar a ideia da cenografia como representação de lugares para a cena e na cena. As criações espaciais/visuais no contexto do palco ainda são de forma sistemática pensadas como respostas a um referente, instalando no domínio do cenográfico um agrilhoamento à identificação e à realidade como modelo. O texto procura analisar alguns modelos onde esta aparente natural relação é discutida, comentando o crescimento da realidade não referencial na cena contemporânea. Organiza-se em três argumentos, que conduzem à possibilidade de abandono do conceito de representação para informar o modus operandi da criação cenográfica no contexto das artes de palco. O primeiro veicula os cenários como representações desejavelmente realistas, na esteira do desenvolvimento da cultura ocidental, para que o segundo possa colocar a hipótese de um outro entendimento da realidade na cena. Esta transformação, produzida por uma vontade de abdicar da representação, comentada na segunda parte, evidencia inclusivamente um possível desfasamento entre os habituais cenários e um outro conceito de cenografia assente na importância da materialidade tangível em cena. O terceiro argumento, conduzido por desafios relativos a modelos normativos de entender a realidade, propõe-se destabilizar modelos semióticos e a conduzir a cenografia para uma interpretação assente na experiência individual dos lugares corpóreos, promovendo assim a ascensão de um certo tipo de real na cena, para lá da representação.<hr/>Abstract: This article intends to problematize ​​scenography as a representation of other places for and inside the stage. Spatial and visual creations in the stage context are still systematically thought of as responses to a referent, establishing a tie to identification and reality as a model in the realm of scenography. The text seeks to analyse some models where this apparent natural relationship is discussed, observing the growth of non-referential reality in the contemporary scene. It is structured in three theses which consider the possibility of abandoning the concept of representation to inform the modus operandi of scenographic creation in the context of the performing arts. The first conveys set design as desirably realistic representations in the wake of the development of western culture so that the second can introduce the hypothesis of another understanding of reality on stage. This transformation, produced by a desire to give up the representation discussed in the second part, even shows a possible gap between the usual set design and another concept of scenography, based on tangible materiality on stage. The third approach, driven by challenges to normative models of understanding reality, suggests destabilizing semiotic models and leading the scenography to an interpretation based on the individual experience of corporeal places, thus promoting the rise of a certain type of real on stage beyond representation. <![CDATA[Migração e Conflito Sírio: A Narrativa por Trás da Imagem]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842022000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Este artigo visa pensar os fluxos migratórios e o papel político da imagem utilizando como referência a guerra na Síria. A fotografia de Hamza Al-Ajweh intitulada “Uma criança síria caminha por uma rua passando por escombros de edifícios destruídos na cidade controlada pelos rebeldes de Douma no enclave Ghouta Oriental, nos arredores de Damasco”, tirada em 8 de março de 2018 e publicada pela primeira vez no Los Angeles Times, servirá como ponto de referência para a discussão e análise aqui proposta. A complexidade dos deslocamentos neste contexto específico de guerra nos encaminha para a necessidade de conceituação da mobilidade síria após o início da guerra em 2011, entendendo que esta complexidade vai muito além das definições formais utilizadas pelos órgãos internacionais. Para um entendimento mais preciso do debate, estruturamos a discussão em três partes, apresentando primeiramente uma breve contextualização sobre o conflito na Síria, que teve início com a Primavera Árabe e que prossegue até a atualidade. Esta contextualização sociopolítica serve aqui como pano de fundo para discutirmos não somente categorias migratórias genéricas, mas também para melhor auxiliar o entendimento sobre pessoas, movimentos e a demanda por novas categorias e reflexões visuais que ultrapassam as perspectivas já estabelecidas. No final, discutiremos como a fotografia do fotógrafo Hamza Al-Ajweh nos auxilia a pensarmos múltiplos aspectos políticos e transformadores da imagem.<hr/>Abstract: This article aims to reflect on migratory flows and the political role of the image using the war in Syria as a reference. Hamza Al-Ajweh's photograph titled "A Syrian child walks down a street past the rubble of destroyed buildings in the rebel-controlled city of Douma in the Eastern Ghouta enclave outside Damascus", taken on March 8, 2018, and published for the first time at the Los Angeles Times, will be used as a point of reference for the discussion and analysis proposed here. The complexity of displacements in this specific context of war leads us to design Syrian mobility after the beginning of the war in 2011, understanding that this complexity goes far beyond the formal definitions used by international agencies. For a closer understanding of the debate, we designed the discussion in three parts: a brief contextualization of the conflict in Syria, which began with the Arab Spring and continues until today. This socio-political contextualization serves here as a backdrop for discussing not only generic migratory categories but to help better understand people, movements and the demand for new categories and visual reflections that go beyond current perspectives. And in the last part, we will discuss how the image of the photographer Hamza Al-Ajweh helps us think about multiple political and transformative aspects of the picture. <![CDATA[Dos Muros Para o Ecrã: Arte Urbana, Quotidiano e Experiência Estética no Museu Virtual da Lusofonia]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842022000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Nesta pesquisa, propomos analisar as tensões entre a arte do quotidiano, os processos de visibilidade e invisibilidade da arte urbana e a experiência estética em ambiente virtual. Este estudo tem como corpus duas exposições: As Vozes Silenciosas das Paredes de Coimbra e "Não Há Muro em Branco Que Eu Não Possa Pintar", ambas em cartaz permanente no Museu Virtual da Lusofonia, na plataforma Google Arts &amp; Culture. Tendo o Museu Virtual da Lusofonia uma composição interativa, imersiva e híbrida, que une fotografias, sons, vídeos e elementos de geolocalização (Google Street View), é objetivo secundário pensar a imagem enquanto lugar de experiência que possui a potencialidade de romper com um regime representativo da arte em prol de um regime estético.<hr/>Abstract: This research focuses on the tensions between everyday art, the processes of visibility and invisibility in street art and the aesthetic experience in the virtual environment. The corpus of this study regards the exhibitions: The Silent Voices on Coimbra's Walls and "There Is No Blank Wall I Cannot Draw", both on permanent display in the Virtual Museum of Lusophony on the Google Arts &amp; Culture platform. The Virtual Museum of Lusophony has an interactive, immersive and hybrid structure, merging photographs, sounds, videos and geolocation elements (Google Street View). The secondary goal is to consider the image as a place of experience potentially disruptive of a representative regime of art on behalf of an aesthetic regime. <![CDATA[Do "Efeito de Colagem" à Comunicação Estratégica no Contexto das Novas Tecnologias: Uma Análise do Museu Virtual da Lusofonia no Instagram]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842022000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: O fenómeno das novas tecnologias da comunicação trouxe mudanças significativas nas formas de organização e comunicação nas empresas. Neste estudo, apresentamos algumas destas transformações, sendo que uma delas nos chama a atenção: as organizações precisam de (re)estabelecer conexões simbólicas dentro de um ambiente em que não há presença física e em que se reduz a capacidade de criação, troca e manutenção da cultura e da identidade organizacionais. Nesse sentido, as empresas investem cada vez mais em novas práticas nos média sociais, para sobressair num ambiente carregado de imagens, barulhento, em que tudo parece efémero, desarticulado. Diante do contexto de uma sociedade fragmentada, trazemos o estudo de caso da comunicação estratégica do Museu Virtual da Lusofonia durante o seu lançamento no Instagram. Na pesquisa, observa-se que a entrada da organização cultural neste medium social foi fundamentado essencialmente pela compreensão da organização e dos seus propósitos e, ao mesmo tempo, pela coerência e consistência da comunicação estratégica, ancorados por: (a) ações de criação de um padrão visual que reforça a identidade organizacional; (b) uma linha editorial clara para publicação de imagens que valoriza aspetos da organização; e (c) práticas realizadas a partir de recursos interativos da plataforma, levando a um incremento inicial imediato do relacionamento com os públicos reais e potenciais do museu.<hr/>Abstract: New communication technologies have brought significant corporate organisation and communication changes. In this study, we present some of these transformations, particularly focusing on: the need for organisations to (re)establish symbolic connections within an environment with no physical presence and a reduced ability to create, exchange and maintain the organisational culture and identity. Thus, companies increasingly invest in new practices in social media to stand out in an environment loaded with images and noise where everything seems ephemeral and disjointed. Against the background of a fragmented society, we draw an analysis of the strategic communication of the Virtual Museum of Lusophony during its launch on Instagram. The research demonstrates the cultural organisation joined the social media essentially because it understood it was essential to achieve its purposes and, for coherence and consistency with the strategic communication, anchored by: (a) actions to create a visual pattern that consolidates the organisational identity; (b) a clear editorial line to publish images adding value to aspects of the organisation; and (c) practices implemented using the platform's interactive resources, towards an immediate increase in the engagement with the museum's audience and potential audience. <![CDATA[A (Des)Construção do Ideal Materno: Uma Perspectiva Sócio Semiótica]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842022000100008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: O fenómeno das novas tecnologias da comunicação trouxe mudanças significativas nas formas de organização e comunicação nas empresas. Neste estudo, apresentamos algumas destas transformações, sendo que uma delas nos chama a atenção: as organizações precisam de (re)estabelecer conexões simbólicas dentro de um ambiente em que não há presença física e em que se reduz a capacidade de criação, troca e manutenção da cultura e da identidade organizacionais. Nesse sentido, as empresas investem cada vez mais em novas práticas nos média sociais, para sobressair num ambiente carregado de imagens, barulhento, em que tudo parece efémero, desarticulado. Diante do contexto de uma sociedade fragmentada, trazemos o estudo de caso da comunicação estratégica do Museu Virtual da Lusofonia durante o seu lançamento no Instagram. Na pesquisa, observa-se que a entrada da organização cultural neste medium social foi fundamentado essencialmente pela compreensão da organização e dos seus propósitos e, ao mesmo tempo, pela coerência e consistência da comunicação estratégica, ancorados por: (a) ações de criação de um padrão visual que reforça a identidade organizacional; (b) uma linha editorial clara para publicação de imagens que valoriza aspetos da organização; e (c) práticas realizadas a partir de recursos interativos da plataforma, levando a um incremento inicial imediato do relacionamento com os públicos reais e potenciais do museu.<hr/>Abstract: New communication technologies have brought significant corporate organisation and communication changes. In this study, we present some of these transformations, particularly focusing on: the need for organisations to (re)establish symbolic connections within an environment with no physical presence and a reduced ability to create, exchange and maintain the organisational culture and identity. Thus, companies increasingly invest in new practices in social media to stand out in an environment loaded with images and noise where everything seems ephemeral and disjointed. Against the background of a fragmented society, we draw an analysis of the strategic communication of the Virtual Museum of Lusophony during its launch on Instagram. The research demonstrates the cultural organisation joined the social media essentially because it understood it was essential to achieve its purposes and, for coherence and consistency with the strategic communication, anchored by: (a) actions to create a visual pattern that consolidates the organisational identity; (b) a clear editorial line to publish images adding value to aspects of the organisation; and (c) practices implemented using the platform's interactive resources, towards an immediate increase in the engagement with the museum's audience and potential audience.