Scielo RSS <![CDATA[Revista Portuguesa Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2184-649920250002&lang=pt vol. 63 num. 2 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[Fáscia temporoparietal e placas de polidioxanona (PDS), a solução para as perfurações septais?]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-64992025000200111&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo As perfurações septais permanecem um desafio cirúrgico e têm sido desenvolvidas novas abordagens e técnicas no sentido de otimizar a taxa de encerramento. Quando sintomáticas, as perfurações podem causar obstrução nasal ou epistáxis recorrente, necessitando de tratamento. Este estudo relata dois casos clínicos de perfurações septais sintomáticas. Objetivo: Descrever o diagnóstico, tratamento e resultados cirúrgicos, acompanhado por registos fotográficos do seguimento e comparar os resultados com a literatura existente. Materiais e Métodos: Dois pacientes foram submetidos a cirurgia usando uma combinação de placas de polidioxanona (PDS) de 0,25mm e fáscia temporoparietal. Resultados: Dois casos clínicos foram tratados com sucesso usando uma abordagem fechada, incisão hemitransfixante direita e um enxerto combinado de PDS e fáscia temporoparietal. Foi obtido o encerramento completo das perfurações e resolução da sintomatologia associada. Conclusão: A técnica combinada de PDS e fáscia temporoparietal demonstrou alta eficácia, sugerindo sua utilidade no tratamento de perfurações septais sintomáticas.<hr/>Abstract Septal perforations remain a surgical challenge, prompting the development of new approaches and techniques to optimize closure rates. When symptomatic, perforations can cause nasal obstruction or recurrent epistaxis, requiring treatment. This study reports two clinical cases of symptomatic septal perforations. Objective: To describe the diagnosis, treatment, and surgical outcomes, accompanied by photographic follow-up records, and compare the results with existing literature. Materials and Methods: Two patients underwent surgery using a combination of 0.25mm polydioxanone (PDS) plates and temporoparietal fascia. Results: Both cases were successfully treated using a closed approach with a right hemitransfixion incision and a combined PDS and temporoparietal fascia graft. It was achieved a complete closure of the perforations and resolution of symptoms. Conclusion: The combined technique of PDS and temporoparietal fascia demonstrated high efficacy, suggesting its usefulness in treating symptomatic septal perforations. <![CDATA[Terapia posicional na SAHOS com o dispositivo NightBalance® - Estudo prospetivo]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-64992025000200117&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Objetivo: Verificar se ocorre melhoria na gravidade da síndrome de apneia e hipopneia obstrutiva do sono posicional (SAHOS-P) após terapia posicional (TP) com a utilização do dispositivo NightBalance®. Materiais e métodos: Foram selecionados os doentes que realizaram polissonografia tipo 3 no Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Garcia de Orta, com diagnóstico final de SAHOS-P, segundo os critérios de Cartwright, no período de janeiro de 2022 a outubro de 2023. Neste estudo apenas foram incluídos doentes com idade superior a 18 anos, com adesão ao tratamento com NightBalance® durante um período de pelo menos 60 dias. Foram excluídos os doentes que não cumpriram o período de estudo ou que aderiram a outras modalidades terapêuticas para a SAHOS. Resultados: Dos 11 doentes que concluíram o estudo, obtivemos em média, uma redução do índice de apneia e hipopneia (IAH) de 16.76/h para 9.27/h, p&lt;0.05. 64% dos doentes foram bons respondedores à TP com redução do IAH, em média, de 15,11/h para 5,07/h, sendo que 57% destes ficaram com um IAH&lt;5/h. Na população respondedora obtivemos melhoria do IAH, do índice de dessaturação de oxigénio (IDO) e da permanência em posição não supina, p&lt;0.05. Conclusões: A terapia posicional com NightBalance® apresenta-se como uma boa opção terapêutica, a ser considerada nos doentes com SAHOS-P de grau ligeiro e moderado, permitindo a permanência em posição não supina com redução do IAH e melhoria do IDO.<hr/>Abstract Objective: To verify whether there is an improvement in the severity of positional obstructive sleep apnea and hypopnea syndrome (POSA) after positional therapy (PT) with NightBalance® device. Materials and methods: Patients diagnosed with POSA, according to the Cartwright criteria, between January 2022 and October 2023, by type 3 polysomnography performed in the ENT department of Hospital Garcia de Orta were included. The inclusion criteria were age over 18 years, adherence to treatment with NightBalance® for at least 60 days. Patients who did not complete the study period or who preferred other therapeutic modalities for OSA were excluded. Results: 11 patients completed the study. We obtained, on average, a reduction in AHI from 16.76/h to 9.27/h, p&lt;0.05. 64% of patients were good responders to PT with a reduction in AHI, on average, from 15.11/h to 5.07/h, 57% of them having an AHI&lt;5/h. In the responding population, we obtained an improvement in AHI, ODI and remaining in a non-supine position, p&lt;0.05. Conclusions: Positional therapy with NightBalance® is a good therapeutic option to be considered in patients with mild and moderate POSA, allowing the patient to remain in a non-supine position, with a reduction in the AHI and an improvement in the ODI. <![CDATA[Sucesso cirúrgico da reparação de fístulas de LCR da base anterior do crânio por via endoscópica]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-64992025000200129&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Introdução: As fístulas de líquido cefalorraquidiano (LCR) são comunicações anormais entre o espaço subaracnóideu e a cavidade nasal e podem ser classificadas em espontâneas e traumáticas (incluindo as fístulas iatrogénicas). Várias técnicas e materiais têm sido descritos na reparação endoscópica de fístulas de LCR. No entanto, a técnica endoscópica de eleição continua a ser um tema amplamente debatido. Objetivo: Apresentar a experiência de um centro terciário na reparação fístulas de LCR da base anterior do crânio. Métodos: Estudo retrospetivo realizado num hospital terciário, entre janeiro de 2012 e dezembro de 2023. Foram incluídos todos os doentes submetidos a reparação endoscópica de fístulas de LCR da base anterior do crânio. Foram recolhidos dados demográficos, sintomas, exames de diagnósticos e fatores intraoperatórios. Foi realizada análise estatística descritiva e analítica. Resultados: Vinte e nove doentes (19 mulheres, idade média de 59,6±13 anos) com 30 fístulas de LCR foram incluídos. A etiologia mais comum foi a espontânea, responsável por 59% de todas as fístulas de LCR, seguida da iatrogénica (31%) e da traumática (10%). Sete doentes com fístula de LCR espontânea eram obesos, sendo que um deles apresentava estigmas de hipertensão intracraniana idiopática. As fístulas de LCR espontâneas foram mais frequentemente localizadas na lâmina crivosa e na lamela lateral. A lamela lateral foi o local mais frequentemente envolvido nas fístulas de LCR iatrogénicas. O tamanho médio do defeito foi de 5,8±7,4 mm. A drenagem lombar foi colocada em 12 doentes antes da cirurgia. Utilizamos a técnica under-overlay em 63% dos casos, overlay em 33% e em 3% (um caso) utilizamos uma abordagem combinada (endocraniana e endonasal). A técnica foi escolhida de acordo com a etiologia e tamanho do defeito, e preferência do cirurgião. Na técnica under-overlay, os materiais mais utilizados foram a duragen® underlay e retalhos livres de mucosa overlay selados com cola de fibrina. Quanto à técnica overlay, utilizamos retalhos livres de mucosa na maioria dos casos, Surgicel® e cola de fibrina. A média do número de camadas por doente foi de 3,9±1,2. As fístulas de LCR da lâmina crivosa foram frequentemente encerradas por técnica exclusivamente overlay, pela incapacidade de disseção dural sem aumentar significativamente o tamanho do defeito ósseo. Não ocorreram complicações pós-operatórias. A taxa de sucesso foi de 90%. Houve necessidade de re-intervenção em apenas um caso. Conclusão: A reparação de fístulas de LCR por via endoscópica é uma técnica segura e eficaz. A alta taxa de sucesso observada no nosso estudo revela que a técnica cirúrgica utilizada deve ser decidida de acordo com a etiologia, tamanho e localização do defeito na base do crânio, sendo que nenhuma técnica se mostrou significativamente superior.<hr/>Abstract Introduction: Cerebrospinal fluid (CSF) leaks are abnormal communications between the subarachnoid space and the nasal cavity and can be classified as spontaneous or traumatic (including iatrogenic fistulas). Various procedures and materials have been described for endoscopic repair. However, the endoscopic technique for repairing CSF leaks is broadly debated. Objective: To present the experience of a tertiary center in repairing CSF leaks of anterior skull base. Methods: A retrospective study was conducted in a tertiary hospital between January 2012 and December 2023. All patients who underwent endoscopic repair of anterior skull base CSF leaks were included. Demographic data, symptoms, diagnostic tests, and intraoperative factors were collected. Descriptive and analytical statistical analysis was performed. Results: Twenty-nine patients (19 women, mean age 59.6 years) with 30 CSF fistulas were included. The most common etiology was spontaneous, accounting for 59% of all cases, followed by iatrogenic (31%) and traumatic (10%). Seven patients with spontaneous CSF fistulas were obese, with one presenting signs of idiopathic intracranial hypertension. Spontaneous fistulas were most frequently located in the cribriform plate and lateral lamella. The lateral lamella was the most common site for iatrogenic CSF fistulas. The mean defect size was 5,8±7,4mm. Lumbar drainage was placed in 12 patients preoperatively. The underlay-overlay technique was used in 63% of cases, the overlay technique in 33%, and a combined (intracranial and endonasal) approach in 3% (one case). Technique selection was based on etiology, defect size, and surgeon preference. In the underlay-overlay technique, Duragen® underlay and free mucosal grafts overlay sealed with fibrin glue were most used. For the overlay technique, free mucosal grafts, Surgicel®, and fibrin glue were typically used. The average number of layers per patient was 3.9±1,2. CSF leaks in the cribriform plate were often repaired exclusively with the overlay technique due to the inability to dissect the dura without significantly enlarging the bony defect. No post-operative complications occurred. The surgery was successful in all cases except one case in which reintervention was necessary in the first week after surgery. Conclusion: A high success rate in correcting CSF leaks of anterior skull base was achieved through an endoscopic approach in our series, which compares to literature in general. Surgical technique must be decided according to etiology, size and location of the defect, with no technique proving to be significantly superior. <![CDATA[Otorreia resistente às fluoroquinolonas: fatores de risco e abordagens terapêuticas]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-64992025000200137&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Objetivo: Identificar fatores de risco e esquemas terapêuticos adequados para a otorreia resistente às fluoroquinolonas. Desenho do estudo: Estudo retrospetivo em doentes com otorreia submetidos a cultura dos exsudados de ouvido e identificados como resistentes à ciprofloxacina, de 2015 a 2022. Materiais e métodos: Consulta dos processos clínicos e das culturas de exsudado de ouvido Resultados: Foram identificados 37 exsudados com culturas resistentes às fluoroquinolonas, sendo o agente etiológico mais comum aPseudomonas aeruginosa, seguido daEscherichia coli. A monoterapia tópica não-fluoroquinolona obteve uma taxa de sucesso de 31,3%, sendo estatisticamente superior à monoterapia com fluoroquinolonas tópicas que apresentou uma taxa de sucesso de 11,1% (p &lt;0,05). Nos casos em que foi necessária a instituição de terapêutica sistémica e tópica, não foram detetadas diferenças significativas quando comparado o uso de fluoroquinolonas tópicas com o uso de terapêutica tópica não-fluoroquinolona. Conclusão: A terapêutica tópica não- fluoroquinolona parece ser superior quando usada como tratamento isolado. No entanto, associada a terapêutica sistémica, o tipo de terapêutica tópica utilizado não influenciou a resolução clínica.<hr/>Abstract Objective: To identify risk factors and appropriate therapeutic regimens in fluoroquinolone-resistant otorrhea Study Design: Retrospective study of patients with otorrhea undergoing ear exudate culture and identified as resistant to ciprofloxacin, from 2015 to 2022. Materials and Methods: Review of clinical records and ear exudate cultures. Results: Thirty-seven ear exudates with cultures resistant to fluoroquinolones were identified, with Pseudomonas aeruginosa being the most common etiological agent, followed by Escherichia coli. Non-fluoroquinolone topical monotherapy had a success rate of 31.3%, which was statistically superior to topical fluoroquinolone monotherapy, which had a success rate of 11.1% (p &lt;0,05). In cases requiring both systemic and topical therapy, no significant differences were detected when comparing the use of topical fluoroquinolones with non-fluoroquinolone topical therapy. Conclusion: Non-quinolone topical therapy appears to be superior when used as isolated treatment. However, when combined with systemic therapy, the type of topical therapy used did not influence clinical resolution. <![CDATA[Utilidade da pHmetria orofaríngea no diagnóstico e tratamento do refluxo faringo-laríngeo]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-64992025000200143&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Introdução: O refluxo faringolaríngeo é uma doença crónica com sintomatologia variável e inespecífica, responsável por até 10% das consultas de otorrinolaringologia. O seu diagnóstico e tratamento são controversos, com elevadas taxas de falência terapêutica. A pHmetria orofaríngea consiste num método de diagnóstico objetivo que permite medir alterações do pH orofaríngeo tanto líquidas como gasosas, tendo demonstrado superioridade diagnóstica em relação à a pHmetria esofágica, parecendo por isso ser um método de diagnóstico promissor. Métodos: Estudo observacional prospetivo. Trinta doentes que recorreram à consulta de otorrinolaringologia entre maio de 2022 e maio de 2023 foram referenciados para o estudo (observados por otorrinolaringologista, levantada suspeita de refluxo faringo-laríngeo e realizada a referenciação para o estudo). Preencheram os questionários Reflux Symptom Index e Voice Handicap Index-10, foram submetidos a nasofibrolaringoscopia com preenchimento do Reflux Finding Score e realizada pHmetria orofaríngea. Posteriormente cumpriram 3 meses de terapêutica com inibidor da bomba de protões (esomeprazol 40mg 2id) e foram reavaliados. Considerou-se haver resposta terapêutica se Reflux Symptom Index com melhoria ≥ 5 pontos. Com base nos resultados obtidos e consulta da literatura publicada em relação a este tema, propõe-se um protocolo de abordagem diagnóstica e terapêutica para o refluxo faringolaríngeo. Resultados: Foram incluídos 28 doentes no estudo, 75% do género feminino, com idade µ=53,5 anos e Índice de Massa Corporal µ=28.6. Em relação à pHmetria, 63% dos doentes apresentavam refluxo ácido (15% ligeiro, 37% moderado e 11% severo), 26% refluxo não-ácido e 11% pHmetria normal. Após 3 meses de inibidor da bomba de protões, 50% dos doentes negaram ter sentido melhoria significativa dos seus sintomas. A pHmetria permitiu prever resposta a inibidor da bomba de protões em 26 dos 28 doentes (93%). A correlação dos eventos ácidos com os eventos de sintomas correlacionou-se de forma estatisticamente significativa com a resposta a inibidor da bomba de protões (p&lt;0.01), bem como a positividade do Ryan Score (p&lt;0.01). Nos doentes com resposta a inibidor da bomba de protões, a média de melhoria do Reflux Symptom Index foi 13,7 pontos. A sintomatologia, achados laringoscópicos e Índice de Massa Corporal tiveram relação estatisticamente significativa com o grau de refluxo ácido (ligeiro, moderado ou severo) mas não com o tipo de refluxo (ácido ou não-ácido). Conclusão: Este estudo demonstra que a realização de pHmetria orofaríngea é um método eficaz para diferenciar refluxo faringo-laríngeo ácido e não-ácido, permitindo prever a resposta a inibidores da bomba de protões no refluxo faringo-laríngeo e adequar o tratamento desde o momento do diagnóstico ou adequar ajuste terapêutico em doentes refratários ao mesmo.<hr/>Abstract Introduction: Laryngopharyngeal reflux is a chronic illness with variable and unspecific symptoms, representing up to 10% of otolaryngology appointments. Its diagnosis and treatment are controversial, with high rates of treatment failure. Oropharyngeal pHmetry is an objective diagnosis method that measures both liquid and gaseous pH variations in the oropharynx, having previously demonstrated a higher diagnosis value than esophageal pHmetry. Methods: Prospective observational study. Thirty patients who were observed in otolaryngology appointments between May 2022 and May 2023 were referred to the study (observed by an otolaryngologist who suspected of laryngopharyngeal reflux and referred the patients). Patients fulfilled Reflux Symptom Index and Voice-Handicap Index-10, were submitted to flexible nasofibrolaryngoscopy with posterior fulfillment of the Reflux Finding Score and oropharyngeal pHmetry. Posteriorly, underwent treatment of 3 months with protein pump inhibitors (esomeprazol 40mg twice daily). Response to treatment was defined as an improvement of at least 5 points in the reflux symptom index. Based on the obtained results and literature review, we propose a protocol of diagnostic and treatment approach for laryngopharyngeal reflux. Results: 28 patients were included in the study, 75% female, aged µ=53,5 years and body mass index µ=28.6. Regarding pHmetry, 63% had acid reflux (15% slight, 37% moderate e 11% severe), 26% had non-acid reflux and 11% had normal pHmetry. After 3 months of proton-pump inhibitors 50% of patients had no significant improvement in their symptoms. Oropharyngeal pHmetry predicted treatment response in 26 out of 28 patients (93%). The correlation of acid events with symptom events had a significant correlation with proton-pump inhibitor response (p&lt;0.01), as well as Ryan score positivity (p&lt;0.01). In patients responsive to treatment, the average of reflux symptom index improvement was 13,7 points. Reflux Symptom Index, Reflux Finding Score and Body Mass Index had a statistically significant correlation with the severity of acid reflux (slight, moderate or severe) but not with the type of reflux (acid vs non-acid). Conclusions: This study demonstrates that oropharyngeal pHmetry is an effective method for differentiating acid and non-acid Laryngopharyngeal reflux, effectively predicting proton-pump inhibitor treatment response, being useful from the moment of diagnosis or in treatment adjustment for proton-pump inhibitor refractory patients. <![CDATA[Surgery for Chronic otitis media with cholesteatoma: 10-year review]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-64992025000200161&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: Optimal surgical management for Chronic otitis media with cholesteatoma is controversial. Decisions regarding surgical approaches are still highly debated today. Analysing and comparing our experience may help us to expand our common knowledge and predict further outcomes facilitating the discussion and choice of treatment options. Objectives and methodology: The authors conducted a retrospective review of medical records regarding patients who underwent surgery for cholesteatoma from January 2012 to December 2022. Analysis was made regarding preoperative parameters, surgical approaches, hearing results, surgical findings and postoperative complications including relapses. Results: Ninety-four patients (97 surgical procedures) with chronic otitis media with cholesteatoma were included. Of these, 43 were submitted to a canal-wall-down mastoidectomy, 52 to a canal-wall-up and 2 were managed with an atticotomy. Regarding tympanoplasties, 21.6% underwent a Portmann type 1 procedure, 41.2% a type 2 and 37.1% a type 3. There was an average pure tone average loss of 0.2 dB for wall-up procedures and 1,1 dB for wall-down with an average improvement of 11.8 dB for atticotomies. The overall relapse rate was 21.6% with 9.3% in the wall-down group, 30.8% in the wall-up group and 50% in cases where an atticotomy was performed. Conclusion: Cholesteatoma surgery requires a highly individualized assessment that considers the extension of the disease, audiometric parameters, surgeon experience and patient receptivity. This study revealed no significant difference in hearing results for both wall-up and wall-down while it favors wall-down surgeries for a safer eradication of the disease. <![CDATA[Estapedotomia: análise de fatores que afetam o prognóstico funcional]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-64992025000200173&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Objetivos: Avaliar a taxa de sucesso da estapedotomia e investigar a influência de fatores de prognóstico nos resultados auditivos. Materiais e Métodos: Estudo retrospetivo de 157 ouvidos submetidos à estapedotomia primária, de 2001 a 2022. Foram analisados fatores relacionadas com o doente e com o procedimento que influenciam os limiares tonais pós-operatórios. Foram separados 2 grupos tendo em conta o diâmetro de haste da prótese utilizada (0,4mm - 68 ouvidos; 0,6mm - 89 ouvidos). Definiu-se como sucesso cirúrgico a presença de gap aéreo-ósseo (GAO) pós-operatórios ( 10 dB HL. Resultados: O sucesso cirúrgico foi alcançado em 64% dos ouvidos operados. Obtiveram-se melhorias significativas dos limiares de condução aérea e do GAO com ganho auditivo médio de 18,67 ± 10,8 dB HL. Comparando os diâmetros das próteses auditivas utilizadas não foram encontradas diferenças significativas (p&gt;0,05) relativamente aos ganhos no LTM-CA (21,11 vs. 18,71 dB), LTM-CO (2,40 vs. 0,29 dB) e LTM-GAO (18,71 vs. 18,62 dB). O sucesso cirúrgico foi semelhante entre os dois tipos de próteses, sendo ligeiramente superior (não estatisticamente significativo) quando utilizada a prótese de maior diâmetro (66,3% vs. 61,8%). A análise multivariada dos fatores de prognóstico, obteve como variáveis independentes de menor sucesso cirúrgico (IC 95%): GAO pré-operatório (p = 0,042) e idade do doente (p=0,045). As variáveis: género, a presença de acufeno ou vertigem pré-operatória não influenciam de forma independente e significativa o sucesso da cirurgia (p&gt;0,05). Conclusões: A estapedotomia é um procedimento com bons resultados funcionais. O diâmetro da prótese não influencia o resultado cirúrgico. O GAO pré-operatório &gt; 30 dB HL e a idade &lt; 50 anos parecem ser fatores que influenciam o sucesso cirúrgico. O género, a presença de acufeno ou vertigem pré-operatória parecem não influenciar o sucesso da cirurgia.<hr/>Abstract Objectives: To evaluate the success rate of stapedotomy and investigate the influence of prognostic factors on hearing outcomes. Materials and Methods: A retrospective study of 157 ears that underwent primary stapedotomy between 2001 and 2022. Patient- and procedure-related factors that influenced postoperative hearing thresholds were analyzed. The diameter of the Teflon prosthesis used (0,4 mm - 68 ears; 0,6 mm - 89 ears) and pre- and postoperative audiometric data were analyzed. Surgical success was defined as a postoperative air-bone gap (ABG) ≤ 10 dB HL. Results: Surgical success was achieved in 64% of operated ears. Significant improvements in air conduction thresholds and ABG were observed, with an average hearing gain of 18,67 ± 10,8 dB HL. Comparison of the 0,6 mm- and 0,4 mm-groups, revealed no differences (p&gt;0,05) regarding improvements in AC-PTA (21,11 vs. 18,71 dB), BC-PTA (2,40 vs. 0,29 dB) and ABG-PTA (118,71 vs. 18,62 dB). Surgical success was similar between the two types of prostheses, being slightly higher with the larger diameter prosthesis (66,3% vs. 61,8%). Multivariate analysis of prognostic factors identified preoperative ABG (p = 0,042) and patient age (p = 0,045) as independent predictors of less surgical success (95% CI). Variables such as gender, the presence of preoperative tinnitus or vertigo did not independently and significantly influence surgical success (p &gt; 0,05). Conclusions: Stapedotomy is a procedure with good functional outcomes. Prosthesis diameter does not influence surgical outcomes. Preoperative ABG &gt; 30 dB HL and age &lt; 50 years seem to be factors that influence surgical success. Gender, the presence of preoperative tinnitus or vertigo, do not appear to influence the success of the procedure. <![CDATA[Audição bimodal com OSIA® e BAHA®ATTRACT: vantajoso ou confuso? Um caso clínico.]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-64992025000200183&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo As malformações do ouvido externo, que podem estar associadas a malformações concomitantes do ouvido médio, causam surdez de condução. Quando a malformação impede a reabilitação auditiva com aparelhos convencionais, os dispositivos de condução óssea tornam-se uma opção eficaz. Esses dispositivos onde se incluem, entre outros, o Baha® Attract e o Osia®, utilizam a vibração óssea para estimular diretamente o ouvido interno, dispensando, assim, a função do ouvido externo e médio. Apresentamos um caso clínico de um adolescente com microtia e atresia bilateral do canal auditivo externo, inicialmente tratado com o Baha® Attract e, posteriormente, com o Osia® no ouvido contralateral. Este trabalho analisa as diferenças entre ambos os dispositivos e reflete sobre a implantação óssea bilateral.<hr/>Abstract Malformations of the external ear, which may be associated with concomitant malformations of the middle ear, cause conductive hearing loss. When the malformation prevents auditory rehabilitation with conventional hearing aids, bone conduction devices are an effective option. These devices, which include the Baha® Attract and the Osia®, use bone vibration to directly stimulate the inner ear, thus bypassing the function of the external and middle ear. We present a clinical case of an adolescent with microtia and bilateral atresia of the external auditory canal, initially treated with the Baha® Attract and later with the Osia® on the contralateral ear. This work analyzes the differences between both devices and reflects on bilateral bone implantation. <![CDATA[Lipoma parafaríngeo a causar obstrução da via aérea - case report]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-64992025000200193&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Parapharyngeal lipomas are rare benign tumors, accounting for less than 0.5% of all parapharyngeal space neoplasms. Its proximity to critical anatomical structures requires careful diagnostic evaluation and surgical management. We report a clinical case of a 69-year-old woman presenting to our hospital with progressive dysphagia, snoring and shortness of breath. Clinical examination and imaging studies revealed a parapharyngeal lipoma, which was successfully removed surgically. The diagnosis was confirmed by histopathological examination, and the patient recovered without complications or recurrence of the symptoms. This case highlights the importance of early diagnosis and appropriate surgical management for the treatment of lipomas in this rare location.<hr/>Resumo Os lipomas parafaríngeos são tumores benignos raros, representando menos de 0,5% de todas as neoplasias do espaço parafaríngeo. A sua proximidade com estruturas anatómicas críticas exige uma avaliação diagnóstica cuidadosa e correção cirúrgica apropriadas. Relatamos o caso clínico de uma mulher de 69 anos que se apresentou no nosso hospital com disfagia, roncopatia e dispneia progressivas. O exame objetivo e os estudos de imagem revelaram um lipoma parafaríngeo, que foi removido com sucesso através de cirurgia. O diagnóstico foi confirmado por exame anatomopatológico, e a doente recuperou sem complicações ou recorrência dos sintomas. Este caso realça a importância de um diagnóstico precoce e de uma abordagem cirúrgica adequada para o tratamento de lipomas nesta localização pouco comum. <![CDATA[Carcinoma de Células de Merkel - Um caso clínico com desfecho fatal]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-64992025000200199&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Objetivo: Reportar um caso de carcinoma de células de Merkel em doente que se apresentou com massa cervical de crescimento rápido. Introdução: O carcinoma de células de Merkel é um tumor maligno cutâneo raro e agressivo, com elevada recorrência e propensão para a metastização. O nosso objetivo é alertar e sensibilizar os otorrinolaringologistas para esta entidade, nomeadamente no diagnóstico diferencial de massas cervicais. Caso clínico: Mulher de 77 anos que recorre à consulta por tumefação cervical esquerda de crescimento rápido. Após citologia aspirativa e biópsia incisional foi diagnosticado um Carcinoma de células de Merkel, acabando por falecer após 6 meses da apresentação inicial. Conclusão: O carcinoma de células de Merkel é uma entidade rara, com evolução rápida e agressiva, que se manifesta normalmente como lesão cutânea na cabeça e pescoço, mas deve fazer parte do diagnóstico diferencial das massas cervicais.<hr/>Abstract Aim: To report a case of Merkel cell carcinoma in a patient who presented with a rapidly growing cervical mass. Background: Merkel cell carcinoma is a rare and aggressive cutaneous malignant tumor, with a high recurrence rate and propensity for metastasis. Our goal is to alert and raise awareness among otorhinolaryngologists about this entity, especially in the differential diagnosis of neck masses. Case description: A 77-year-old woman presented to the clinic due to rapidly growing left cervical swelling. Following fine-needle aspiration cytology and incisional biopsy, Merkel cell carcinoma was diagnosed. The patient died 6 months after the initial presentation. Conclusion: Merkel cell carcinoma is a rare entity with a rapid and aggressive evolution which normally manifests as a cutaneous lesion of the head and neck but should be included in the differential diagnosis of cervical masses. <![CDATA[Paralisia facial periférica, otite média aguda e infeção pelo vírus Epstein-Barr]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-64992025000200209&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: Facial nerve palsy is a rare complication of acute otitis media. Despite most cases are assumed to have a bacterial origin, in a significant proportion of them there are no clinical or laboratorial signs indicative of bacterial infection. A viral etiology was proposed in some of these cases. Case summary: In this work we present a case of facial nerve palsy secondary to acute otitis media caused by Epstein-Barr virus infection in a 3-year-old boy and review the previously published cases on this subject, focusing on clinical presentation, diagnosis, and treatment of this condition. Discussion: Acute otitis media with facial nerve palsy can be a manifestation of Epstein-Barr virus primary infection. This etiology must be considered in all cases of facial nerve palsy secondary to acute otitis media, namely in those cases that lack signs of bacterial infection.<hr/>Resumo Introdução: A paralisia facial periférica é uma complicação rara da otite média aguda. Apesar de se assumir tipicamente uma origem bacteriana, numa proporção significativa dos casos não existem sinais clínicos ou laboratoriais indicativos de infeção bacteriana. Em alguns destes casos têm sido sugeridas etiologias víricas. Caso Clínico: Neste trabalho apresentamos um caso de paralisia facial periférica secundária a otite média aguda cuja causa foi atribuída a uma infeção pelo vírus Epstein-Barr numa criança de 3 anos. Procedemos, também, a uma revisão de casos semelhantes previamente publicados, focando-nos em aspetos relacionados com a apresentação clínica, diagnóstico e tratamento desta patologia. Discussão: A infeção primária pelo vírus Epstein-Barr pode manifestar-se como otite média aguda complicada com paralisia facial periférica. Esta etiologia deve ser considerada nestes casos de paralisia facial periférica secundária a otite média aguda, nomeadamente nos que não apresentam sinais de infeção bacteriana. <![CDATA[Obrigado aos Nossos Revisores em 2024]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-64992025000200218&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: Facial nerve palsy is a rare complication of acute otitis media. Despite most cases are assumed to have a bacterial origin, in a significant proportion of them there are no clinical or laboratorial signs indicative of bacterial infection. A viral etiology was proposed in some of these cases. Case summary: In this work we present a case of facial nerve palsy secondary to acute otitis media caused by Epstein-Barr virus infection in a 3-year-old boy and review the previously published cases on this subject, focusing on clinical presentation, diagnosis, and treatment of this condition. Discussion: Acute otitis media with facial nerve palsy can be a manifestation of Epstein-Barr virus primary infection. This etiology must be considered in all cases of facial nerve palsy secondary to acute otitis media, namely in those cases that lack signs of bacterial infection.<hr/>Resumo Introdução: A paralisia facial periférica é uma complicação rara da otite média aguda. Apesar de se assumir tipicamente uma origem bacteriana, numa proporção significativa dos casos não existem sinais clínicos ou laboratoriais indicativos de infeção bacteriana. Em alguns destes casos têm sido sugeridas etiologias víricas. Caso Clínico: Neste trabalho apresentamos um caso de paralisia facial periférica secundária a otite média aguda cuja causa foi atribuída a uma infeção pelo vírus Epstein-Barr numa criança de 3 anos. Procedemos, também, a uma revisão de casos semelhantes previamente publicados, focando-nos em aspetos relacionados com a apresentação clínica, diagnóstico e tratamento desta patologia. Discussão: A infeção primária pelo vírus Epstein-Barr pode manifestar-se como otite média aguda complicada com paralisia facial periférica. Esta etiologia deve ser considerada nestes casos de paralisia facial periférica secundária a otite média aguda, nomeadamente nos que não apresentam sinais de infeção bacteriana.