Scielo RSS <![CDATA[Finisterra - Revista Portuguesa de Geografia]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=0430-502720160001&lang=pt vol. num. 101 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <link>http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0430-50272016000100001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt</link> <description/> </item> <item> <title><![CDATA[<b>Futuro, Cidades e Território</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0430-50272016000100002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Neste texto procurámos reconstituir os conteúdos que nos pareceram mais relevantes de uma apresentação feita no âmbito das conferências do IGOT. A exposição viveu muito de um conjunto largo de imagens que não é possível, nem operativo, transpor para a versão escrita. Estruturámos a reflexão segundo quatro pontos, que se seguem a uma introdução em que afirmamos a “materialidade” do futuro, na qual podemos projetar as cidades, em coerência com o seu passado. A natureza da cidade tem um passado, um presente e um futuro. O primeiro ponto chama a atenção para a importância da ficção, nomeadamente a ficção científica para o ordenamento do território do futuro, dando-se particular relevância às orientações da ciberfiction. No segundo ponto “O futuro das cidades hoje”, abordam-se alguns caminhos da procura da cidade do futuro na atualidade e em diferentes latitudes e contextos socioterritoriais. Em “Os futuros sonhados dos pobres, dos escorraçados” chama-se a atenção para os sonhos de futuro que os mais deserdados, que fogem do presente, transportam consigo e procuram implantar no território, sempre que têm essa possibilidade. São valorizados exemplos do Portugal meridional, percecionado ao longo de séculos como terra de promissão. Segue-se um apontamento sobre cidade e utopia, dueto inseparável desde os primórdios de qualquer civilização urbana e que permanece vivo nos nossos dias em variados contextos políticos, sociais e geográficos. É aberta uma menção particular ao urbanismo de génese ilegal que ocorreu na europa do sul na segunda metade do século XX. Releva-se ainda a importância da revolução das novas tecnologias da informação, não só na construção da cidade do futuro, como no renascer de utopias. A concluir chamamos a atenção para a permanência do papel determinante da urbanização e das cidades na resolução de um grande número de problemas com que a Humanidade e cada indivíduo se vão confrontando: “O ar da cidade torna o homem livre”. Um planeta de cidades pode ajudar os humanos na senda da prosperidade e da felicidade.<hr/>In this text we seek to reconstitute the most relevant material from a presentation given at an IGOT conference. The exposition was comprised of a wide range of images, which is not possible to transpose into writing. The reflection presented in this paper is structured in four points, following the introduction which affirms the “materiality” of the future, enabling us to project the city consistent with its past. The nature of the city has a past, a present and a future. The first point draws attention to the importance of fiction, namely science fiction for territorial planning of the future, attributing particular relevance to cyber fiction. The second point, “The future of today's cities”, addresses several research paths of which departing from the present identify the city of the future across different latitudes and socio-spatial contexts. In the “The future dreamt by the poor, expelled” attention is given to the dreams of the future that the most disinherited, fleeing the present, carry with them and seek to territorially deploy, whenever they have the possibility. Examples are presented of southern Portugal, perceived for centuries as the promised land. Following this, a note is made on the city and utopia, an inseparable duet since the beginning of any urban civilization, which continues to remain alive in our time in diverse political, social and geographical contexts. This leads to a particular mention of the illegal origins of urbanization that occurred in southern Europe in the second half of the twentieth century. It further reveals the importance of the digital revolution, not only in building the city of the future, but for the rebirth of utopias. To conclude, we draw attention to the permanence of the key role of urbanization and cities in solving a number of problems that will be confronted by humanity and each individual: “The city air makes men free.” a planet of cities can help humans in the path toward prosperity and happiness.<hr/>On résume ici les aspects qui semblent les plus importants, parmi ceux qu'ont été présentés lors d'une conférence de l'IGOT. Celle-ci fut illustrée par de nombreuses images qu'il est impossible et non souhaitable de reproduire en version écrite. Notre réflexion a été construite en quatre points, succédant à une introduction affirmant la matérialité du futur que son passé projette sur la ville - toute ville ayant un passé, un présent et un futur. Le premier point rappelle l'importance de la fiction et surtout de la fiction scientifique ou de la cyber-fiction pour l'organisation future du territoire. Dans le deuxième point, « Le futur actuel des villes », on indique quelques voies de conception du futur urbain à partir des faits actuels - à différentes latitudes et en divers contextes socio-territoriaux. Dans « les futurs désirés par les pauvres et les abandonnés », on signale les rêves de futur que les plus déshérités, fuyant le présent, cherchent à implanter dès qu'ils le peuvent. Sont mis en valeur des exemples du Portugal méridional, qui a été ressenti au long des siècles comme une terre de promission. Vient ensuite une note sur la ville et l'utopie, un couple inséparable dès l'apparition de toute civilisation urbaine et qui demeure vivant de nos jours en divers contextes politiques, sociaux et géographiques. Mention particulière est faite à l'urbanisme de genèse illégale, présent dans le sud de l'Europe dans la seconde moitié du XXème siècle. On fait aussi remarquer l'importance de la révolution des nouvelles technologies informatiques, non seulement pour la construction de la ville du futur mais aussi pour la renaissance des utopies. En conclusion, on note le rôle déterminant qu'ont l'urbanisation et les villes, dans la résolution d'un grand nombre des problèmes avec lesquels tant l'Humanité que chacun des humains sont confrontés. « L'air de la ville libère ses habitants ». Une planète urbanisée pourrait bien mener les hommes sur la voie de la prospérité et du bonheur. <![CDATA[<b>Pensar em cidades habitáveis para o futuro</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0430-50272016000100003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Algunas reuniones organizadas por Naciones Unidas desde comienzos del milenio proporcionan un panorama de las ideas dominantes sobre la ciudad, y una buena descripción de los problemas que se plantean y las soluciones que se debaten. Eso permite reflexionar sobre los problemas de la ciudad actual y las perspectivas para el futuro. Existen grandes dificultades para el acuerdo respecto a la ciudad del presente y del futuro. Debemos expresar nuestras propias ideas sobre cómo concebimos la ciudad y como queremos que sea, formular esos deseos para el futuro, y estar dispuestos a debatirlos pública-mente. Pensar en la ciudad del futuro debe partir del reconocimiento de que el futuro depende de nosotros, y que debemos presentar alternativas en relación con nuestros deseos sobre la ciudad.<hr/>Algumas das reuniões organizadas pelas Nações Unidas desde os inícios do milénio proporcionam um panorama das ideias sobre a cidade, uma boa descrição dos problemas que se colocam e as soluções que se debatem. Tal permite reflectir sobre os problemas da cidade actual e as perspectivas para o futuro. Existem grandes dificuldades para um acordo a respeito da cidade do presente e do futuro. Devemos expressar as nossas ideias sobre como concebemos a cidade e como queremos que seja, formular esses desejos para o futuro, e estar dispostos a debatê-los publicamente. Pensar a cidade do futuro deve partir do reconhecimento de que o futuro depende de nós e devemos apresentar alternativas em relação aos nossos desejos sobre a cidade<hr/>Diverse meetings organized by the United Nations since the beginning of the millennium provide an overview of the dominant ideas about the city, a good description of the problems encountered and solutions discussed. This allows us to reflect on the problems of the modern city and on prospects for the future. We face great difficulties in relation to the city's present and future. We must express our own ideas on how we conceive the city and how we want it to be, to formulate these desires for the future, and to be willing to discuss them publicly. Thinking about the future of the city must start with the recognition that the future depends on us, and that we should present alternatives in relation to our wishes for the city<hr/>Diverses réunions, organisées par les Nations Unies depuis le début du présent millénaire, fournissent un panorama des idées dominantes concernant les villes et indiquent les problèmes posés et les solutions possibles. On peut ainsi réfléchir sur les problèmes de la ville actuelle et sur les perspectives futures, bien que l'accord soit fort difficile sur ces aspects. Nous devons donc exprimer nos propres idées sur ce que la ville est pour nous et sur ce que nous voudrions qu'elle soit, et formuler nos souhaits concernant l'avenir, en acceptant d'en débattre publiquement. Penser les villes futures implique d'accepter que ce futur dépende de nous-mêmes et que nous ayons donc le devoir de présenter les alternatives qui nous semblent souhaitables <![CDATA[<b>Planeamento territorial “fronético” y ética práctica</b>: <b>Encurtando as distâncias entre plano e poder (política)</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0430-50272016000100004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt La capacidad de planificar deriva de la voluntad de los planificadores y de su conceptualización del territorio, además de otros elementos del “entorno de decisión”. Algunos autores han puesto el acento en la “cultura de la planificación” (la vieja discusión sobre lo ideal -normativo - y lo posible - real - en la teoría de la planificación), pero esta vez como determinante de la “planificación de la conducta”, de la acción desde los tomadores de decisiones. Más específicamente identifican las “características del ambiente de decisión”: la estructura formal-legal, la estructura informal y las características del sistema de gobierno. Así, la planificación del territorio deriva del resultado del juego democrático (accountability, responsability y sustainability) entre los poderes presentes en el territorio. Por tanto debemos poner en relación la cultura de planificación como ethos colectivo, y las actitudes de los planificadores, con la propia función del Estado. El objetivo: facilitar una fluida relación entre gobierno, buen gobierno, gobernanza y gobernabilidad efectiva de los territorios. En el texto se pretende abordar esta circunstancia y orientar al lector para comprender y mejorar este proceso. Se recupera para ello el valor de la phronesis aristotélica, adaptada al contexto actual. En su primer apartado se presenta el cambio que en materia de planificación supone la teoría de la racionalidad deliberativa, y sus límites. En el segundo, tomando a Foucault como referencia, se introducen las relaciones de poder como crítica y respuesta a los planteamientos de Habermas. En el tercero se propone la frónesis como opción que aúne ambos planteamientos y sirva de base para una nueva planificación y gestión territorial, mediante una mejor consideración del territorio en la agenda política. Se concluye que se ha venido avanzando especialmente en la investigación en planificación fronética, una parte de la ecuación, pero no tanto en la más importante frónesis de la política (tomadores de decisiones). Ello reclama una reorientación del foco de atención que pase del estudio de los instrumentos y marco legal de la planificación territorial, al de los procesos mediante los que se toman las decisiones, al de los sistemas de evaluación y seguimiento (de impacto territorial), pero sobre todo al de la forma en que promover una nueva cultura territorial más vigilante (‘areté' aristotélica). Muchas de las innovaciones y pretendidos avances encuentran sus problemas no tanto en la definición de nuevos marcos legales e instrumentales sino en el hecho de que la población no los llega a comprender y, lo que es peor, no los comparte<hr/>A capacidade de planear resulta da vontade dos planeadores e da sua conceptualização do território e de outros elementos do “ambiente de decisão”. Alguns autores têm colocado ênfase na “cultura de planeamento” (o velho argumento sobre o ideal - normativo - e o possível - real - na teoria do planeamento), mas como determinante do “planeamento da conduta”, da acção dos decisores. Mais especificamente identificam as “características do ambiente de decisão”: estrutura formal-legal, estrutura informal e características do sistema de governo. Assim, o ordenamento do território deriva do resultado do jogo democrático (accountability, responsibility, sustainability) entre os poderes presentes no território. Portanto, devemos relacionar a cultura de planeamento com o ethos coletivo e as atitudes dos planeadores com a própria função do Estado. O objetivo: facilitar um bom relacionamento entre o governo, boa governação, governança e governabilidade efetiva dos territórios. O texto aborda esta circunstância e procura orientar o leitor para compreender e melhorar este processo. Recupera-se o valor da phronesis aristotélica, adaptada ao contexto actual. Na primeira secção é apresentada a mudança no planeamento que envolve a teoria da racionalidade deliberativa e seus limites. Na segunda, tendo Foucault como referência são introduzidas as relações de poder enquanto crítica e resposta às abordagens de Habermas. Na terceira propõe-se a phronesis como uma opção que combina as duas abordagens e forma a base para um novo planeamento e gestão territorial, através de uma melhor consideração do território na agenda política. Conclui-se que se tem progredido especialmente na investigação sobre o planeamento “fronético”, uma parte da equação, mas não na mais importante phronesis da política (decisores). Isto exige uma mudança de enfoque que ultrapasse o estudo de instrumentos e enquadramento jurídico do ordenamento do território para o processo pelo qual as decisões são tomadas, o sistema de avaliação e monitorização (impacto territorial), mas especialmente em como promover uma nova cultura territorial mais vigilante (‘areté' aristotélica). Muitas das inovações e pretensos desenvolvimentos encontram problemas não tanto na definição de novos enquadramentos legais e instrumentos, mas no fato de que as pessoas não os compreendem e, o que é pior, não os partilha<hr/>Plan capacity derives from the will of planners and their conceptualization of the territory, as well as other elements of the “decision environment”. Some authors have emphasized the “planning culture” (the old discussion on the ideal - normative - and possible - real - on the theory of planning), but as a determinant of “conduct planning”, that is, the action of decision makers. More specifically identifying the “environment decision conditions”: formal-legal structure, the informal structure and the characteristics of the system of government. Thus, spatial planning derives from the outcome of the democratic game (accountability, responsibility and sustainability) between the powers on the ground. We must therefore relate the culture of planning as a collective ethos, and the attitudes of planners, with the State's own role. The goal is to: facilitate a fluid relationship between government, good governance, governance and effective governance of the territories. The paper seeks to address this issue and to provide the reader with orientations to understand and improve this process. It recovers the value of the Aristotelian phronesis, adapted to the current context. The first section deals with the changes that deliberative rationality, and its limits, represent to planning theory. In the second section, taking Foucault as a reference, power relations as criticism and response to Habermas' approaches are introduced. The third proposes the phronesis as an option that combines both approaches, and serves as a basis for new planning and territorial management, through a better consideration of the territory on the political agenda. It is concluded that progress has been made especially in Phronetic Planning Research, a part of the equation, but not so much in the most important part, that of phronetic politics (decision makers). This calls for a reorientation of the focus from the study of instruments and the legal framework for territorial planning, to the processes by which decisions are made, to the systems of monitoring and evaluation (of territorial impact), but above all to the way that they promote a new more vigilant territorial culture (Aristotelian ‘areté '). The problem with many of the innovations and supposed advances is not so much in the definition of new legal and instrumental frameworks but with the fact that the population does not understand them and, worse, does not share them<hr/>La capacité d'aménager résulte de la volonté des aménageurs, de leur conceptualisation du territoire et d'éléments de l' «environment de décisions». Plusieurs auteurs ont souligné l'influence de la “culture de l'aménagement”, c'est à dire du vieil argument entre l'idéal - normatif - et le possible - réel - sur l'action des décideurs. L'objectif du présent texte est, d'une part, d'orienter le lecteur dans la compréhension des rapports entre la “culture de l'aménagement” et le ethos collectif et, d'autre part, de contribuer à l'amélioration des relations entre le gouvernement, la bonne gouvernance et la gouvernabilité effective des territoires. On récupère la valeur de la phronesis aristotélique, adaptée au contexte actuel. On commence par présenter le changement de l'aménagement qui prend en compte la théorie délibérative et ses limites (section 1). Ensuite, en ayant Foucault comme référence, on introduit les relations de pouvoir en tant que critique et réponse à l'approche de Habermas (section 2). Dans la section 3, on propose la phronesis comme une option qui combine les deux approches et sert de base à de nouveaux aménagements et à la gestion du territoire, grâce à une plus efficace considération du territoire dans l'agenda politique. Pour conclure, on constate des progrès sur la recherche de l'aménagement “fronétique” (ce qui ne constitue qu'une partie du problème), mais pas beaucoup d'améliorations en relation à la plus importante phronesis de la politique (décideurs), qui exigerait un changement d'approche. Celle-ci devrait dépasser l'étude des instruments et du cadre juridique de l'aménagement du territoire pour tenir compte des processus à travers lesquels les décisions sont prises, du système d'évaluation et de contrôle (impact territorial) et surtout de la promotion d'une culture territoriale plus vigilante (‘areté' aristotélique). Beaucoup d'innovations et de soi-disant développements sont difficiles à appliquer, non pas en raison de problèmes de définition de nouveaux cadres légaux et d'instruments, mais parce que les gens ne les comprennent pas et, pire, ne les partagent pas <![CDATA[<b>David Harvey</b>: <b>Lugares e encontros</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0430-50272016000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A importância da obra de David Harvey na história do pensamento geográfico e das ciências sociais é inestimável. Invariavelmente rotulado de Marxista ou mesmo pós-marxista, preocupado com a justiça espacial sobretudo no contexto urbano, o seu pensamento/trabalho dialético tem resultado em ideias e conceitos fundamentais para o desenvolvimento da Geografia e das Ciências Sociais e tem inspirado diversas gerações de académicos e intelectuais. O objetivo deste artigo é o de fornecer uma panorâmica sobre o trabalho deste geógrafo que cruzou diversos paradigmas na Geografia, identificando os momentos e lugares específicos das mudanças paradigmáticas, reconhecendo a importância de aspetos biográficos e das práticas sociais e institucionais nas práticas científicas e na produção intelectual. Esboça-se ainda a importância do seu legado científico através de uma análise preliminar da orientação de doutoramentos que Harvey conduziu nos últimos 45 anos.<hr/>The importance of David Harvey's work in the History of Geographical Thought and of Social Sciences is invaluable. Invariably labelled as Marxist or even Post-Marxist, concerned with spatial justice especially in an urban context, his dialectical thinking/work has resulted in fundamental ideas and concepts for the development of Geography and the Social Sciences and has inspired several generations of intellectuals. The aim of this article is to present a panoramic view over the work of this geographer, identifying the very specific moments and places of paradigm change, recognising the importance of biographic details and social and institutional practices on scientific practices and intellectual production. An outline of the importance of his scientific legacy is also provided through a look at the doctoral supervision Harvey has conducted in the last 45 years<hr/>L'œuvre de David Harvey a une importance inestimable dans l'histoire de la pensée géographique et des sciences sociales. Ayant toujours été considérée comme marxiste ou postmarxiste et soucieuse de justice spatiale dans un cadre urbain, sa pensée et son œuvre dialectiques ont donné lieu à des idées et à des concepts fondamentaux pour le développement de la Géographie et des Sciences sociales et ont inspiré plus d'une génération d'intellectuels. Cet article présente l'ensemble de l'œuvre d'un géographe qui a entrecroisé divers paradigmes, en identifiant les temps et lieux d'occurrence des modifications paradigmatiques ; et qui a reconnu l'importance des aspects biographiques et des pratiques sociales et institutionnelles dans la recherche scientifique et la production intellectuelle. On suggère encore l'importance de son legs scientifique, par une analyse préliminaire des doctorats qu'il a dirigés au cours des 45 dernières années <![CDATA[<b>Os sistemas comerciais urbanos em tempos de turbulência</b>: <b>vulnerabilidades e níveis de resiliência</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0430-50272016000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A mudança sempre moldou os sistemas comerciais, mas nas últimas décadas a aceleração do seu ritmo fez com que, em muitas cidades, estes entrassem em desequilíbrio e deixassem de responder com eficiência às necessidades de abastecimento dos diferentes grupos de consumidores. Partindo do pressuposto que o comércio é um elemento vital à sustentabilidade urbana e que o planeamento pode contribuir para o seu desenvolvimento mais eficiente, neste artigo apresenta-se o quadro conceptual e metodológico do Projeto REPLACIS para avaliar as vulnerabilidades e os níveis de resiliência dos sistemas comerciais urbanos. Assim, o artigo comporta duas partes. Na primeira faz-se uma análise das principais mudanças sofridas pelo comércio na cidade nas últimas décadas e discute-se o conceito de resiliência tendo em vista a sua aplicação aos sistemas comerciais. Na segunda apresenta-se o quadro conceptual e metodológico usado no projeto. Encerra-se com umas breves notas finais sobre as potencialidades e limitações do modelo, enquanto ferramenta para a avaliação da vitalidade dos sistemas comerciais na perspetiva da sustentabilidade e da resiliência urbanas.<hr/>Change has always been a significant attribute of urban retail systems. However, in recent decades, not only has the pace of these changes been dramatically intensified but also their scope has broadened significantly, engendering large imbalances in the structure and spatial organization of urban retail systems. Often, these changes not only challenge the vitality and the economic viability of the retail systems but also jeopardize the sustainability of cities. Departing from the assumption that retailing as a key element of urban sustainability, and that planning policies can contribute to its efficient development, this article focuses on the presentation of the conceptual and methodological framework used in the REPLACIS Project to assess the vulnerabilities and the resilience levels of urban retail systems. Thus, the paper comprises two parts. The first is focused on the major changes that urban retailing has undergone and on the discussion of the concept of resilience applied to retail systems. The second presents the analytical dimensions of the conceptual and methodological framework. The article ends with a brief reflection on the strengths and limitations of the model as a tool for the assessment of the vitality and viability of retail systems from the perspective of urban resilience.<hr/>Tout changement affecte les systèmes commerciaux, mais l'accélération de leur rythme au cours des dernières décennies a fait que ces systèmes entrent en déséquilibre e cessent de répondre efficacement aux nécessités d'approvisionnement des divers groupes de consommateurs. En admettant que le commerce soit un élément vital de la durabilité urbaine et que la planification puisse contribuer à un développement plus efficace, on présente le cadre conceptuel et méthodologique utilisé par le Projet REPLACIS pour évaluer les vulnérabilités et les niveaux de résilience des systèmes commerciaux urbains. Dans la première partie de l'article, on analyse les principaux changements ayant affecté le commerce urbain au cours des dernières décennies et on discute l'application possible du concept de résilience aux systèmes commerciaux. Dans la seconde partie, on présente le cadre conceptuel et méthodologique utilisé dans ce Projet. De brèves notes finales indiquent les potentialités et les limites du modèle utilisé pour évaluer la vitalité des systèmes commerciaux, dans une perspective de durabilité et de résilience urbaines. <![CDATA[<b>Centros comerciais e tendências neoliberais nas cidades da Europa do sul</b>: <b>desafios pós-metropolitanos para o planeamento urbano</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0430-50272016000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Whilst shopping malls have been explored at length by critical urban studies, there has been little exploration of their role in restructuring the practice of urban and spatial planning. This article uses the shopping mall as an object of study in the light of the neoliberal trends and post-metropolisation in Southern Europe, with the aim of exploring challenges for urban governance and planning practice and with a focus on the role of the ongoing economic crisis. A threefold exploratory framework - the ‘lost-in-time scenario', the ‘messianic mall model' and the ‘(im)mature planning explanation' - is used to make sense of the local versions of shopping mall development in Lisbon (Portugal) and Palermo (Southern Italy). According to findings, we highlight the clash between the multi-scalar nature of shopping malls and the dominance of the municipal scale in regulatory planning frameworks, and the risk that shopping mall development (at least in Southern Europe) may replicate uneven development patterns, reproducing the pre-conditions of the crisis without helping to overcome it.<hr/>Embora os centros comerciais tenham sido estudados a fundo nos estudos críticos urbanos, poucas análises existem sobre o seu papel na restruturação da prática do ordenamento do território e do planeamento urbano. Este artigo utiliza os centros comerciais como objeto de estudo, com o objetivo de explorar os desafios para a governança urbana e o planeamento urbano em tempos de tendências neoliberais e pós-metropolitização na europa do sul, questionando, ao mesmo tempo, o papel da atual crise económica. Com o objetivo de melhor compreender as versões locais do sucesso dos centros comerciais em Lisboa (Portugal) e Palermo (Itália do sul), utilizamos um quadro teórico composto por três componentes: ‘lost-in-time scenario' (padrões temporais de desenvolvimento económico), ‘messianic mall model' (questões socioculturais) e ‘(im)mature planning explanation' (culturas de ordenamento). De acordo com as evidências, realçamos o conflito entre o cariz multi-escalar dos centros comerciais e a dominância da escala municipal nos sistemas de ordenamento territorial; e o perigo que o êxito dos centros comerciais (pelo menos na europa do sul) possa replicar padrões de desenvolvimento desigual e, de consequência, reproduzir as pre-condições da crise sem contribuir à recuperação.<hr/>Bien que les Centres commerciaux aient été étudiés à fond critiquement, il existe peu d'analyses traitant du rôle qu'ils peuvent avoir dans la rénovation de la planification territoriale. Les Centres commerciaux sont ici considérés comme des instruments permettant de comprendre les défis posés, en Europe du sud, par la gestion et la planification urbaines, en des temps de tendance néolibérale et post-métropolitaine et en considérant aussi le rôle de la crise économique actuelle. Pour tenter de mieux comprendre les versions locales du succès des Centres commerciaux, tant à Lisbonne qu'à Palerme, on a utilisé un cadre théorique à trois composantes : les types de développement économique se succédant dans le temps, les aspects sociaux-culturels et les types de planification. Ce qui a permis de montrer le conflit existant entre l'aspect multi-scalaire des Centres commerciaux et la dominance de l'échelle municipale dans la planification territoriale. Le succès des Centres commerciaux pourrait ainsi, du moins dans l'Europe du sud, faire renaitre des types de développement inégalitaires, en reproduisant les conditions antérieures à la crise, au lieu de contribuer à la récupération de celle-ci. <![CDATA[<b>Passado, presente e futuro das serras do norte de Portugal</b>: <b>duas análises geográficas</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0430-50272016000100008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Whilst shopping malls have been explored at length by critical urban studies, there has been little exploration of their role in restructuring the practice of urban and spatial planning. This article uses the shopping mall as an object of study in the light of the neoliberal trends and post-metropolisation in Southern Europe, with the aim of exploring challenges for urban governance and planning practice and with a focus on the role of the ongoing economic crisis. A threefold exploratory framework - the ‘lost-in-time scenario', the ‘messianic mall model' and the ‘(im)mature planning explanation' - is used to make sense of the local versions of shopping mall development in Lisbon (Portugal) and Palermo (Southern Italy). According to findings, we highlight the clash between the multi-scalar nature of shopping malls and the dominance of the municipal scale in regulatory planning frameworks, and the risk that shopping mall development (at least in Southern Europe) may replicate uneven development patterns, reproducing the pre-conditions of the crisis without helping to overcome it.<hr/>Embora os centros comerciais tenham sido estudados a fundo nos estudos críticos urbanos, poucas análises existem sobre o seu papel na restruturação da prática do ordenamento do território e do planeamento urbano. Este artigo utiliza os centros comerciais como objeto de estudo, com o objetivo de explorar os desafios para a governança urbana e o planeamento urbano em tempos de tendências neoliberais e pós-metropolitização na europa do sul, questionando, ao mesmo tempo, o papel da atual crise económica. Com o objetivo de melhor compreender as versões locais do sucesso dos centros comerciais em Lisboa (Portugal) e Palermo (Itália do sul), utilizamos um quadro teórico composto por três componentes: ‘lost-in-time scenario' (padrões temporais de desenvolvimento económico), ‘messianic mall model' (questões socioculturais) e ‘(im)mature planning explanation' (culturas de ordenamento). De acordo com as evidências, realçamos o conflito entre o cariz multi-escalar dos centros comerciais e a dominância da escala municipal nos sistemas de ordenamento territorial; e o perigo que o êxito dos centros comerciais (pelo menos na europa do sul) possa replicar padrões de desenvolvimento desigual e, de consequência, reproduzir as pre-condições da crise sem contribuir à recuperação.<hr/>Bien que les Centres commerciaux aient été étudiés à fond critiquement, il existe peu d'analyses traitant du rôle qu'ils peuvent avoir dans la rénovation de la planification territoriale. Les Centres commerciaux sont ici considérés comme des instruments permettant de comprendre les défis posés, en Europe du sud, par la gestion et la planification urbaines, en des temps de tendance néolibérale et post-métropolitaine et en considérant aussi le rôle de la crise économique actuelle. Pour tenter de mieux comprendre les versions locales du succès des Centres commerciaux, tant à Lisbonne qu'à Palerme, on a utilisé un cadre théorique à trois composantes : les types de développement économique se succédant dans le temps, les aspects sociaux-culturels et les types de planification. Ce qui a permis de montrer le conflit existant entre l'aspect multi-scalaire des Centres commerciaux et la dominance de l'échelle municipale dans la planification territoriale. Le succès des Centres commerciaux pourrait ainsi, du moins dans l'Europe du sud, faire renaitre des types de développement inégalitaires, en reproduisant les conditions antérieures à la crise, au lieu de contribuer à la récupération de celle-ci. <![CDATA[<b>Cidade, sociedade e futuro</b>: <b>um comentário a Gaspar e Capel</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0430-50272016000100009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Na VII Conferência Anual do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT)i discutiu-se o tema do planeamento de cidades habitáveis no século XXI, de que resultaram dois artigos, que se publicam neste número da Finisterra - Revista Portuguesa de Geografia, da autoria de Jorge Gaspar e de Horacio Capel, sobre o futuro das cidades. este comentário sublinha os principais contributos destes dois textos para uma agenda de investigação geográfica alternativa das cidades e do desenvolvimento urbano.<hr/>The VII Annual Conference of the Institute of Geography and Spatial Planning (IGOT) discussed the topic of planning livable cities in the twenty-first century, from which two articles were prepared by Jorge Gaspar and Horacio Capel to be published in this issue of Finisterra - Revista Portuguesa de Geografia. This commentary highlights the main contributions of these two articles for a research agenda on future of cities, exploring some avenues for an alternative geographic research of cities and urban development.<hr/>Le thème d'une efficace planification urbaine au cours du XXème siècle a été discuté lors de la VIIème Conférence Annuelle de L'institut de Géographie et de Planification du Territoire (IGOT). Il en est résulté deux articles, publiés dans le présent numéro de Finisterra. On souligne ici les principales contributions des deux textes à l'établissement d'un agenda de recherche géographique alternative, portant sur les villes et sur le développement urbain. <![CDATA[<b>Ed Soja, winner of the Vautrin-Lud International Prize 2015</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0430-50272016000100010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Na VII Conferência Anual do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT)i discutiu-se o tema do planeamento de cidades habitáveis no século XXI, de que resultaram dois artigos, que se publicam neste número da Finisterra - Revista Portuguesa de Geografia, da autoria de Jorge Gaspar e de Horacio Capel, sobre o futuro das cidades. este comentário sublinha os principais contributos destes dois textos para uma agenda de investigação geográfica alternativa das cidades e do desenvolvimento urbano.<hr/>The VII Annual Conference of the Institute of Geography and Spatial Planning (IGOT) discussed the topic of planning livable cities in the twenty-first century, from which two articles were prepared by Jorge Gaspar and Horacio Capel to be published in this issue of Finisterra - Revista Portuguesa de Geografia. This commentary highlights the main contributions of these two articles for a research agenda on future of cities, exploring some avenues for an alternative geographic research of cities and urban development.<hr/>Le thème d'une efficace planification urbaine au cours du XXème siècle a été discuté lors de la VIIème Conférence Annuelle de L'institut de Géographie et de Planification du Territoire (IGOT). Il en est résulté deux articles, publiés dans le présent numéro de Finisterra. On souligne ici les principales contributions des deux textes à l'établissement d'un agenda de recherche géographique alternative, portant sur les villes et sur le développement urbain. <![CDATA[<b>Capitalismo global e processos de regeneração urbana</b>: <b>homenagem a Neil Smith comentário sobre o colóquio internacional</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0430-50272016000100011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Na VII Conferência Anual do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT)i discutiu-se o tema do planeamento de cidades habitáveis no século XXI, de que resultaram dois artigos, que se publicam neste número da Finisterra - Revista Portuguesa de Geografia, da autoria de Jorge Gaspar e de Horacio Capel, sobre o futuro das cidades. este comentário sublinha os principais contributos destes dois textos para uma agenda de investigação geográfica alternativa das cidades e do desenvolvimento urbano.<hr/>The VII Annual Conference of the Institute of Geography and Spatial Planning (IGOT) discussed the topic of planning livable cities in the twenty-first century, from which two articles were prepared by Jorge Gaspar and Horacio Capel to be published in this issue of Finisterra - Revista Portuguesa de Geografia. This commentary highlights the main contributions of these two articles for a research agenda on future of cities, exploring some avenues for an alternative geographic research of cities and urban development.<hr/>Le thème d'une efficace planification urbaine au cours du XXème siècle a été discuté lors de la VIIème Conférence Annuelle de L'institut de Géographie et de Planification du Territoire (IGOT). Il en est résulté deux articles, publiés dans le présent numéro de Finisterra. On souligne ici les principales contributions des deux textes à l'établissement d'un agenda de recherche géographique alternative, portant sur les villes et sur le développement urbain.