Scielo RSS <![CDATA[Revista Portuguesa de Imunoalergologia]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=0871-972120210001&lang=pt vol. 29 num. 1 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[Honrar o passado, olhar para o futuro]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212021000100011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[Controlo da doença alérgica em indivíduos sob tratamento com imunoterapia com alergénios subcutânea]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212021000100013&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Fundamento: Medir o controlo da doença alérgica é fundamental na avaliação dos resultados da imunoterapia com alergénios (ITA). Objetivo: Descrever o controlo da doença alérgica (asma, rinite, conjuntivite) em doentes sob ITA subcutânea (ITSC). Métodos: Estudo descritivo, incluindo todos os indivíduos com &gt;12 anos sob ITSC entre 03/2017 e 06/2019 nas unidades de Imunoalergologia da CUF‑Porto que responderam a ≥1 questionário de avaliação prévia à administração de ITSC em uso nas unidades; analisou‑se apenas o questionário mais recente de cada indivíduo. O questionário incluiu uma escala visual analógica (EVA) de sintomas oculares (0, mínimo, a 10 cm, máximo) e o CARAT. O controlo da asma e rinite foi definido como CARAT total (CARATT)&gt;24; o controlo das vias aéreas superiores (VAS) e inferiores (VAI) baseou‑se nas pontuações parciais (CARATVAS&gt;8 e CARATVAI≥16, respetivamente). Resultados: Incluiram‑se 209 indivíduos, 96 (46%) do sexo feminino e 62 (30%) com &lt;18 anos. Todos tinham rinite e 32% (n=67) tinham asma. 34% estavam no primeiro ano da ITSC e 40% no terceiro ou mais. A pontuação média (desvio-padrão) do CARATT foi de 24,6(4,2), com 57% (n=119) dos indivíduos controlados. 75% (n=50) dos doentes com asma apresentavam controlo das VAI, mas apenas 47% (n=98) tinham a rinite controlada. As pontuações do CARATT e CARATVAS não se correlacionaram significativamente com a duração da ITSC (r=0,082 e - 0,011, respetivamente). A pontuação do CARATVAI apresentou uma correlação significativa positiva com a duração do tratamento (r=0,203). A pontuação mediana (intervalo interquartil) da EVA de sintomas oculares foi de 0,3(0,8) cm; 79% tiveram pontuação &lt;1 cm. Conclusões: Cerca de 60% dos doentes apresentaram controlo da doença alérgica respiratória, mas apenas 47% tinham a rinite controlada. Apesar da proporção de controlo ser superior às publicadas na literatura para doentes alérgicos, são necessários outros estudos de vida real para reforçar a evidência de efetividade da imunoterapia com alergénios.<hr/>ABSTRACT Background: Measuring the control of allergic diseases is crucial to assess the outcomes of subcutaneous allergen immunotherapy (SCIT). Objective: To describe the control of allergic diseases (asthma, rhinitis, conjunctivitis) in patients treated with SCIT. Methods: A descriptive study was carried out of all patients aged &gt;12 years under SCIT between March 2017 and June 2019 at the allergy units of CUF‑Porto and who answered ≥1 evaluation questionnaire prior to SCIT administration (the most recent assessment of each individual was analysed). The questionnaire included CARAT and a visual analogue scale (VAS) for eye symptoms (from 0 - minimum - to 10 cm - maximum). Control of asthma and rhinitis was defined as CARAT total (T) score&gt;24; the control of upper (U) and lower (L) airways was based on CARAT sub‑scores (CARAT U &gt;8 and CARAT L ≥16, respectively). Results: We included 209 patients, 96 (46%) female and 62 (30%) aged &lt;18 years. All patients had rhinitis and 32% (n=67) had asthma. 34% of patients were in the first year of SCIT and 40% were in the third or more. CARAT mean score (standard deviation) was 24.6(4.2), with 57% (n=119) controlled patients. 75% (n=50) of those with asthma had controlled lower airways symptoms but only 47% (n=98) had controlled upper airways symptoms. CARAT T and CARAT U scores were not significantly correlated with the duration of SCIT (r=0.082 and - 0.011, respectively), however, CARAT L presented a positive correlation (r=0.203). The median score (interquartile range) for ocular symptoms VAS was 0.3(0.8) cm; 79% of patients scored &lt;1 cm. Conclusion: Almost 60% of the patients assessed by CARAT showed control of respiratory allergic disease, but only 47% had controlled rhinitis. Although we observed a higher proportion of controlled patients than published in other settings, further real‑life studies are needed to strengthen evidence of SCIT effectiveness. <![CDATA[Terapêutica biológica da asma grave em crianças e adolescentes]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212021000100028&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO A asma é a doença inflamatória crónica mais comum na idade pediátrica. Entre as crianças e adolescentes com asma, cerca de 4,5% apresentam asma grave. Nos últimos anos foram aprovados alguns anticorpos monoclonais para o tratamento da asma grave na idade pediátrica. Atualmente, os biológicos comercializados em Portugal para o tratamento da asma grave pediátrica são o omalizumab (anti‑IgE, aprovado para crianças e adolescentes a partir dos 6 anos), o mepolizumab (anti‑IL5, também a partir dos 6 anos) e o dupilumab (anti‑IL4/IL‑13, a partir dos 12 anos). Todos os biológicos atualmente disponíveis são dirigidos a moléculas envolvidas na inflamação de tipo Th2, o tipo de inflamação mais frequente em asmáticos destas faixas etárias. Este artigo tem como objetivo rever a informação existente sobre as terapêuticas biológicas atualmente disponíveis ou em desenvolvimento para o tratamento da asma grave em idade pediátrica.<hr/>ABSTRACT Asthma is the most common chronic inflammatory disease in pediatric ages. Among the children and adolescents with asthma, it is estimated that 4.5% present with severe asthma. Recently, several monoclonal antibodies were approved for the treatment of severe asthma in pediatric patients. Currently, the biologics approved for use in Portugal for the treatment of pediatric severe asthma are: omalizumab (anti‑IgE, approved for children and adolescents aged 6 years and over), mepolizumab (anti‑IL‑5, also for patients 6 years and older), and dupilumab (anti‑IL4/IL‑13, for patients aged 12 years and over). All the currently available biologics target molecules involved in Th2 inflammation, the most frequent type of inflammation in pediatric asthma patients. We here review the evidence on the biologics currently approved or under development for the treatment of pediatric severe asthma. <![CDATA[Qualidade de vida em crianças e adolescentes com dermatite atópica e seus cuidadores]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212021000100038&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Introdução: A dermatite atópica (DA) é uma doença inflamatória crônica e a avaliação da qualidade de vida e da gravidade da doença é importante para auxiliar a abordagem clínica e a terapêutica. Objetivo: Avaliar o impacto na qualidade de vida da DA em crianças e adolescentes e seus cuidadores e correlacionar com a gravidade da doença. Materiais e métodos: Estudo transversal, com avaliação de características sócio-demográficas e aplicação de questionários nos cuidadores e pacientes pediátricos com DA consultados entre março a maio de 2018, em ambulatório de dermatologia. A gravidade foi avaliada conforme o Scoring Atopic Dermatitis (SCORAD) e classificada como leve, moderada ou grave. O Dermatitis Family Impact Questionnaire (DFI) e o Children's Dermatology Life Quality Index (CDLQI) foram utilizados para avaliação da qualidade de vida. Resultados: Foram avaliados 34 pacientes com DA entre 4 e 15 anos. A média do SCORAD foi 29,14 (DP ± 14,85) sendo 32% leve, 44% moderada e 24% grave. A média do CDLQI foi 7,32 (DP ± 5,91) e do DFI de 12,62 (DP ± 7,34). O domínio mais comprometido no DFI foi o impacto global na vida do cuidador, seguido pelas despesas com tratamento. Na avaliação do CDLQI, os itens com os piores índices foram o prurido e alteração do sono. Observou-se diferença significativa na qualidade de vida dos pacientes (p = 0,01) e cuidadores (p = 0,005) entre os pacientes com DA leve e grave, que não foi encontrada entre aqueles com DA leve e moderada e entre moderada e grave. Os índices de qualidade de vida dos cuidadores (ρ = 0,62; p &lt; 0,0001) e dos pacientes (ρ = 0,53; p = 0,001) mostraram uma correlação positiva e moderada com o SCORAD e entre si (ρ = 0,64; p &lt; 0,0001). Conclusão: A DA interfere negativamente na qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares, sendo os piores índices relacionados à maior gravidade da doença.<hr/>ABSTRACT Introduction: Atopic dermatitis (AD) is a chronic inflammatory disease and the assessment of the quality of life and the severity of the disease is important to help the clinical and therapeutic approach. Objective: To assess the impact of AD on the quality of life of patients and caregivers and correlate with the severity of the disease. Material and Methods: Cross-sectional study, with assessment of socio-demographic characteristics and application of questionnaires in caregivers and pediatric patients with AD observed between March and May 2018, in a dermatology clinic. Severity was assessed according to the Scoring Atopic Dermatitis (SCORAD) and classified as mild, moderate or severe. The Dermatitis Family Impact Questionnaire (DFI) and the Children`s Dermatology Life Quality Index (CDLQI) were used to assess quality of life. Results: Thirty-four patients with AD between 4 and 15 years old were evaluated. The SCORAD mean was 29.14 (SD ± 14.85), 32% mild, 44% moderate and 24% severe. The CDLQI mean was 7.32 (SD ± 5.91) and the DFI was 12.62 (SD ± 7.34). The most compromised domain in the DFI was the global impact on the caregiver´s life, followed by treatment expenses. In the CDLQI evaluation, the items with the worst indexes were itching and sleep disorders. There was a significant difference in the quality of life of patients (p = 0.01) and caregivers (p = 0.005) between patients with mild and severe AD, which was not found between moderate and severe AD. The quality of life indexes of caregivers (ρ = 0.62; p &lt;0.0001) and patients (ρ= 0.53; p = 0.001) showed a positive and moderate correlation with SCORAD and with each other (ρ = 0.64; p &lt; 0.0001). Conclusion: AD interferes negatively in the quality of life of patients and their families, with the worst rates related to the greater severity of the disease. <![CDATA[Síndrome alfa-gal: Dois casos clínicos]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212021000100049&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Introdução: Os casos descritos de alergia a carnes vermelhas têm vindo a aumentar e estão relacionados com a sensibilização à galactose‑α‑1,3 galactose (alfa‑gal). Casos clínicos: Os autores descrevem dois casos de alergia a carnes vermelhas por sensibilização a alfa‑gal. Caso A: Sexo masculino, 47 anos, antecedentes de atopia, com vários episódios de urticária generalizada e angioedema do lábio entre 30 minutos a 6 horas após ingestão de carnes vermelhas. Os testes cutâneos foram positivos para carnes vermelhas e as IgE específicas positivas para carne de porco, vaca e alfa‑gal. Caso B: Sexo masculino, 42 anos, sem antecedentes de atopia, com urticária generalizada e sensação de edema da orofaringe 6 horas após ingestão de carne de porco (&gt; 10 episódios). Os testes cutâneos foram positivos para carne de porco e as IgE específicas positivas para carne de porco, vaca e alfa‑gal. Após evicção de carnes vermelhas nenhum doente voltou a apresentar sintomas.<hr/>ABSTRACT Background: Hypersensitivity to red meat has been increasing and is related to sensitization to galactose‑α‑1, 3‑galactose (alpha‑gal). Case reports: The authors describe 2 cases of red meat allergy due to alpha‑gal sensitization. Case A: 47‑year‑old atopic male, with several episodes of generalized urticaria and lip angioedema, 30 minutes to 6 hours after ingestion of red meat. Skin tests were positive to red meat and specific IgE positive for pork, beef and alpha‑gal. Case B: 42‑year old male without any atopic disease, with generalized urticaria and oropharyngeal tightening 6h after pork ingestion (&gt; 10 episodes). Skin tests were positive to pork and specific IgE assay positive for pork, beef and alpha‑gal. After red meat avoidance, no other manifestations were reported. <![CDATA[Reação de hipersensibilidade a colírios midriáticos: Um caso clínico]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212021000100055&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO O uso crescente de medicação ocular levou ao aparecimento de um maior número de reações de hipersensibilidade (RH) associadas à mesma. Estas são, na sua maioria, RH tipo IV e, mais raramente, imediatas. Os agentes envolvidos são diversos, desde substâncias ativas dos colírios midriáticos (CM), a substâncias inativas (conservantes). Apresenta‑se o caso clínico de um doente com suspeita de RH imediata e não imediata a medicação ocular tópica (tropicamida 10mg/ml, fenilefrina 100mg/ml e ciclopentolato 10mg/ml), cuja investigação incluiu realização de testes cutâneos por picada (TCP) e testes epicutâneos (TE) com os fármacos referidos. Os TCP foram positivos para ciclopentolato no imediato e para fenilefrina às 48 e 96 horas. Os TE foram positivos às 48 e 96 horas para fenilefrina. De acordo com estes resultados, assumiu‑se RH a fenilefrina e ciclopentolato, sendo realizada prova de provocação ocular (PPO) com tropicamida, que o doente tolerou.<hr/>ABSTRACT The increasing use of ophthalmic medication has led to the emergence of a greater number of hypersensitivity reactions (HR) associated with it. These are mostly type IV HR and, rarely, immediate. The agents involved are diverse, from active substances such as mydriatic eye drops (CM) to inactive substances (preservatives). We report the case of a patient with suspected immediate and non‑immediate HR to ophthalmic medication (tropicamide 10mg/ml, phenylephrine 100mg/ml and cyclopentolate 10mg/ml), whose investigation included skin prick tests (SPT) and patch tests (PT) with the mentioned drugs. SPT were positive for cyclopentolate, with immediate reaction, and for phenylephrine at 48 and 96 hours. The PT were positive at 48 and 96 hours for phenylephrine. According to these results, we assumed allergy to phenylephrine and cyclopentolate and an ocular provocation test was performed with tropicamide which was tolerated by the patient.