Scielo RSS <![CDATA[Revista Portuguesa de Imunoalergologia]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=0871-972120230003&lang=en vol. 31 num. 3 lang. en <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[Alergia a Fármacos - Breves tópicos de uma enorme aventura]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212023000300191&lng=en&nrm=iso&tlng=en <![CDATA[Fixed drug eruption due to non steroidal anti-inflammatory drugs: From pathophysiology to diagnostic workup]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212023000300193&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO O eritema pigmentado fixo (EPF) é uma reação de hipersensibilidade a fármacos, representando cerca de 22% das reações cutâneas descritas. Encontra-se frequentemente associado a fármacos, em particular os anti-inflamatórios não esteróides (AINE). Caracteriza-se pelo aparecimento de lesões maculares violáceas ou lesões bolhosas, que surgem entre dois dias a uma semana após a exposição inicial ao fármaco, resolvem com hiperpigmentação residual e reaparecem em caso de reexposição. As lesões resultam de uma manifestação de hipersensibilidade tipo IV, caracterizada pela ativação de células T CD8 +, que têm um papel preponderante, não só no aparecimento das lesões agudas, como também na recorrência das mesmas. O diagnóstico e identificação do fármaco implicado poderá ser efetuado com recurso a meios complementares de diagnóstico in vivo ou in vitro, sendo os mais utlizados os testes epicutâneos. Está recomendada a descontinuação imediata do fármaco e o tratamento deverá ser ajustado à apresentação clínica. No caso dos AINE deverá ser efetuada a identificação de alternativas terapêuticas seguras para utilização futura. Esta revisão tem por objetivo a atualização de conhecimentos na epidemiologia, patofisiologia, diagnóstico e abordagem terapêutica do EPF causado por AINE.<hr/>ABSTRACT Fixed Drug Eruption (FDE) is a drug hypersensitivity reaction representing about 22% of all drug skin reactions. It is often associated with drugs, in particular Non-Steroidal Anti-Inflammatory Drugs (NSAIDs). It is characterized by violet macular lesions or bullous lesions, which appear between 2 days to 1 week after initial exposure to the drug, resolve with residual hyperpigmentation and reappear in case of re-exposure. The skin lesions are a manifestation of a type IV hypersensitivity reaction, characterized by CD8+ T cells activation, that play a major role on acute lesions development and its recurrence. The diagnosis and identification of the involved drug can be carried out using in vivo or in vitro tests, in particular epicutaneous tests. Drug discontinuation is recommended and treatment should be adjusted to the clinical presentation. In the case of NSAIDs, the identification of a safe therapeutic alternative must be carried out. This review aims to update knowledge on the epidemiology, pathophysiology, diagnosis and therapeutic approach of FDE caused by NSAIDs. <![CDATA[Desensitization to carboplatin and methotrexate in children: An allergy department review]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212023000300205&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Fundamentos: As reações de hipersensibilidade durante a quimioterapia em crianças têm sido documentadas de forma crescente. A dessensibilização a fármacos é um procedimento desconhecido por grande parte dos oncologistas, apesar de permitir que os doentes sejam tratados com agentes de primeira linha, afetando o prognóstico final. Atualmente, ainda não existem normas de orientação de dessensibilização a fármacos em idade pediátrica e os princípios gerais adotados para os adultos têm sido aplicados em crianças. Objetivo: Descrever a experiência de um serviço de imunoalergologia de um hospital central na dessensibilização à carboplatina e ao metotrexato em idade pediátrica. Resultados: Foram realizadas dessensibilizações à carboplatina em 17 crianças, num total de 112 procedimentos, e ao metotrexato em 4 crianças, com uma taxa de sucesso de 88% para a carboplatina e de 100% para o metotrexato. Conclusão: Tanto quanto é do conhecimento das autoras, esta é a maior série europeia de dessensibilizações a quimioterápicos em idade pediátrica, tendo sido realizadas, inclusivamente, procedimentos num lactente e numa reação não imediata.<hr/>ABSTRACT Background: Hypersensitivity reactions during chemotherapy have been increasingly documented in children. Drug desensitization is an unknown procedure for most oncologists, despite allowing patients to be treated with first-line agents, affecting the final prognosis. Currently, there are no guidelines for drug desensitization in pediatric age, and the general principles adopted for adults have been applied to children. Objective: To describe the experience of an Immunoallergology department of a central hospital in the desensitization to carboplatin and methotrexate in pediatric age. Results: Desensitizations were performed on carboplatin in 17 patients, in a total of 112 procedures, and on methotrexate in 4 children, with a success rate of 88% for carboplatin and 100% for methotrexate. Conclusion: As far as the authors are aware, this is the largest European series of desensitizations to chemotherapy in pediatric age, including procedures in infants and in non-immediate reactions. <![CDATA[SARS-CoV-2 infection in X-linked agammaglobulinemia patients]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212023000300217&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Fundamentos: A patogénese da infeção por SARS-CoV-2 tem sido extensamente investigada, constituindo um desafio à escala global. É sabido que a eficiência da resposta da imunidade inata e adquirida à infeção por SARS-CoV-2 condiciona a gravidade da apresentação clínica. É ainda escassa a literatura sobre a evolução da infeção por SARS-CoV-2 nos doentes com agamaglobulinemia ligada ao X. Objetivo: Reportar o espetro de manifestações clínicas associadas à infeção por SARS-CoV-2 em doentes com agamaglobulinemia ligada ao X e sua gravidade. Métodos: Estudo observacional retrospetivo dos doentes com agamaglobulinemia ligada ao X em seguimento num hospital terciário e com infeção por SARS-CoV-2, diagnosticada entre março de 2020 e julho de 2022. Resultados: De um total de 13 doentes em seguimento com agamaglobulinemia ligada ao X, foram incluídos 9, com média de idades de 32±6,1 anos, entre os quais se identificaram 2 doentes com uma segunda infeção por SARS-CoV-2 durante o período em estudo. Todos os doentes estavam sob terapêutica de substituição com imunoglobulina polivalente G. Sete doentes apresentavam fatores de risco para doença COVID-19 grave: bronquiectasias (n=5), diabetes insulinodependente (n=1), tabagismo ativo (n=1), obesidade (n=1), doença cerebrovascular (n=1) e terapêutica imunossupressora (n=1). A infeção associou-se a manifestações clínicas de baixa gravidade na maioria dos doentes (infeção assintomática n=1, ligeira n=9, moderada n=1). Os sistemas mais afetados foram as vias áreas superiores (n=6) e inferiores (n=5), sendo a febre (n=7) e a obstrução nasal (n=6) as manifestações mais frequentes. Registou-se sobreinfeção bacteriana em 4 doentes. Um doente apresentou COVID-19 de gravidade moderada e duração prolongada, possivelmente em relação com comorbilidades médicas, tendo apresentado um curso clínico favorável com a administração de plasma de convalescentes. Conclusão: Reporta-se nesta série de doentes com agamaglobulinemia ligada ao X elevada prevalência de infeção por SARS-CoV-2, destacando-se a evolução de gravidade ligeira na quase totalidade dos doentes.<hr/>ABSTRACT Background: The pathogenesis of infection triggered by the severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2), has been intensively investigated, constituting a challenge on a global scale. It is known that the effectiveness and magnitude of both innate and acquired immune responses to SARS-CoV-2 infection determine the severity of the clinical presentation. Literature on the evolution of SARS-CoV-2 infection in patients with X-linked agammaglobulinemia is still scarce. Objective: To report the spectrum of clinical manifestations associated with SARS-CoV-2 infection in patients with X-linked followed in a tertiary hospital. Methods: This is an observational retrospective study of patients with X-linked agammaglobulinemia with SARS-CoV-2 infection diagnosed between March 2020 and July 2022. Results: Among 13 patients under follow-up, nine patients were included, with a mean age of 32 ± 6.1 years. Two patients reported a second SARS-CoV-2 infection during the study. All patients were on polyvalent immunoglobulin G replacement therapy. Seven patients presented risk factors for severe COVID-19 disease: bronchiectasis (n=5), insulin-dependent diabetes (n=1), active smoking (n=1), obesity (n=1), cerebrovascular disease (n=1), immunosuppressive therapy (n=1). COVID-19 infection was mild in most patients (asymptomatic infection n=1, mild n=9, moderate n=1). The most frequently affected systems were the upper (n=6) and lower (n=5) respiratory airways, with fever (n=7) and nasal congestion (n=6) being the most frequent manifestations. Bacterial infection was reported in 4 patients. One patient underwent therapy with convalescent plasma, with tolerance and a favorable clinical course. Conclusion: In this series of patients with X-linked agammaglobulinemia, a high prevalence of SARS-CoV-2 infection is reported, highlighting a mild severity outcome in almost all patients. <![CDATA[The challenge of omalizumab refractory chronic spontaneous urticaria and the relevance of suspecting Schnitzler syndrome without monoclonal gammopathy]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212023000300227&lng=en&nrm=iso&tlng=en ABSTRACT Introduction: Schnitzler syndrome (SchS) is a rare autoinflammatory syndrome characterized by chronic urticaria and monoclonal gammopathy (MG). Clinical cases without monoclonal gammopathy have been recorded. Clinical Case: We report on the case of a 43-year-old female with chronic spontaneous urticaria refractory to omalizumab (OMZ) despite a dosage increase (600 mg/4 weeks). Additionally, she developed asthenia and episodes of arthralgias and fever predominantly in the evening. Laboratory re-evaluation revealed elevated inflammatory parameters and skin biopsy showed neutrophilic infiltration. Although MG was absent, SchS was the most likely diagnosis, as other differential diagnoses were excluded. Treatment was started with anakinra, with complete resolution of symptoms. Conclusion: We highlight the importance of specialized urticaria clinics and of reassessing the diagnosis in patients with refractory chronic urticaria. An autoinflammatory disease, such as SchS, could be the diagnosis, even without the presence of monoclonal gammopathy.<hr/>RESUMO Introdução: A síndrome de Schnitzler (SchS) é uma síndrome autoinflamatória caracterizada por presença de urticária e gamapatia monoclonal (MG). Estão descritos casos em que a MG não está presente. Caso clínico: Mulher de 43 anos diagnosticada com urticária crónica espontânea há 2 anos, refratária a terapêutica com omalizumab (OMZ) apesar de aumento de dose até 600mg/mês. Após 6 meses de OMZ iniciou astenia, artralgias e febre vespertina, associadas a elevação dos parâmetros inflamatórios e biópsia cutânea com infiltração neutrofílica. Apesar da ausência de MG, o SchS foi considerado o diagnóstico mais provável, após exclusão dos restantes diagnósticos diferenciais. Suspendeu OMZ e iniciou anakinra, com resolução completa do quadro clínico e laboratorial. Conclusão: Este caso demonstra a importância do acompanhamento dos doentes com urticária crónica grave em consulta especializada e a necessidade de rever o diagnóstico. Síndromes autoinflamatórias, como a síndrome de Schnitzler, devem ser incluídas no diagnóstico diferencial.