Scielo RSS <![CDATA[Etnográfica]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=0873-656120100001&lang=pt vol. 14 num. 1 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[<b>Reordenações da casa no contexto migratório de Governador Valadares, Brasil</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612010000100001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O artigo propõe uma análise dos novos padrões de relatedness construídos no contexto migratório. O lugar escolhido para tal empreendimento é a região ­brasileira de Governador Valadares, reconhecido centro de emigração internacional. Pretende-se entender como se reconstroem as relações familiares durante a ausência dos migrantes através de três eixos fundamentais: 1) o projeto de produção da casa, o envio de remessas e a constituição de outras formas de co-substancialidade; 2) o cuidado com os filhos que permanecem no Brasil e a circulação de crianças no espaço transnacional; e, por fim, 3) a relação com as / os companheiras / os permeada pela distância.<hr/>This paper intends to investigate the new patterns of relatedness constructed in the migratory context. The place chosen for such enterprise is the Brazilian region of Governor Valadares, known as a center of international emigration. It aims to understand how the family relations are reconstructed during the absence of the migrants, through three basic axles: 1) the project of production of the house, through the sending of remittances and the constitution of other forms of co-substantiality; 2) the care with the children who remain in Brazil and the circulation of children in transnational space; and, finally, 3) the relation between couples divided by the distance. <![CDATA[<b>Identidade e pertença</b>: <b>disposições morais e disciplinares em um grupo de jovens</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612010000100002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este artigo busca compreender o sentido de pertença e sua relação com os códigos da confiança e lealdade, conceitos aqui entendidos sob a ótica do medo da traição ou da insegurança individual de não alcançar os ideais do grupo estudado. A pesquisa desenvolveu-se junto a um grupo de jovens que se autodefine como um grupo de apoio e afirmação dos jovens de bairros populares da cidade de João Pessoa, Paraíba, Brasil. O objetivo deste estudo foi o de perceber o processo organizativo interno do grupo e as redes vinculares que dão sustentáculo e base de apoio à sociabilidade grupal.<hr/>The article aims at the understanding of the sense of belonging and its relation with codes of trust and loyalty, categories here approached in the light of the fear of treason and individual uncertainty as to reaching the group’s ideals. Research was developed among a group of youngsters auto-characterised as an organization for the support and affirmative action of the youngsters living in poor neighbourhoods in the city of João Pessoa, state of Paraíba, Brazil. The objective of this study was to understand the internal organizational process of the group and the binding networks that are the base for sociability within the group. <![CDATA[<b>Etnografia e esfera pública</b>: <b>questões em sumário</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612010000100003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt In line with the conference “Ethnografeast III: Ethnography and the Public Sphere”, from which it stems, this dossier aims at equating uses and products of ethnography as they relate with each other within the context of the public sphere. Keeping the conference’s commitment to interdisciplinarity, pluralism in genres and theoretical suasions, it focuses on the way political and civic uses of ethnography enter into the conceptual elaboration of its products, and, conversely, on how the design and implementation of ethnographic research may contribute to enhance public debate.<hr/>Em linha com a conferência “Ethnografeast III: Etnografia e Esfera Pública”, na qual teve origem, este dossiê visa equacionar os usos e os produtos da etnografia e o modo como se articulam entre si na esfera pública. Mantendo os princípios de interdisciplinaridade, de pluralismo nos géneros e nas filiações teóricas que marcaram a conferência, pretende focar a maneira como os usos cívicos e políticos da etnografia podem tomar parte na elaboração conceptual das suas produções e, conversamente, no modo como o desenho e a realização da investigação etnográfica podem contribuir para a qualidade do debate público. <![CDATA[<b>Da rua ao emprego</b>: <b>a integração de jovens delinquentes</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612010000100004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Since the 1970s, given the transformations of the job market and the changes in “street culture”, professional morals replace “street morals” less easily than before, and the shop floor is less integrative for juvenile delinquents. In that sense, the importance of the role played by the institutions involved in the process of normalization has grown in proportion. By studying an integration system for juvenile delinquents, in a French banlieue, it is precisely that sort of ambition I wished to apprehend. Through the case studies of three young men, I explain the reasons why the young people involved in the system participate in it, and the conditions that need to be met for a street educator’s moral authority to be acknowledged. I underscore the acculturation that takes place at the heart of the system and the type of competences that can be acquired there. I show also, the stigmata linked to a delinquent past can always get in the way of the process and reactivate habits developed in the “street”.<hr/>Desde os anos 70 do século xx, devido às transformações do mercado laboral e às mudanças registadas na “cultura de rua”, a moral profissional já não substitui a “moral da rua” tão facilmente quanto antes e o operariado tem menor capacidade de integração dos jovens delinquentes. Nesse sentido, aumentou proporcionalmente a importância do papel desempenhado pelas instituições envolvidas no processo de normalização. Foi precisamente esse tipo de ambição que pretendi captar ao estudar um programa de integração de delinquentes juvenis num subúrbio francês. Através de estudos de caso de três rapazes, explico as razões por que os jovens envolvidos nesse programa participam nele e as condições que terão de verificar-se para que a autoridade moral de um educador de rua seja reconhecida. Destaco a aculturação que acontece no âmago deste programa e o tipo de competências que podem ser adquiridas através dele. Mostro também como o estigma associado a um passado de delinquência pode sempre interferir no processo e reactivar hábitos desenvolvidos na “rua”. <![CDATA[<b>A informação dos doentes entre o espaço público e a antropologia</b>: <b>o contributo da etnografia para o debate</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612010000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt At some stage of public debate, anthropology must examine important social questions; but in order to properly fulfil its task, it must problematize such questions in ways that differ from those used in the public sphere. In this article we use research carried out on information and lies in the doctor-patient relationship to explore the role that the public debate on patient information played in the development of this research, while emphasizing the distinctive process of anthropological inquiry. We will look at how the research project developed both as an echo of and in disparity with the questions circulating on this matter in the public sphere. We will show that the role of the anthropologist, in order to develop an ethnographic approach, is to take distance from the public debate by transforming the research object through the gradual construction of the problem to be studied. We will also show what ethnography has contributed to the debate and how its observations have reoriented it, approaching it in more sociological and more critical terms.<hr/>A um dado momento do debate público a antropologia tem de analisar questões sociais importantes, mas, para que possa levar a cabo a sua tarefa, terá de problematizar essas questões de maneira diferente da que é seguida no domínio público. Neste artigo partimos de uma pesquisa sobre a informação e a mentira na relação entre médico e paciente para explorar o papel desempenhado pelo debate público sobre a informação dos doentes no desenvolvimento dessa pesquisa, embora enfatizando o processo característico da investigação antropológica. Veremos como esse projecto de investigação se desenvolveu fazendo eco, mas distinguindo-se, simultaneamente, das questões que circulavam a esse respeito na esfera pública. Mostraremos que o papel do antropólogo, quando desenvolve uma abordagem etnográfica, deve ser o de se distanciar do debate público, transformando o objecto de estudo através da construção gradual do problema a ser estudado. Mostraremos também como a etnografia contribuiu para o debate e como as observações da primeira deram uma nova orientação ao segundo, ao formulá-lo em termos mais sociológicos e mais críticos. <![CDATA[<b>Etnografias de novos encontros clínicos</b>: <b>as batalhas emocionais do imigrante e a psiquiatria transcultural em Portugal</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612010000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Based upon two years of fieldwork in a mental health service for migrants in Lisbon, this article underlines how the psychiatric interpretation of the emotional experience of displacement, homelessness and (non) belonging in migrants can be influenced by colonial legacies. These legacies - incorporated, despite the best of intentions, as a constitutive element of diagnosis and treatment into the therapeutic practices of psychiatric counselling - pathologize experiences and behaviours of marginalized people of non-Western origins, reproducing discriminative attitudes and institutional racism.<hr/>Fundamentando-se em dois anos de trabalho de campo num serviço de saúde mental para imigrantes em Lisboa, o artigo sublinha como a interpretação psiquiátrica da experiência emocional do desenraizamento, da carência de casa e da (não) pertença por parte dos migrantes pode ser influenciada por legados coloniais. Esses legados - incorporados, apesar da melhor das intenções, como elementos constitutivos do diagnóstico e tratamento nas práticas terapêuticas do acompanhamento psiquiátrico - fazem com que as experiências e comportamentos de pessoas marginalizadas vindas do mundo não ocidental sejam tratados como patologias, reproduzindo atitudes discriminatórias e racismo institucional. <![CDATA[<b>Etnografia e categorias públicas</b>: <b>agendas compatíveis na prática antropológica contemporânea</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612010000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt This article is a debate on research that deals with categories pre-defined in the public agenda. It is supported by an experience of doing an anthropological study for the Tupinambá of Olivença aimed at the identification of a juridical category of “indigenous land” defined by the 1988 Constitution of Brazil. The main argument developed in this article starts with the assumption that in the contemporary situation the definition of public categories that involves cultural and social rights of minorities, such as terra indígena, have been defined in public debates in which anthropologists were involved. One of the necessary results of such a situation is that anthropology cannot see these categories as exogenous concepts to be criticized, but as categories of knowledge to be addressed. A detailed proposition of how I have addressed the issue concerning the delimitation of the seacoast border of the indigenous land of the Tupinambá of Olivença is here developed, showing how ethnography in anthropology is a particularly good device to achieve this challenges. Through the Tupinambá case, it is showed how ethnography as situated knowledge, enmeshed in a comparative project and prepared to incorporate the struggles that people face when dealing with conflict situations, intertwines public and indigenous definitions of social categories (in this case, the land) through what is here named compatible agendas.<hr/>Neste artigo proponho uma forma de a antropologia lidar com investigação sobre categorias de conhecimento que foram definidas previamente na agenda pública. A reflexão sustenta-se na experiência de realizar um estudo antropológico a pedido dos índios tupinambá de Olivença, sob contratação do governo brasileiro, com o objectivo da delimitação de uma área de território definida na Constituição Brasileira como “terra indígena”. O argumento desenvolvido neste artigo parte da ideia de que a definição pública de categorias como a “terra indígena” já não é “prévia” à antropologia, na medida em que, na situação contemporânea, a definição do que é e como se define a “terra indígena” resulta de um longo debate público no qual a antropologia esteve directamente envolvida. Sendo assim, a antropologia é necessariamente responsável por encontrar um enfoque ajustado que não passe por considerar tais definições como objectos exógenos. A produção actual de etnografia como “conhecimento situado” oferece condições muito ajustadas para este enfoque, já que permite entrelaçar definições indígenas e públicas de categorias sociais (neste caso, a terra) que alcancem agendas compatíveis. A etnografia como “conhecimento situado” é aqui apresentada como um projecto de conhecimento empírico e comparativo, capaz de incorporar a luta e conflitos implicados em processos como os da restituição de direitos sobre a terra. <![CDATA[<b>Os caminhos do Benjamim</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612010000100008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt This article is a debate on research that deals with categories pre-defined in the public agenda. It is supported by an experience of doing an anthropological study for the Tupinambá of Olivença aimed at the identification of a juridical category of “indigenous land” defined by the 1988 Constitution of Brazil. The main argument developed in this article starts with the assumption that in the contemporary situation the definition of public categories that involves cultural and social rights of minorities, such as terra indígena, have been defined in public debates in which anthropologists were involved. One of the necessary results of such a situation is that anthropology cannot see these categories as exogenous concepts to be criticized, but as categories of knowledge to be addressed. A detailed proposition of how I have addressed the issue concerning the delimitation of the seacoast border of the indigenous land of the Tupinambá of Olivença is here developed, showing how ethnography in anthropology is a particularly good device to achieve this challenges. Through the Tupinambá case, it is showed how ethnography as situated knowledge, enmeshed in a comparative project and prepared to incorporate the struggles that people face when dealing with conflict situations, intertwines public and indigenous definitions of social categories (in this case, the land) through what is here named compatible agendas.<hr/>Neste artigo proponho uma forma de a antropologia lidar com investigação sobre categorias de conhecimento que foram definidas previamente na agenda pública. A reflexão sustenta-se na experiência de realizar um estudo antropológico a pedido dos índios tupinambá de Olivença, sob contratação do governo brasileiro, com o objectivo da delimitação de uma área de território definida na Constituição Brasileira como “terra indígena”. O argumento desenvolvido neste artigo parte da ideia de que a definição pública de categorias como a “terra indígena” já não é “prévia” à antropologia, na medida em que, na situação contemporânea, a definição do que é e como se define a “terra indígena” resulta de um longo debate público no qual a antropologia esteve directamente envolvida. Sendo assim, a antropologia é necessariamente responsável por encontrar um enfoque ajustado que não passe por considerar tais definições como objectos exógenos. A produção actual de etnografia como “conhecimento situado” oferece condições muito ajustadas para este enfoque, já que permite entrelaçar definições indígenas e públicas de categorias sociais (neste caso, a terra) que alcancem agendas compatíveis. A etnografia como “conhecimento situado” é aqui apresentada como um projecto de conhecimento empírico e comparativo, capaz de incorporar a luta e conflitos implicados em processos como os da restituição de direitos sobre a terra. <![CDATA[<b>Entrevista a Benjamim Pereira</b>: <b>“Uma aventura prodigiosa”</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612010000100009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt This article is a debate on research that deals with categories pre-defined in the public agenda. It is supported by an experience of doing an anthropological study for the Tupinambá of Olivença aimed at the identification of a juridical category of “indigenous land” defined by the 1988 Constitution of Brazil. The main argument developed in this article starts with the assumption that in the contemporary situation the definition of public categories that involves cultural and social rights of minorities, such as terra indígena, have been defined in public debates in which anthropologists were involved. One of the necessary results of such a situation is that anthropology cannot see these categories as exogenous concepts to be criticized, but as categories of knowledge to be addressed. A detailed proposition of how I have addressed the issue concerning the delimitation of the seacoast border of the indigenous land of the Tupinambá of Olivença is here developed, showing how ethnography in anthropology is a particularly good device to achieve this challenges. Through the Tupinambá case, it is showed how ethnography as situated knowledge, enmeshed in a comparative project and prepared to incorporate the struggles that people face when dealing with conflict situations, intertwines public and indigenous definitions of social categories (in this case, the land) through what is here named compatible agendas.<hr/>Neste artigo proponho uma forma de a antropologia lidar com investigação sobre categorias de conhecimento que foram definidas previamente na agenda pública. A reflexão sustenta-se na experiência de realizar um estudo antropológico a pedido dos índios tupinambá de Olivença, sob contratação do governo brasileiro, com o objectivo da delimitação de uma área de território definida na Constituição Brasileira como “terra indígena”. O argumento desenvolvido neste artigo parte da ideia de que a definição pública de categorias como a “terra indígena” já não é “prévia” à antropologia, na medida em que, na situação contemporânea, a definição do que é e como se define a “terra indígena” resulta de um longo debate público no qual a antropologia esteve directamente envolvida. Sendo assim, a antropologia é necessariamente responsável por encontrar um enfoque ajustado que não passe por considerar tais definições como objectos exógenos. A produção actual de etnografia como “conhecimento situado” oferece condições muito ajustadas para este enfoque, já que permite entrelaçar definições indígenas e públicas de categorias sociais (neste caso, a terra) que alcancem agendas compatíveis. A etnografia como “conhecimento situado” é aqui apresentada como um projecto de conhecimento empírico e comparativo, capaz de incorporar a luta e conflitos implicados em processos como os da restituição de direitos sobre a terra. <![CDATA[<b>Trabalhos e registos</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612010000100010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt This article is a debate on research that deals with categories pre-defined in the public agenda. It is supported by an experience of doing an anthropological study for the Tupinambá of Olivença aimed at the identification of a juridical category of “indigenous land” defined by the 1988 Constitution of Brazil. The main argument developed in this article starts with the assumption that in the contemporary situation the definition of public categories that involves cultural and social rights of minorities, such as terra indígena, have been defined in public debates in which anthropologists were involved. One of the necessary results of such a situation is that anthropology cannot see these categories as exogenous concepts to be criticized, but as categories of knowledge to be addressed. A detailed proposition of how I have addressed the issue concerning the delimitation of the seacoast border of the indigenous land of the Tupinambá of Olivença is here developed, showing how ethnography in anthropology is a particularly good device to achieve this challenges. Through the Tupinambá case, it is showed how ethnography as situated knowledge, enmeshed in a comparative project and prepared to incorporate the struggles that people face when dealing with conflict situations, intertwines public and indigenous definitions of social categories (in this case, the land) through what is here named compatible agendas.<hr/>Neste artigo proponho uma forma de a antropologia lidar com investigação sobre categorias de conhecimento que foram definidas previamente na agenda pública. A reflexão sustenta-se na experiência de realizar um estudo antropológico a pedido dos índios tupinambá de Olivença, sob contratação do governo brasileiro, com o objectivo da delimitação de uma área de território definida na Constituição Brasileira como “terra indígena”. O argumento desenvolvido neste artigo parte da ideia de que a definição pública de categorias como a “terra indígena” já não é “prévia” à antropologia, na medida em que, na situação contemporânea, a definição do que é e como se define a “terra indígena” resulta de um longo debate público no qual a antropologia esteve directamente envolvida. Sendo assim, a antropologia é necessariamente responsável por encontrar um enfoque ajustado que não passe por considerar tais definições como objectos exógenos. A produção actual de etnografia como “conhecimento situado” oferece condições muito ajustadas para este enfoque, já que permite entrelaçar definições indígenas e públicas de categorias sociais (neste caso, a terra) que alcancem agendas compatíveis. A etnografia como “conhecimento situado” é aqui apresentada como um projecto de conhecimento empírico e comparativo, capaz de incorporar a luta e conflitos implicados em processos como os da restituição de direitos sobre a terra. <![CDATA[<b>Os dois países de Benjamim Pereira</b>: <b>uma homenagem</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612010000100011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt This article is a debate on research that deals with categories pre-defined in the public agenda. It is supported by an experience of doing an anthropological study for the Tupinambá of Olivença aimed at the identification of a juridical category of “indigenous land” defined by the 1988 Constitution of Brazil. The main argument developed in this article starts with the assumption that in the contemporary situation the definition of public categories that involves cultural and social rights of minorities, such as terra indígena, have been defined in public debates in which anthropologists were involved. One of the necessary results of such a situation is that anthropology cannot see these categories as exogenous concepts to be criticized, but as categories of knowledge to be addressed. A detailed proposition of how I have addressed the issue concerning the delimitation of the seacoast border of the indigenous land of the Tupinambá of Olivença is here developed, showing how ethnography in anthropology is a particularly good device to achieve this challenges. Through the Tupinambá case, it is showed how ethnography as situated knowledge, enmeshed in a comparative project and prepared to incorporate the struggles that people face when dealing with conflict situations, intertwines public and indigenous definitions of social categories (in this case, the land) through what is here named compatible agendas.<hr/>Neste artigo proponho uma forma de a antropologia lidar com investigação sobre categorias de conhecimento que foram definidas previamente na agenda pública. A reflexão sustenta-se na experiência de realizar um estudo antropológico a pedido dos índios tupinambá de Olivença, sob contratação do governo brasileiro, com o objectivo da delimitação de uma área de território definida na Constituição Brasileira como “terra indígena”. O argumento desenvolvido neste artigo parte da ideia de que a definição pública de categorias como a “terra indígena” já não é “prévia” à antropologia, na medida em que, na situação contemporânea, a definição do que é e como se define a “terra indígena” resulta de um longo debate público no qual a antropologia esteve directamente envolvida. Sendo assim, a antropologia é necessariamente responsável por encontrar um enfoque ajustado que não passe por considerar tais definições como objectos exógenos. A produção actual de etnografia como “conhecimento situado” oferece condições muito ajustadas para este enfoque, já que permite entrelaçar definições indígenas e públicas de categorias sociais (neste caso, a terra) que alcancem agendas compatíveis. A etnografia como “conhecimento situado” é aqui apresentada como um projecto de conhecimento empírico e comparativo, capaz de incorporar a luta e conflitos implicados em processos como os da restituição de direitos sobre a terra. <![CDATA[<b>The perils of belonging</b>: <b>autochthony, citizenship, and exclusion in Africa and Europe</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612010000100012&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt This article is a debate on research that deals with categories pre-defined in the public agenda. It is supported by an experience of doing an anthropological study for the Tupinambá of Olivença aimed at the identification of a juridical category of “indigenous land” defined by the 1988 Constitution of Brazil. The main argument developed in this article starts with the assumption that in the contemporary situation the definition of public categories that involves cultural and social rights of minorities, such as terra indígena, have been defined in public debates in which anthropologists were involved. One of the necessary results of such a situation is that anthropology cannot see these categories as exogenous concepts to be criticized, but as categories of knowledge to be addressed. A detailed proposition of how I have addressed the issue concerning the delimitation of the seacoast border of the indigenous land of the Tupinambá of Olivença is here developed, showing how ethnography in anthropology is a particularly good device to achieve this challenges. Through the Tupinambá case, it is showed how ethnography as situated knowledge, enmeshed in a comparative project and prepared to incorporate the struggles that people face when dealing with conflict situations, intertwines public and indigenous definitions of social categories (in this case, the land) through what is here named compatible agendas.<hr/>Neste artigo proponho uma forma de a antropologia lidar com investigação sobre categorias de conhecimento que foram definidas previamente na agenda pública. A reflexão sustenta-se na experiência de realizar um estudo antropológico a pedido dos índios tupinambá de Olivença, sob contratação do governo brasileiro, com o objectivo da delimitação de uma área de território definida na Constituição Brasileira como “terra indígena”. O argumento desenvolvido neste artigo parte da ideia de que a definição pública de categorias como a “terra indígena” já não é “prévia” à antropologia, na medida em que, na situação contemporânea, a definição do que é e como se define a “terra indígena” resulta de um longo debate público no qual a antropologia esteve directamente envolvida. Sendo assim, a antropologia é necessariamente responsável por encontrar um enfoque ajustado que não passe por considerar tais definições como objectos exógenos. A produção actual de etnografia como “conhecimento situado” oferece condições muito ajustadas para este enfoque, já que permite entrelaçar definições indígenas e públicas de categorias sociais (neste caso, a terra) que alcancem agendas compatíveis. A etnografia como “conhecimento situado” é aqui apresentada como um projecto de conhecimento empírico e comparativo, capaz de incorporar a luta e conflitos implicados em processos como os da restituição de direitos sobre a terra. <![CDATA[<b>Como funciona a democracia</b>: <b>uma teoria etnográfica da política</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612010000100013&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt This article is a debate on research that deals with categories pre-defined in the public agenda. It is supported by an experience of doing an anthropological study for the Tupinambá of Olivença aimed at the identification of a juridical category of “indigenous land” defined by the 1988 Constitution of Brazil. The main argument developed in this article starts with the assumption that in the contemporary situation the definition of public categories that involves cultural and social rights of minorities, such as terra indígena, have been defined in public debates in which anthropologists were involved. One of the necessary results of such a situation is that anthropology cannot see these categories as exogenous concepts to be criticized, but as categories of knowledge to be addressed. A detailed proposition of how I have addressed the issue concerning the delimitation of the seacoast border of the indigenous land of the Tupinambá of Olivença is here developed, showing how ethnography in anthropology is a particularly good device to achieve this challenges. Through the Tupinambá case, it is showed how ethnography as situated knowledge, enmeshed in a comparative project and prepared to incorporate the struggles that people face when dealing with conflict situations, intertwines public and indigenous definitions of social categories (in this case, the land) through what is here named compatible agendas.<hr/>Neste artigo proponho uma forma de a antropologia lidar com investigação sobre categorias de conhecimento que foram definidas previamente na agenda pública. A reflexão sustenta-se na experiência de realizar um estudo antropológico a pedido dos índios tupinambá de Olivença, sob contratação do governo brasileiro, com o objectivo da delimitação de uma área de território definida na Constituição Brasileira como “terra indígena”. O argumento desenvolvido neste artigo parte da ideia de que a definição pública de categorias como a “terra indígena” já não é “prévia” à antropologia, na medida em que, na situação contemporânea, a definição do que é e como se define a “terra indígena” resulta de um longo debate público no qual a antropologia esteve directamente envolvida. Sendo assim, a antropologia é necessariamente responsável por encontrar um enfoque ajustado que não passe por considerar tais definições como objectos exógenos. A produção actual de etnografia como “conhecimento situado” oferece condições muito ajustadas para este enfoque, já que permite entrelaçar definições indígenas e públicas de categorias sociais (neste caso, a terra) que alcancem agendas compatíveis. A etnografia como “conhecimento situado” é aqui apresentada como um projecto de conhecimento empírico e comparativo, capaz de incorporar a luta e conflitos implicados em processos como os da restituição de direitos sobre a terra. <![CDATA[<b>Intersecções ibéricas</b>: <b>margens, passagens e fronteiras</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612010000100014&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt This article is a debate on research that deals with categories pre-defined in the public agenda. It is supported by an experience of doing an anthropological study for the Tupinambá of Olivença aimed at the identification of a juridical category of “indigenous land” defined by the 1988 Constitution of Brazil. The main argument developed in this article starts with the assumption that in the contemporary situation the definition of public categories that involves cultural and social rights of minorities, such as terra indígena, have been defined in public debates in which anthropologists were involved. One of the necessary results of such a situation is that anthropology cannot see these categories as exogenous concepts to be criticized, but as categories of knowledge to be addressed. A detailed proposition of how I have addressed the issue concerning the delimitation of the seacoast border of the indigenous land of the Tupinambá of Olivença is here developed, showing how ethnography in anthropology is a particularly good device to achieve this challenges. Through the Tupinambá case, it is showed how ethnography as situated knowledge, enmeshed in a comparative project and prepared to incorporate the struggles that people face when dealing with conflict situations, intertwines public and indigenous definitions of social categories (in this case, the land) through what is here named compatible agendas.<hr/>Neste artigo proponho uma forma de a antropologia lidar com investigação sobre categorias de conhecimento que foram definidas previamente na agenda pública. A reflexão sustenta-se na experiência de realizar um estudo antropológico a pedido dos índios tupinambá de Olivença, sob contratação do governo brasileiro, com o objectivo da delimitação de uma área de território definida na Constituição Brasileira como “terra indígena”. O argumento desenvolvido neste artigo parte da ideia de que a definição pública de categorias como a “terra indígena” já não é “prévia” à antropologia, na medida em que, na situação contemporânea, a definição do que é e como se define a “terra indígena” resulta de um longo debate público no qual a antropologia esteve directamente envolvida. Sendo assim, a antropologia é necessariamente responsável por encontrar um enfoque ajustado que não passe por considerar tais definições como objectos exógenos. A produção actual de etnografia como “conhecimento situado” oferece condições muito ajustadas para este enfoque, já que permite entrelaçar definições indígenas e públicas de categorias sociais (neste caso, a terra) que alcancem agendas compatíveis. A etnografia como “conhecimento situado” é aqui apresentada como um projecto de conhecimento empírico e comparativo, capaz de incorporar a luta e conflitos implicados em processos como os da restituição de direitos sobre a terra. <![CDATA[<b>Cultura popular portuguesa</b>: <b>práticas, discursos e representações</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612010000100015&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt This article is a debate on research that deals with categories pre-defined in the public agenda. It is supported by an experience of doing an anthropological study for the Tupinambá of Olivença aimed at the identification of a juridical category of “indigenous land” defined by the 1988 Constitution of Brazil. The main argument developed in this article starts with the assumption that in the contemporary situation the definition of public categories that involves cultural and social rights of minorities, such as terra indígena, have been defined in public debates in which anthropologists were involved. One of the necessary results of such a situation is that anthropology cannot see these categories as exogenous concepts to be criticized, but as categories of knowledge to be addressed. A detailed proposition of how I have addressed the issue concerning the delimitation of the seacoast border of the indigenous land of the Tupinambá of Olivença is here developed, showing how ethnography in anthropology is a particularly good device to achieve this challenges. Through the Tupinambá case, it is showed how ethnography as situated knowledge, enmeshed in a comparative project and prepared to incorporate the struggles that people face when dealing with conflict situations, intertwines public and indigenous definitions of social categories (in this case, the land) through what is here named compatible agendas.<hr/>Neste artigo proponho uma forma de a antropologia lidar com investigação sobre categorias de conhecimento que foram definidas previamente na agenda pública. A reflexão sustenta-se na experiência de realizar um estudo antropológico a pedido dos índios tupinambá de Olivença, sob contratação do governo brasileiro, com o objectivo da delimitação de uma área de território definida na Constituição Brasileira como “terra indígena”. O argumento desenvolvido neste artigo parte da ideia de que a definição pública de categorias como a “terra indígena” já não é “prévia” à antropologia, na medida em que, na situação contemporânea, a definição do que é e como se define a “terra indígena” resulta de um longo debate público no qual a antropologia esteve directamente envolvida. Sendo assim, a antropologia é necessariamente responsável por encontrar um enfoque ajustado que não passe por considerar tais definições como objectos exógenos. A produção actual de etnografia como “conhecimento situado” oferece condições muito ajustadas para este enfoque, já que permite entrelaçar definições indígenas e públicas de categorias sociais (neste caso, a terra) que alcancem agendas compatíveis. A etnografia como “conhecimento situado” é aqui apresentada como um projecto de conhecimento empírico e comparativo, capaz de incorporar a luta e conflitos implicados em processos como os da restituição de direitos sobre a terra.