Scielo RSS <![CDATA[Cadernos de Estudos Africanos]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=1645-379420160002&lang=en vol. num. 32 lang. en <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <link>http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942016000200001&lng=en&nrm=iso&tlng=en</link> <description/> </item> <item> <title><![CDATA[<b>Free time and leisure in Africa under German colonial rule</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942016000200002&lng=en&nrm=iso&tlng=en O lazer em África sob o domínio colonial alemão tem uma breve história de três décadas. Durante o colonialismo, o lazer foi quase um privilégio dos brancos. Mas algumas modalidades desportivas ou formas de lazer precisavam do suporte de africanos. O lazer fomentou também aspirações entre os africanos e que variaram segundo a região, o grupo étnico, social ou religioso, assim como a faixa etária ou o gênero dos indivíduos. A prática de atividades desportivas ou de lazer teve um efeito agregado em relação aos grupos subalternos.<hr/>Leisure in Africa under German colonial rule has a short history of three decades. The leisure was almost a privilege of whites during the colonial era. But some Africans were supporting the sports practices or leisure of white. Without the assistance of “natives” would not be possible to practice some sports or forms of recreation in the colonial context. Leisure also fostered aspirations among Africans and varied by region, ethnic, social or religious group, as well as the age or gender of individuals. The practice of sporting or leisure activities had an aggregate effect on the subaltern groups. <![CDATA[<b>Loisirs et Productions Spatio-temporelles Citadines à l’Époque Coloniale au Mozambique et à Madagascar (v. 1900-v. 1970)</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942016000200003&lng=en&nrm=iso&tlng=en Si un grand nombre d’activités de loisirs sont une invention occidentale transplantée aux colonies, plusieurs études ont montré leur appropriation précoce par les colonisés, notamment en Afrique. À travers les exemples du sport et de la musique, de part et d’autre du canal du Mozambique, nous voudrions analyser l’impact de ce phénomène sur la conquête citadine de la ville par les Indigènes. Pleinement investis, les loisirs ont permis la production de pratiques et de régimes temporels spécifiques ainsi que l’émergence de territorialités échappant en partie à l’emprise coloniale. Le football comme la musique ont donné sens à des expériences urbaines ambivalentes marquées par la précarité et l’inventivité. Ces activités, inscrites dans des quartiers périphériques sous-équipés, ont intensifié les relations sociales et mobilisé des compétences plurielles. De fait, l’espace-temps des loisirs ne peut donc être considéré comme un simple interstice. Il rayonne en effet sur l’ensemble de la vie sociale et débouche sur des horizons politiques qui conviennent d’être interrogés. Les caractéristiques et les résultats de ce travail au quotidien sont ici évalués en fonction de systèmes coloniaux, portugais et français, rarement comparés et par le biais de villes au passé très contrasté : Lourenço Marques, Tananarive et Majunga.<hr/>Se um grande número de atividades de lazer são uma invenção ocidental transplantada para as colónias, vários estudos têm demonstrado a sua apropriação desde muito cedo pelos colonizados, particularmente em África. Através do desporto e da música, em ambos os lados do Canal de Moçambique, propomo-nos analisar o impacto deste fenómeno sobre a conquista do espaço urbano da cidade pelos Indígenas. Com total engajamento, os lazeres produziram práticas, padrões temporais e territorialidades que escapam em parte ao domínio colonial. Futebol e música deram significado a experiências urbanas ambivalentes marcadas pela precariedade e a inventividade. Essas atividades, no âmbito de bairros periféricos pouco equipados, intensificaram as relações sociais e mobilizaram competências variadas. Na verdade, o espaço-tempo dos lazeres não pode ser considerado como um simples interstício. Irradia sobre toda a vida social e tem uma dimensão política que deve ser interpretada. As características e os resultados deste trabalho quotidiano são aqui analisados em função dos sistemas coloniais, português e francês, raramente comparados, e por meio de cidades com passado muito diferente: Lourenço Marques, Antananarivo e Mahajanga. <![CDATA[<b>The Stadium and the City</b>: <b>Sports infrastructure in late imperial Ethiopia and beyond</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942016000200004&lng=en&nrm=iso&tlng=en The inauguration of the Haile Selassie I Stadium in Addis Ababa in 1947 marked the beginning of the construction of stadiums in Ethiopia. They became important signifiers of accelerated modernisation after the end of the Italian occupation (1935-1941). Quite similar to developments elsewhere, open fields were turned into formalised sport infrastructures. Already in the 1930s, stadiums had become essential elements of modern town planning in Ethiopia. Later, political officials, town planners and sport enthusiasts endowed them with specific meanings, involving ideas of progress, effective representation of political power and ‘useful’ recreation.<hr/>A inauguração do Estádio Haile Selassie I em Addis Abeba em 1947 marcou o início da construção de estádios na Etiópia. Eles tornaram-se sinais importantes da acelerada modernização após o fim da ocupação italiana (1935-1941). Tal como em outros lugares, campos abertos foram transformados em infraestruturas desportivas formais. Já na década de 1930, os estádios tinham-se tornado elementos essenciais do planeamento urbano moderno na Etiópia. Mais tarde, responsáveis políticos, urbanistas e entusiastas do desporto dotaram-nos de significados específicos, envolvendo ideias de progresso, representação efetiva do poder político e recreação “útil”. <![CDATA[<b>La « Participation Africaine » dans un Sport Olympique : Luttes spatiales et enjeux de nationalités</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942016000200005&lng=en&nrm=iso&tlng=en Cet article analyse les stratégies de reconnaissance d’une discipline olympique : le canoë de slalom. Il interroge en particulier les processus de diffusion de ce sport en Afrique en étudiant précisément sa place en tant que discipline au sein du mouvement olympique. Mais comment la diffusion d’un sport parmi les pays africains peut-elle cristalliser des enjeux nationaux ? Pour comprendre la complexité de cet objet, le remaniement des aires culturelles issues du joug des empires coloniaux est interrogé. Il s’agit d’inscrire les perceptions de la participation olympique dans les rivalités où elles s’inscrivent depuis les Indépendances. L’enquête restitue l’apport de la nationalité comme critère d’éligibilité du sportif, en s’employant à relater les faits présidant à sa sélection olympique. Elle soulève la question des traditions : françaises et anglo-saxonnes à travers l’appropriation d’une culture sportive. Ce maniement des catégories de perception repose sur l’expression de luttes pour la légitimité de la représentation, en interrogeant le recours à la binationalité des sportifs.<hr/>Este artigo analisa as estratégias de reconhecimento de uma modalidade olímpica: a canoagem slalom. Interroga, em particular, os processos de difusão deste desporto em África estudando o seu lugar como modalidade no movimento olímpico. Mas como pode a difusão de um desporto entre os países africanos cristalizar questões nacionais? Para entender a complexidade do tema, é interrogada a remodelação das áreas culturais saídas do jugo dos impérios coloniais. Trata-se de inscrever as perceções da participação olímpica nas rivalidades em que elas se inscrevem desde a Independência. A pesquisa restitui a contribuição da nacionalidade como critério de elegibilidade do atleta, procurando relatar os factos que presidem à seleção dos atletas olímpicos. Ela aborda a questão das tradições francesas e anglo-saxónicas através da apropriação de uma cultura desportiva. A utilização de categorias de perceção baseia-se na expressão de lutas pela legitimidade da representação, interrogando o recurso à dupla nacionalidade dos desportistas. <![CDATA[<b><i>Vungu téla</i></b> <b>Study of the Santomeanmusic</b>: <b>A proposal of methods, techniques and objectives</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942016000200006&lng=en&nrm=iso&tlng=en A música de São Tomé e Príncipe, pequeno arquipélago situado a cerca de 300 km da costa ocidental de África, que alguns consideram ser uma sociedade crioula, é relativamente pouco conhecida. O circuito musical, tanto antigamente como atualmente, limita-se aos habitantes das ilhas e à diáspora santomense. O défice de fontes que se debruçam sobre os vários géneros musicais e também a música que acompanha os rituais, teatro, festividades é significativo. Adicionalmente, a execução da maioria dos géneros provenientes das ilhas é cada vez menos frequente. O presente artigo surge como a proposta de um estudo exaustivo da música santomense e tem como objetivo a apresentação de possíveis métodos e técnicas de recolha e análise de material musical, assim como a definição de etapas e objetivos desta pesquisa. Apresenta também uma possível classificação da música de São Tomé e Príncipe.<hr/>The music of Sao Tome and Principe, small archipelago located about 300 km off the west coast of Africa, which is considered to be a Creole society, is relatively little known. The musical circuit, both past and present, is limited to the inhabitants of the islands and Santomean diaspora. There is a significant lack of sources that focus on the various musical genres and also on the music that is part of rituals, theatre and festivities. Additionaly, the interpretation of most of the genres from the islands is becoming less frequent. This article comes as a proposal for a broad study of the Santomean music and it aims to present possible methods, techniques of collecting the dates and the ways of analysing the musical material, as well as the definition of the steps and the objectives of this research. It also presents a possible classification of the Santomean music. <![CDATA[<b>The Football World Cup of 2010 in South Africa</b>: <b>A political and economic analysis</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942016000200007&lng=en&nrm=iso&tlng=en Num mundo globalizado, organizar um megaevento desportivo representa para o país responsável uma oportunidade de visibilidade e promoção no estrangeiro. Para países emergentes, ganha ainda mais importância por permitir a sua integração junto dos países mais poderosos do sistema internacional. Para a África do Sul, organizar o Campeonato do Mundo de Futebol de 2010 permitiu-lhe utilizar o desporto como instrumento de afirmação e projeção de poder para o exterior. Tal materializar-se-ia pela maior atração de capitais e fluxos turísticos como consequência da organização desse megaevento. Contudo, os benefícios deste inovador instrumento de poder não são tão claros como previsto pelas teorias, dado que muitos indicadores relevantes cresceram em menor ritmo depois do Campeonato do Mundo de 2010.<hr/>In the current globalized era, organizing a sports mega-event represents for the hosting country a great opportunity of acquiring visibility, notoriety and promotion overseas. To emerging countries, this is of even greater relevance for it facilitates their integration together with their more powerful counterparts. For South Africa, accommodating the 2010 FIFA World Cup enabled it to innovate in this area by employing sports as an apparatus to reinforce and project its power to the outside world. Such a concept would eventually establish its profile through the attraction of capital investments and increasing tourism flows as a consequence of the mega-event. Nevertheless, the benefits of this instrument of power are not as clear as it was estimated. In fact, some relevant indicators have witnessed a decrease in growth rate in the period after the 2010 FIFA World Cup. <![CDATA[<b>“Language is the very flesh of thought”. Interview with João Paulo Borges Coelho</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-37942016000200008&lng=en&nrm=iso&tlng=en João Paulo Borges Coelho, nascido em 1955 no Porto, cresceu em Moçambique e tornou-se, na última década, um dos escritores mais produtivos e reconhecidos deste país. É também professor e investigador de História Contemporânea na Universidade Eduardo Mondlane. A seguinte entrevista a João Paulo Borges Coelho realizou-se em julho 2014, em Maputo. Os temas abordados são, entre outros, questões de identidade na época colonial e pós-independência, singularidades regionais da(s) cultura(s) moçambicana(s), a relação entre “modernidade europeia” e “tradição africana”, a articulação entre o espaço urbano e rural, a memória da luta de libertação da guerra civil, além de particularidades das diferentes obras do autor.<hr/>João Paulo Borges Coelho, born in 1955 in Porto, grew up in Mozambique and became within the last decade one of the most productive and recognized writers of this country. He is also a professor and researcher of Contemporary History at the Eduardo Mondlane University. The following interview with João Paulo Borges Coelho was carried out in July 2014 in Maputo. The topics are, among others, issues of identity in colonial and post-independence era, regional peculiarities of Mozambican culture(s), the relationship between “European modernity” and “African tradition”, the link between urban and rural areas, the memory of the liberation struggle and of the civil war, as well as particularities of different literary works of the author.