Scielo RSS <![CDATA[Angiologia e Cirurgia Vascular]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=1646-706X20180003&lang=pt vol. 14 num. 3 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[<b>In Memoriam Professor António Braga (1931-2018)</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2018000300001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[<b>Retração tardia do saco aneurismático da aorta abdominal após colocação de endoprótese</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2018000300002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: Nos últimos anos o EVAR tem se afirmado cada vez mais como principal opção cirúrgica para correção do AAA sem rotura. Este procedimento apresenta indicações clínicas e anatómicas específicas, no entanto estas não impedem o aparecimento de complicações a longo prazo associadas ao EVAR. Materiais e Métodos: Estudo retrospetivo de todos os doentes submetidos a EVAR no Hospital em estudo, entre 01/01/2010 e 31/12/2016. Após seleção de 52 doente, aplicaram-se os critérios de exclusão e obteve-se 26 doentes para estudo. Procedeu-se à análise estatística dessa amostra com o intuito de avaliar a existência de algum fator que se relacionasse ou permitisse prever a retração aneurismática pós-EVAR. Resultados: Realizaram-se testes de correlação onde apenas a variável História de Tabagismo mostrou significância estatística (Spearman r=-,390; p=0,049). Esta alteração foi posteriormente comprovada com uma análise de Comparação de médias onde ser verificou a existência de diferença significativa das médias de retração entre o grupo com História de Tabagismo (este com maior retração) e o grupo sem História de Tabagismo. Verificou-se a influência desta variável na retração através da análise de Regressão linear, na qual se verificou significância estatística (p=0,032; B=-6,538) comprovando a influência na retração. Numa análise de regressão linear para as restantes variáveis, apesar de mais nenhuma demonstrar significância, a variável maior diâmetro do colo foi a que apresentou maior influência na retração, com B=8,047 e valor de p mais perto da significância (p=0,058). Na regressão Binária apenas a variável % trombo no colo apresentou significância fora da equação, não apresentando posteriormente significância estatística (p=0,071; Exp(B)=0,121) na equação. Conclusão: Em suma, este estudo permite-nos inferir que a realização de EVAR em doentes com AAA apresenta melhores resultados quando os doentes possuem história de tabagismo. Adicionalmente verifica-se uma tendência para a existência de uma relação da variável % trombo no colo com a retração do AAA pós-EVAR.<hr/>Introdution: In the last years, EVAR has been increasingly affirmed as the main surgical option for AAA correction without rupture. This procedure presents specific clinical and anatomical indications although it does not prevent the appearance of long-term complications associated with EVAR. Materials and Methods: A retrospective study of all patients submitted to EVAR was performed at the Hospital under study, between 01/01/2010 and 12/31/2016. After selection of 52 patients, applied the exclusion criteria, a total of 26 patients were obtained. This sample was Statistic analysed in order to evaluate the existence of any factor that relates or allows predicting aneurysmal retraction after an EVAR. Results: Correlation tests were performed, where only the variable Smoking History showed Statistic significance (Pearson r=-,390; p=0.049). This change was later verified with a comparison of means where it was verified that there was a significant difference between the groups with history of smoking (the one with the greatest retraction) and the group without smoking history. The influence of this variable on the retraction was verified through the Linear Regression analysis, in which statistical significance was verified (p = 0.032, B = -6.538), confirming the influence on the retraction. In a linear regression analysis for the remaining variables, although there was no significant difference, the variable largest diameter of the neck was the one that presented the greatest influence on the retraction, with B = 8.047 and p value closer to significance (p = 0.058). In the Binary Regression only the variable % thrombus in the neck presented significance outside the equation, showing no statistical significance (p = 0.071; Exp (B) = 0,121) in the equation. Conclusion: In summary, this study allows us to infer that the performance of EVAR in patients with AAA presents better results when patients have a personal history of smoking. In addition, there is a tendency for the existence of a relation between the variable % thrombus in the cervix with the AAA retraction after EVAR. <![CDATA[<b>Síndrome pós-implante no EVAR</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2018000300003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt lntrodução/Objectivos: O Síndrome pós-implante (SPI) caracteriza-se por febre, sintomas semelhantes aos gripais, leucocitose e elevação da PCR no pós-operatório de EVAR. Os autores têm como objectivo estimar a incidência de SPI pós-EVAR na sua instituição, identificar factores de risco e determinar a associação a eventos clínicos. Materiais/Métodos: Foi desenhado um estudo retrospectivo num centro terciário. Todos os doentes submetidos a EVAR entre Julho de 2014 e Dezembro de 2016 foram incluídos. Os dados foram colhidos através da consulta dos processos electrónicos hospitalares, nomeadamente leucograma, PCR e temperatura corporal. O endpoint primário avaliado foi a incidência de SPI, definido como febre >38º e doseamento de PCR >75mg/L. Foi avaliada a associação com características demográficas e do procedimento, tempo de internamento e eventos clínicos (morte ou complicações major) perioperatórias. Resultados: Foram identificados 205 doentes neste período. Após análise dos processos, foram excluídos 25 doentes por terem sido utilizadas endopróteses ramificadas ou fenestradas, 11 doentes por terem sido submetidos a EVAS, 17 doentes pela indicação para o EVAR não ser um aneurisma primário e 46 doentes pela cirurgia ser realizada em contexto de urgência. Nos 106 doentes restantes, a incidência de SPI foi de 19% (n=20). Foi encontrada uma relação estatística significativa em relação ao tabagismo (p=0,005), DPOC (p=0,005) e terapêutica com estatina (p=0,031). Após construção de um modelo de regressão logística multivariável, corrigindo para tabagismo e terapêutica com estatina, verificou-se que o primeiro é um importante factor de risco (OR 7,26; p=0,03) e a terapêutica com estatina um factor protector (OR=0,341; p=0,049). Relativamente a características do procedimento, abordagem percutânea, quantidade de contraste, complicações intra-operatórias e necessidade de procedimentos acessórios, não se verificaram diferenças. Foi encontrada uma diferença significativa entre grupos no que respeita ao tempo de internamento, sendo a mediana de 5 dias no grupo sem SPI e 7 dias no grupo com SPI (p=0,034). Não foram encontradas diferenças relativamente a eventos cardiovasculares, complicações ou morte nos 30 dias pós-operatório. Conclusão: A incidência de SPI foi de 19 % e está de acordo com o descrito na literatura. Os resultados sugerem que o tabagismo constitui um factor de risco. Verificou-se ainda um aumento de tempo de internamento em 2 dias nos casos de SPI. A terapêutica com estatina na altura da operação é um factor modificável e que se revelou protector em relação à incidência de SPI, reforçando o benefício desta terapêutica no período perioperatório de doentes com AAA.<hr/>lntroduction: Post-implantation syndrome (PIS) is characterized by fever, flu-like symptoms, leukocytosis and elevation of reactive C protein in the postoperative period of EVAR. The authors aim to estimate the incidence of PIS after EVAR in their institution, identify risk factors and determine the association with clinical events. Materials and Methods: A retrospective study was designed at a tertiary center. All patients undergoing EVAR between July 2014 and December 2016 were included. Data were collected through electronic clinical records, as leukogram, reactive C protein and body temperature. The primary endpoint evaluated was the incidence of PIS, defined as fever> 38 ° and reactive C protein > 75mg / L. The association with demographic and procedural characteristics, length of hospitalization and perioperative clinical events (death or major complications) was assessed. Results:205 patients were identified in this period. After analysis of the clinical records, 25 patients were excluded due to the use of branched or fenestrated endografts; 11 patients were excluded due to EVAS; in 17 patients, the indication wasn’t a primary aneurysm or it was a mycotic aneurysm and; in 46 patients the time of surgery wasn’t elective. In the remaining 106 patients, the incidence of PIS was 19% (n = 20). A statistically significant association was found between PIS and smoking (p = 0.005), COPD (p = 0.005) and statin therapy (p = 0.031). The multivariate logistic regression analysis, correcting for smoking and statin therapy, revealed that smoking is an important risk factor (OR 7.26, p = 0.03) and statin therapy a protective factor (OR = 0.341, p = 0.049). Regarding for the characteristics of the procedure, percutaneous approach, amount of contrast, intraoperative complications and need for complementary procedures, no differences were observed. A significant difference was found between groups in hospitalization length, with a median of 5 days in the group without PIS and 7 days in the PIS group (p = 0.034). No significant differences were found in cardiovascular events, complications or death within 30 days postoperatively between the groups. Conclusion:The incidence of PIS was 19%, which is concordant with literature. The results suggest that smoking is a risk factor. There was also an increase in hospitalization length in 2 days in PIS group. Statin therapy at the time of surgery is a modifiable factor that has been shown to be protective with respect to PIS, reinforcing the benefit of this therapy in the perioperative period of AAA patients. <![CDATA[<b>Helicobacter pylori e o processo aterogénico na doença cardiovascular</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2018000300004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Background: Conventional risk factors do not explain completely the atherogenic process. Chronic Helicobacter pylori (HP) infection may cause arterial inflammation and has been epidemiologically linked to the occurrence of atherosclerosis. Studies about the association of HP infection with peripheral arterial disease are limited. Objective: Evaluate the presence of HP using a monoclonal antibody anti-HP in the atherosclerotic plaques of the superficial femoral artery in patients submitted to amputation above-knee. Material and methods: We searched for the presence of HP in 29 non-consecutive patients with Leriche-Fontaine grade IV lower limb ischemia, submitted to amputation above-knee. Femoral artery was isolated and an atherosclerotic plaque specimen immediately distal to the amputation level, was removed, fixed in formalin and evaluated for HP, using a mono clonal antibody, anti-HP. Results: The mean age of the 29 patients was 82 years. 18 were men (62.1 %). Risk factors for cardiovascular disease were present in the majority of patients. Only one patient had known history of HP infection in the past. Morbidity rate was 30%. The mortality rate was 13.8 % (4 cases). In all cases, anti-HP showed no evidence of HP at the atherosclerotic plaque. DiscussionlConclusion: HP infection has been associated both epidemiologically and pathogenetically with atherosclerosis. However, HP was not found in this study at the atherosclerotic plaques of the superficial femoral artery.<hr/>Introdução: Os factores de risco cardiovasculares não explicam completamente o processo aterogénico. A infecção crónica a Helicobacter pylori (HP) poderá provocar inflamação arterial e está epidemiologicamente ligada ao processo de aterosclerose. Pouco se sabe sobre o papel do HP no processo de aterosclerose, os estudos sobre a associação entre a infecção a HP e doença arterial periférica são limitados. Objetivo: avaliar a presença de HP através de anticorpo monoclonal anti-HP em placas de aterosclerose da artéria femoral superficial de doentes submetidos a amputação acima do joelho. Material e métodos: Foi avaliada a presença de HP em 29 doentes não consecutivos com isquémia do membro inferior Leriche-Fontaine grau IV submetidos a amputação acima do joelho. Isolou-se a artéria femoral superficial e recolheu-se um fragmento de placa aterosclerótica imediatamente distal ao nível de amputação. O espécimen foi fixo em formol e avaliada a presença de HP utilizando um anticorpo monoclocal anti-HP. Resultados: A mediana da idade dos 29 doentes é 82 anos. 18 são do sexo masculino (62,1%). A maioria dos doentes apresentava factores de risco cardiovasculares. Apenas um doente tinha história pessoal de infecção a HP. A morbilidade foi de 30% e a mortalidade 13,8% (n=4). Não se verificou a presença de HP na placa aterosclerótica através do anticorpo monoclocal anti-HP. Discussãol Conclusão: A infecção a HP tem sido associada epidemiologicamente ao processo de aterosclerose. Contudo, neste estudo, não se identificou a presença de HP na placa de aterosclerose na artéria femoral superficial. <![CDATA[<b>Colite isquémica como marcador precoce de isquemia mesentérica aguda</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2018000300005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: A Isquemia Mesentérica Aguda (IMA) e Colite Isquémica (CI) são duas entidades clínicas indissociáveis que podem aparecer no mesmo doente, simultaneamente ou em períodos temporais distintos. No entanto, a maioria dos doentes com CI não apresentam causa vascular obstrutiva major identificável, por oposição à IMA. Segundo o American College of Gastroenterology (ACG), a exclusão de IMA por angio-tomografia computorizada deve ser realizada em todos os doentes com critérios de CI severa. Este estudo teve como objetivos determinar se existe uma associação entre a gravidade da CI e a presença de IMA e identificar preditores de IMA na CI severa. Métodos: Foram selecionados todos os doentes admitidos com o diagnóstico de CI, no período de 2010 a 2014. Resultados: Durante o período estudado foram selecionados 241 doentes, 213 com CI isolada e 28 com CI+IMA. A gravidade da CI foi estratificada de acordo com os critérios do ACG, não se identificando casos de IMA concomitante na CI ligeira, enquanto 1,5% dos doentes com CI moderada e 56,8% dos doentes com CI severa apresentaram IMA concomitante. O grupo CI severa foi comparado com o grupo IMA+CI severa. A presença de hematoquézias foi mais frequente no grupo CI isolada (p<0,001), enquanto obstipação foi mais comum no grupo IMA+CI (p=0,021). À admissão, o valor de hemoglobina e de lactatos foram mais elevados no grupo IMA+CI (13,8±1,9 Vs 11,4±2,2; p<0,001 e 7,6±4,6 Vs 2,4±1,3; p=0,001, respetivamente). Fibrilação auricular, doença coronária e CI do colon direito foram mais prevalentes no grupo IMA+CI (p<0,05). Outros achados clínicos foram avaliados, sem diferenças significativas entre os grupos. Conclusões: A identificação de associação entre CI e IMA incentiva a investigação de uma causa vascular oclusiva major na CI severa. Os nossos resultados, baseados na análise de 241 doentes, vêm suportar a recomendação do ACG para a realização de Angio-tomografia computorizada em todos os doentes com CI severa. Elevação de lactatos, CI isolada ao colon direito, fibrilação auricular e doença coronária são fatores preditores de IMA em doentes com CI severa neste estudo.<hr/>lntroduction: Acute mesenteric ischemia (AMI) and colonic ischemia (CI) may be quite intricate and appear in the same patient simultaneously or in different time frames. However, in the majority of patients with CI a specific occlusive vascular lesion cannot be identified, as opposed to AMI. According to the American College of Gastroenterology (ACG), CT angiography should be performed in all patients with severe CI in order to exclude AMI. The main purposes of this study were to stratify CI severity to determine if there was an association with the presence of AMI, and to identify determinants of AMI in severe CI. Methods: The clinical data of all patients admitted with the diagnosis of CI from 2010 to 2014 were retrospectively reviewed. Results: A total of 241 patients were included, 213 with isolated CI and 28 with CI+AMI. CI was stratified according to ACG severity classification. No cases of concomitant AMI were found in mild CI, 1.5% of patients with moderate CI and 56.8% of patients with severe CI had simultaneously AMI. The severe isolated CI was compared with the severe CI+AMI group. Hematochezia was found more frequently in isolated CI (p<0.001) whereas constipation and isolated right CI were more common in the CI+AMI group (p=0,021). At admission haemoglobin level was significantly higher in the CI+AMI (13.8±1.9 Vs 11.4±2.2; p<0.001) as was lactate level (7.6±4.6 Vs 2.4±1.3; p=0.001). Atrial fibrillation, coronary disease and isolated right colon ischemia were more common in the CI+AMI group (p<0.05). Other clinical findings were evaluated with no significant difference between groups. Conclusions: The knowledge of an association between CI and AMI prompts to look for underlying occlusive disease in patients with severe CI. Our results based on the analysis of 241 patients with CI support the ACG recommendation for CT angiography in all patients with severe CI. Elevated lactate level, right isolated CI, atrial fibrillation and coronary disease are predictors of AMI in patients with severe CI in this study. <![CDATA[<b>Síndrome do Entrapment Popliteu em doente não atleta</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2018000300006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt The popliteal artery entrapment syndrome (PAES) is a major cause of claudication and acute ischemia of lower limb in young athletes without risk factors for atherosclerosis. We present a 39 years-old female patient with no relevant past history and no sport activity, admitted to our emergency department with acute disabling claudication in the right lower limb caused by retrogeniculate popliteal artery occlusion. Computed tomography scan confirmed a type II popliteal entrapment syndrome with popliteal artery occlusion. The patient was submitted to surgery that consisted in myotomy of the medial head of the gastrocnemius muscle, division of the anomalous fibrous band, resection of the diseased popliteal artery and interposition of a reverse ipsilateral saphenous vein graft. The patient recovered distal pulse on the right foot. Previously considered as a rare disease, the growing number of publications about PAES in the medical literature show the opposite. However, little is known about the prevalence of this syndrome and some studies report a prevalence of 0.165-3.5%. PAES is more common in males and in almost 60% is bilateral. The best treatment results are obtained with replacement of the popliteal artery with graft interposition, preferably venous. Currently, this approach is advocated in all patients with entrapment with the exception of early stages with arterial disease confined to the adventitia. PAES is not as rare as previously admitted and therefore it is important to maintain a high index of suspicion in these age group.<hr/>A síndrome do entrapment da artéria popliteia (PAES) é uma causa importante de claudicação e isquemia aguda do membro inferior em jovens atletas sem fatores de risco para aterosclerose. Apresentamos o caso de uma doente de 39 anos de idade, sem antecedentes pessoais relevantes e sem hábitos para a prática desportiva, que recorre ao serviço de urgência com queixas de claudicação incapacitante no membro inferior direito que se revelou consequente a uma oclusão da artéria popliteia. A análise da angio-TC confirma a suspeita diagnóstica da síndrome do entrapment popliteu do tipo II. A doente é submetida a miotomia da cabeça medial do gémeo, secção de uma banda fibrosa anómala, ressecção do segmento de artéria doente e interposição de veia safena interna ipsilateral e invertida. A doente recuperou pulsos distais no membro inferior direito. A PAES é uma entidade patológica mais frequente do que previamente descrito, contudo, com uma taxa de prevalência ainda não bem definida. Alguns estudos reportam uma prevalência entre os 0.165% e 3.5%, sendo mais comum no sexo masculino e bilateral em quase 60% dos casos. O tratamento de escolha passa pela substituição da artéria popliteia com interposição de enxerto venoso. Atualmente, esta abordagem é defendida para todos os doentes com PAES, à exceção de estádios da doença mais precoces, com doença arterial confinada à sua adventícia. Em conclusão, a PAES é uma síndrome mais prevalente que previamente reportado, sendo essencial um alto índice de suspeição para o seu diagnóstico em doentes jovens. <![CDATA[<b>TEVAR por úlcera penetrante da aorta complicada por pseudoaneurisma tardio</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2018000300007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: A patologia da aorta torácica contribui significativamente para a alta mortalidade da doença cardiovascular. Estudos radiológicos de alta resolução têm fornecido perspetivas interessantes relativas à sua etiopatogenia e permitiram a identificação de diferentes entidades subjacentes à síndrome aórtica aguda (SAA). Caso clínico: Doente de 51 anos admitido por quadro de dor torácica de início recente e instalação súbita com irradiação dorsal e HTA associada. Realizou angioTC que revelou UPA (úlcera penetrante aórtica) a nível da aorta torácica descendente, com espessamento parietal associado (compatível com HIM - hematoma intramural). Após internamento em unidade de cuidados intermédios, para terapêutica médica e vigilância, realizou nova angioTC às 72 horas que se mostrou sobreponível. Portanto, teve alta ao 5º dia de internamento assintomático. Aos 6M realizou nova angioTC que mostra regressão do HIM, contudo progressão da UPA com aparecimento de pseudoaneurisma. Deste modo, foi decidido avançar para TEVAR. O doente teve alta ao 2º dia pós-operatório assintomático, com exclusão da lesão sem fugas de acordo com angioTC. Discussão e Conclusão: A UPA, resulta, habitualmente, de erosão da placa ateromatosa podendo ser complicada por HIM, formação de pseudoaneurisma, progressão para dissecção aórtica ou rutura. É de realçar que a evolução e consequente história natural destas patologias permanece por esclarecer. O caso clínico aqui descrito reforça o entendimento do HIM, UPA e dissecção aórtica como fases diferentes da mesma doença. Espera-se que, no futuro, surjam novos dados relativos à fisiopatologia da doença e respetivo tratamento.<hr/>Introduction: The thoracic aortic diseases are a major cause contributing to the high mortality rate of the cardiovascular disease. Recent high resolution radiologic studies have allowed us to get new perspectives related to their etiopathogenesis and the different stages of the acute aortic syndrome (AAS). Clinical case: This case report is about a 51 years old male patient that was referred to the ER with a sudden, acute and abrupt thoracic pain with dorsal irradiation. Also associated were high blood pressure values. An angioCT was immediately performed which showed a penetrating aortic ulcer (PAU) at the descending thoracic aorta with a parietal thickening (suggestive of intramural hematoma - IMH). After 72h of best medical treatment a new angioCT was done which was overlapping. So, it was decided to discharge the patient at the fifth day of hospital stay. At 6 months a new CT was done, this time showing regression of the intramural hematoma but a progression of the PAU to a false aneurysm. Given the new findings it was decided to perform a thoracic endovascular repair. The patient was, then, discharged at the second post-operative day without symptoms with an angioTC showing successful exclusion of the lesion without further complications. Discussion and Conclusion: The PAU usually results from the erosion of an atherosclerotic plaque which can then be complicated by an IMH, pseudoaneurysm formation or progression to an aortic dissection or rupture. It should be noted that the evolution and subsequent natural history of these pathologies remains, still, not totally clear. The clinical report hereby described reinforces the understanding of the IMH, the PAU and the aortic dissection as different stages of the same disease. We hope to see, in the future, new data related to this disease pathophysiology and respective treatment. <![CDATA[<b>Abordagem híbrida de dissecção espontânea da artéria ilíaca comum</b>: <b>a propósito de um caso clínico</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2018000300008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introduction: Iliac artery dissection without aortic involvement is a rare entity, with most cases associated with predisposing factors such as trauma, atherosclerosis, connective tissue disorders or vigorous exercise. The best treatment is not unanimous, and depends on the acuteness and severity of symptoms. Criteria for intervention include prevention of aneurysmatic degeneration, acute limb ischemia, inguinal pain and aneurysm rupture. Recent results using endovascular technique showed comparability with open repair, but there is paucity of data concerning long term results. Methods: Relevant medical data were collected from hospital database. Results: The patient is a 65 years old male, referred to the emergency department for abdominal pain in the left lower quadrant with inguinal irradiation. No signs or symptoms of acute limb ischemia were present. He had no previous history of connective tissue disease, cardiovascular risk factors, trauma or vigorous exercise. A CTA was performed, which identified an acute common left iliac artery dissection, with no evidence of vascular compromise of the ipsilateral limb. He was submitted to surgical left femoral approach and percutaneous right femoral approach and dissection exclusion with two stentgrafts. Resolution of abdominal pain occurred immediately. Imagiologic follow-up with CTA was performed 12 and 24 months later with no signs of dissection or residual stenosis. Conclusion: In this case, an hybrid procedure with femoral surgical approach was performed for access site control. The use of bilateral femoral access was useful to identify the true lumen more accurately and to accommodate a more precise stent placement assuring adequate sealing. At 24 months follow-up, the patient maintains asymptomatic with no evidence of complications in the imagiologic follow-up. No signs or symptoms suggestive of connective tissue disease developed.<hr/>Introdução: A dissecção da artéria ilíaca sem envolvimento da aorta é uma entidade rara, estando a maioria dos casos associados a fatores de risco como traumatismo, aterosclerose, distúrbios do tecido conjuntivo ou exercício vigoroso. A melhor opção terapêutica não é consensual e depende da gravidade e velocidade de evolução dos sintomas. Os critérios de intervenção incluem prevenção de degeneração aneurismática, isquemia aguda de membros, dor inguinal e rotura de aneurisma. Estudos recentes com recurso à técnica endovascular mostraram resultados sobreponiveis com a cirurgia aberta, mas os relativos a resultados a longo prazo são escassos. Métodos: Observação clínica e consulta de registos clínicos. Resultados: O doente é um homem de 65 anos, referenciado ao serviço de urgência por dor abdominal no quadrante inferior esquerdo com irradiação inguinal. Sem evidência clínica de isquemia aguda de membro. Não apresentava história prévia de doença do tecido conjuntivo, fatores de risco cardiovascular, trauma ou exercício vigoroso. Foi realizada uma angio-tomografia computadorizada (AngioTC), que identificou uma dissecção da artéria ilíaca esquerda aguda comum, sem evidência de compromisso vascular do membro ipsilateral. Foi então submetido a abordagem cirúrgica femoral esquerda e a abordagem percutânea femoral direita para exclusão da dissecção com recurso a dois stents recobertos. A resolução da dor abdominal ocorreu imediatamente. O follow-up imagiológico com AngioTC foi realizado aos 12 e 24 meses, sem evidência de dissecção ou estenose residual. Conclusão: Neste caso, um procedimento híbrido com abordagem cirúrgica femoral foi realizado para o controle do local de acesso. O uso do acesso femoral bilateral foi útil para identificar o verdadeiro lúmen com maior precisão e para acomodar uma colocação mais precisa do stent, assegurando uma exclusao adequada do flap de disseção. Aos 24 meses de follow-up, o doente mantém-se assintomático sem evidência de complicações no estudo imagiológico. Estudos comparativos entre tratamento cirúrgico e endovascular demonstraram resultados similares. No entanto, nenhum resultado a longo prazo foi relatado para a colocação de stent endovascular para a disseção da artéria iliaca comum, pelo que são necessários mais estudos para avaliar sua eficácia a longo prazo. <![CDATA[<b>Síndrome de May-Thurner</b>: <b>um caso clínico dois anos após tratamento endovascular</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2018000300009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Previously considered a rare clinical condition, the development of more sophisticated imaging methods and endovascular intervention for deep venous thrombosis (DVT) led to a more frequent identification of May-Thurner Syndrome. We present a 68 years-old woman with history of chronic pain and edema in the left lower limb and a CT-scan finding of left common iliac vein compression. Phlebography confirmed a stenosis in the confluence of the left common iliac vein with the inferior vena cava and a dilated left ovarian vein as well as voluminous collaterals in the pelvic fossa to the contralateral iliac vessels. These aspects are suggestive of May-Thurner Syndrome. The lesion was treated by venous angioplasty and stenting of the left common iliac vein. The recovery was uneventful, the patient remained on antiplatelet therapy and anticoagulation and had a notorious clinical improvement. May-Thurner Syndrome should be suspected in patients with chronic symptoms of venous insufficiency or as an underlying cause of acute proximal DVT in the left lower limb.<hr/>Previamente considerada como uma entidade clínica rara, o desenvolvimento de métodos de imagem cada vez mais sofisticados e a proliferação do tratamento endovascular da TVP, tornou a Síndrome de May-Thurner um diagnóstico cada vez mais frequente na nossa prática clínica. Apresentamos o caso de uma doente de 68 anos de idade com queixas crónicas de dor e edema do membro inferior esquerdo e um achado em angio-TC de compressão da veia ilíaca primitiva. A flebografia confirmou a presença de uma estenose na confluência entre a veia ilíaca primitiva esquerda com a veia cava inferior, a dilatação da veia ovárica esquerda e uma volumosa rede de colaterais da fossa pélvica com comunicação com os vasos ilíacos contralaterais - aspetos sugestivos da Síndrome de May-Thurner. A lesão foi tratada com angioplastia transluminal percutânea com implantação de stent na veia ilíaca primitiva esquerda. O periodo pós-operatório decorreu sem intercorrências. A doente teve alta sob antiagregação e anticoagulação com uma notória melhoria clínica. A Síndrome de May-Thurner é uma entidade clínica que deve ser suspeitada em doentes com sintomatologia crónica de insuficiência venosa ou eventos de trombose venosa profunda no membro inferior esquerdo. <![CDATA[<b>Tratamento endovascular de síndrome de carotid blowout agudo após osteoradionecrose da mandíbula</b>: <b>a propósito de um caso clínico</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2018000300010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Aim: Carotid blowout syndrome is a rare but devastating complication of head and neck malignancy, and is associated with a reported mortality and neurologic morbidity of 40% and 60% respectively. The aim of this case report is to present our experience with a single case of massive haemorrhage from the internal carotid artery (ICA) in a previously irradiated neck treated with a stentgraft, hence maintaining carotid artery patency. Methods: Relevant medical data were collected and literature review was performed. Results: The patient is a 61-year-old male with a previous history of head and neck cancer submitted to radical surgery and chemo and radiotherapy. Seven years later, the patient was diagnosed with osteoradionecrosis of the mandibula and submitted to surgery. Hospital stay was prolonged due to local infection and suture dehiscence with carotid artery exposure. No previous episodes of sentinel bleeding were registered. Life-threatening haemorrhage from the surgical wound started acutely. Under manual compression, the patient was rushed to the angiography suite and the diagnostic angiography ascertained active bleeding from the ICA. A stentgraft Atrium Advanta V12 (Maquet Getinge group, Hudson, NH, USA) was deployed maintaining ICA patency. The patient was subsequently submitted to surgical reconstruction and had an uneventful recovery. Discussion: Management of acute carotid blow syndrome is critical, often requiring a multidisciplinary approach. Stentgraft placement is a highly feasible and effective approach with lower morbimortality rates when compared to surgical repair/ ligation or endovascular embolization. However long term results with patency rates are currently lacking.<hr/>Objetivo: A síndrome de blowout carotídeo é uma complicação rara mas potencialmente catastrófica, da neoplasia de cabeça e pescoço, e está associada a uma mortalidade e morbidade neurológica reportadas de 40% e 60%, respetivamente. Pretende-se apresentar a nossa experiência com um caso de blowout carotídeo com hemorragia maciça com origem na artéria carótida interna (ACI) num doente com história prévia de radioterapia cervical e osteorradionecrose da mandíbula, tratado por via endovascular com colocação de um stent recoberto mantendo, assim, a permeabilidade carotídea. Métodos: Realizou-se revisão dos dados clínicos relevantes bem como revisão da literatura existente. Resultados: Trata-se de um doente do sexo masculino de 61 anos, com história prévia de neoplasia da cabeça e pescoço, submetido a cirurgia radical e quimio e radioterapia. Sete anos depois, o paciente foi diagnosticado com osteorradionecrose da mandíbula e submetido a cirurgia reconstrutiva. A estadia hospitalar pós-operatória foi prolongada por infeção local e deiscência da ferida cirúrgica com exposição carotídea. Não houve registo de episódios prévios de hemorragia sentinela, no entanto o doente apresentou início súbito de hemorragia major com origem na ferida cirúrgica. Sob compressão manual, o doente foi admitido na suite angiográfica tendo-se constatado hemorragia ativa da ACI. Posteriormente implantou-se um stent recoberto Atrium Advanta V12 (Maquet Getinge, Hudson, NH, EUA) mantendo-se a permeabilidade da ACI. Numa segunda fase, após estabilização do doente em unidade de cuidados intensivos, o doente foi submetido a reconstrução cirúrgica, sem intercorrências. Discussão: O tratamento da síndrome de blowout carotídeo agudo é emergente, exigindo muitas vezes uma abordagem multidisciplinar. A colocação de um stent recoberto é uma abordagem exequível e eficaz em contexto agudo, com menores taxas de morbimortalidade associadas, quando comparado ao tratamento/laqueação cirúrgica ou embolização endovascular. No entanto, desconhece-se os resultados a longo prazo, em particular taxas de permeabilidade. <![CDATA[<b>Aneurismas venosos poplíteos</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2018000300011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O aneurisma da veia poplítea é uma entidade rara mas potencialmente fatal pelas eventuais complicações tromboembólicas. O objetivo deste trabalho é descrever dois casos institucionais e proceder a uma revisão da literatura. Em um dos casos o diagnóstico foi feito após ocorrência de embolia pulmonar sintomática e em outro de forma incidental. Em ambos os casos o tratamento foi por cirurgia convencional sem complicações peri operatórias. Da revisão literária foram analisados um total de 43 aneurismas da veia poplítea publicados entre 206 e 2016.<hr/>Popliteal vein aneurysm is a rare but potentially fatal entity due to possible thromboembolic complications. The purpose of this paper is to describe two institutional cases and to review the literature. In one case the diagnosis was made after the occurrence of symptomatic pulmonary embolism and in another, incidentally. In both cases the treatment was by conventional surgery without perioperative complications. From the literary review, a total of 43 popliteal vein aneurysms published between 206 and 2016 were analyzed.