Scielo RSS <![CDATA[Angiologia e Cirurgia Vascular]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=1646-706X20210001&lang=en vol. 17 num. 1 lang. en <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[Treatment of arterial pathology in the Portuguese National Health Service - a report of the years 2009-2017.]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000100001&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: A análise de bases de dados administrativas, consistindo em codificação hospitalar, é uma importante ferramenta para melhorar o conhecimento e a gestão de cuidados de saúde. Através destas, é possível avaliar tendências e proceder à monitorização e avaliação de resultados. Métodos: O presente relatório é resultante de um protocolo de colaboração entre a Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular e a Escola Nacional de Saúde Pública, baseado na análise de dados resultantes da codificação hospitalar por Grupos de Diagnóstico Homogéneos da Administração Central do Sistema de Saúde. Tratou-se de um estudo observacional, retrospetivo e transversal. Apresenta as tendências verificadas nas admissões hospitalares e intervenções nos três grupos de patologia arterial mais expressivos da especialidade de Angiologia e Cirurgia Vascular em Portugal (aneurisma da aorta, doença arterial periférica e doença carotídea). Resultados: Foram analisados dados referentes aos episódios de internamento nos hospitais do SNS de Portugal continental entre 2009 e 2017. Observa-se que a grande maioria dos doentes tratados se encontram na faixa etária dos 65-84 anos e o sexo masculino é o que tem maior expressão. Nota-se uma significativa proporção de doentes tratados por patologia não eletiva. Os números de admissões aumentaram globalmente ao longo do tempo. Verifica-se, na globalidade, um progressivo aumento na utilização de técnicas endovasculares, sendo dominantes na maioria das áreas de intervenção. No entanto a cirurgia convencional permanece relevante como modalidade terapêutica sendo inclusivamente dominante no caso de patologia carotídea sintomática. Conclusão: A tendência de crescimento no número de doentes tratados, assim como a crescente utilização de terapêutica endovascular, tem importantes implicações na gestão do Serviço Nacional de Saúde e na programação da atividade dos Serviços. A utilização de dados administrativos tem importantes limitações na análise de resultados, na obtenção das características dos doentes e detalhes das intervenções, e representa apenas a realidade do Serviço Nacional de Saúde em Portugal Continental. Não obstante, a análise de resultados que tem na sua base informação de tipo administrativa, tem contribuído para melhorar o conhecimento das características da população e dos procedimentos realizados em diversas áreas clínicas permitindo, igualmente, apoiar tomadas de decisão a nível clínico e de governação da saúde.<hr/>Abstract Introduction: The analysis of administrative databases, using administrative data from hospital codification, is an important tool to improve knowledge and management of healthcare. Through this, it is possible to evaluate tendencies as well as monitor and evaluate generic outcomes. Method: The present report is a result of a collaboration protocol between the Portuguese Society of Angiology and Vascular Surgery and the NOVA National School of Public Health, based on the analysis of data resulting from hospital codification by homogeneous diagnostic groups gathered by the Portuguese Central Administration of Health System. It was an observational, retrospective, transversal study. It presents the tendencies observed in hospital admissions and interventions in the three main groups of arterial pathology (abdominal aneurysm, peripheral arterial disease and cerebrovascular disease) handled by Angiology and Vascular Surgery in Portugal. Results: Data from hospital admissions within the Portuguese National Health Service in Continental Portugal was obtained from 2009 to 2017. The large majority of patients were in the range of 65 to 84 years-old and male sex was predominant. A significant proportion of admission were non-elective. Total number of admissions increased over the years. Globally, there was a gradual increase in the use of endovascular techniques, which were dominant in the majority of fields of intervention. However, conventional surgery remained relevant as a therapeutic modality and was dominant in the case of symptomatic carotid disease. Conclusion: A tendency in increasing number of admissions as well as increasing proportion of endovascular treatment was noted, which has important implications in the National Healthcare System management and in the planning of activity by surgical departments. The use of administrative data has important limitations in the analysis, in obtaining patient characteristics and operative details, and represents only the reality of the National Healthcare System of Continental Portugal. Never the less, it has been the basis for better understanding the characteristics of patients and procedures in different areas of care and to support clinical and governance decisions. <![CDATA[Acute renal ischemia, a surgical vascular emergence with a still unknown evolution.]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000100007&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Introduction: Acute renal ischemia has a low incidence. Literature evidence of its surgical treatment is based on case series, and there are no well-defined indications for renal revascularization in this setting. Methods: Observational and retrospective study, based on clinical records from patients that underwent renal artery revascularization due to acute renal ischemia, at a tertiary university hospital, from January 2011 to June 2020. Primary endpoint was 30 days dialysis rate, and secondary endpoints were 30 days de novo chronic kidney disease rate and 30 days survival. Results: Eleven patients with acute renal ischemia were included. The causes of renal artery occlusion were: aortic dissection (N=3), native renal artery thrombosis (N=3), thrombosis of a previously revascularized renal artery (N=3), embolism (N=1) and closed trauma (N=1). Two of these affected patients with a single kidney. The median time from symptom onset to surgical revascularization was 24 hours. Two patients had previously known chronic kidney disease. Clinical presentation was lumbar or abdominal pain (n=8), non-controlled hypertension (N=5), or oligoanuria (N=5). The diagnosis was made by CTA in all patients. In all cases, the main renal artery was involved (N=9 from its ostium), and there was some degree of affected kidney contrast enhancement. Unilateral endovascular revascularization was performed with angiographic success in 10 patients; it was performed a bilateral endovascular revascularization in one of the three patients who had bilateral renal ischemia. Except for one patient with stent occlusion (that underwent DCB angioplasty), all patients underwent stent angioplasty (6 using covered stents). Two patients presented postoperative oligoanuria, and four required at least one dialysis session. At 30 days, the rate of dialysis was 11% (one patient with traumatic bilateral acute renal ischemia with 13 hours evolution), and the percentage of de novo chronic kidney disease was 22%. The 30-day survival was 90%. Conclusion: In this population, we can foresee the reversion of acute renal ischemia, even after prolonged renal artery occlusions. However, with our data, it is not possible to predict which patients will recover previous renal function after urgent revascularization with angiographic success. For being prompt and less invasive, endovascular treatment is the first surgical option for acute renal ischemia treatment at our institution.<hr/>Resumo Introdução: A incidência de isquemia aguda renal é baixa. A experiência publicada do seu tratamento cirúrgico resume-se a séries de casos e não há indicações bem definidas para a revascularização renal em caso de isquemia aguda. Métodos: Estudo observacional retrospetivo realizado com base na consulta de processos clínicos de doentes submetidos a revascularização de artéria renal por isquemia aguda renal, num hospital universitário terciário, de Janeiro de 2011 a Junho de 2020. O endpoint primário foi a taxa de diálise aos 30 dias e os endpoints secundários foram a taxa de doença renal crónica de novo aos 30 dias e a sobrevida aos 30 dias. Resultados: Foram incluídos 11 doentes com isquemia aguda renal. As causas da oclusão arterial renal foram: disseção aórtica (N=3), trombose de artéria renal nativa (N=3), trombose de revascularização renal prévia (N=3), embolia (N=1) e trauma fechado (N=1). Dois dos casos corresponderam a doentes com rim único. A mediana de tempo desde o início do quadro até à revascularização cirúrgica foi de 24 horas. Dois doentes apresentavam doença renal crónica prévia conhecida. A apresentação clínica foi de dor lombar ou abdominal (n=8), HTA não controlada (N=5) e/ou oligoanúria (N=5). O diagnóstico foi realizado em todos com recurso a angio-TC. Em todos os doentes, a artéria renal principal estava afetada (N=9 desde o seu óstio) e havia algum grau de captação de contraste pelo rim afetado. Em todos os casos, foi realizada a revascularização unilateral de uma artéria renal com sucesso angiográfico, com exceção de um dos três casos em que a isquemia renal era bilateral, em que ambas as artérias renais ocluídas foram revascularizadas. Com exceção de um doente com oclusão de stent (submetido a angioplastia com DCB), todos foram submetidos a angioplastia com stent (6 com stents cobertos). Dois doentes apresentaram oligoanúria no pós-operatório e quatro necessitaram de pelo menos uma sessão dialítica. Aos 30 dias, a taxa de diálise foi de 11% (doente com isquemia aguda renal bilateral de etiologia traumática com 13 horas de evolução) e a taxa de doença renal crónica de novo de 22%. A sobrevida aos 30 dias foi de 90%. Conclusão: Nesta população de doentes, pode-se verificar a reversão da isquemia aguda renal mesmo após oclusões prolongadas das artérias renais. No entanto, com os dados disponíveis, não é possível anteceder quais os doentes que recuperarão a função renal prévia após revascularização urgente com sucesso angiográfico. Por ser rápido e pouco invasivo, o tratamento endovascular é a primeira linha no tratamento cirúrgico da isquemia aguda renal na nossa instituição. <![CDATA[The Vascular Surgery Emergency Department in times of COVID-19 pandemic.]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000100013&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Background: The surge of the COVID-19 pandemic in Portugal and the implemented public health measures were accompanied with a noticeable decrease in patients’ attendance to the Emergency Department (ED). Objectives: This study aims to evaluate the impact of COVID-19 pandemic on Vascular Surgery ED admissions, by comparing clinical and demographic characteristics of patients visiting the ED during the pandemic and the homologous period of 2019. Methods: We retrospectively collected data from patients admitted to the ED of a Portuguese tertiary hospital centre between March 4th and April 1st, 2020 - two weeks before and two weeks after the governmental implementation of the state of emergency in our country due to the COVID-19 pandemic - and the homologous period of 2019. Individual medical records were revised to obtain patients demographics and characteristics, clinical severity under the Manchester Triage System (MTS), final diagnosis, need for hospitalization or emergent/urgent surgery, in-hospital length of stay and mortality within 30 days of hospital discharge. Results: A total of 119 and 210 patients visited the Vascular Surgery ED during the pandemic and the homologous period of 2019, respectively. Males comprised the majority of patients in both years and the proportion of women visiting the ED was lower in 2020 compared to 2019 (P=0.015). The MTS attributed a lower number of high-priority levels (yellow and orange) to patients visiting the ED in 2020 (P=0.048). A higher proportion of patients required in-hospital treatment or emergent/urgent surgery (P&lt;0.001 and P=0.002, respectively) during the pandemic. No differences were observed in in-hospital length of stay and early mortality. The most prevalent diagnosis during this critical period were chronic limb threatening ischemia (CLTI), deep vein thrombosis, and acute limb ischemia; in 2019, CLTI, non-vascular limb pain and post-operative pain were the dominating diagnosis. Conclusion: We found a 43.3% decrease in the number of visits to the Vascular Surgery ED in the first month after the inaugural diagnosis of COVID-19 in Portugal. There was a significant reduction of patients with high-priority complaints, but those who presented to the ED had more severe and advanced disease, reflected by the increased proportion on hospitalization and emergent/urgent surgery requirements. Fear of infection and mobility limitations imposed by the quarantine may deter patients from attending the ED and delay proper healthcare. Mid to long-term impact of such behaviour on morbimortality should be determined to evaluate the quality of response of healthcare services to the pandemic.<hr/>Resumo Introdução: O crescimento da pandemia COVID-19 em Portugal e as medidas de saúde pública implementadas fizeram-se acompanhar de um acentuado decréscimo no número de pacientes admitidos no Serviço de Urgência (SU). Objetivos: Este estudo tem como objetivo avaliar o impacto da pandemia COVID-19 nas admissões do SU de Cirurgia Vascular, comparando as características clínicas e demográficas dos utentes que recorreram ao SU durante o período da pandemia e o período homólogo de 2019. Métodos: Recolhemos retrospetivamente a informação dos pacientes admitidos no SU de Cirurgia Vascular do Centro Hospitalar Universitário do Porto entre os dias 4 de Março e 1 de Abril de 2020 - duas semanas antes e duas semanas depois da implementação do estado de emergência no nosso país devido à pandemia COVID-19 - e durante o período homólogo de 2019. Foram analisados os registos clínicos para obter as características e demografia, a severidade clínica orientada pelo Sistema de Triagem de Manchester (STM), o diagnóstico final no SU, a necessidade de internamento hospitalar ou de cirurgia emergente/urgente, a duração do internamento e a mortalidade dentro de 30 dias após a alta clínica. Resultados: Durante o período da pandemia e o período homólogo de 2019, recorreram ao SU de Cirurgia Vascular um total de 119 e 210 utentes, respetivamente. Em ambos os anos predominaram utentes do sexo masculino, tendo-se verificado uma redução significativa na proporção de mulheres admitidas no ano de 2020 (P=0,015). Durante este período, foram triadas gravidades urgentes e muito urgentes em proporções significativamente inferiores (P=0,048). Contudo, a necessidade de internamento e de cirurgia emergente/urgente foi proporcionalmente e significativamente superior durante a pandemia (P&lt;0,001 e P=0,002, respetivamente). Não se verificaram diferenças entre o tempo de internamento e a mortalidade precoce. Os diagnósticos mais prevalentes durante este período crítico foram a isquemia crónica ameaçadora de membro (CLTI), trombose venosa profunda e a isquemia aguda de membro; em 2019 predominaram os diagnósticos de CLTI, dor no membro de etiologia não-vascular e dor pós-operatória. Conclusão: Identificámos uma redução de 43,3 % no número de visitas ao SU de Cirurgia Vascular no primeiro mês após o caso inaugural de COVID-19 no nosso país. Houve uma diminuição significativa dos casos urgentes e muito urgentes triados no SU, mas aqueles que recorreram a estes serviços apresentaram-se com doença mais grave e avançada, traduzido pelo aumento significativo na necessidade de cuidados em internamento e de cirurgia emergente/urgente. O medo de infeção e as limitações à mobilidade impostas pela quarentena podem dissuadir os doentes de recorrer ao SU e atrasar o tratamento médico adequado. Os efeitos a médio e longo prazo deste comportamento na morbimortalidade dos doentes deve ser determinada de forma a avaliar a qualidade da resposta dos serviços de saúde à pandemia. <![CDATA[Primary Aortocaval Fistula in Ruptured Abdominal Aortic Aneurysm - Institutional Experience and Literature Review.]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000100020&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: A fístula aorto-cava primária (FAC) é uma entidade clínica rara, associada a menos de 1% dos AAA. As principais manifestações clínicas são insuficiência cardíaca aguda (ICA), edema dos membros inferiores, lesão renal aguda (LRA) e insuficiência hepática aguda (IHA). A cirurgia convencional associa-se a elevada mortalidade (16-66%)(1). Apesar da limitada evidência acerca da abordagem desta patologia, o tratamento endovascular, quando exequível, aparenta ser eficaz e associado a menor morbimortalidade. Os autores têm como objetivo descrever a apresentação clínica, terapêutica e resultados dos AAA complicados de FAC num hospital terciário e comparar com os dados disponíveis na literatura. Material e Métodos: Análise retrospetiva dos AAA complicados de FAC tratados entre Janeiro de 2014 e Maio de 2020 num hospital terciário. Os dados foram colhidos através da consulta do processo clínico eletrónico e foram incluídas variáveis demográficas, clínicas, do procedimento e eventos clínicos pós-operatórios. Resultados: Durante este período, identificaram-se quatro doentes com AAA complicado de FAC submetidos a cirurgia emergente. Os doentes eram do sexo masculino, com idade média de 70(±8) anos e história de tabagismo (n=4). Na admissão, os sintomas mais comuns foram dor lombar (n=4) e hipotensão/taquicardia (n=4). Outros sinais/sintomas frequentes foram massa abdominal pulsátil (n=3) e LRA/hematúria (n=2). Em dois doentes, a AngioTC na admissão revelou AAA com hematoma retroperitoneal sem evidência de FAC, que apenas foi diagnosticada intra-operatoriamente. Dois doentes foram submetidos a interposição aorto-bi-ilíaca com rafia endoaneurismática da fístula; um foi submetido a pontagem aorto-bi-femoral com rafia endoaneurismática da fístula e um foi submetido a exclusão endovascular com endoprótese aorto-bi-ilíaca Gore Excluder C3®. As perdas hemáticas foram muito superiores nos doentes submetidos a cirurgia convencional. As complicações pós-operatórias mais frequentes foram a LRA (n=3), insuficiência respiratória (n=2) e IHA (n=2). O doente submetido a EVAR aorto-bi-ilíaco não apresentou qualquer complicação pós-operatória, tendo alta ao 7º dia pós-operatório. Até aos 30 dias, verificou-se uma reintervenção: hemicolectomia esquerda por colite isquémica no 1º dia pós-operatório de cirurgia convencional. Após os 30 dias, observou-se 1 reintervenção: implantação de endoprótese bifurcada ilíaca por aneurisma ilíaco direito, no doente submetido a EVAR. Em dois casos, verificou-se o óbito no período pós-operatório precoce (2º e 3º dia). Os restantes doentes têm um follow-up de 66 e 29 meses. Conclusões: A FAC pode ocorrer em associação ou não a rotura de AAA com hematoma retroperitoneal e, nalguns casos, não é evidente na AngioTC e apenas detetada intra-operatoriamente. Tendo em conta a nossa experiência e o descrito na literatura, deve existir um elevado índice de suspeição para esta complicação dos AAA nos casos de congestão venosa aguda com disfunção orgânica de novo (LRA, ICA, IHA), mesmo na presença apenas de hematoma retroperitoneal imagiologicamente. A cirurgia convencional com rafia endoaneurismática da FAC e interposição protésica foi a técnica cirúrgica de eleição. No entanto, o tratamento endovascular, se exequível, aparenta ser eficaz e com menor morbilidade e mortalidade nos AAA complicados de FAC. O não encerramento da comunicação aorto-cava por via endovascular não parece resultar em morbilidade significativa. Se se verificar preenchimento da fístula por endoleak tipo II, apesar da evidência escassa na literatura, a vigilância clínica e imagiológica parece ser uma opção segura, desde que se associe a evolução favorável do saco aneurismático e ausência de sintomas.<hr/>Abstract Introduction: Aortocaval Fistula is a rare clinical entity associated with Abdominal Aortic Aneurysm in less than 1% of cases. Main clinical features include acute heart failure, lower extremety edema, acute kidney injury and acute liver failure. Open surgical repair is associated with high mortality rates (16-66%)(1). On the other hand, endovascular treatment could represent a less morbid and equally efective treatment option. The authors aim to describe clinical presentation, surgical options and post-operative results of the treatment of abdominal aortic aneurysms associated with aortocaval fistula, comparing their results to literature. Material and Methods: A retrospective review in a tertiary care center was designed. All patients treated for aortocaval fistula associated with AAA between January of 2014 and May of 2020 were included. Patient data were obtained by consulting the clinical record. Demographic, clinical, surgery and post-operative results and complications were obtained. Results: During this period, four patients submitted to emergent surgery were identified. All patients were male with a mean age of 70 (±8) years and with tobacco use history (n=4). On admission, most frequent symptoms we&amp;apos;re lumbar pain (n=4) and hipotension/tachycardia (n=4). Other frequent signs or symptoms we&amp;apos;re abdominal pulsatile mass (n=3) and acute kidney injury with hematuria (n=2). In two patients, CT angiography revealed rAAA with retroperitoneal hematoma without aortocaval fistula, which was only diagnosed intraoperatively. Two patients were submitted to aorto-bi-iliac interposition graft and one to aorto-bi-femoral bypass, all with endoaneurysmal suture of the fistula. One patient was submitted to aorto-bi-iliac EVAR with a Gore Excluder C3® endoprosthesis. Most common post-operative complications were AKI (n=3), respiratory failure (n=2) and acute liver failure (n=2). The aorto-bi-iliac EVAR patient did not present any 30 day post-operative complication and was discharged at the 7th post-operative day. There was 1 secondary intervention within the first 30 days: left hemicolectomy for ischemic colitis. After 30 days we observed one reintervention: implantation of right iliac branch device due to an iliac aneurysm Two patients died in the early postoperative period (2nd and 3rd days). The remaining patients have a follow-up of 29 and 66 months. Conclusions: ACF can occur with or without AAA with retroperitoneal hematoma. In the presence of retroperitoneal hematoma, the ACF could not be evident in CT angiography and only detected intraoperatively. Considering our experience and what is described in literature, we should have a high index of suspicion for this possible complication of rAAA in the presence of acute venous congestion with acute onset of organ failure (AKI, acute cardiac or liver failure), even if CT angiography only reveals retroperitoneal hematoma. Conventional surgery with endoaneurysmal suture of the fistula and interposition graft was the preferred technique, but if endovascular exclusion is feasible, it could be effective and associated with less morbimortality. In endovascular treatment, failure to close aortocaval communication does not appear to result in higher long-term morbidity and monitoring seems plausible in the presence of favorable evolution of the aneurysmal sac and in the absence of symptoms. <![CDATA[10 years of experience in ultrasound-guided thrombin injection, a safe and effective technique in femoral pseudoaneurysm treatment.]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000100027&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: O elevado número de procedimentos vasculares percutâneos resulta num aumento das complicações relacionadas com o acesso vascular. A mais frequente é o falso aneurisma (FA), cuja intervenção de primeira linha é atualmente a injeção eco-guiada de trombina humana (IETH). Métodos: Estudo observacional retrospetivo realizado através da consulta de processos clínicos dos doentes submetidos a IETH por FA femoral num hospital terciário no período de 2008 a 2018. O end-point primário foi o sucesso desta modalidade terapêutica (trombose primária e à reavaliação ecográfica). Os end-points secundários foram complicações relacionadas com o procedimento, reintervenções, duração de internamento e sobrevida. Resultados: A amostra incluiu 102 doentes. 97% dos FA tinham etiologia iatrogénica confirmada. 4% foram diagnosticados após intervenção pela Cirurgia Vascular e 85% após intervenção pela Cardiologia, dos quais 80% após cateterismo coronário e 13% após TAVI (transcatheter aortic valve implantation). 58% dos doentes estavam antiagregados e 50% anticoagulados. 80% dos FA ocorreram à direita. 65% afetavam a AFC e 35% a AFS ou AFP. O diâmetro médio dos FA tratados por IETH foi de 36,8mm. 29% apresentavam-se lobulados (FA complexos). Quanto às características do colo do FA, 58% tinham colo longo (≥3mm de comprimento) e 58% tinham colo estreito (&lt;3mm de calibre). O tempo mediano até à IETH após intervenção causal foi de 6 dias. 89% apresentaram trombose primária após IETH, decrescendo para 73% à reavaliação posterior por Eco Doppler. 16% repetiram IETH, 5% mais que uma vez. Não foram documentadas complicações relacionadas com o procedimento. Os falsos aneurismas complexos associaram-se a taxas inferiores de trombose completa à reavaliação ecográfica (p=0,012). O segmento arterial afetado, realização de antitrombóticos, diâmetro do FA e características do colo não apresentaram associação com a taxa de trombose do FA. 6% dos doentes submetidos a IETH foram submetidos a tratamento cirúrgico de FA femoral (a maioria após mais de 2 IETH), num dos casos por via endovascular. O tempo mediano de internamento após 1ª IETH foi de 3 dias, superior nos doentes com etiologia iatrogénica após TAVI comparativamente a após cateterismo coronário (p=0,006). A sobrevida dos doentes submetidos a IETH foi de 97±2% a 1 mês, 86±4% a 1 ano e 60±7% a 5 anos, sem diferença significativa de acordo com etiologia do FA femoral. Conclusão: A IETH é uma alternativa segura e com elevada eficácia para o tratamento de FA pós cateterização vascular. É expectável que 1/6 dos doentes necessite de mais do que uma injeção para obter o sucesso desejado, sendo esse risco mais elevado no caso de FA complexos. Apesar dos bons resultados, alguns doentes continuarão a necessitar de correção cirúrgica.<hr/>Abstract Introduction: Increased percutaneous vascular procedures lead to a growth in access-related complications, the most common of which is pseudoaneurysm (PA). Nowadays, femoral PA first-line treatment is ultrasound-guided thrombin injection (UGTI). Methods: An observational retrospective study was designed. Patients who underwent UGTI on a tertiary hospital, from 2008 to 2018 were included. Data were collected from medical records. Primary endpoint was UGTI success (primary PA occlusion and after US revaluation PA occlusion). Secondary endpoints were procedure-related complications, reinterventions, hospitalization duration and survival. Results: 102 patients were included. 97% of PA had a confirmed iatrogenic etiology. 4% were diagnosed after a vascular procedure and 85% after cardiology procedure, 80% of which after coronary catheterization and 13% after TAVI (transcatheter aortic valve implantation). 58% of patients where on antiplatelets and 50% on anticoagulation therapy. 80% of PA was located on the right groin. 65% affected CFA and 35% affected SFA or PFA. PA mean diameter was 36,8mm. 29% of PA were lobulated (complex PA). Regarding PA neck, 58% had long neck (length ≥3mm) and 58% had narrow neck (width &lt;3mm). Median time from iatrogenic trauma to UGTI was 6 days. 89% of PA showed primary occlusion after UGTI; this rate decreased to 73% after US revaluation. 16% of patients repeated UGTI, 5% more than once. We identified no procedure-related complications. Complex PA were associated with lower rates of PA occlusion on US revaluation (p=0,012). We found no association between occlusion rates and affected artery, antithrombotic medication, PA diameter, neck length or width. 6% of patients underwent femoral PA surgical procedure (most of them after more than 2 UGTI); one underwent an endovascular repair procedure. After UGTI, hospitalization median time was 3 days, longer after TAVI compared with coronary catheterization (p=0,006). Patients mean survival was 97±2% at 1 month, 86±4% at 1 year e 60±7% at 5 years, with no significant difference between different PA etiologies. Conclusion: UGTI is a safe and effective modality for PA treatment. We can expect that 1/6 of patients will need more than one UGTI to achieve expected success; this risk is higher in complex PA. Despite good results, some patients will continue to require surgical procedures. <![CDATA[Off-the-shelf COOK® T-BRANCH® branched endoprosthesis deployment: technical aspects and tips and tricks.]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000100036&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: As próteses ramificadas off-the-shelf, como a Cook t-Branch®, surgiram como uma alternativa de rápido acesso no tratamento de aneurismas tóraco-abdominais (ATA). Objetivo/Técnica: Na nossa instituição a utilização da endoprótese Cook T-Branch® tem sido efetuada em casos urgentes e em alguns casos eletivos com anatomia favorável e em que é desaconselhável esperar pela confeção de um custom-made device (CMD). A experiência acumulada justifica o propósito deste artigo de revisão que pretende descrever a forma de implantação, algumas técnicas adjuvantes e algumas tips and tricks que poderão facilitar a curva de aprendizagem em centros com menor contacto com esta plataforma. Conclusão: A utilização de próteses ramificadas off-the-shelf, como a Cook T-Branch®, é uma alternativa segura e viável para o tratamento de ATA cuja principal vantagem é a rápida acessibilidade. Conforme avançamos na curva de aprendizagem e novas técnicas adjuvantes são adquiridas, a sua aplicabilidade aumentada de forma significativa, tanto no contexto urgente como eletivo.<hr/>Abstract Introduction: Off-the-shelf multi-branched stent grafts, such as Cook t-Branch®, emerged as an alternative for the prompt treatment of thoracoabdominal aneurysms (ATA). Objective/Technique: In our institution, the use of the Cook T-Branch® stent graft has been carried out in urgent cases and in some elective cases with favorable anatomy and in which it is not advisable to wait for the production of a custom-made device (CMD). The accumulated experience justifies the purpose of this review article, which aims to describe the deployment, some adjuvant techniques and some tips and tricks that may facilitate the learning curve in centers with less contact with this platform. Conclusion: The use of off-the-shelf multi-branched stent grafts, such as Cook T-Branch®, is a safe and viable alternative for the treatment of ATA. The main advantage of this approach is its prompt accessibility. As we advance in the learning curve and new adjuvant techniques are acquired, their applicability is significantly increased, both in the urgent and elective context. <![CDATA[Retroperitoneal cystic lymphangioma: case report of a rare entity.]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000100043&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo O linfangioma cístico é uma malformação benigna e rara do sistema linfático, cuja localização retroperitoneal corresponde a cerca de 1% de todos os linfangiomas. A sua apresentação clínica é frequentemente inespecífica. Os autores relatam o caso de uma mulher de 38 anos de idade com dor abdominal persistente e refratária à terapêutica médica, que por esse motivo realizou exames de imagem (ecografia abdominal e tomografia computadorizada toraco-abdomino-pélvica) que revelou uma imagem retroperitoneal de natureza cística, sugestiva de linfangioma. Foi proposta laparotomia para excisão completa da lesão. O exame histopatológico da peça operatória confirmou o diagnóstico de linfangioma cístico. A excisão cirúrgica completa é considerada a terapêutica de eleição, para além de permitir o diagnóstico definitivo.<hr/>Abstract Cystic lymphangioma is a rare and benign malformation of the lymphatic system, with retroperitoneal location accounting for only 1% of all lymphangiomas. Clinical presentation is frequently nonspecific. Authors present a case report of a 38 years old woman with persistent abdominal pain refractory to treatment that required imaging investigation (abdominal ultrasound and thoraco-abdominopelvic computed tomography scan) unveiling a cystic retroperitoneal mass suggesting lymphangioma. Abdominal laparotomy was performed for complete excision of the tumor. Histopathological exam of surgical specimen confirmed the cystic lymphangioma diagnosis. Complete surgical excision is considered gold-standard therapy and allow definite diagnosis. <![CDATA[Vintage Technique in Vascular Surgery: Lumbar sympathectomy in critical limb ischemia.]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000100047&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Introduction: Tromboangiitis Obliterans or Buerguer&amp;apos;s disease is one of the expresions of the peripheral arterial disease; its main feauture is the absence of average distal outflow that precludes direct revascularization surgery; lumbar sympathectomy was carried out to treat this condition with acceptable results but nowadays this technique is described as obsolete; many young vascular surgeons have not even heard about it and most of them have never seen a lumbar sympathectomy for the treatment of patients with critical limb ischemia. Case report: A 39-year-old woman admitted with critical limb ischemia due to popliteal artery occlusion without average distal outflow, treated by a lumbar sympathectomy as a resource technique. Discussion: Today, endovascular treatment is the first option for the critical limb ischemia in most cases; althoug tromboangiitis obliterans is less frequent nowadays, exists, and this is one of the situations where endovascular treatment does not work; what&amp;apos;s more, direct surgery is also not possible. Conclusions: Lumbar sympathectomy can work not only in this scenary of Buerguer&amp;apos;s disease; it can be used as resource technique when the first approach with direct surgery has failed and there is not more options to limb salvage; thus, lumbar sympathectomy should be part of the therapeutic arsenal of any vascular surgeon.<hr/>Resumo Introdução: A tromboangeíte Obliterante ou doença de Buerguer é uma das expressões da doença arterial periférica; a sua principal característica é a oclusão dos principais eixos arteriais distais, o que impede a cirurgia de revascularização direta; A simpatectomia lombar foi já utilizada para tratar essa condição com resultados aceitáveis, mas hoje em dia esta técnica é considerada obsoleta; muitos jovens cirurgiões vasculares nem mesmo ouviram falar e a maioria deles nunca viu uma simpatectomia lombar para o tratamento de doentes com isquemia crítica de membro. Caso-clínico: Mulher de 39 anos admitida com isquemia crítica de membro consequente à oclusão da artéria poplítea sem eixos distais permeáveis, tratada com a realização de uma simpatectomia lombar como técnica de recurso. Discussão: O tratamento endovascular é a primeira opção para a isquemia crítica de membro de causa aterosclerótica; embora a tromboangeíte obliterante seja menos frequente, ainda se observa nos dias de hoje, e é uma das situações em que o tratamento endovascular é ineficaz; além disso, a revascularização por cirurgia clássica, na maioria das vezes, também não é possível. Conclusão: A simpatectomia lombar pode ser eficaz, não apenas neste cenário da doença de Buerguer; pode ser usada como técnica de recurso quando a primeira abordagem pela cirurgia de revascularização falha e não há mais opções de salvamento do membro; assim, a simpatectomia lombar deve fazer parte do arsenal terapêutico de qualquer cirurgião vascular. <![CDATA[When synergic work between general and vascular surgeons makes the difference.]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000100052&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Introduction: Chronic Mesenteric Ischemia (CMI) resulting from an impaired blood flow of the splanchnic organs is characterized by an insidious clinical course and is often an underestimated and undertreated disease. The natural history is progressive, caused by atherosclerosis progression in a polymorbidity and aging society. Due to collateralization, diffuse stenotic lesions can remain asymptomatic for a long time and usually manifests when an acute medical or surgical event occurs. In those cases, the clinical suspicion is crucial to reach the diagnosis promptly, allowing to preserve the patients’ quality of life and, above all, the patients’ life. Clinical case 1: A 48-year-old woman with a history of smoking goes to the emergency department for hypogastric abdominal pain, nausea, and vomiting. A study was performed by computed tomography angiography (CTA) that demonstrated occlusion of the superior mesenteric artery (SMA) and significant stenosis of the celiac trunk associated with thickening of small bowel suggestive of ischemia. A thrombectomy of the superior mesenteric artery and retrograde stenting of the artery ostium was performed, followed by extensive enterectomy on 24-hour laparotomy. After hospital discharge, the patient had new abdominal complaints, and stent occlusion was documented in the SMA. She underwent an iliohepatic bypass with good results. Clinical case 2: A 76-year-old man previously submitted to a right axillofemoral and femoropopliteal sequential bypass to treat chronic limb-threatening ischemia (CLTI), went to the emergency department with complaints of abdominal pain, vomiting, and constipation. The diagnosis of a subocclusive intestinal syndrome was made, having performed a computed tomography (CT) scan where it was observed the Ileum adhered to the cecum, which was thickened; the celiac trunk and SMA had subocclusive stenosis. The patient underwent primary celiac trunk stenting with a balloon-expandable stent. After celiac artery revascularization, a right colectomy was performed with two segmental enterectomies. Conclusion: Mesenteric ischemia is a severe condition that is often underdiagnosed due to the lack of awareness of most physicians and nonspecific symptoms. The vascular intervention aims to prevent intestinal necrosis, which can lead to the patient’s death. Timely diagnosis is therefore essential, and revascularization must be performed before or at the same time as intestinal surgery. The close collaboration between the general and vascular surgery teams is essential to the success of these cases.<hr/>Resumo Introdução: A isquemia mesentérica crónica como resultado de uma disfunção do fluxo sanguíneo nos órgãos viscerais é caracterizada por um curso clínico insidioso e, portanto, é frequentemente uma doença subestimada e subtratada. A história natural é progressiva, causada pelo desenvolvimento da aterosclerose numa população envelhecida e com múltiplas comorbilidades. Devido à extensa colateralidade, as lesões estenóticas difusas podem permanecer assintomáticas por muito tempo e manifestarem-se apenas quando ocorre um evento clínico ou cirúrgico agudo. Nestes casos, a suspeita clínica é fundamental para se chegar a um diagnóstico atempado de forma a preservar a qualidade de vida do doente e, principalmente, assegurar a sua sobrevida. Caso-clínico 1: Mulher de 48 anos de idade com antecedentes de tabagismo recorre ao serviço de urgência por dor abdominal hipogástrica, náuseas e vómitos. Foi realizado estudo por angio-tomografia computorizada (ATC) que demonstrou oclusão da artéria mesentérica superior, e estenose significativa do tronco celíaco e espessamento de ansas do intestino delgado sugestivo de sofrimento isquémico. Foi realizado uma trombectomia da artéria mesentérica superior (AMS) e stenting retrógrado do seu ostio seguido posteriormente de enterectomia extensa na laparotomia das 24 horas. Após alta hospitalar, a doente apresentou novo quadro abdominal tendo sido documentada a oclusão do stent na AMS. Foi submetida a um bypass ílio-hepático com bom resultado. Caso-clínico 2: Homem de 76 anos de idade previamente submetido a um bypass sequencial axilo-femoral e femoropopliteo direitos para tratamento de isquemia crónica com ameaça de membro. O doente recorreu ao serviço de urgência com dor abdominal, vómitos e obstipação. Foi realizado o diagnóstico de um quadro suboclusivo tendo realizado estudo por tomografia computorizada (TC) onde se observou aderência de ansas do íleon ao cego que se encontrava espessado; o tronco celíaco e AMS apresentavam estenoses suboclusivas. O doente foi submetido a um stenting primário do tronco celíaco com stent expansível em balão. Após a revascularização celíaca foi realizada uma colectomia direita com duas enterectomias segmentares. Conclusão: A isquemia mesentérica é uma patologia grave muitas vezes subdiagnosticada por falta de atenção para a doença por parte da generalidade dos médicos bem como pelos sintomas inespecíficos. A intervenção vascular visa impedir a necrose intestinal que pode mesmo levar à morte do doente. O diagnóstico atempado é assim fundamental e a revascularização deve ser realizada antes ou no mesmo tempo da cirurgia intestinal. A estreita colaboração entre as equipas de cirurgia geral e vascular é de essencial importância para o sucesso destes casos. <![CDATA[False lumen branched stent graft implantation for repair of a dissecting thoracoabdominal aortic aneurysm.]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000100058&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: A degenerescência aneurismática em doentes com dissecção crónica tipo B (CTBAD) ocorre em aproximadamente 20 a 40% dos casos. O tratamento endovascular usualmente implica o implante de endoprótese no verdadeiro lúmen com o objetivo de excluir o falso lúmen. Os autores descrevem um caso em que o implante foi programado e executado no falso lúmen, devido às características anatómicas do doente. Caso clínico: Doente de 65 anos, sexo masculino, com antecedentes pessoais de HTA, dislipidémia e DRC. Foi referenciado ao nosso centro por achado em angioTC que revelou CTBAD, com dilatação aorta toracoabdominal secundária (aneurisma tóraco-abdominal tipo II de Crawford) com diâmetro máximo de 85mm. O tronco celíaco, artéria mesentéria superior e artéria renal direita emergiam do falso lúmen, e a artéria renal esquerda do verdadeiro lúmen. Foi programado o tratamento em 3 tempos distintos. Primeiro, o doente foi submetido a bypass carotido-subclávia. Seguiu-se frozen elephant trunk (FET), sendo que o componente de endoprótese foi intencionalmente implantado no falso lúmen. Seguidamente, procedeu-se ao implante de endoprótese ramificada customizada no falso lúmen da dissecção, cateterizando a artéria renal esquerda através de uma fenestração criada para o efeito e excluindo assim o verdadeiro lúmen da circulação. A selagem distal foi obtida numa zona não dissecada da aorta infra-renal. O angioTC 1 mês apresentava adequada zona de selagem proximal e distal e ramos viscerais permeáveis. O verdadeiro lúmen apresentava trombose parcial. Conclusão: O implante de uma endoprótese ramificada/fenestrada no falso lúmen é possível, e pode ser uma solução em casos selecionados de forma a ultrapassar complexidades anatómicas e eficazmente excluir o segmento aórtico aneurismático. A durabilidade deste procedimento ainda não se encontra completamente estabelecida, pelo que um follow-up cauteloso é recomendado.<hr/>Abstract Introduction: It is estimated that approximately 20 to 40% of patients with chronic type B aortic dissection (CTBAD) develop enlargement of the FL that warrants treatment. The standard endovascular treatment usually involves implant of a stent graft into the true lumen of the dissection in an effort to exclude the false lumen, with less morbidity than open surgery. Clinical case: The patient was a 65 year old male, with a prior history of hypertension, dyslipidemia and chronic kidney disease. He was referred to our vascular center for a CTBD, with thoracoabdominal aneurysm degeneration (Crawford type II) with a maximum diameter of 85mm. The celiac trunk, superior mesenteric and right renal artery arose from the false lumen and left renal artery from the true lumen. A three stage procedure was planned. The patient was first submitted to a carotid-subclavian bypass. Subsequently, a frozen elephant trunk procedure was undertaken and the TEVAR component was intentionally deployed on the false lumen. Lastly, a customized branched stent graft was implanted into the false lumen, with the right renal artery catheterized through a fenestration created for the effect. The angioCT at 1 month showed adequate proximal and distal sealing and permeable visceral branches. The true lumen was partially thrombosed. Conclusion: Implant of a branched graft into the false lumen of an aortic dissection in order to exclude a thoracoabdominal aortic aneurysm is possible, and can be a solution, with successful exclusion of the aneurysmal degeneration. The durability of this solution remains largely unknown and cautious follow-up is needed. <![CDATA[Small Saphenous Vein: The limb’s small savior.]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000100063&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract Peripheral bypass grafting with autologous vein is the gold standard treatment of peripheral artery disease. In cases when the great saphenous vein is not available the arm veins or small saphenous veins are possible alternatives. The use of small saphenous vein as a bypass conduit is not a spread practice. We present two cases of revascularization procedures using the small saphenous vein as a conduit and a literature review on the theme.<hr/>Resumo A pontagem arterial periférica com veia autóloga é o tratamento padrão da doença arterial periférica. Nos casos em que a veia grande safena não está disponível, as veias do braço ou veias pequenas safenas são alternativas possíveis como condutos. O uso da veia pequena safena como conduto não é uma prática disseminada. Apresentamos dois casos de procedimentos de salvamento de membro utilizando a veia pequena safena como conduto e uma breve revisão da literatura sobre o tema. <![CDATA[Pericardium bovine patch infection after aortic ligation - clinical case.]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000100066&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: A infeção protésica é uma das complicações mais temidas da cirurgia aórtica (0,19% após cirurgia convencional e 0,16% após EVAR). Os autores relatam um caso raro de infeção secundária de patch de pericárdio bovino utilizado no reforço da laqueação de coto aórtico por explante de prótese aorto-bifemoral infectada. Caso clínico: Doente de 53 anos, com antecedentes de HTA, cardiopatia hipertensiva, hipercolesterolémia, ex fumador e status pós AVC, foi submetido em 2015 a bypass aorto-bifemoral com prótese de Dacron® por doença aorto-ilíaca oclusiva. Em outubro 2019 apresenta em angio TC sinais de infeção protésica e fistula aorto paraprotésica ABF - duodenal (D3). Iniciou AB dirigida com vancomicina e foi submetido a bypass axilo-bifemoral e, após 5 dias, a remoção de prótese de bypass aorto-bifemoral, laqueação de coto aórtico e secção do jejuno proximal. A microbiologia da prótese identificou Candida glabrata, Enterobacter cloacae e Klebsiella pneumoniae. Após alguns meses, em angio TC de seguimento foi detetada coleção com cerca de 38 x 34mm de dimensão, justa coto aórtico, cujas características sugeriam tratar-se de coleção infetada pelo que o doente foi submetido a drenagem e desbridamento cirúrgico por abordagem retroperitoneal através de tóraco-freno-laparotomia. Procedeu-se à excisão do tecido infectado, incluindo o pericárdio bovino usado como reforço da laqueação aórtica. A biópsia do patch identificou Candida glabrata e no líquido pericoto aórtico foi identificado, para além do acima referido, Enterococcus faecium. Conclusão: Em doentes com baixo perfil de risco, uma estratégia cirúrgica agressiva oferece as melhores hipóteses de tratamento eficaz em contexto de infeção de prótese aórtica e posteriormente de infeção de patch de coto aórtico. No entanto estes doentes carecem de vigilância a longo prazo dado o risco de reinfeção local. A utilização de pericárdio bovino em zona contaminada pode resultar na sua infeção secundária, pelo que devem ser privilegiados enxertos autólogos sempre que possível.<hr/>Abstract Introduction: Prosthetic graft infection is one of the most feared complications after aortic surgery (0,19% after conventional surgery and 0,16% after EVAR). Clinical case: Male patient, 53 years-old, with a prior history of hypertension, dyslipidemia, stroke, smoking habits, was submitted in 2015 to an aorto-bifemoral bypass for aortic occlusive disease. In October 2019 the angio CT showed signs of prosthetic graft infection and an aorto-enteric fistula. The patient was initiated on vancomycin and was submitted to an axillofemoral bypass and after 5 days, submitted to aortic ligation and correction of the enteric defect. The aortic stump was reinforced with a bovine pericardium patch. The graft microbiology identified Candida glabrata, Enterobacter cloacae e Klebsiella pneumoniae. Few months after, the follow-up angio CT showed an aortic stump collection suggesting infection and abscess formation and the authors proposed an aortic stump revision in order to remove the infected tissue. Via thoraco-phreno-laparotomy, the abdominal aorta was exposed by retroperioneal access, and all infected tissue including the pericardium patch was excised. The microbiology of the pericardium bovine patch resected revealed Candida glabrata and Enterococcus faecium. The patient was discharged with antibiotics and cautious follow-up. Conclusion: In patients with low profile surgical risk, an aggressive strategy may offer the best effective treatment chance for patients presenting with aortic prosthetic graft infection and pericardium bovine patch infection. Nevertheless, these patients require long term follow-up due to the risk of recurrence. Pericardium patches may infect if implanted in contaminated tissue, so autologous grafts should be the preference whenever possible.