Scielo RSS <![CDATA[Angiologia e Cirurgia Vascular]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=1646-706X20210002&lang=pt vol. 17 num. 2 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[Primeiro ano do módulo de Aneurisma da Aorta Abdominal do Registo Nacional de Procedimentos Vasculares - implementação, resultados e orientações futuras]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000200072&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Introdução: Os registos clínicos são ferramentas fundamentais para a conhecer a realidade e poder auditar o tratamento de aneurismas da aorta abdominal (AAA). A Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular, promotora do Registo Nacional de Procedimentos Vasculares (RNPV), desenvolveu um módulo para esta patologia que iniciou o seu funcionamento em Dezembro de 2019. O objetivo deste artigo é apresentar dados referentes ao primeiro ano de funcionamento do módulo de AAA. Métodos: O módulo de AAA do RNPV abriu a possibilidade (voluntária) de registo em Dezembro de 2019. Após formação específica aos investigadores, os centros participantes deram início aos registos, de forma progressiva, ao longo do ano de 2020. O registo é realizado numa ferramenta informática especialmente desenvolvida para o efeito. São registados todos os casos de AAA (incluindo justa- ou supra-renais), com ou sem envolvimento das artérias ilíacas, de etiologia degenerativa. São excluídos aneurismas toraco-abdominais e ilíacos isolados. São registados dados demográficos, anatómicos, co-morbilidades, modo de admissão, detalhes sobre o tratamento e seguimento até aos 30-dias/intra-hospitalar. O seguimento aos 1 ano e 5 anos é opcional. Para a finalidade deste relatório, foram apenas analisados dados referentes ao modo de admissão e tipo de tratamento, assim como a mortalidade aos 30-dias/intra-hospitalar. Resultados: Entre Dezembro de 2019 e Dezembro de 2020, foram registados 350 doentes na plataforma do módulo de AAA do RNPV. A idade média dos doentes registados é de 74.3 ± 13.7 anos, e 92.0% são do sexo masculino. O modo de admissão foi eletivo em 76,9% dos casos. O diâmetro máximo do aneurisma aórtico foi em média 63.9mm ± 19.9mm. A maioria dos doentes apresentava AAA infra-renal, numa percentagem semelhante em casos eletivos e em urgência (79% vs 76%), p=0.16. A indicação para tratamento foi o diâmetro aórtico em 59.4% dos casos. O tratamento endovascular (EVAR) foi utilizado em 68.9% dos casos. Em cirurgia eletiva, a percentagem de EVAR foi 75.7% e em urgência 45.7%, p &lt; 0.01. Em cirurgia eletiva, a mortalidade aos 30 dias ou intra-hospitalar foi de 3.3% (8 doentes). Para doentes tratados por EVAR foi de 2.8% e para cirurgia aberta 5.2%, p&lt;0.01. A mortalidade aos 30 dias ou intra-hospitalar em urgência foi 41.9%, por EVAR foi 20.0% e por cirurgia aberta 61.6%, p&lt;0.01. Conclusão: No primeiro ano de funcionamento, o módulo AAA do RNPV produziu importantes dados que ajudam a compreender os padrões de tratamento desta patologia em Portugal. Estes dados podem ajudar os diferentes Serviços a melhorar a sua prática, através da comparação com os valores de referência gerados.<hr/>Abstract Introduction: Clinical registries are fundamental tools to understand the reality and audit the treatment of abdominal aortic aneurysms (AAA). The Portuguese Society of Angiology and Vascular Surgery, promotor of the National Registry of Vascular Procedures (RNPV), has developed a AAA module that started in December 2019. The objective of this report is to present data of the first year of the AAA module from Portugal. Methods: The AAA module opened the possibility for voluntary registry since December 2019. After specific training of investigators, participating centres started registration in a progressive way throughout the year 2020. Registrations are performed in a specifically designed web-based tool. All degenerative AAA cases are registered (including juxta- or supra-renal), with or without iliac involvement. Thoraco-abdominal or isolated iliac aneurysms are excluded. Demographic, anatomical, risk factos, admission, treatment details and outcomes at 30-day/in-hospital are registered. One and five-year follow-up is optional. For the purpose of this report, only data referring to mode of admission and treatment, as well as perioperative mortality, are reported. Results: From December 2019 to December 2020, 350 patients were registred in the AAA module platform. Mean age is 74.3± 13.7 and 92.0% are male. Admission was elective in 76,9% of cases. Mean maximum aortic diameter was 63.9mm ± 19.9mm. Most patients presented with infra-renal aneurysms, in similar proportion for elective and urgent cases (79% vs 76%), p=0.16. Aortic diameter was the indication for repair in 59.4% of cases. Endovascular treatment (EVAR) was used in 68.9% of cases. In elective surgery, the proportion of EVAR was 75.7% and in urgent cases 45.7%, p &lt; 0.01. In elective surgery, perioperative mortality was 3.3% (8 patients). For EVAR patients it was 2.8% and for open surgery 5.2%, p&lt;0.01. In urgent surgery, perioperative mortality was 41.9%, lower for EVAR (20.0% vs. 61.6% for open surgery), p&lt;0.01. Conclusion: In its first year, the AAA module of the RNPV produced important data that help understand the patterns of treatment of this pathology in Portugal. These data may help vascular centres in quality improvement by providing a benchmark for comparison. Primeiro ano do módulo de Aneurisma da Aorta Abdominal do Registo Nacional de Procedimentos Vasculares - implementação, resultados e orientações futuras <![CDATA[A disfunção do ventrículo esquerdo e a doença valvular cardíaca não influenciam os resultados da revascularização de membro inferior]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000200081&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: Inadequate systemic perfusion as a consequence of heart disease may compromise inflow to lower limb revascularization procedures, decreasing short and mid-term patency. It may be theorized that patients suffering from heart valve disease or reduction of left ventricular ejection fraction (LVEF) have worse limb outcomes after lower limb revascularization. Method: This retrospective study included all first lower limb revascularization procedures performed in a tertiary hospital, between January 2017 and December 2018, in patients with diagnosed PAD and an available preoperative transthoracic echocardiogram (TTE). The group with moderate to severe heart disease in TTE (Group 1, defined as LVEF&lt;40% or moderate to severe valvular heart disease) was compared against the group with no or mild heart disease in TTE (Group 2, defined as LVEF≥40% and no or mild valvular heart disease). Subgroup analysis was undertaken considering the presence and severity of the individual heart change on TTE. Primary endpoint was major amputation, and secondary endpoints were diagnosed restenosis/occlusion, vascular reintervention and overall survival. Results: The study included 268 lower limb revascularization procedures. Group 1 and 2 included 70 and 198 procedures, respectively. In both groups, the prevalence of CLTI was 89%. There were no significant differences in wound and infection grading (in WIfI), and anatomic disease staging (in GLASS), between Groups 1 and 2. In Group 1, 73% were endovascular procedures (65% in Group 2; p=0,34). Amputation rates in Group 1 and 2 were 9% and 13% at 1 month, 19% and 20% at 1 year and 19% and 22% at 2 years, respectively (p=0,758). Diagnosed restenosis/occlusion rates in Group 1 and 2 were 5% and 15% at 1 month, 18% and 26% at 1 year and 24% and 31% at 2 years, respectively (p=0,119). Reintervention rates in Group 1 and 2 were 13% and 18% at 1 month, 25% and 27% at 1 year and 30% and 32% at 2 years, respectively (p=0,614). After subgroup analysis according to the presence and severity of individual heart change, the difference remained non-significant for the above-mentioned outcomes. Overall survival in Group 1 and 2 was 92% and 96% at 1 month, 61% and 86% at 1 year and 52% and 80% at 2 years, respectively (p&lt;0,001). LVEF&lt;40% was associated with worse overall survival (p&lt;0,001), as was moderate to severe valvular heart disease (p=0,004). Conclusion: Our study suggests that moderate to severe heart disease, detected in TTE, does not influence limb-related outcomes after revascularization procedures. However, patients with valvular heart disease or LVEF reduction have worse overall survival. We should not expect worse limb outcomes in patients with heart disease, but aggressive tertiary prevention should be provided to improve vital prognosis.<hr/>Resumo Introdução: A doença cardíaca pode causar diminuição da perfusão sistémica e comprometer o inflow para procedimentos de revascularização de membro inferior, diminuindo a sua permeabilidade a curto e médio prazo. É possível que os doentes com doença valvular cardíaca ou redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) tenham piores resultados após revascularização dos membros inferiores. Métodos: Este estudo retrospetivo incluiu todos os procedimentos iniciais de revascularização de membro inferior realizados num hospital terciário, entre Janeiro de 2017 e Dezembro de 2018, em doentes com DAP diagnosticada e um ecocardiograma transtorácico (ETT) pré-operatório. O grupo com doença cardíaca moderada a grave no ETT (Grupo 1, definido como FEVE&lt;40% ou doença valvular cardíaca moderada a grave) foi comparado com o grupo com doença cardíaca ligeira ou ausente (Grupo 2, definido como FEVE≥40% e doença valvular ligeira ou ausente). Foi realizada análise de subgrupo considerando a presença e gravidade da alteração específica no ETT. O endpoint primário foi amputação major e os endpoints secundários foram restenose/oclusão diagnosticada, reintervenção vascular e sobrevida. Resultados: O estudo incluiu 268 procedimentos de revascularização de membro inferior. Os Grupos 1 e 2 incluíram 70 e 198 procedimentos, respetivamente. A prevalência de isquémia crónica com compromisso de membro (ICCM) foi de 89% em ambos os grupos. Não se verificou diferença significativa entre os grupos na gradação de ferida e infeção (no sistema WIfI) e no estadiamento anatómico da doença (no sistema GLASS). O Grupo 1 incluiu 73% procedimentos endovasculares (65% no Grupo 2; p=0,34). As taxas de amputação nos Grupos 1 e 2 foram 9% e 13% a 1 mês, 19% e 20% a 1 ano e 19% e 22% a 2 anos, respetivamente (p=0,758). As taxas de restenose/oclusão diagnosticada nos Grupos 1 e 2 foram 5% e 15% a 1 mês, 18% e 26% a 1 ano e 24% e 31% a 2 anos, respetivamente (p=0,119). As taxas de reintervenção nos Grupos 1 e 2 foram 13% e 18% a 1 mês, 25% e 27% a 1 ano e 30% e 32% a 2 anos, respetivamente (p=0,614). Após estratificação em subgrupos de acordo com a presença e gravidade da alteração cardíaca específica, as diferenças para os outcomes acima apresentados permaneceram não significativas. A sobrevida global nos Grupos 1 e 2 foi de 92% e 96% a 1 mês, 61% e 86% a 1 ano e 52% e 80% a 2 anos, respetivamente (p&lt;0,001). A presença de FEVE&lt;40% associou-se a pior sobrevida (p&lt;0,001), tal como a presença de doença valvular cardíaca moderada a grave (p=0,004). Conclusão: O nosso estudo sugere que a doença cardíaca moderada a grave, definida no ETT, não influencia os outcomes relacionados com o membro após procedimentos de revascularização. Contudo, os doentes com doença cardíaca valvular ou redução da FEVE têm pior sobrevida. Não devemos assumir que os doentes cardíacos têm piores outcomes relacionados com o membro, mas devemos providenciar prevenção terciária agressiva para melhorar o seu prognóstico vital. <![CDATA[Endoprótese NELLIX® no tratamento de AAA numa instituição terciária - Relato do insucesso]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000200088&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Introdução: A endoprótese Nellix® (Endologix Inc., Irvine CA) é composta por dois stents expansíveis por balão envolvidos por endobags preenchidos por um polímero, obliterando assim o saco aneurismático - Endovascular Aneurysm Sealing (EVAS). Inicialmente, pelas suas propriedades, foi introduzida com instruções para uso (IFU) alargadas, possibilitando a utilização em Aneurismas da Aorta Abdominal (AAA) de anatomia mais complexa. Porém, durante a experiência com esta endoprótese, foi descrito um elevado número de complicações, levando à restrição progressiva das IFU. Atualmente, o seu uso livre foi descontinuado e apenas está disponível em centros selecionados e para efeitos investigacionais. O objetivo deste estudo é reportar os resultados institucionais da utilização da endoprótese Nellix® no contexto de AAA. Material e Métodos: Realizou-se um estudo retrospectivo referente a doentes tratados a AAA utilizando a endoprótese Nellix® numa instituição terciária universitária. Foram incluídos todos os casos eletivos e urgentes, identificados através da consulta de registos clínicos da instituição. Foram excluídos casos de aneurisma toraco-abdominal. Os dados referentes às características de base, procedimento realizado, curso do internamento e seguimento pós hospitalar foram obtidos por consulta dos processos clínicos. Foram analisados como endpoints o sucesso técnico e clínico aos 30 dias, assim como complicações e intervenções secundárias a médio e longo prazo. Resultados: Entre 2015 e 2017, a esta endoprótese foi utilizada em 12 doentes, 9 homens e 3 mulheres, com média de 71(±8) anos. As comorbilidades mais frequentemente associadas foram HTA (n=12), tabagismo (n=7), cardiopatia isquémica (n=7), DAOP (n=6) e DRC (n=6). Em todos os doentes a indicação foi aneurisma primário degenerativo, com uma excepção, cuja indicação foi a presença de endoleak (EL) tipo 1a pós-EVAR prévio. Dez doentes foram submetidos a cirurgia eletiva e dois a cirurgia urgente, ambos por aneurisma sintomático. Três eram aneurismas aortoilíacos e os restantes aórticos (n=9), sendo que 3 tinham envolvimento de pelo menos uma artéria renal. Nove doentes foram submetidos a EVAS sem procedimentos complementares; os restantes a EVAS com chimney (ChEVAS) para as renais e/ou artéria mesentérica superior (n=3). O diâmetro médio pré-operatório era de 57mm (±6.5mm). Num doente tratou-se concomitantemente um aneurisma popliteu através do implante de stent coberto. Aos 30 dias verificou-se o óbito em 2 doentes submetidos a ChEVAS. As complicações mais frequentes foram Insuficiência Respiratória (n=3) e LRA com necessidade de diálise (n=3), sendo que em dois houve oclusão intencional das artérias renais (doentes com DRC terminal em pré-diálise). Neste período, houve uma reintervenção, por isquémia aguda de membro por trombose aguda de stent popliteu, tratada com sucesso com trombólise dirigida por catéter.Após os 30 dias, verificou-se o óbito em 4 doentes (sobrevivência aos 2 anos de 60%, SE=.154). As complicações verificadas foram EL tipo 1a (n=3), EL 1b (n=1) e trombose de stent aórtico (n=1). Dois doentes foram submetidos a intervenção secundária: um submetido a pontagem femoro-femoral cruzada por trombose de stent e outro a explantação protésica e reconstrução in-situ através de pontagem aorto-bifemoral. No último, verificou-se o óbito no pós-operatório precoce. Dois doentes aguardam intervenção secundária por EL tipo 1a e crescimento do saco. O diâmetro médio do saco aneurismático no último exame ou pré-intervenção secundária era 59mm (±10.6mm). O tempo médio de follow-up é de 2.3(±1.6) anos. Conclusões: Na nossa instituição, a utilização da endoprótese Nellix® está associada a elevada taxa de complicações perioperatórias e a médio prazo, com elevada taxa de complicações relacionadas com o aneurisma, sendo o EL tipo 1a a mais frequente. Apesar de atualmente o uso livre da endoprótese estar descontinuado, os doentes que foram submetidos previamente a EVAS carecem de um plano de vigilância específico e mais intensivo, para deteção e correção atempada de complicações.<hr/>Abstract Introduction: Nellix® endoprosthesis (Endologix Inc., Irvine, CA) is composed by two ballon-expandable stents surrounded by endobags, which are filled with a polymer, thus obliterating the aneurysmal sac - Endovascular Aneurysm Sealing (EVAS). Initially, due to its properties, was introduced with extended IFU, allowing the use in more complex abdominal aortic aneurysms. However, during the initial experience with this endoprosthesis, a high number of poor outcomes have been described, leading to the progressive restriction of IFU. Currently, it has been discontinued and is only available in selected centers for clinical research purposes. Our study aim to report the institutional results of the use of the Nellix® endoprosthesis in the treatment of AAA. Material and Methods: A retrospective study was designed, including patients with AAA treated with Nellix® endoprosthesis treated at a universitary tertiary care facility. Elective and urgent patients we&amp;apos;re included, and patients we&amp;apos;re identified through the institutional files. Thoraco-abdominal aneurysm we&amp;apos;re excluded. Data about baseline characteristics, surgery, hospitalization course and follow-up post discharge was obtained by consulting personal clinical files. Primary endpoints are technical and clinical success at 30 days, as complications and secondary interventions at mid and long-term. Results: Between 2015 and 2017, this endoprosthesis was used in 12 patients, 9 male and 3 female, with a mean age of 71 (±8) years. The most common comorbidities associated we&amp;apos;re hypertension (n=12), current or former tobacco use (n=7), coronary heart disease (n=7), peripheral artery disease (n=6) and chronic kidney disease (n=6) In all patients, the treatment indication was primary degenerative aneurysm, with one exception, which was the presence of type 1a EL after EVAR. Ten patients underwent elective and 2 urgent surgery due to symptomatic aneurysm. Three we&amp;apos;re aortoiliac aneurysms and the remaining aortic aneurysms (n=9) with three having involvement of at least one renal artery. Nine patients underwent conventional EVAS; the remaining EVAS with chimney (ChEVAS) for the renal artery(ies) or superior mesenteric artery (n=3). The average preoperative diameter was 57(±6.5) mm. One patient was simultaneously submitted to endovascular repair of a popliteal artery aneurysm with covered stent. By 30 days, death occurred in 2 patients, all submitted to ChEVAS. The most common post-operative complications we&amp;apos;re respiratory failure (n=3), AKI with dialysis (n=3), being that in two patients there was intentional covering of the renal arteries (patients with pre-dialysis CKD). In this time frame, we verified one reintervention: catheter-directed thrombolysis for acute limb ischemia due to popliteal covered stent thrombosis. After 30 days, 4 deaths occured (2 year survival 60%, SE 0.154). The most common complications were type 1a EL(n=3), type 1b EL(n=1) and aortic stent thrombosis (n=1). Two patients have already been reintervened: one submitted to femoro-femoral crossover bypass and the other to surgical endoprosthesis explantation and in situ reconstruction aortobifemoral bypass. The last was deceased in the early postoperative period. Two patients are waiting reintervention for type Ia EL and aneurysmal sac growth. The average sac diameter in last follow-up or before secondary intervention was 59(±10.6) mm. Mean follow-up time is 2,3(±1,6) years. Conclusions: In our institution, the use of Nellix® endoprosthesis is associated with a high rate of perioperative morbidity and mid to long-term aneurysm-related complications, being type Ia EL the most common. Although the free use of the endoprosthesis is currently discontinued, patients who have previously undergone EVAS lack a specific and more intensive surveillance plan for the timely detection and correction of complications. <![CDATA[Traumatismo fechado da aorta - revisão de casos]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000200097&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: Traumatic Thoracic Aortic Injury (TTAI) is a major cause of mortality in high-velocity trauma. While most cases result in instant death, TTAI may be present in patients with multiple traumatic injuries and therefore a high index of suspicion is necessary. Endovascular treatment offers significant advantages in this context and is now standard of care. The purpose of this study is to review our contemporary institutional experience with endovascular repair of TTAI. Methods: A retrospective analysis of discharge data for patients admitted with TTAI between 2010 and 2019 was performed from our institutional administrative database (level 1 trauma center). We extracted ICD-9 procedure code 39.73 - endovascular implantation of graft in the thoracic aorta and cross-checked with hospital registries to identify all TTAI cases. Follow-up was extracted from patient charts. The primary endpoints were primary technical and clinical success. Secondary endpoints were time to diagnosis and to surgical procedure relative to traumatic event, overall mortality, ongoing primary clinical success, and procedural details (upper limb revascularization, spinal drainage, systemic heparinization and endograft oversizing). Results: We identified six patients with TTAI who underwent TEVAR between 2010 and 2019. All were victims of high impact deceleration trauma, aged between 24 and 57 years old, and otherwise healthy. Additional major injuries were present in all patients (Injury Severity Score 14-57). All patients were submitted to CTA at admission which allowed for early diagnosis of TTAI and treatment in less than 24 hours in all cases expect one (which was treated in the first 48 hours). Grade III lesions were present in all six patients. All patients underwent TEVAR with 100% technical and clinical success. Three patients had a lesion that extended above the subclavian artery and consequently required subclavian coverage, but no patient was submitted to upper limb revascularization. Spinal drainage was not used in any case and there were no neurologic events. Half the patients were submitted to the procedure under systemic heparinization. The median oversizing of the endograft was 16% (10-35%). There was no in-hospital mortality nor mortality during follow-up (median duration of 35,5 months with an IIQ of 84,5 months) and the ongoing primary clinical success is 100%. Conclusion: Endovascular repair is a safe and effective therapy for TTAI even in patients with multiple trauma, and good mid-term results are expected. The procedure specifications such as the need for upper limb revascularization, use of spinal drainage, endograft oversizing, and systemic heparinization are still unclear. The long-term consequences need to be clarified.<hr/>Resumo Introdução: O traumatismo fechado da aorta (TFA) é uma causa major de mortalidade no trauma de alta velocidade. Embora a maior parte dos casos resulte em morte instantânea, o TFA pode estar presente em doentes politraumatizados e um elevado índice de suspeição é necessário. O tratamento endovascular oferece vantagens significativas e é actualmente o standard of care. O objectivo deste estudo é avaliar a nossa experiência institucional no tratamento endovascular do TFA. Métodos: Foi feita uma análise retrospectiva dos dados de alta dos doentes admitidos por TFA entre os anos de 2010 e 2019 da base de dados administrativa da nossa instituição (centro de trauma de nível 1). Foi usado o código de procedimento 39.73 - implantação endovascular de enxerto na aorta torácica e cruzado com os registos hospitalares para identificar todos os casos de TFA. Os dados de seguimento foram retirados dos processos clínicos. Os endpoints primários foram primary technical and clinical success. Os endpoints secundários foram tempo para o diagnóstico e para tratamento cirúrgico relativamente ao evento traumático, mortalidade, ongoing primary clinical success, e detalhes do procedimento (revascularização do membro superior, drenagem de líquido cefalorraquidiano, heparinização sistémica, oversizing). Resultados: Identificámos seis doentes com TFA que foram submetidos a TEVAR entre 2010 e 2019. Todos foram vítimas de trauma de desaceleração de alto impacto, tinham idades entre os 24 e os 57 anos, e eram previamente saudáveis. Lesões major estavam presentes em todos (Injury Severity Score 14-57). Todos os doentes foram submetidos a AngioTC à admissão, o que permitiu o diagnóstico precoce e o tratamento em menos de 24 horas em todos excepto um (que foi tratado nas primeiras 48 horas). Lesões de grau III estavam presentes em todos os doentes. Todos os doentes foram submetidos a TEVAR com 100% de primary technical and clinical success. Três doentes tinham lesões que se estendiam acima da artéria subclávia, pelo que foi necessária exclusão da mesma, mas nenhum doente foi submetido a revascularização do membro superior. Não foi usada drenagem de líquido cefalorraquidiano em nenhum doente e não houve eventos neurológicos. Metade dos doentes foram submetidos a heparinização sistémica durante o procedimento. O oversizing médio foi de 16% (10-35%). Não houve mortalidade hospitalar nem mortalidade durante o follow-up (duração média de 35,5 meses com IIQ de 84,5 meses) e o ongoing primary clinical success é de 100%. Conclusão: O tratamento endovascular é seguro e eficaz para os casos de TFA, mesmo em doentes politraumatizados, e são expectáveis bons resultados a médio prazo. As especificações do procedimento tal como a necessidade de revascularização do membro superior, uso de drenagem de líquido cefalorraquidiano, oversizing e heparinização sistémica ainda não estão bem definidas. As consequências a longo prazo ainda necessitam clarificação. <![CDATA[O impacto da SARS-COV-2 na actividade cirúrgica vascular num hospital terciário]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000200103&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction/Objectives: The Corona Virus Disease of 2019 (COVID-19) has taken a major toll on the public health system, with restrictions in all clinical activity, from consultations and exams to number and type of surgeries. Patients apprehension to resort to medical aid and hospitals leads to late admissions and, in our perception, more severe presentations of the underlying pathology, namely, in Chronic limb threatening ischemia (CLTI). Need for testing prior to non-emergent surgery causes larger delays in the referral of patients, and this, added to the reduction of surgical times and ICU availability, potentially results in worse outcomes. The aim of this study was to objectively evaluate the type pathology that was treated during the emergency state and to compare the outcome of the surgical procedures with the same period of 2018 and 2019. Methods: A retrospective analysis of the patient charts from patients submitted to surgery in the months of March and April of the year 2020 was conducted and compared to the same period on the previous two years. The primary endpoint was death at 30 days or during hospital stay and the secondary endpoints were pathology classification, grade of ischemia, amputation, amputation level, type of surgery (endovascular, conventional or hybrid), time of hospital stay and reintervention. Results: There were 98 patients submitted to surgery in the COVID period (CP), compared to 286 in the Non-COVID period (NCP). There was no significant difference in the age (70 years (17-98) in the CP vs. 69 (17-92) in the NCP, p=.13) or sex profile of the patients (76% male (n=74) in the CP vs. 70% (n=196) in the NCP, p=.26). There was no statistical difference in mortality (5% (n=5) in the CP vs. 5% (n=13) in the NCP, p=.88). There was a statistically significant decrease in conventional surgery (43% (n=42) in the CP vs. 57% (n=164) in the NCP, p=.04), but no statistically significant difference in length of hospital stay(10 (0-77) days in the CP vs. 7 (0-118) in the NCP, p=.6), and reintervention (18% (n=18) in the CP vs. 16% (n=45) in the NCP, p=.58). PAD corresponded to 75% (n=73) of the admissions in the CP vs. 48% (n=137) in the NCP, p=.02. CLTI corresponded to 99% (n=70) of the PAD population in the CP, vs. 93% (n=114) in the NCP, p=.1, with a significant increase in the number of patients presenting with Rutherford Grades 5 and 6 (81% (n=57) in the CP, vs. 68% (n=77) in the NCP, p=.03). There was a non-significant decrease in amputation rate (35% (n=25) vs. 40% (n=49), p=.49) and increase of major limb amputation (52% (n=13) vs. 39% (n=19), p=.27). The second most frequent pathology was aneurysmal aortic and iliac disease, but there was a statistically significant reduction in the number of patients treated (5% (n=5) in the CP vs. 13% (n=36) in the NCP, p=.05). All aortic aneurysms treated in 2020 were ruptured (100% (n=5) vs. 42% (n=15) in the NCP, p=0.2). There was no significant difference in mortality in urgent aortic aneurysm repair between groups (60% (n=3) in the CP vs. 47% (n=7) in the NCP, p=.77). Conclusions: COVID-19 restrictions manifested mainly in the type of pathology treated and the number of patients operated on. The gravity of the underlying pathology, manifested by more serious wounds and advanced CLTI at presentation, did not increase mortality nor was reflected on limb amputations rates. Aortic and iliac aneurismal disease was the second most common pathology treated but with a significant decrease in total number of cases and no significant difference in mortality.<hr/>Resumo Introdução: A doença do coronavírus de 2019 (COVID-19) e consequente período de confinamento teve um impacto significativo no sistema nacional de saúde, com restrições em toda a actividade clínica - actividade assistencial na consulta, exames complementares de diagnóstico e número e tipo de intervenções cirúrgicas. A apreensão dos doentes em recorrer aos cuidados médicos e aos hospitais levou a admissões tardias, e na nossa percepção, a apresentações mais graves da patologia de base, nomeadamente na Isquémia Crítica de Membro (ICM). A necessidade de testar os doentes previamente a uma cirurgia não-emergente aumentou o tempo de referenciação inter- e intra-hospitalar, o que, somando à diminuição dos tempos cirúrgicos e da disponibilidade de vagas em unidades de cuidados intensivos, potencialmente prejudicou os resultados. O objectivo deste estudo é avaliar objetivamente o tipo de patologia que foi tratado durante o estado de emergência e comparar o desfecho dos procedimentos cirúrgicos com o mesmo período em 2018 e 2019. Métodos: Foi realizada uma análise retrospectiva dos processos clínicos dos doentes submetidos a cirurgia nos meses de Março e Abril do ano de 2020 e foi feita a comparação com o mesmo período dos dois anos prévios. O endpoint primário foi mortalidade aos 30 dias ou intra-hospitalar. Os endpoints secundários foram classificação patológica e do grau de isquémia, taxa de amputação, nível de amputação, tipo de cirurgia (aberta, endovascular ou híbrida), tempo de internamento e re-intervenção. Resultados: Foram operados 98 doentes no Período COVID (PC) comparado com 286 no Período Não-COVID (PNC). Não houve diferenças estatisticamente significativas na idade (70 anos (17-98) no PC vs. 69 (17-92) no PNC, p=.13) ou sexo dos doentes operados (76% masculino (n=74) no PC vs. 70% (n=196) no PNC, p=.26). Também não houve diferença estatisticamente significativa na mortalidade (5% (n=5) no PC vs. 5% (n=13) no PNC, p=.88). Houve uma diminuição estatisticamente significativa da cirurgia aberta (43% (n=42) no PC vs. 57% (n=164) no PNC, p=.04). Não houve diferenças significativas no tempo de internamento hospitalar (10 (0-77) dias no PC vs. 7 (0-118) no PNC, p=.6) e na taxa de re-intervenção (18% (n=18) no PC vs. 16% (n=45) no PNC, p=.58). A Doença Arterial Periférica (DAP) correspondeu a 75% (n=73) das admissões no PC, vs. 48% (n=137) no grupo PNC (p=.02). A ICM correspondeu a 99% (n=70) das admissões por DAP no PC, vs. 93% (n=114) no PNC (p=.1), com um aumento significativo da proporção de doentes cuja apresentação na admissão foi de grau 5 ou 6 de Rutherford (81% (n=57) vs. 68% (n=77), p=.03). Houve ainda uma diminuição sem significado estatístico da taxa de amputação (35% (n=25) no PC vs. 40% (n=49) no PNC, p=.49) com um aumento não significativo da taxa de amputação major (52% (n=13) no PC vs. 39% (n=19) no PNC, p=.27). O segundo grupo de patologia mais tratado foi a doença aneurismática da aorta e artérias ilíacas, mas houve uma diminuição estatisticamente significativa do número de doentes tratados (5% (n=5) no PC vs. 13% (n=36) no PNC, p=.05). Todos os aneurismas da aorta tratados durante o PC estavam em rotura (100% (n=5) vs. 42% (n=15) in the NCP, p=0.2). Não houve diferenças significativas entre os grupos na mortalidade por reparação urgente de aneurismas (60% (n=3) no PC vs. 47% (n=7) no PNC, p=.77). Conclusão: As restrições impostas pela COVID-19 manifestaram-se principalmente no tipo de patologia tratado e no número de doentes operados. A apresentação mais grave da patologia de base, manifestada por graus de isquémia crítica mais avançados, não aumentou a mortalidade nem se reflectiu de forma significativa nas taxas de amputação. A doença aneurismática da aorta foi a segunda patologia mais tratada, mas com uma diminuição significativa do número total de casos, sem diferença significativa na mortalidade. <![CDATA[Diferenças de género na apresentação de isquémia crónica de membro inferior e nos resultados após revascularização]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000200110&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: Sex-specific data on outcomes after lower limb revascularization associate the female gender with worse surgical outcomes, particularly after open procedures. Women were found to be more likely to suffer from procedure complications, limb loss, and mortality than their male counterparts. This study aims to identify differences in demographic characteristics, clinical presentation and all major outcomes after lower limb revascularization between female and male patients. Methods: This retrospective, single-center study comprises all never-revascularized lower limbs in patients with clinically diagnosed PAD who underwent a lower limb therapeutic vascular intervention in a tertiary hospital between January 2017 and December 2018. Women&amp;apos;s limbs Group (F) was compared against men&amp;apos;s limbs Group (M). The primary endpoint was major amputation, and the secondary endpoints were restenosis/occlusion, vascular reintervention and overall survival. Subgroup analysis was undertaken considering open, endovascular or hybrid procedures. Results: Group M included 324 male lower limbs; patients had a mean age of 67,5 years. Group F included 96 female lower limbs; patients had a mean age of 71,7 years (p&lt;0,001). There were no significant differences in cardiovascular risk factors between groups, aside from a higher prevalence of smoking in Group M and hypertension in Group F (p&lt;0.001). 83% of Group F procedures and 79% of procedures in Group M were performed due to CLTI (p=0,321). We found no statistically significant difference between groups regarding wound or infection grading (WIfI) and femoropopliteal or BTA anatomic disease staging (GLASS). Group M was more likely to have aortoiliac (p=0,014) and common femoral artery disease (p=0.001), and Group F to have more severe BTK disease (p=0,012). Group F had a higher proportion of endovascular procedures (p&lt;0.001). Amputation rates in Group M and Group F were 8±2% and 7±3% at 1 month, 14±2% and 16±4% at 1 year, 15±2% and 19±4% at 2 years, respectively (p=0,564). There were no significant differences in rates of procedure restenosis/occlusion between groups (p=0,395). Reintervention rates in Group M and Group F were 13±2% and 13±3% at 1 month, 21±2% and 20±4% at 1 year, 25±3% and 24±5% at 2 years, respectively (p=0,74). Overall survival in Group M and Group F was 97±1% and 93±3% at 1 month, 84±2% and 84±4% at 1 year, 77±3% and 72±5% at 2 years, respectively (p=0,443). Stratifying according to the type of vascular procedure (open, endovascular or hybrid), we found no significant difference between groups in the outcomes mentioned above. Conclusion: Overall, women were more likely to be older, to have more severe BTK disease, and to undergo endovascular procedures. However, this study suggests no major differences in limb outcomes for women who undergo lower limb revascularization procedures.<hr/>Resumo Introdução: Os resultados após revascularização de membro inferior, quando estratificados por sexo, são piores no sexo feminino, particularmente após procedimentos convencionais. As mulheres parecem ter maior probabilidade de complicações do procedimento, amputação e morte quando comparadas com os homens. Este estudo pretende identificar as diferenças nas características demográficas, apresentação clínica e principais outcomes após revascularização de membro inferior, entre doentes do sexo masculino e feminino. Métodos: Este estudo unicêntrico retrospetivo observacional incluiu todos os membros inferiores sem revascularização prévia em doentes com diagnóstico de DAP, que foram submetidos a um procedimento terapêutico vascular num hospital terciário, entre Janeiro de 2017 e Dezembro de 2018. O grupo do sexo feminino (Grupo F) foi comparado com o grupo do sexo masculino (Grupo M). O endpoint primário foi a amputação major e os endpoints secundários foram a restenose/oclusão diagnosticada, reintervenção vascular e sobrevida. A análise de subgrupos foi realizada após estratificação em procedimentos convencionais, endovasculares ou híbridos. Resultados: O Grupo M incluiu 324 membros inferiores de doentes do sexo masculino, com uma idade média de 67,5 anos. O Grupo F incluiu 96 membros inferiores de doentes do sexo feminino, com uma idade média de 71,7 anos (p&lt;0,001). Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa nos fatores de risco cardiovascular entre os grupos, com exceção de uma maior prevalência de tabagismo no Grupo M e de hipertensão no Grupo F (p&lt;0.001). 83% dos procedimentos no Grupo F e 79% dos procedimentos no grupo M foram realizados devido a isquemia crónica com compromisso do membro (ICCM; p=0,321). Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa no que diz respeito ao grau de ferida ou infeção (WIfI) e ao estadiamento anatómico de doença femoropopliteia ou abaixo do tornozelo (GLASS). O Grupo M apresentou maior prevalência de doença aorto-ilíaca (p=0,014) e da artéria femoral comum (p=0.001) e o Grupo F apresentou doença abaixo-do-joelho mais grave (p=0,012). No Grupo F observou-se uma maior proporção de procedimentos endovasculares (p&lt;0.001). A taxa de amputação do Grupo M e no Grupo F foi de 8±2% e 7±3% a 1 mês, 14±2% e 16±4% a 1 ano, e 15±2% e 19±4% a 2 anos, respetivamente (p=0,564). Não houve diferenças significativas nas taxas de restenose/oclusão entre os grupos (p=0,395). As taxas de reintervenção no Grupo M e no Grupo F foram 13±2% e 13±3% a 1 mês, 21±2% e 20±4% a 1 ano, e 25±3% e 24±5% a 2 anos, respetivamente (p=0,74). A sobrevida no Grupo M e no Grupo F foi de 97±1% e 93±3% a 1 mês, 84±2% e 84±4% a 1 ano, e 77±3% e 72±5% a 2 anos, respetivamente (p=0,443). Estratificando de acordo com o tipo de procedimento vascular (convencional, endovascular ou híbrido), não se verificou diferença estatisticamente significativa entre os grupos nos endpoints acima mencionados. Conclusão: De acordo com este estudo, as doentes do sexo feminino apresentam idade mais avançada e doença abaixo-do-joelho mais grave. São mais frequentemente submetidas a procedimentos endovasculares. Contudo, não parecem existir diferenças importantes nos outcomes de membro para as mulheres submetidas a procedimentos de revascularização de membro inferior. <![CDATA[Marcadores analíticos que condicionam os resultados de cirurgia de revascularização em doentes com doença arterial periférica]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000200117&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Introdução: Os doentes com doença arterial periférica e isquemia crítica de membro requerem um procedimento de revascularização no sentido de evitar a perda de membro. Contudo, com alguma frequência, estes doentes apresentam alterações analíticas que condicionam os seus outcomes. Métodos: Foi realizado um estudo retrospetivo com análise de todos os doentes, consecutivamente admitidos e eletivamente submetidos a revascularização de membro inferior numa única instituição entre 2012 e 2014. Procedeu-se à recolha de determinados marcadores analíticos realizados pré operatoriamente e efetuada análise estatística para inferir sobre a sua correlação com os resultados obtidos. Os outcomes primários foram permeabilidade de Bypass, perda de membro e mortalidade. Resultados: Foram analisados 174 doentes, 158 (91%) do sexo masculino, com idade média de 67 ± 9 anos. Em termos de permeabilidade, os doentes submetidos a Bypass supra-genicular tiveram melhores taxas de permeabilidade aos 6 e 12 meses relativamente aqueles com anastomose distal infra-genicular (86% vs 75% e 82% vs 60%). Também os doentes do sexo masculino tiveram melhores resultados comparativamente com os doentes do sexo feminino (90% vs 74% e 88% vs 62%). Em termos de taxa de mortalidade e de amputação, esta foi, estatisticamente, significativamente superior no grupo com alteração da função renal (17% e 27% vs 5% e 7%, p=0.004; no grupo com hipoalbuminemia e hipoproteinemia (19% e 29% vs 4% e 6%, p=0.03; no grupo com elevação da proteína c-reativa (17% e 31% vs 6% e 7%, p=0.02 e no grupo com isquemia Grau IV segundo a classificação de Leriche Fontaine (14% e 25% vs 5% e 4%). Conclusão: Existem determinados parâmetros analíticos que, quando alterados, em doentes com doença arterial periférica, acarretam prognósticos desfavoráveis, pelo que deverão ser tidos em consideração e, se possível, corrigidos atempadamente.<hr/>Abstract Introduction: Patients with peripheral arterial occlusive disease and critical limb ischemia require limb revascularization to avoid limb loss. Nevertheless, they frequently present analytical disorders that interfere with outcomes. Methods: A retrospective study was conducted evolving every consecutive patient admitted and elective submitted to limb revascularization at a single institution between 2012 and 2014. Preoperative analytical data was collected and statistical analysis was conducted to determine any eventual correlation. Primary outcomes were Bypass patency, limb loss and mortality. Results: 174 patients were analyzed, 158 (91%) males, with a mean age of 67 ± 9 years. Concerning patency, above-knee bypass had better patency at 6 and 12 months (86% vs 75% e 82% vs 60%) compared to below-knee. Also, male patients had better results compared to female (90% vs 74% e 88% vs 62%). Regarding mortality and amputation rate, the condition was higher, with a statistical significance difference in the groups with renal failure (17% e 27% vs 5% e 7%, p=0.004); hypoalbuminemia and hypoproteinemia (19% e 29% vs 4% e 6%, p=0.03); elevated c-reactive protein (17% e 31% vs 6% e 7%, p=0.02) and Leriche Fontaine Grade IV (14% e 25% vs 5% e 4%). Conclusion: There are some specific analytical parameters that, when modified, imply worse prognostic for peripheral arterial disease patients and following that, should be, whenever possible promptly corrected. <![CDATA[Novos paradigmas no tratamento das feridas complexas]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000200125&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Introdução: O tratamento de feridas tem sido uma temática com crescente interesse pelas envolventes que comporta, tanto ao nível físico como psicossocial, pelos custos associados ao tratamento e pelo stress causado na pessoa, na família e no sistema de saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera esta temática como uma epidemia pela elevada prevalência. Em Portugal, os dados epidemiológicos são limitados mas estima-se que haja 3,3 portadores de ferida por mil habitantes. A presente revisão narrativa tem como objetivo contribuir para clarificar a abordagem ao tratamento da ferida complexa à luz das novas guidelines emitidas pela European Wound Management Association (EWMA). Material e Métodos: Foi efectuada uma revisão narrativa sobre os aspectos actuais da abordagem à ferida complexa ou de difícil cicatrização, (ferida que não regride em 40-50% da sua dimensão em 4 semanas). Efectuou-se uma pesquisa bibliográfica na Pubmed e nos últimos documentos de consenso elaborados pela EWMA (European Wound Management Association) a qual foi integrada na experiência dos autores no tratamento deste tipo de doentes. Resultados: A abordagem da ferida complexa deve ser sistemática e sistematizada, em equipa multidisciplinar, mediada por um gestor de ferida, e em centros dedicados ao tratamento da mesma. O portador de ferida deve estar no centro dos cuidados como parceiro o que requer por parte dos profissionais de saúde formação na capacitação da pessoa/família/cuidador. O controlo de infeção associado ao tratamento de feridas deve envolver intervenções simples e pouco onerosas, mas muito importantes, como a higienização das mãos, a utilização de equipamentos de proteção individual dos profissionais e dos utentes e uma boa gestão das salas de tratamento. As terapias mais avançadas baseiam-se em novos princípios e tecnologias ou em novas aplicações de princípios e tecnologias já consolidados e a sua utilização deve ser baseada na evidência. Os algoritmos em saúde são instrumentos de apoio à decisão clínica na presença de situações complexas e apresenta-se uma proposta de algoritmo para o tratamento de ferida complexa. Conclusão: A abordagem da ferida complexa deve englobar aspectos multifatoriais e a escolha de terapias avançadas deve ser criteriosa tendo em conta o custo.<hr/>Abstract Introduction: The treatment of wounds is a topic with growing interest due to the physical and psychosocial implications, to the costs associated with the treatments and also due to the stress caused to the patients, families and the health system. The World Health Organization (WHO) considers chronic wounds as an epidemic due to its high prevalence. In Portugal the available epidemiological data is limited but it is estimated that there are 3.3 wound carriers per thousand inhabitants. The aim of the present narrative review is to clarify the approach to the treatment of complex wounds in light guidelines issued by the European Wound Management Association (EWMA). Material and Methods: A narrative review was carried out on the current aspects of the approach to the complex or difficult-to-heal wound (wound that does not heal by 40-50% of its size in 4 weeks). A literature search was carried out in Pubmed and in the latest consensus documents prepared by the EWMA (European Wound Management Association) which was integrated in the authors&amp;apos; experience. Results: The approach to the complex wound must be systematic in dedicated centers and conducted by multidisciplinary teams. It should be mediated by a wound manager and the wounded person must always act as a partner. Proper training of the person/family/caregiver is also crucial. Infection control should start with simple and inexpensive interventions such as hand hygiene and the use of personal protective equipment for patients and professionals in the treatment rooms. The most advanced therapies are based on new principles and technologies and its application should be evidence-based. Algorithms in health are useful tools to support the clinical decision and an algorithm for the treatment of complex wounds is presented. Conclusion: The approach of complex wounds must encompass multifactorial aspects and the choice of advanced therapies must be judicious. <![CDATA[Doença aneurismática e oclusiva multissectorial: abordagem híbrida estadiada como solução para um pesadelo]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000200135&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: Severe ilio-femoral occlusive disease can limit the endovascular treatment of aorto-iliac aneurysms. In high surgical risk patients, inventive and staged hybrid interventions can be the answer to achieve definitive treatment. Clinical Case: A 68-year-old male, with multiple comorbidities, presented with simultaneous occurrence of bilateral common iliac aneurysms and severe ilio-femoral occlusive disease associated with right critical limb-threatening ischemia. In order to exclude the iliac aneurysms, preserve pelvic flow and revascularize the threatened limb we decided for a three-staged hybrid intervention. First, we began with a right external iliac angioplasty with femoral endarterectomy to create adequate arterial access. In a second intervention, we implanted a bifurcated aortoiliac endograft through this access. In order to prevent pelvic ischemia, contralateral leg outflow was directed to the left internal iliac artery with a combination of self-expandable and balloon-expandable covered stents. Finally, a right femoro-posterior tibial artery bypass completed the revascularization. At 1,5-year follow-up, no complications are reported and the patient is asymptomatic. Conclusion: In patients with poor medical condition and complex aorto-iliac aneurysmal and occlusive disease, a staged hybrid approach like the one described in this case-report can be feasible and associated with durable midterm patency and excellent clinical outcome.<hr/>Resumo Introdução: A doença oclusiva íliofemoral TASC C e D pode limitar o tratamento endovascular de aneurismas aortoilíacos. Em doentes de alto risco cirúrgico, intervenções híbridas sequenciais e inventivas podem ser a resposta para alcançar o tratamento definitivo. Caso clínico: Um doente do sexo masculino de 68 anos, com múltiplas comorbidades, apresentou-se na consulta externa com ocorrência simultânea de aneurismas ilíacos comuns bilaterais e doença oclusiva ílio-femoral grave associada a isquemia crítica do membro inferior direito. Tendo em vista a exclusão dos aneurismas ilíacos, a preservação do fluxo pélvico e revascularização do membro ameaçado, optamos por uma intervenção híbrida em três estádios. Primeiro, começamos com uma angioplastia ilíaca externa direita associada endarterectomia femoral ipsilateral tendo em vista a criação de um acesso arterial adequado. Numa segunda intervenção, implantamos uma endoprótese aortoilíaca bifurcada por este acesso. Para prevenir a isquemia pélvica, o fluxo do ramo contralateral foi direcionado para a artéria ilíaca interna esquerda com uma combinação de stents revestidos autoexpansíveis e expansíveis por balão. Finalmente, com um bypass femoro-tibial posterior completámos a revascularização do membro. Aos 1,5 anos de seguimento, não verificamos nenhuma complicação e o doente permanece assintomático. Conclusão: Em doente com condições médicas desfavoráveis e aneurismas aortoilíacos associados a doença oclusiva aorto-ilíaca complexa uma abordagem híbrida estadiada como a descrita pode ser uma alternativa viável, com boa durabilidade e associada excelentes resultados clínicos. <![CDATA[Rotura de falso aneurisma da artéria mesentérica superior: uma rara complicação da cirurgia pancreática]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000200139&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Pseudoaneurysms after gastro-intestinal tract surgery are rare. Most of them occur after biliary tract and pancreatic surgery. They can lead to potentially serious consequences, such as rupture, hemorrhage and death. For these reasons, pseudoaneurysms should be diagnosed and treated as soon as possible.<hr/>Resumo A formação de pseudoaneurismas após cirurgia gastrointestinal é rara. A maioria ocorre após cirugia do tracto biliar e cirurgia pancreática. Os pseudoaneurismas podem ter consequências potencialmente fatais, tais como rotura e hemorragia. Por esse motivo, esta entidade deve ser diagnosticada e tratada rapidamente. <![CDATA[Kinking da artéria renal pós-transplante na dependência da posição do doente: caso-clínico]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000200142&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Introdução: O kinking da artéria renal pós-transplante é uma complicação rara, geralmente associada à disfunção precoce do enxerto. Métodos: Apresentamos um caso clínico de um kinking da artéria renal pós-transplante com uma apresentação clínica incomum. Foi realizada uma revisão dos registos clínicos com o consentimento do doente. Resultados: Homem de 52 anos com doença renal terminal secundária a nefropatia por IgA foi submetido a transplante renal de doador cadavérico. O doente apresentou boa função renal no pós-operatório, no entanto, após três meses iniciou uma redução gradual da diurese e agravamento da função renal a necessitar de permanecer em "posição de cócoras" 5 horas por dia para manter um débito urinário adequado. Foi realizada uma pontagem entre a artéria ilíaca externa esquerda e a artéria renal do enxerto com veia grande safena autóloga para correção de um kinking da artéria renal com recuperação da função do enxerto. Conclusão: A torção da artéria renal comumente manifestada como disfunção do enxerto renal pode-se apresentar de forma singular. A intervenção precoce é essencial para preservar a viabilidade do enxerto.<hr/>Abstract Introduction: Transplant renal artery kinking is an unusual post-kidney transplant complication usually associated with early graft dysfunction. Methods: We present an unusual clinical manifestation of post-transplant renal artery kinking. A review of the clinical process was made with patient consent. Results: A 52-year-old male with end-stage renal disease secondary to IgA nephropathy was submitted to cadaveric donor kidney transplant. The patient had good renal function postoperatively, however, after three months the patient began a gradual reduction of diuresis and worsening of renal function, needing to remain in a “squatting position” 5 hours a day to maintain a normal urine output. A bypass between the left external iliac artery and the graft renal artery with an ipsilateral autologous great saphenous vein was made to correct a renal artery kinking and the patient fully recovered. Conclusion: Renal artery kinking commonly manifested as renal graft dysfunction may have a singular form of presentation. Early intervention is essential to preserve graft viability. <![CDATA[A impressão 3d dos aneurismas das artérias renais. Um novo método de imagem para a decisão terapêutica?]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000200146&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Caso clínico de uma mulher com aneurisma da artéria renal direita com envolvimento dos 3 ramos distais. A angio-TC permitiu o diagnóstico e a caracterização morfológica. A arteriografia mostrou o padrão de fibrodisplasia da média mas foi pouco útil na definição tridimensional dos ramos. A impressão de um modelo 3D baseado na angio-TC, permitiu uma melhor definição da anatomia o que ajudou na decisão e planeamento da cirurgia, que consistiu na reconstrução ex-vivo da artéria renal, que se mantêm permeável com 1 ano de follow-up.<hr/>Abstract Case report of a female patient with a right renal artery aneurysm with involvement of distal branches. The angio-CT was diagnostic and showed the anatomy. The arteriogram showed the medial fibrodysplasia pattern but did not add to the tridimensional assessment of the branches. Angio-CT 3D printing allowed for better understanding of the anatomy, valuable for surgical decision and planning which consisted in ex-vivo reconstruction of renal artery which is patent at 1 year follow-up. <![CDATA[Fenestração da lâmina de disseção com agulha TIPS, uma técnica adjuvante no tratamento endovascular de aneurismas dissecantes da aorta toraco-abdominal]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000200149&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Introdução: Na dissecção crónica complicada de degeneração aneurismática, é frequente existirem fendas espontâneas entre o verdadeiro e o falso lúmen ao nível das artérias viscerais. No entanto, na sua ausência ou difícil identificação, o tratamento com recurso a f/bEVAR está limitado. Nesses casos, pode ser necessária a criação de fenestrações para permitir o acesso aos vasos viscerais. Métodos / Resultados: Apresentam-se 2 casos de procedimentos de fenestração de lâmina de disseção crónica em doentes submetidos num segundo tempo a f/bEVAR. Em ambos os doentes, os exames de follow-up a 1 ano mostram permeabilidade das endopróteses e ramos viscerais da aorta, redução do saco aneurismático e ausência de sinais de disseção ou endoleaks. Conclusões: Na criação de fenestrações, a rigidez da lâmina de disseção crónica pode requer a utilização de dispositivos grosseiros com risco acrescido de rotura aórtica, como a agulha de TIPS. Para prevenir essa complicação, além do meticuloso planeamento pré-operatório por angio-TC, é essencial a correta identificação intra-operatória do verdadeiro e falso lúmen recorrendo a IVUS ou a angiografia do duplo lúmen aórtico. Nos casos apresentados, a referida técnica foi eficaz.<hr/>Abstract Introduction: In chronic aortic dissection complicated with aneurysmal degeneration, there are commonly spontaneous tears between true and false lumen at the level of visceral arteries. However, in its absence or difficult identification, treatment with f/bEVAR is limited. In these, it may be required a fenestration procedure to allow visceral vessels access. Methods / Results: We present two case-reports of patients that underwent dissection flap fenestration procedures followed by f/bEVAR. In both patients, one-year follow-up CT scans show endoprosthesis and visceral branches patency, reduction of aneurysmal sac and absence of dissection or endoleaks. Conclusions: In fenestration creation, chronic dissection flap rigidity may require coarse devices with increased risk of aortic rupture, as TIPS needle. To prevent this complication, besides meticulous preoperative planning by CT angiography, intraoperative identification of true and false lumen using IVUS or double aortic lumen angiography is required. In presented cases, this technique was effective.