Scielo RSS <![CDATA[Angiologia e Cirurgia Vascular]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=1646-706X20210003&lang=pt vol. 17 num. 3 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[Lesão traumática da artéria poplítea: uma lesão rara mas que não pode ser esquecida]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000300217&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: Traumatic popliteal artery injury is a rare clinical entity, but it is the most common cause of amputation in injured extremities. The aim of this study was to report the incidence of popliteal artery injury after knee trauma and report therapeutic management and results. Methods and material: ICD-10/ ICD-9 codes (S85.0/904.41; S83.1/836.5; S83.4; S83.5; S72,4/821.2; S82,1/823.0) were used to identify patients admitted with popliteal artery injury and/or knee trauma at our tertiary center from 1/1/2010 to 31/5/2021. A statistical analysis was realized using the SPSS program version27. Results: At our center from 1/1/2010 to 31/5/2021 535 patients were admitted due to knee trauma (28 with knee dislocation and 507 with fracture close to the knee) and 9 patients with popliteal artery injury (seven males, median age 39.0 years) The mechanism of PAI was motorcycle (4) or bicycle (1) or work (1) accidents (4); one fall, one running over and one iatrogenic injury. The incidence of PAI after knee trauma was 1.5%, after knee dislocation 17.9% and 0.8% after fracture close to the knee. Regarding associated injuries, four patients had severe soft tissue damage, two had venous injuries and two had nerve disruptions. The median ischemic time was 6.0 hours and mean vascular surgical time was 2.4 hours. Regarding vascular treatment, eight patients were submitted to bypass surgery and one was treated conservatively. Therapeutic fasciotomies were performed in three patients. No primary amputations were performed. A secondary major amputation was performed in one patient. The mean hospital length of stay was 24.9 days and mortality was 0%. Three patients returned to their normal activity level and six were limited in their daily activity. Discussion/Conclusion: The risk of PAI after knee dislocation is higher than after knee fracture (17,9% vs 0.8% in our study, and 3,4-8,2% vs 0,2 % in Swedish registration), so orthopedic surgeons must be aware of that increased risk, to avoid missing this diagnosis. The amputation rate in our serie was lesser than the Swedish registration and the United States National Trauma Data Bank (11% vs 28% and 14,5%, respectively). However, it´s still a high rate considering that it mostly affects a young and active population and only 33.3% patients return to a normal life. A multidisciplinary approach is essential to decrease ischemia time and to promote a holistic treatment.<hr/>Resumo Introdução: A lesão traumática da artéria poplítea, apesar de ser uma entidade clínica rara é a causa mais comum de amputação associada a trauma dos membros inferiores. O objetivo deste estudo foi descrever a incidência de lesão artéria poplítea após trauma do joelho e descrever a abordagem terapêutica e seus resultados. Métodos e materiais: Os códigos CID-10 / CID-9 (S85.0 / 904.41; S83.1 / 836.5; S83.4; S83.5; S72,4 / 821.2; S82,1 / 823.0) foram usados para identificar os pacientes admitidos no nosso centro terciário no período de 01/01/2010 a 31/5/2021 com o diagnóstico de lesão artéria poplítea e/ou trauma do joelho. Foi posteriormente realizada uma análise estatística destes pacientes através do programa SPSS versão 27. Resultados: No nosso centro no período de 1/1/2010 a 31/5/2021 foram admitidos 535 doentes com trauma do joelho (28 com luxação do joelho e 507 com fratura próxima ao joelho) e 9 doentes com lesão da artéria poplítea (7 homens, com idade mediana de 39,0 anos). Os mecanismos de lesão da artéria poplítea foram acidentes de mota (4) ou de bicicleta (1) ; um acidente de trabalho com maquinaria pesada, uma queda, um atropelamento e uma lesão iatrogénica. A incidência de lesão da artéria poplítea após trauma do joelho foi de 1.5% - após luxação do joelho foi de 17.9% e após fratura do joelho foi de 0.8%. Relativamente a lesões associadas, quatro doentes tinham lesões extensas de tecidos moles, dois tinham lesão venosa e dois tinham lesão nervosa. O tempo mediano de isquemia foi de 6.0 horas e o tempo médio de intervenção vascular de 2.4 horas. Em relação ao tratamento vascular realizado, oito doentes foram submetidos a cirurgia de revascularização por bypass e um foi tratado conservadoramente. Em três doentes foram realizadas fasciotomias terapêuticas. Não foi realizada nenhuma amputação primária e foi realizada uma amputação secundária. O tempo médio de internamento hospitalar foi de 24.9 dias e a mortalidade foi de 0%. Durante o follow-up, apenas três pacientes voltaram ao seu nível de atividade normal e seis ficaram com limitações na realização das atividades de vida diária. Discussão/Conclusão: O risco de lesão da artéria poplítea após luxação do joelho é maior do que após fratura do joelho (17,9% vs 0,8% no nosso estudo e 3,4-8,2% vs 0,2% no registo sueco) e, portanto, os ortopedistas devem estar conscientes deste risco aumentado de lesão vascular. A taxa de amputação na nossa série foi menor do que a do registo Sueco e a do Banco de Dados Nacional de Trauma dos Estados Unidos (11% vs 28% vs 14,5%, respetivamente). No entanto, 11% é ainda assim uma taxa elevada, uma vez que afeta principalmente uma população jovem e ativa e apenas 33.3% dos pacientes regressaram a uma vida normal. Assim sendo, uma abordagem multidisciplinar é essencial para diminuir o tempo de isquemia e promover um tratamento holístico do doente. <![CDATA[Preditores para o desenvolvimento de doença arterial periférica nos doentes submetidos a transplante reno pancreático e impacto nos resultados]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000300223&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: The risk of peripheral arterial disease (PAD) is significantly increased in patients with type 1 diabetes mellitus who have developed chronic kidney disease. Pancreas kidney transplantation seems to be a promising option for these patients as it corrects both dysfunctions. The traditional risk factors for PAD are well defined in the general population. However, in patients undergoing simultaneous pancreas kidney transplant (SPKT) its influence is not well characterized. Objective: The aim of this study was to identify possible risk factors that influence the development and progression of PAD in pancreas-kidney transplanted patients and assess the outcomes of PAD on this population. Methods: We made a retrospective observational study of a group of 229 patients with type I diabetes mellitus and end stage renal disease who underwent pancreas-kidney transplantation. Demographic data, years of diabetes prior to transplant, months of dialysis prior to transplant, smoking, antihypertensive drugs intake, statins intake, cerebrovascular disease, myocardial ischemia, cholesterol levels and serum levels of creatinine, cystatin C, C-reactive protein and albumin were analyzed. Analysis of patients as well as kidney and pancreatic grafts survival was performed. Data were analyzed by SPSS version 27with significance at p &lt; 0.05. Results: Of the total of 216 patients included in the analysis with mean age of 46.01 ± 0.48 years, 32 patients (14,8%) developed symptomatic PAD and 23 patients (10,6%) critical limb ischemia. The major amputation rate in this subgroup was 26,1%. Patients with PAD were characterized by higher levels of LDL-C prior to transplant (p = 0.040), which were associated with a 1.011-fold higher risk of developing the disease. Higher levels of HbA1c 6 months and 3 years after transplant were also present among PAD patients (p = 0.033 and p = 0.022), associated with a respectively 1.512- fold and 1.334-fold higher risk of developing the disease. Patients with PAD had also higher levels of Cystatin C 5 years after transplant (p = 0.015) providing a 2.405-fold higher risk of developing the disease. Additionally, myocardial ischemia was also more prevalent among patients with PAD (p = 0.037) inducing a 3.220-fold higher risk of developing the disease. Survival analysis demonstrated a trend towards lower survival and lower renal graft survival in patients with PAD. Conclusion: Poor metabolic control appears to be associated with the development of symptomatic PAD. Elevated levels of cystatin C were also associated with PAD and this can be an independent marker of progression of disease. Also, this study demonstrated that patients with myocardial ischemia were at higher risk of developing PAD.<hr/>Resumo Introdução: O risco de doença arterial periférica (DAP) encontra-se significativamente aumentado nos doentes com diabetes mellitus tipo 1 que desenvolvem doença renal crônica. O transplante reno-pancreático assume-se como uma opção promissora para esses doentes, corrigindo ambas as disfunções. Os fatores de risco tradicionais para DAP estão bem definidos na população em geral. No entanto, em pacientes submetidos a transplante reno-pancreático a sua influência não se encontra caracterizada. Objetivo: O objetivo deste estudo foi identificar fatores de risco que influenciassem o desenvolvimento e progressão da DAP em doentes submetidos a transplante reno-pancreático e avaliar os resultados nessa população. Métodos: Estudo retrospetivo observacional de 229 doentes com diabetes mellitus tipo 1 e doença renal em estadio terminal submetidos a transplante simultâneo rim-pâncreas. Os dados demográficos, tempo de duração de diabetes antes do transplante, meses de diálise antes do transplante, tabagismo, medicação anti-hipertensora, estatinas, doença cerebrovascular, isquemia miocárdica, níveis de colesterol e níveis séricos de creatinina, cistatina C, proteína C reativa e albumina foram analisados. Foi realizada análise da sobrevida dos pacientes e dos enxertos renais e pancreáticos. Os dados foram analisados pelo SPSS versão 27 com significância em p &lt;0,05. Resultados: Do total de 216 pacientes incluídos na análise com média de idade de 46,01 ± 0,48 anos, 32 doentes (14,8%) desenvolveram DAP sintomática e 23 pacientes (10,6%) isquemia crítica de membro. A taxa de amputação major neste subgrupo foi de 26,1%. Os doentes com DAP foram caracterizados por níveis mais elevados de LDL-C antes do transplante (p = 0,040), que foram associados a um risco 1,011 vezes maior de desenvolver a doença. Níveis mais elevados de HbA1c 6 meses e 3 anos após o transplante também estavam presentes entre os doentes com DAP (p = 0,033 ep = 0,022), associados a um risco respectivamente 1,512 e 1,334 vezes maior de desenvolver a doença. Doentes com DAP foram também caracterizados por níveis mais elevados de cistatina C 5 anos após o transplante (p = 0,015), proporcionando um risco 2,405 vezes maior de desenvolver a doença. Além disso, a isquemia miocárdica também foi mais prevalente entre os doentes com DAP (p = 0,037), induzindo um risco 3,220 vezes maior de desenvolver a doença. A análise de sobrevida demonstrou uma tendência de menor sobrevida e menor sobrevida do enxerto renal em pacientes com DAP. Conclusão: O controle metabólico deficitário parece estar associado ao desenvolvimento de DAP sintomática nesta população. Níveis elevados de cistatina C também foram associados ao desenvolvimento de DAP, podendo ser um marcador independente de progressão da doença. Além disso, este estudo demonstrou que doentes com isquemia miocárdica apresentavam maior risco de desenvolver DAP. <![CDATA[Análise real unicentrica do uso de dispositivos ramificados iliacos para reparação de aneurismas aorto-iliacos]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000300232&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: Endovascular repair of aortic aneurysms is widely established. However, aorto-iliac aneurysms pose a challenge, specifically regarding distal sealing. A frequent approach is extending the iliac limb to the external iliac artery (EIA) with occlusion of the internal iliac artery (IIA), often with varying degree of pelvic ischemia causing significant morbidity. Iliac branched devices (IBD) allow for the creation of distal landing zones in the EIA and IIA, maintaining pelvic perfusion. We performed a descriptive analysis and outcome evaluation of IBD use in a single center patient cohort. Methods: An observational, descriptive, retrospective cohort analysis of all consecutive patients intended to treat with IBDs from Jan-2008 to Dec-2020 was performed. Technical success was defined as correct implantation of the IBD with confirmed patency of both EIA and IIA. We included all patients where at least one IBD was deployed, irrespective of additional procedures. Statistical analysis was performed using STATA 16, for Mac. Results: Of the initial 54 patients, 53 were included, (technical success 98,1%). Fifty-two were men (98.2%), mean age 73.5 years (SD 8.1). Mean aortic diameter was 56.4mm (SD 13.4), mean CIA aneurysm diameter 37.0mm (SD 12.7). A total of 60 IBD’s were performed (CookÆ Medical’s ZBIS device), of which 5 as part of complex aortic treatment with fenestrated endografts, 32 EVAR with unilateral IBD, 7 EVAR with bilateral IBD, 6 EVAR with unilateral IBD and contralateral extension to the EIA with embolization of the IIA and 3 isolated IBD (for type 1B endoleaks following EVAR or isolated iliac aneurysm). Peri-operative complications included acute kidney injury (AKI) (11,3% - 5/44), paraparesis and intestinal ischemia (1,9% each), one embolic intra-operatory stroke (1,9%) and one acute myocardial infarction (MI) (1,9%). Median follow-up was 9 months (IQR:16, 1-80months), during which 4,9% (2/42) developed type IB endoleaks, 4,9% (2/42) iliac aneurysm enlargement, 2,4% (1/42) limb kinking, 4,9% (2/42) limb occlusion, with a 7,14% (3/42) re-intervention rate. We found no association between limb patency and single, dual-antiplatelet treatment or anti-coagulation (p=0,6). There was no significative difference in AKI incidence between bilateral or unilateral IBD (irrespective of contra-lateral procedure). No in-hospital mortality was registered. There was one case of in-hospital death post-MI (1,9%), overall mortality 17% (9/53). Conclusion: In this cohort we found that the most common complication is AKI, apparently not directly related to the technique itself. Follow-up complications were few and mainly associated to loss of distal seal or limb occlusion, but implying a considerable re-intervention rate.<hr/>Resumo Introdução: A reparação endovascular dos aneurismas aórticos está amplamente estabelecida. No entanto, os aneurismas aorto-ilíacos representam um desafio, especificamente no que diz respeito à selagem distal. Uma abordagem frequente é a extensão do ramo ilíaco à artéria ilíaca externa (AIE) com oclusão da artéria ilíaca interna (AII), com grau variável de isquemia pélvica associada a morbilidade significativa. Os Iliac branched devices (IBD) permitem a criação de landing zones distais na AIE e AII, mantendo a perfusão pélvica. Realizámos uma análise descritiva e de avaliação dos resultados do uso de IBD numa coorte de doentes de um único centro. Métodos: Foi realizada uma análise retrospectiva, observacional, e descritiva de um coorte de todos os doentes propostos para abordagem com IBDs de janeiro de 2008 a dezembro de 2020. O sucesso técnico foi definido como a implantação correta do IBD com permeabilidade confirmada de ambas as AIE e AII. Incluímos todos os pacientes nos quais pelo menos um IBD foi implantado, independentemente de procedimentos adicionais. Resultados: Dos 54 pacientes identificados, 53 foram incluídos (sucesso técnico 98,1%). Cinquenta e dois eram homens (98,2%), com idade média de 73,5 anos (DP 8,1). O diâmetro aórtico médio foi de 56,4 mm (DP 13,4), o diâmetro médio do aneurisma da AIC foi de 37,0 mm (DP 12,7). Um total de 60 IBDs foram realizados (dispositivo ZBIS da Cook® Medical), dos quais 5 como parte do tratamento complexo da aorta com endopróteses fenestradas, 32 EVAR com IBD unilateral, 7 EVAR com IBD bilateral, 6 EVAR com IBD unilateral e extensão contralateral à AIE com embolização da AII e 3 IBD isolados (para endoleaks tipo 1B após EVAR ou aneurisma ilíaco isolado). As complicações perioperatórias incluíram lesão renal aguda (LRA) (11,3% - 5/44), paraparesia e isquemia intestinal (1,9% cada), um acidente vascular cerebral embólico intra-operatório (1,9%) e um enfarte agudo do miocárdio (EAM) (1,9%). O acompanhamento médio pós-operatório foi de 9 meses (IIQ: 16, 1-80 meses), durante o qual 4,9% (2/42) desenvolveram endoleaks tipo IB, 4,9% (2/42) aumento do aneurisma ilíaco, 2,4% (1/42) kinking do ramo, 4,9% (2/42) oclusão do ramo, com taxa de re-intervenção de 7,14% (3/42). Não encontrámos uma associação com significado estatístico entre a permeabilidade de ramo e terapêutica com anti-agregação simples, dupla, ou anticoagulação (p = 0,6). Não houve diferença significativa na incidência de LRA entre IBD bilateral ou unilateral (independentemente do procedimento contra-lateral). Nenhuma mortalidade hospitalar foi registada. Houve um óbito hospitalar pós-EAM (1,9%), mortalidade global de 17% (9/53). Conclusão: A complicação mais frequente encontrada na avaliação deste coorte foi a LRA, aparentemente sem relação direta com a técnica em si. As complicações no seguimento foram poucas e principalmente associadas à perda do selagem distal ou por oclusão de ramo, implicando uma taxa de reintervenção considerável. <![CDATA[Tratamento endovascular de estenose de artéria de transplante renal: resultados a curto e médio prazo]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000300238&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Objective: Renal graft dysfunction or worsened hypertension in renal transplanted patients may be a manifestation of graft hypoperfusion due to transplant renal artery stenosis (TRAS) or stenosis of iliac arteries proximal to renal transplant (pseudo-TRAS). Endovascular management of TRAS has been increasingly used to preserve renal graft function. With this study, we aim to evaluate the impact of endovascular treatment of TRAS on renal function in the short to medium term. Material and methods: This is an observational, retrospective, single-center study that included all adult renal transplant patients who underwent endovascular intervention on TRAS between September 2017 and June 2020. Renal graft function was monitored by serum Creatinine (sCr) levels. Results: Thirteen patients were included (53.8% female), with a median age of 57 (21-70) years. Eleven patients (84.6%) presented with graft dysfunction. Ten subjects (76.9%) underwent transluminal angioplasty and stenting of renal artery and three (23,1%) of donor iliac arteries. Most cases (69.2%) were interventioned in the first-year post-transplant. Overall technical success was 100%, with no periprocedural deaths. Overall 30-day morbidity was 15.4%. Median follow-up time was 20.2 (1,3 - 36,3) months. One patient died during follow up and other worsened graft dysfunction, requiring hemodialysis and nephrectomy. Reduction in sCr levels was statistically significant in the first postoperative month, compared to preoperative values, but sCR levels were still increased when compared to baseline levels (pre-TRAS diagnosis). Conclusions: The majority (12/13) of patients showed improvement or stabilization of renal graft function compared to the preoperative period, during the follow-up period, supporting the procedure’s safety. Despite this, most patients did not recover baseline sCr levels, reinforcing the importance of prompt graft revascularization. Delayed diagnosis of TRAS may compromise the benefit of revascularization and prevent full recovery of renal function.<hr/>Resumo Objetivos: A disfunção de enxerto renal e agravamento de hipertensão nos pacientes transplantado renais podem ser manifestações de hipoperfusão do enxerto devido a estenose de artéria de transplante renal (EATR) ou estenose da artéria ilíaca proximal à anastomose do enxerto (pseudo-EATR). O tratamento endovascular de EATR é cada vez mais frequente para manter a função do enxerto. Com este estudo, pretendemos avaliar o impacto do tratamento endovascular de EATR na função renal a curto e médio prazo. Materiais e métodos: Este é um estudo observacional, retrospetivo, monocêntrico que inclui todos os pacientes transplantados renais adultos submetidos a tratamento endovascular de EATR entre Setembro de 2017 e Junho de 2020. A função renal foi monitorizada através da medição da creatinina sérica (sCr). Resultados: Treze pacientes foram incluídos (53.8% do sexo feminino), com idade média de 57 (21-70) anos. Onze pacientes (84.6%) desenvolveram disfunção de enxerto. Dez pacientes (76.9%) foram submetidos a angioplastia transluminal e colocação de stent na artéria renal do enxerto e três (23.1%) da artéria ilíaca dadora. A maior parte dos casos (69.2%) foram tratados durante o primeiro ano pós transplante. A taxa de sucesso técnico foi de 100%, sem mortalidade periprocedimento. A taxa de morbilidade aos 30 dias foi de 15.4%. O tempo médio de seguimento foi de 20.2 (1.3 - 36.3) meses. Um doente morreu durante o seguimento e outro sofreu agravamento de disfunção do enxerto com necessidade de hemodiálise e nefrectomia. A redução na sCr foi estatisticamente significativa no primeiro mês pós-intervenção, comparado aos valores pré-intervenção, mas a sCr continuou aumentada quando comparada aos níveis basais (pré-diagnóstico de EATR). Conlusão: A maioria dos pacientes (12/13) melhorou ou estabilizou a função renal após a intervenção em relação ao período pré-intervenção, mostrando a eficácia do procedimento. No entanto, a maior parte dos doentes não retornou aos valores basais de sCr, corroborando a importância da revascularização precoce do enxerto. O atraso no diagnóstico de EATR pode comprometer o benefício da revascularização e impedir a recuperação total da função renal. <![CDATA[Venaseal: uma boa solução no tratamento da insuficiência venosa superficial grave em doentes muito idosos]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000300246&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: Chronic venous disease is a prevalent condition that worsens with age and is associated with poor quality of life. The treatment of varicose veins (VV) has multiple alternatives, and different practices across Europe. The aim of this article is to analyze the treatment of very elderly patients with severe forms of chronic venous disease using the VenaSeal technique. Method, Material and Results: Report of 5 very old patients with severe venous insufficiency treated with VenaSeal in 2021. Clinical case 1: A 86-year-old woman, with untreated bilateral varicose veins and recurrent ulcers, was observed in consultation, complaining of severe pain in left leg with an doppler ultrasound (DUS) showing bilateral great saphenous vein (GSV) insufficiency. An outpatient basis treatment of the left great saphenous vein with VenaSeal associated with phlebectomies was performed in the left side. After 6 months of follow-up, she is asymptomatic with small areas of repermeabilization of the proximal trunk of GSV. Clinical case 2: A 85-year-old man was observed in consultation describing two episodes of varicorrhagia in his right leg and and DUS with bilateral great saphenous vein insufficiency. An outpatient basis treatment of the right great saphenous vein with VenaSeal associated with varicose veins foam esclerotherapy DUS guided was performed. After a 3-month follow-up, the patient is asymptomatic with the imaging control showing occlusion of the trunk of the great saphenous vein. Clinical case 3: A 97-year-old woman was observed in consultation complaining of severe pain in left leg associated with an ulcer with severe interference with her quality of life and a DUS with bilateral great saphenous vein insufficiency. An outpatient basis treatment of the left great saphenous vein with VenaSeal associated with varicose veins foam esclerotherapy DUS guided was performed. After a 2-month follow-up, the patient is asymptomatic with a healed ulcer, with the DUS control showing occlusion of the great saphenous trunk. Clinical case 4: A 95-year-old woman was observed in consultation describing bilateral severe pain and ulcers in both legs and DUS with bilateral great saphenous vein insufficiency. An outpatient basis treatment of bilateral great saphenous vein with VenaSeal associated with varicose veins foam esclerotherapy DUS guided was performed. After 1-month follow-up, she is asymptomatic with healed ulcers and has occlusion of the right GSV´s trunk and areas of repermeabilization of left GSV´s trunk. Clinical case 5: An 84-year-old woman was observed in consultation with severe pain and severe pruritus of the left leg and a DUS with left GSV insufficiency. An outpatient basis treatment of the left GSV with VenaSeal associated with phlebectomies was performed. After 1 month of follow-up, the patient is asymptomatic with occlusion of the proximal left GSV´s trunk. Discussion /Conclusion: Treatment with Venaseal is not considered in the 2015 Guidelines of the ESVS, however the VeClose Study compared VenaSeal with radiofrequency ablation and reported equivalent improvement in symptoms scores and GSV occlusion. VenaSeal treatment doesn´t require use of elastic compression after surgery and allows return to routine activity immediately, so it may be a good therapeutic option in this age group of patients with high clinical risk. In our experience, VenaSeal resulted in complete resolution of the symptoms and ulcers in the short term. However, a complete occlusion of GSV was not observed in all cases, so new studies and protocols doses can be necessary.<hr/>Resumo Introdução: A doença venosa crónica é uma condição prevalente que piora com a idade e está associada a reduzida qualidade de vida. O tratamento das varizes dos membros inferiores tem várias alternativas e diferentes práticas em toda a Europa. O objetivo deste artigo é analisar o tratamento de pacientes muito idosos com formas graves de doença venosa crónica pela técnica de VenaSeal. Método, Material e Resultados: Descrição de 5 doentes muito idosos com insuficiência venosa grave tratados com VenaSeal em 2021. Caso clínico 1: Uma mulher de 86 anos com varizes bilaterais não tratadas e úlceras recorrentes de longa evolução, foi observada em consulta, referindo dores incapacitantes na perna esquerda observando-se no ecodoppler insuficiência da veia grande safena bilateralmente. Foi realizado tratamento ambulatório da veia grande safena esquerda com VenaSeal associado a flebectomias do membro inferior esquerdo. Com 6 meses de seguimento, encontra-se assintomática, observando-se no ecodoppler de controlo realizado pequenas áreas de repermeabilização do tronco proximal da veia grande safena. Caso clínico 2: Homem de 85 anos foi observado em consulta referindo dois episódios de varicorragia exuberantes na perna direita, observando-se no ecodoppler insuficiência da veia grande safena bilateralmente. Foi realizado tratamento ambulatório de veia grande safena com VenaSeal associado a ecoesclerose de varizes. Com 3 meses de seguimento encontra-se assintomático, observando-se no ecodoppler de controlo imagem de oclusão do tronco da veia grande safena. Caso clínico 3: Mulher de 97 anos observada em consulta referindo dor intensa na perna esquerda associada a úlcera com forte interferência com a sua qualidade de vida, observando-se no ecodoppler insuficiência da veia grande safena bilateralmente Foi realizado tratamento ambulatório da veia grande safena esquerda com VenaSeal associado a ecoesclerose de varizes. Com 2 meses de seguimento encontra-se assintomática com úlcera cicatrizada, observando-se no ecodoppler de controlo oclusão do tronco da veia grande safena. Caso clínico 4: Mulher de 95 anos observada em consulta referindo dor intensa associada a úlceras em ambas as pernas, observando-se no ecodoppler insuficiência da veia grande safena bilateralmente. Foi realizado tratamento ambulatório de veia grande safena bilateralmente com VenaSeal associado a ecoesclerose de varizes. Com 1 mês de seguimento encontra-se assintomática e com úlceras cicatrizadas, observando-se no ecodoppler de controlo oclusão do tronco da veia grande safena direita e áreas de repermeabilização do tronco da veia grande safena esquerda. Caso clínico 5: Mulher de 84 anos de idade observada em consulta referindo dor e prurido intenso na perna esquerda, observando-se no ecodoppler insuficiência da veia grande safena esquerda. Foi realizado tratamento ambulatório da veia grande safena esquerda com VenaSeal associado a flebectomias. Com 1 mês de seguimento, encontra-se assintomática observando-se no ecodoppler de controlo oclusão do tronco da veia grande safena esquerda. Discussão / Conclusão: O tratamento com Venoseal não é considerado nos guidelines da ESVS de 2015, no entanto, o Estudo VeClose comparou o tratamento com VenaSeal com o tratamento por radiofrequência e mostrou resultados equivalente nos scores sintomáticos e na taxa se oclusão das veias safenas . O tratamento com VenaSeal não requer o uso de compressão elástica e permite o retorno imediato às atividades de rotina, podendo ser uma boa opção terapêutica em pacientes desta faixa etária que possuem um alto risco clínico. Na nossa experiência, o VenaSeal resultou na resolução completa dos sintomas e úlcera no curto prazo. Porém, ao não ser observada uma oclusão completa da veia grande safena em todos os casos, são necessários novos estudos e novos protocolos de dosagem são necessários. <![CDATA[A relação da doença venosa crónica avançada com a psicopatologia e a qualidade de vida]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000300252&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Introdução: As consequências psicopatológicas e na qualidade de vida da DVC podem ser significativas, particularmente nos estadios mais avançados. As perturbações da ansiedade e do humor já estão frequentemente presentes no doente que procura o cirurgião vascular por DVC. O objetivo deste estudo foi identificar e caracterizar a psicopatologia na DVC e a sua relação com a qualidade de vida. Métodos: Estudo transversal que incluiu todos os doentes observados em primeira consulta de dois cirurgiões vasculares de um hospital universitário terciário, com o diagnóstico de DVC, de Dezembro de 2019 a Janeiro de 2021. Após realização da consulta, foram aplicados 5 questionários validados na língua portuguesa: EQ-5D (Euro quality of life - 5 Dimensions), EQVAS (Euro QoL visual analogue scale), CIVIQ20 (chronic venous insufficiency questionnaire), BAI (Beck Anxiety Inventory) e BDI (Beck&amp;apos;s Depression Inventory). Os endpoints primários foram os scores sugestivos de perturbações da ansiedade e de humor, avaliadas nos questionários BAI e BDI, respetivamente. Os endpoints secundários foram a qualidade de vida, avaliada nos questionários EQ-5D, EQVAS e CIVIQ20. Os achados foram correlacionados com a classe clínica (C) da classificação CEAP (clinical, etiological, anatomical and pathophysiological). Resultados: Foram incluídos 59 doentes. A idade mediana foi de 58 anos. 73% eram do sexo feminino. 20% realizava previamente medicação psiquiátrica. A distribuição na classificação clínica CEAP foi a seguinte: C1 7%; C2 64%; C3 10%; C4 15%; C5 2%; C6 2%. O score CIVIQ20 mediano foi de 48 e a pontuação mediana na escala EQVAS foi de 75. O score mediano BAI foi 16, com 40% dos doentes a relatarem níveis moderados ou potencialmente preocupantes de ansiedade; o score mediano BDI foi 7, com 31% dos doentes a relatarem níveis pelo menos ligeiros de depressão. Verificou-se uma correlação positiva entre a classe clínica CEAP e o score BAI (p=0,049) e o score BDI (p=0,039). Não se verificou correlação entre a classe clínica CEAP e a pontuação na EQVAS. Doentes com score CIVIQ20 superior selecionaram pontuações inferiores na EQVAS (p&lt;0,001). Verificou-se uma correlação positiva entre o score CIVIQ20 e o score BAI (p&lt;0,001) e o score BDI (p=0,003). Doentes com pior saúde percecionada na EQVAS apresentaram scores superiores de ansiedade (p=0,009) e de depressão (p&lt;0,001). Verificou-se uma correlação positiva entre o score BAI e o score BDI (p=0,002). Conclusão: As perturbações da ansiedade e do humor coexistem frequentemente e são prevalentes nos doentes com DVC sintomática. A relação entre sinais clínicos graves de DVC, qualidade de vida inferior e presença de psicopatologia foi demonstrada neste trabalho, que sugere a necessidade de uma abordagem psicológica adjuvante nos doentes com DVC.<hr/>Abstract Introduction: Chronic venous disease (CVD), particularly if severe, can have significant psychopathologic consequences and major changes in quality of life. Anxiety and humor disturbances are often already present when the patient with CVD searches the vascular surgeon. This study aims to identify and characterize psychopathology in CVD and its relation with quality of life. Methods: A transversal study included all patients seen in the first appointment with two vascular surgeons of a tertiary university hospital, with the CVD diagnosis, from December 2019 to January 2021. Five Portuguese language-validated questionnaires were used: EQ-5D (Euro quality of life - 5 Dimensions), EQVAS (Euro QoL visual analogue scale), CIVIQ20 (chronic venous insufficiency questionnaire), BAI (Beck Anxiety Inventory) and BDI (Beck&amp;apos;s Depression Inventory). The primary endpoints were anxiety and humor disturbances’ suggestive scores, evaluated on BAI and BDI questionnaires, respectively. The secondary endpoints were quality of life, evaluated on EQ-5D, EQVAS and CIVIQ20 questionnaires. The findings were correlated according to the clinical class (C) of the CEAP classification (clinical, etiological, anatomical and pathophysiological). Results: Fifty-nine patients were included. The median age was 58 years. 73% were female. 20% was under psychiatric pills. The CEAP clinical classification was as follows: C1 7%; C2 64%; C3 10%; C4 15%; C5 2%; C6 2%. The median CIVIQ20 and EQVAS scores were 48 and 75, respectively. The median BAI score was 16; 40% of the patients stated moderate or potentially worrying anxiety levels. The median BDI score was 7; 31% of the patients stated at least mild levels of depression. There was a positive correlation between the clinical class CEAP and the BAI score (p=0,049) and the BDI score (p=0,039). There was no correlation between the clinical class CEAP and the EQVAS score. The patients with higher CIVIQ20 scores have chosen lower scores on EQVAS (p&lt;0,001). There was a positive correlation between the CIVIQ20 score and BAI score (p&lt;0,001) and the BDI score (p=0,003). The patients with worse ascertained health on EQVAS displayed higher anxiety (p=0,009) and depression scores (p&lt;0,001). There was a positive correlation between BAI and BDI scores (p=0,002). Conclusion: Anxiety and depression disturbances commonly coexist and are prevalent in symptomatic CVD patients. The relation between severe clinical signs of CVD, lower quality of life and the presence of psychopathology was demonstrated in this study, which suggests the need for an adjunctive psychological approach to CVD patients. <![CDATA[Cirurgia vascular e lesão miocárdica após cirurgia não cardíaca (mins): revisão da literatura]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000300259&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Introdução: As complicações cardiovasculares são das mais frequentes após cirurgias não cardíacas. Entre elas, a lesão miocárdica após cirurgias não cardíaca (MINS) tem ganho relevância como fator de risco para morbi-mortalidade cardiovascular no período pós-operatório. Apresenta uma incidência estimada de 8% após cirurgia não cardíaca e está associada a um risco 5 vezes maior de ocorrência de eventos cardiovasculares major (MACE). O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão da literatura disponível da MINS no contexto da Cirurgia Vascular Métodos: Foi realizada uma pesquisa na Medline com o objetivo de identificar artigos relacionados com a patofisiologia da MINS e o seu significado no contexto específico de Cirurgia Vascular. Artigos considerados relevantes para o tema em questão foram também analisados para esta revisão não-sistemática e incluídos por cruzamento de referências. Resultados: A MINS na Cirurgia Vascular tem uma incidência estimada de pelo menos 15%, sendo superior à média das outras especialidades. Tal como nas restantes áreas, tem sido validada como fator de risco para morbi-mortalidade cardiovascular. No entanto, o seu rastreio por rotina apenas está recomendado em doentes com alto risco cardíaco. Apesar de a medidas de prevenção não serem consensuais, o dabigatrano e a estatinas demonstraram potencial na reversão do prognóstico a longo prazo desta população. Conclusão: Com base na evidência disponível, o diagnóstico de MINS em doentes submetidos a uma cirurgia vascular está associado a um aumento do risco dos efeitos adversos e mortalidade. No entanto, esta permanece uma área ainda por explorar na Cirurgia Vascular.<hr/>Abstract Introduction: After noncardiac surgery, cardiac complications are common. Recently there is one that has gained notoriety as risk factor for cardiovascular morbidity and mortality, myocardial injury after noncardiac surgery (MINS). It has an estimated incidence of 8% and is associated with an increased risk of major adverse cardiovascular events (MACE). Thus, the aim of this paper is to review the available literature regarding MINS in Vascular Surgery. Methods: A Medline search was performed in order to identify articles focused on MINS and its pathophysiology and effect on outcomes in Vascular Surgery. Additional articles of scientific interest for the purpose of this non-systematic review were included by cross-referencing. Results: The incidence of MINS in Vascular Surgery is of at least 15%, higher than in other surgical specialties. As in other areas, MINS has been identified as a risk factor for cardiovascular morbidity and mortality in patients submitted to a vascular surgery. Meanwhile, troponin measurement in the post-operative period is only recommended in high risk patients. Despite the lack of consensus regarding protective factors, dabigatran and statins have showed potential as treatment after the diagnosis of MINS. Conclusion: The available evidence identifies MINS as a factor that carries significant worse outcomes in patients that underwent a vascular surgery, although it remains a largely unexplored area. <![CDATA[Home-made frozen stented elephant trunk em contexto de disseção aórtica aguda: uma intervenção híbrida realizada em contexto de urgência]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000300264&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: Involvement of the ascending/aortic arch in the thoracic aorta pathology can preclude thoracic endovascular aortic repair (TEVAR) due to the absence of an adequate proximal landing zone. Hybrid interventions combining ascending/aortic arch replacement with TEVAR of the descending thoracic aorta (DTA) are associated with good outcomes. Despite the existence of dedicated devices (E-vita®, Thoraflex®), they may not be available in good time in emergent cases that might require inventive solutions, like the one we present. Case Report: A 53-year-old hypertensive, active smoker male was admitted due to a non-A-non-B acute aortic dissection, complicated with a contained rupture at the aortic isthmus and a left haemothorax. Considering the absence of a secure proximal landing zone we decided on an aortic arch replacement and frozen stented elephant trunk using off-the-shelf devices. Debranching of the innominate and left common carotid arteries was performed with a 16×8mm bifurcated graft. The aortic arch replacement was performed with a 28 mm Dacron, under hypothermic circulatory arrest. A 30×30×157mm stent graft was anterogradely advanced to the DTA, under direct vision, with its proximal part parked at the level of the Dacron anastomosis. The proximal arch anastomosis was completed at the level of the sinotubular junction. Completion angiography revealed appropriately reconstructed aortic arch, successful exclusion of the entry tear and rupture site, as well as adequate renal and visceral perfusion. The patient had an uneventful postoperative course, being discharged on postoperative day 23. Control CTA demonstrated successful arch reconstruction, true lumen expansion and no signs of complications. Conclusion: This hybrid approach with off-the-shelf devices was successful and avoided the cumulative morbidity of an additional left thoracotomy as the technical difficulty of a full open surgery in this setting. In the absence of readily available dedicated devices, hybrid techniques will undoubtedly play a role in the treatment of acute aortic syndromes. The existence of an “Aortic Team” available to evaluate, decide and combine the expertise of cardiothoracic and vascular surgery was essential in this case.<hr/>Resumo Introdução: O envolvimento da aorta ascendente/arco aórtico em contexto da patologia da aorta torácica pode contraindicar a realização de uma correção endovascular (TEVAR: thoracic endovascular aortic repair) devido à ausência de uma zona de selagem proximal adequada. Intervenções híbridas que combinam a substituição cirúrgica da aorta ascendente/arco aórtico com um TEVAR da aorta descendente associam-se a bons resultados. Apesar da existência de devices dedicados (E-vita®, Thoraflex®), a sua disponibilidade pode não ser imediata em casos urgentes que poderão requerer a realização de soluções inventivas como aquela que descrevemos. Caso Clínico: Um doente de 53 anos, sexo masculino, hipertenso e ex-fumador foi admitido devido a uma disseção aguda não-A-não-B, complicada com uma rotura contida a nível do istmo aórtico e um hemotórax esquerdo. Tendo em conta a ausência de uma zona de selagem proximal adequada decidimos realizar um frozen elephant trunk usando os materiais que tínhamos disponíveis a nível hospitalar. Foi assim realizado um debranching do tronco arterial braquiocefálico e da carótida esquerda usando uma prótese de dacron bifurcada (16×8 mm). Realizámos uma substituição do arco aórtico com uma prótese de dacron (28 mm), sob paragem circulatória e hipotermia. Seguidamente procedemos à libertação anterograda de uma endoprótese (30×30×157mm) sob visualização direta. A anastomose proximal foi realizada a nível da junção sinotubular. A angiografia final demostrou o arco aórtico corretamente reconstruído, exclusão bem-sucedida da porta de entrada proximal, do local de rotura bem como uma adequada perfusão visceral e renal. O doente teve um pós-operatório sem intercorrências, com alta ao 23º dia. O angioTC de controlo demonstrou uma expansão do verdadeiro lumen e a ausência de complicações. Conclusão: Esta intervenção híbrida recorrendo a off-the-shelf devices foi bem-sucedida e evitou a morbilidade cumulativa associada à toracotomia esquerda bem como às dificuldades técnicas da correção cirúrgica aberta nestas condições. Na ausência de material específico e dedicado a este tipo de casos, as técnicas híbridas devem ser tidas em conta. A existência de uma “Aortic Team” disponível para avaliar, decidir e combinar a diferenciação da cirurgia cardiotorácica e da cirurgia vascular foi essencial para alcançar o sucesso deste caso. <![CDATA[Tratamento endovascular de aneurismas ilíacos bilaterais com perfusão retrógrada 10 anos após bypass aorto-bifemoral]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000300269&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: The development of aneurysms in iliac arteries excluded from high-pressure direct flow from the aorta is very uncommon. We report a case of successful treatment of bilateral metachronous iliac artery aneurysms (MIA), found 10 years after an aortobifemoral bypass, with perfusion only by retrograde flow from the common femoral arteries (CFA). Case Report: A 76-year-old man came for consultation after incidental finding of bilateral MIAs, 10-years after aortobifemoral bypass for treatment of an aortic abdominal aneurysm (AAA). Computed tomography angiography (CTA) showed a right internal iliac artery (IIA) aneurysm of 43-mm diameter and a left common iliac artery (CIA) aneurysm of 45-mm diameter that were not present 10-years before. Exclusion of the left CIA aneurysm was achieved with a left IIA to external iliac artery (EIA) endograft using two covered stents (“banana” technique). The right IIA aneurysm was excluded with embolization of the distal internal iliac branches and aneurysm sac with coils and occlusion of the proximal EIA with an occluder. There were no postoperative complications. A CTA two months after surgery showed total exclusion of the left CIA aneurysm and normal filling of the left IIA, as well as complete occlusion of the right IIA aneurysm. Conclusion: This case highlights that aneurysmal degeneration of iliac arteries can be generated by retrograde blood flow after treatment of AAAs with aortobifemoral grafts. An endovascular approach using the “banana” technique proved to be effective in treating MIAs while maintaining patency of one IIA.<hr/>Resumo Introdução: O desenvolvimento de aneurismas em artérias ilíacas excluídas do fluxo de alta-pressão direto da aorta é muito incomum. Reportamos um caso de tratamento eficaz de aneurismas ilíacos metácronos (AIM) bilaterais, diagnosticados 10 anos após cirurgia de bypass aorto-bifemoral, apenas com perfusão retrógrada pelas artérias femorais comuns. Caso Clínico: Um homem de 76 anos foi encaminhado para avaliação após um achado incidental de AIMs bilaterais, 10 anos após uma cirurgia de bypass aorto-bifemoral para tratamento de um aneurisma da aorta abdominal (AAA). O angioTAC revelou um aneurisma de 43-mm de diâmetro da artéria ilíaca interna (AII) direita e um aneurisma de 45-mm de diâmetro da artéria ilíaca comum (AIC) esquerda, que não estavam presentes 10 anos antes. A exclusão do aneurisma da AIC esquerda foi conseguida libertando dois stents recobertos desde a AII esquerda até à artéria ilíaca externa (AIE) de acordo com a técnica da “banana”. O aneurisma da AII direita foi excluído com embolização distal dos ramos da ilíaca interna e do saco aneurismático com coils e oclusão da AIE proximal com um oclusor. Não ocorreram complicações no pós-operatório. O angioTAC dois meses após a cirurgia mostrou total exclusão do aneurisma da AIC esquerda e normal preenchimento da AII esquerda, assim como oclusão completa do aneurisma da AII direita. Conclusão: Este caso realça que a degenerescência aneurismática das artérias ilíacas pode ocorrer mesmo quando estas são perfundidas apenas por via retrógrada após tratamento de AAAs com bypass aorto-bifemoral. Uma abordagem endovascular com a utilização da técnica da “banana” mostrou-se eficaz no tratamento dos AIMs, com preservação do fluxo de uma AII. <![CDATA[Pontagem com veia pequena safena in situ através de uma abrodagem posterior: uma técnica subestimada para salvamento do membro inferior]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000300274&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: In situ lesser saphenous vein (LSV) graft has been advocated in cases of lower limb revascularization where target arteries are confined to the lower leg and the greater saphenous vein (GSV) is neither available nor suitable. This often occurs in diabetic or end-stage renal diseased patients, whose occlusive disease pattern typically affects the tibioperoneal vessels, sparing the femoropopliteal segment. In situ technique offers the potential advantages of decreased surgical trauma to the vein, better size-matching and improved hemodynamics. The posterior approach simplifies the surgical procedure; it achieves similar graft patency and limb salvage rates compared to standard procedures. Case report: We report a case of an 89 years-old male diabetic patient with previous attempts of endovascular revascularization of the posterior tibial and peroneal arteries; he presents with a nonhealing ulcer of the first toe of the right foot. Ultrasonographic vein mapping revealed varicose GSV in both limbs and a linear, ~3mm diameter, LSV in the right leg. The patient underwent right limb retrogeniculate popliteal to distal posterior tibial artery bypass with in situ LSV through a posterior approach. Post-operative bypass thrombosis occurred after seven days; it was resolved with surgical thrombectomy, vein angioplasty and arteriovenous shunt ligation. During follow-up at the outpatient clinic, the bypass remains patent and skin lesions healing without complications. Conclusion: In situ LSV is a safe and viable option conduit for popliteal to distal arteries bypasses. Vascular surgeons should be aware of the posterior approach, which simplifies and comfortably exposes the anatomic structures required for this surgery.<hr/>Resumo Introdução: A veia pequena safena (VPS) in situ pode ser usada como conduto em situações de revascularização do membro inferior em que as artérias alvo estão limitadas à porção distal da perna e nas quais a veia grande safena (VGS) está ausente ou é inadequada. Este cenário ocorre frequentemente em doentes diabéticos ou com doença renal crónica em estadio terminal, cujo padrão de oclusão arterial atinge os vasos tibioperoneais e poupa o segmento femoro-poplíteo. A técnica in situ oferece as potenciais vantagens de diminuir a manipulação e trauma da veia, melhor adaptação de calibre entre os vasos e melhor perfil hemodinâmico. A abordagem posterior simplifica o procedimento cirúrgico e oferece taxas de patência da pontagem e de salvamento do membro comparáveis aos procedimentos habituais. Caso clínico: Apresentamos o caso de um homem de 89 anos, diabético e com tentativas prévias, sem sucesso, de revascularização endovascular das artérias tibial posterior e peroneal; apresenta-se com uma úlcera do hállux do pé direito com evolução desfavorável. O mapeamento ultrassonográfico das veias revela as VGS varicosas em ambos os membros e uma VPS de trajeto linear e com ~3mm de diâmetros na perna direita. O paciente foi submetido a uma pontagem entre a artéria poplítea retrogenicular e artéria tibial posterior distal com VPS in situ, através de uma abordagem posterior. A pontagem trombosou ao sétimo dia pós-operatório; esta complicação foi resolvida com trombectomia cirúrgica, angioplastia da veia e laqueação das fístulas arteriovenosas patentes. No seguimento em ambulatório, a pontagem mantém-se patente e a úlcera do hállux a cicatrizar favoravelmente. Conclusão: A VPS in situ é uma opção segura e viável como conduto para pontagens entre a artéria poplítea e as artérias distais da perna. Os cirurgiões vasculares devem estar cientes da abordagem posterior, que simplifica e expões confortavelmente as estruturas anatómicas necessárias para este procedimento. <![CDATA[Síndrome May-Thurner: importância do ivus no algoritmo diagnóstico e terapêutico]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2021000300278&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: May Thurner Syndrome (MTS) is a clinical condition as a result of an anatomical compression of the left common iliac vein by the fifth lumbar vertebra posteriorly, and by the right common iliac artery anteriorly associated with symptomatology. Affirming the diagnosis can be difficult and intravascular ultrasonography (IVUS) can help in the definitive decision. Clinical Case: A 43 years old man with a past history of a deep venous thrombosis of the left lower limb presented at our clinical appointment with a 5 months history of left limb edema and inability to stand up for long periods of time, disabling him from working. A venous-CT scan was obtained to diagnose the condition but was inconclusive. It was proposed to the patient to carry out a phlebography and an IVUS to eliminate the doubt and increase the diagnosis acuity, which was accepted. A phlebography and IVUS confirmed a significant compression of the left common iliac vein (image 1). The patient was treated by endovenous placement of an Abre 16/80 medtronic stent followed by dilatation with a 16/40 balloon Boston scientific. The phlebography and IVUS control showed complete resolution of the compression. (Image 2) Discussion/Conclusion: The diagnosis of MTS can be difficult and implies a high degree of clinical suspicion. The TC scan alone may not be diagnostic. The phlebography, and especially the more recent IVUS technology increases the accuracy of the diagnosis. Emergence of endovascular surgery revolutionized the treatment of obstructive venous disease, and became the gold standard of treatment. However, the implantation of stents in a young population implies additional cautions due to the lack of knowledge about their behavior over the long term. In this clinical case, the IVUS allowed us to reach the diagnosis and to increase the therapeutic accuracy of the ilio-cava stenting. We recommend the routine use of IVUS in the management of MTS.<hr/>Resumo Introdução: A síndrome de May Thurner (SMT) é uma condição clínica resultante da compressão anatómica da veia ilíaca comum esquerda pela quinta vértebra lombar posteriormente e pela artéria ilíaca comum direita anteriormente associada a sintomatologia. Afirmar o seu diagnóstico pode ser difícil e a ultrassonografia intravascular (IVUS) pode ajudar na decisão definitiva. Caso Clínico: Homem de 43 anos com história de trombose venosa profunda do membro inferior esquerdo recorre à consulta com história de edema do membro inferior esquerdo com agravamento desde há cinco meses associado a incapacidade de ficar em pé por longos períodos , facto que o impedia de realizar a sua atividade laboral. Realizou flebo-TC no enatnto este foi inconclusivo. Foi proposto ao paciente a realização de flebografia e IVUS para eliminar as dúvidas e aumentar a acuidade diagnóstica. A flebografia e o IVUS confirmaram a compressão significativa da veia ilíaca comum esquerda pela artéria ilíaca comum direita (imagem 1). O paciente foi tratado através da implantação endovascular de um stent Abre 16/80 da Medtronic, seguido da dilatação com um balão 16/40 da Boston Scientific. A flebografia e o IVUS de controle mostraram a resolução completa da compressão. (Imagem 2) Discussão/Conclusão: O diagnóstico do SMT pode ser difícil e implica alto grau de suspeita clínica. O veno-TC pode não ser diagnóstico e ser necessário flebografia e IVUS. A cirurgia endovascular revolucionou o tratamento da doença venosa obstrutiva, tornando-se o gold standart terapêutico. No entanto, o implante de stents numa população jovem implica cuidados acrescidos devido ao desconhecimento de seu comportamento a longo prazo. Neste caso, o IVUS permitiu aumentar o grau de certeza diagnóstica e aumentar a qualidade do controle terapêutico do stenting ílio-cava. Nós recomendamos o uso do IVUS de forma rotineira na abordagem do SMT.