Scielo RSS <![CDATA[SOCIOLOGIA ON LINE]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=1647-333720220003&lang=pt vol. num. 30 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[Quem são os eleitores populistas? Avaliação da presença de traços de identidade comum entre eleitores populistas na União Europeia]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-33372022000300011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Political, economic and, now, health dynamics have caused and continue to cause a worsening of citizens’ living conditions within most of western democracies. The literature highlighted how this contributed to the increase of citizens’ frustration and the drop of their trust in democratic institutions. In this context, a populist upsurge has been registered among all western democracies. Established political parties, media and academics often tend to identify populist voters as merely less educated and ignorant citizens, but is this characterization correct and fully explaining the phenomenon? Who populist voters are? Are they united by common identities? And if it is so, what are the identities and belongings they share? The present paper answers these questions by tracing a profile of populist voters within European Union countries. The results show how populist voters show a statistically significant difference from non-populist ones when comparing demographic, economic, social values, political trust, and perceptions characteristics. However, the modest extent of these differences in most cases questions the effectiveness of the use of the concept of populism in distinguishing it as a political movement with its own transnational characteristics<hr/>Resumo As dinâmicas políticas, económicas e, recentemente, da saúde causaram e continuam a causar um agravamento nas condições de vida dos cidadãos na maioria das democracias ocidentais. A literatura destacou o contributo destas mudanças para o aumento da frustração dos cidadãos e para a queda da sua confiança nas instituições democráticas. Nesse contexto, um surto populista foi registado em todas as democracias ocidentais. Os partidos políticos, os média e os académicos estabelecidos tendem a identificar os eleitores populistas apenas como cidadãos menos educados e ignorantes, mas estará essa caracterização correta e explicará totalmente o fenómeno? Quem são os eleitores populistas? Estão unidos por identidades comuns? E se for assim, quais são as identidades e pertenças que partilham? O presente artigo responde a essas perguntas traçando um perfil de eleitores populistas nos países da União Europeia. Os resultados mostram como os eleitores populistas diferem significativamente dos não populistas quando se compararam as características demográficas, económicas, valores sociais, confiança política e perceções. No entanto, a pequena dimensão dessas diferenças, registada na maioria dos casos, questiona a eficácia do uso do conceito de populismo para o distinguir como um movimento político com características transnacionais próprias. <![CDATA[O património imóvel avesso à estatística? Os Monumentos Nacionais e o acesso público]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-33372022000300030&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Discute-se neste artigo a questão da utilização das estatísticas oficiais nacionais para aferição do acesso público ao património cultural imóvel em Portugal. A metodologia é quantitativa, com recurso ao inquérito por questionário, cujo preenchimento foi solicitado aos responsáveis dos Monumentos Nacionais (MN), e que incidiu nas seguintes dimensões: acesso, visitantes, valências, pessoal afeto e atividades. O trabalho de campo decorreu em 2019 e 2020 e permitiu recolher dados para o período entre 2017 e 2019. A base empírica é constituída por MN visitáveis (n=172 em 2019 e n=166 em 2020). Os resultados obtidos são apresentados em dois planos: a caracterização dos MN inquiridos e o volume e evolução dos visitantes. Ao contrário do que a ausência prolongada de estatísticas nacionais sobre o património cultural imóvel deixaria supor, não se trata de um domínio avesso à sua medição. Se isso pode ser assim para o conjunto do património classificado, muito heterogéneo de vários pontos de vista, demonstra-se que uma parte relevante, constituída pelos Monumentos Nacionais visitáveis, pode, e deve ser objeto de inquérito regular tal como acontece com outros equipamentos e atividades culturais.<hr/>Abstract This article discusses the issue of using national official statistics to measure public access to immovable cultural heritage in Portugal. The methodology is quantitative, with recourse to a survey focused on the following dimensions: access, visitors, valences, personal and activities, answered by the responsible person in charge of each National Monument (NM) surveyed. The fieldwork took place in 2019 and 2020 and collected data for the period 2017 to 2019. The empirical basis consists of visitable NM (n=172 in 2019 and n=166 in 2020). The results obtained are presented in two plans: the characterization of the surveyed NM and the volume and evolution of their visitors. Contrary to what the extended absence of national statistics on built cultural heritage would suggest, this is not a domain averse to its measurement. If this is can be appointed for the entire universe of built cultural heritage, very heterogeneous from various points of view, it is demonstrated that a relevant part, the visitable NM, can, and should be subject to regular surveys as in other cultural equipment and activities. <![CDATA[O que pode a sociologia dizer sobre antigas áreas mineiras? Um estudo sobre herança mineira, identidades locais coletivas e histórias orais]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-33372022000300059&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo O presente artigo expõe os resultados de uma primeira investigação realizada no âmbito do “SHS - Soil health surrounding former mining areas: Characterization, risk analysis, and intervention” nos concelhos de Arouca e Castelo de Paiva. Adotou-se uma metodologia qualitativa, procurando captar memórias e histórias orais associadas à exploração mineira desenvolvida nestas áreas, analisando, simultaneamente, a perceção do risco. Os resultados revelam que as minas estão na base da produção e da reatualização de identidades coletivas e de histórias orais, através das quais as pessoas se reconhecem e projetam uma identidade de base local. Por outro lado, apesar de permanecerem ativos alguns riscos, as pessoas tendem a ignorá-los, realizando atividades de turismo e lazer junto às minas desativadas. Tal acontece porque os riscos são geralmente associados ao passado, como consequência do trabalho mineiro. Os dados permitem compreender que ainda que a população reconheça a importância das minas, desejando a sua preservação e patrimonialização, fazem-no com dificuldade em relembrar este período pelas tragédias e dificuldades vividas.<hr/>Abstract This article presents the results of a first investigation carried out under the “SHS - Soil health surrounding former mining areas: Characterization, risk analysis, and intervention” in the municipalities of Arouca and Castelo de Paiva. A qualitative methodology was adopted, seeking to capture oral memories and histories associated with mining developed in these areas, simultaneously analyzing the perception of risk. The results show that mines are the basis of production and re-updating of collective identities and oral histories, through which people recognize themselves and project a local-based identity. On the other hand, although there are still some active risks, people tend to ignore them, performing tourism and leisure activities near the decommissioned mines. This happens because risks are generally associated with the past as a consequence of the mining work. The data also allows us to understand that while the population recognizes the importance of the mines, desiring their preservation and patrimonialization, they present some hardships in remembering the experienced tragedies and difficulties. <![CDATA[A Brasileira. Mais do que um café, um lugar de sentido e de identidade-comunidade]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-33372022000300082&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo A reflexão que aqui nos propomos fazer surgiu do desejo de relevar os diferentes modos como os frequentadores d’A Brasileira, em Braga, se apropriam do café, transformando-o num lugar simultaneamente pessoal, que cada um inscreve nas suas rotinas, nos seus encontros marcados ou fortuitos com os amigos e conhecidos, nas suas memórias e histórias de vida, mas também num lugar impessoal, não no sentido da experiência da indiferença, mas da dilatação da experiência aos modos de ser-com e de estar-com (Heidegger, 2004, 2005), ou do lembrar-com (Candau, 2005/2013; Halbwachs, 1925/1994), ou, por outras palavras, da possibilidade de cada um se sentir parte do que observa, do que nele ressoa, distendido sobre as ambiências, os objetos, as conversas, as vistas, para lá da sua esfera estritamente subjetiva. Com este propósito, procurámos contribuir para a valorização do sentido de comunidade (Maffesoli, 2000; Tönnies, 1944/2010) e de pertença que, em tempos de crescente celeridade, bem como de progressiva descaracterização e “nudificação” (Zukin, 2009) do espaço urbano, urge resgatar. A investigação reportada permite-nos concluir que o café A Brasileira se apresenta como um lugar de resistência, ao mesmo tempo que ali se observam inevitáveis mudanças, decorrentes de fenómenos como a “turistificação” (Harris et al., 2012), mas também de operações sub-reptícias profundas, expressivas de uma cultura em mudança. Neste quadro tensivo, encontramos, ainda, inesperadas fissuras de criatividade (Certeau, 1998) quanto ao modo como cada um se apropria do lugar vivido e nele reinventa um modo singular de se reencontrar a si mesmo no quotidiano, em ligação com o sentido de micro-comunidade.<hr/>Abstract This article aims to highlight the different ways in which the customers of A Brasileira, in Braga, appropriate the coffee-shop. It is transformed into a simultaneously personal place, which one inscribes in their routines, appointments with friends and acquaintances, memories and life stories. But it is also an impersonal place, not in the sense of the experience of indifference, but of the expansion of the experience to the ways of being-with (Heidegger, 2004, 2005), or of remembering-with (Candau, 2005/2013; Halbwachs, 1925/1994). For this purpose, we sought to contribute to the enhancement of the sense of community (Maffesoli, 2000; Tönnies, 1944/2010) and of belonging that is urgent to rescue, especially in times of increasing celerity, as well as progressive de-characterization and “nudification” (Zukin, 2009) of urban space. This research allows us to conclude that the coffee-shop A Brasileira presents itself as a place of resistance. At the same time, inevitable changes are observed there, resulting from phenomena such as “touristification” (Harris et al., 2012), but also of deep underhand operations, expressive of a changing culture. In this framework, we also find unexpected cracks in creativity (Certeau, 1998) as to the way in which each one appropriates the lived place, reinventing a unique way of finding oneself in everyday life, in connection with a micro-community sense. <![CDATA[OIT, Organização Internacional do Trabalho. (2022). Trabalho digno e a economia social e solidária: 110.ª sessão da conferência internacional do trabalho (CIT.110/Relatório VI)]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-33372022000300105&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo A reflexão que aqui nos propomos fazer surgiu do desejo de relevar os diferentes modos como os frequentadores d’A Brasileira, em Braga, se apropriam do café, transformando-o num lugar simultaneamente pessoal, que cada um inscreve nas suas rotinas, nos seus encontros marcados ou fortuitos com os amigos e conhecidos, nas suas memórias e histórias de vida, mas também num lugar impessoal, não no sentido da experiência da indiferença, mas da dilatação da experiência aos modos de ser-com e de estar-com (Heidegger, 2004, 2005), ou do lembrar-com (Candau, 2005/2013; Halbwachs, 1925/1994), ou, por outras palavras, da possibilidade de cada um se sentir parte do que observa, do que nele ressoa, distendido sobre as ambiências, os objetos, as conversas, as vistas, para lá da sua esfera estritamente subjetiva. Com este propósito, procurámos contribuir para a valorização do sentido de comunidade (Maffesoli, 2000; Tönnies, 1944/2010) e de pertença que, em tempos de crescente celeridade, bem como de progressiva descaracterização e “nudificação” (Zukin, 2009) do espaço urbano, urge resgatar. A investigação reportada permite-nos concluir que o café A Brasileira se apresenta como um lugar de resistência, ao mesmo tempo que ali se observam inevitáveis mudanças, decorrentes de fenómenos como a “turistificação” (Harris et al., 2012), mas também de operações sub-reptícias profundas, expressivas de uma cultura em mudança. Neste quadro tensivo, encontramos, ainda, inesperadas fissuras de criatividade (Certeau, 1998) quanto ao modo como cada um se apropria do lugar vivido e nele reinventa um modo singular de se reencontrar a si mesmo no quotidiano, em ligação com o sentido de micro-comunidade.<hr/>Abstract This article aims to highlight the different ways in which the customers of A Brasileira, in Braga, appropriate the coffee-shop. It is transformed into a simultaneously personal place, which one inscribes in their routines, appointments with friends and acquaintances, memories and life stories. But it is also an impersonal place, not in the sense of the experience of indifference, but of the expansion of the experience to the ways of being-with (Heidegger, 2004, 2005), or of remembering-with (Candau, 2005/2013; Halbwachs, 1925/1994). For this purpose, we sought to contribute to the enhancement of the sense of community (Maffesoli, 2000; Tönnies, 1944/2010) and of belonging that is urgent to rescue, especially in times of increasing celerity, as well as progressive de-characterization and “nudification” (Zukin, 2009) of urban space. This research allows us to conclude that the coffee-shop A Brasileira presents itself as a place of resistance. At the same time, inevitable changes are observed there, resulting from phenomena such as “touristification” (Harris et al., 2012), but also of deep underhand operations, expressive of a changing culture. In this framework, we also find unexpected cracks in creativity (Certeau, 1998) as to the way in which each one appropriates the lived place, reinventing a unique way of finding oneself in everyday life, in connection with a micro-community sense. <![CDATA[Marchi, Riccardo. (2022). A Bolha: uma direita antipopulista. Edições 70]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-33372022000300110&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo A reflexão que aqui nos propomos fazer surgiu do desejo de relevar os diferentes modos como os frequentadores d’A Brasileira, em Braga, se apropriam do café, transformando-o num lugar simultaneamente pessoal, que cada um inscreve nas suas rotinas, nos seus encontros marcados ou fortuitos com os amigos e conhecidos, nas suas memórias e histórias de vida, mas também num lugar impessoal, não no sentido da experiência da indiferença, mas da dilatação da experiência aos modos de ser-com e de estar-com (Heidegger, 2004, 2005), ou do lembrar-com (Candau, 2005/2013; Halbwachs, 1925/1994), ou, por outras palavras, da possibilidade de cada um se sentir parte do que observa, do que nele ressoa, distendido sobre as ambiências, os objetos, as conversas, as vistas, para lá da sua esfera estritamente subjetiva. Com este propósito, procurámos contribuir para a valorização do sentido de comunidade (Maffesoli, 2000; Tönnies, 1944/2010) e de pertença que, em tempos de crescente celeridade, bem como de progressiva descaracterização e “nudificação” (Zukin, 2009) do espaço urbano, urge resgatar. A investigação reportada permite-nos concluir que o café A Brasileira se apresenta como um lugar de resistência, ao mesmo tempo que ali se observam inevitáveis mudanças, decorrentes de fenómenos como a “turistificação” (Harris et al., 2012), mas também de operações sub-reptícias profundas, expressivas de uma cultura em mudança. Neste quadro tensivo, encontramos, ainda, inesperadas fissuras de criatividade (Certeau, 1998) quanto ao modo como cada um se apropria do lugar vivido e nele reinventa um modo singular de se reencontrar a si mesmo no quotidiano, em ligação com o sentido de micro-comunidade.<hr/>Abstract This article aims to highlight the different ways in which the customers of A Brasileira, in Braga, appropriate the coffee-shop. It is transformed into a simultaneously personal place, which one inscribes in their routines, appointments with friends and acquaintances, memories and life stories. But it is also an impersonal place, not in the sense of the experience of indifference, but of the expansion of the experience to the ways of being-with (Heidegger, 2004, 2005), or of remembering-with (Candau, 2005/2013; Halbwachs, 1925/1994). For this purpose, we sought to contribute to the enhancement of the sense of community (Maffesoli, 2000; Tönnies, 1944/2010) and of belonging that is urgent to rescue, especially in times of increasing celerity, as well as progressive de-characterization and “nudification” (Zukin, 2009) of urban space. This research allows us to conclude that the coffee-shop A Brasileira presents itself as a place of resistance. At the same time, inevitable changes are observed there, resulting from phenomena such as “touristification” (Harris et al., 2012), but also of deep underhand operations, expressive of a changing culture. In this framework, we also find unexpected cracks in creativity (Certeau, 1998) as to the way in which each one appropriates the lived place, reinventing a unique way of finding oneself in everyday life, in connection with a micro-community sense. <![CDATA[Pratas, Sérgio. (2022). Associações, democracia e utopias reais. O caso das associações de cultura, recreio e desporto. Almedina]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-33372022000300115&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo A reflexão que aqui nos propomos fazer surgiu do desejo de relevar os diferentes modos como os frequentadores d’A Brasileira, em Braga, se apropriam do café, transformando-o num lugar simultaneamente pessoal, que cada um inscreve nas suas rotinas, nos seus encontros marcados ou fortuitos com os amigos e conhecidos, nas suas memórias e histórias de vida, mas também num lugar impessoal, não no sentido da experiência da indiferença, mas da dilatação da experiência aos modos de ser-com e de estar-com (Heidegger, 2004, 2005), ou do lembrar-com (Candau, 2005/2013; Halbwachs, 1925/1994), ou, por outras palavras, da possibilidade de cada um se sentir parte do que observa, do que nele ressoa, distendido sobre as ambiências, os objetos, as conversas, as vistas, para lá da sua esfera estritamente subjetiva. Com este propósito, procurámos contribuir para a valorização do sentido de comunidade (Maffesoli, 2000; Tönnies, 1944/2010) e de pertença que, em tempos de crescente celeridade, bem como de progressiva descaracterização e “nudificação” (Zukin, 2009) do espaço urbano, urge resgatar. A investigação reportada permite-nos concluir que o café A Brasileira se apresenta como um lugar de resistência, ao mesmo tempo que ali se observam inevitáveis mudanças, decorrentes de fenómenos como a “turistificação” (Harris et al., 2012), mas também de operações sub-reptícias profundas, expressivas de uma cultura em mudança. Neste quadro tensivo, encontramos, ainda, inesperadas fissuras de criatividade (Certeau, 1998) quanto ao modo como cada um se apropria do lugar vivido e nele reinventa um modo singular de se reencontrar a si mesmo no quotidiano, em ligação com o sentido de micro-comunidade.<hr/>Abstract This article aims to highlight the different ways in which the customers of A Brasileira, in Braga, appropriate the coffee-shop. It is transformed into a simultaneously personal place, which one inscribes in their routines, appointments with friends and acquaintances, memories and life stories. But it is also an impersonal place, not in the sense of the experience of indifference, but of the expansion of the experience to the ways of being-with (Heidegger, 2004, 2005), or of remembering-with (Candau, 2005/2013; Halbwachs, 1925/1994). For this purpose, we sought to contribute to the enhancement of the sense of community (Maffesoli, 2000; Tönnies, 1944/2010) and of belonging that is urgent to rescue, especially in times of increasing celerity, as well as progressive de-characterization and “nudification” (Zukin, 2009) of urban space. This research allows us to conclude that the coffee-shop A Brasileira presents itself as a place of resistance. At the same time, inevitable changes are observed there, resulting from phenomena such as “touristification” (Harris et al., 2012), but also of deep underhand operations, expressive of a changing culture. In this framework, we also find unexpected cracks in creativity (Certeau, 1998) as to the way in which each one appropriates the lived place, reinventing a unique way of finding oneself in everyday life, in connection with a micro-community sense.