Scielo RSS <![CDATA[Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2182-517320170004&lang=pt vol. 33 num. 4 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[<b>Contributo de novo modelo editorial da revista para a formação e a investigação em Medicina Geral e Familiar</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000400001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[<b>Validação de três folhetos informativos sobre diabetes, sua terapêutica e exercício físico</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000400002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Objetivos: Validação de três folhetos para pessoas com diabetes. Tipo de estudo: Validação de folhetos. Local: Internet e USF Rio Dão. População: Peritos e pessoas com diabetes tipo 2. Métodos: Desenvolvimento de conteúdos segundo as recomendações existentes, revisão por peritos científicos e de língua e avaliação por pessoas com diabetes tipo 2, avaliação posterior por aplicação de fórmula de inteligibilidade de Flesch adaptada para a língua portuguesa. Resultados: Na fase de revisão de folhetos receberam-se 14 contribuições de peritos científicos, uma de pessoa com diabetes e duas de peritos de língua. Realizaram-se todas as alterações propostas e retiraram-se as frases que suscitavam dúvidas ou opiniões contrárias. Na fase de avaliação dos folhetos foram recebidas colaborações de 10 pessoas com diabetes, 50% do género masculino, com idade média de 63,0±10,1 anos e formação média de 5,6±4,5 anos. A avaliação da inteligibilidade dos folhetos revelou um grau de legibilidade dos mesmos ao nível do 9º - 12ºano. O número de palavras e sílabas totais aumentaram em todos os folhetos, desde a fase inicial até à final. Conclusões: Este estudo foi inovador no sentido de validar folhetos para informação a pessoas com diabetes em Portugal, usando simultaneamente validação por peritos científicos e de língua (que fizeram grandes alterações ao folheto), envolvendo os pacientes na validação (que revelaram poucas dúvidas) e fazendo uma avaliação de inteligibilidade final (que revelou um nível provavelmente demasiado exigente). Sugere-se o desenvolvimento de ferramentas realizadas no contexto Português para avaliação de inteligibilidade, qualidade de conteúdos, adaptação à literacia em saúde dos pacientes-alvo e, especialmente, do nível de compreensão e melhoria da capacitação dos mesmos<hr/>Aims: Development and evaluation of three patient information leaflets for people with type 2 diabetes Methods: The leaflets were designed in accordance with existing recommendations for the development of patient education materials. This included review of the material by scientific and linguistic experts and by people with diabetes. The Flesch readability formula adapted to Portuguese was applied. Results: In the review phase, 14 scientific experts, one person with diabetes and two language experts provided comments on the material and suggested changes were made. In the evaluation phase, contributions were received from 10 people with diabetes, 50% of whom were male, with a mean age of 63.0±10.1 years and a mean level of education of 5.6±4.5 years. The evaluation of the readability suggested that the material was at the ninth to twelfth grade comprehension level. In all leaflets, the number of total words and syllables increased from the beginning to the end of the development process. Conclusions: This study documents the development and evaluation of leaflets for patients with Type 2 diabetes in Portugal. It used scientific and language validation by experts who made major changes in the text. It involved patients in the validation and final evaluation of readability, which showed that the final reading level was probably too high. We suggest tools for the development of patient information leaflets in the Portuguese context to assess intelligibility, quality of content, and health literacy. Leaflets should be adapted to the needs of patients. An assessment of their level of understanding and enablement is required <![CDATA[<b>Prevalência das complicações da diabetes mellitus no ACeS Santo Tirso/Trofa</b>: <b>estudo descritivo</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000400003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Objetivos: Estimar a prevalência das complicações crónicas relacionadas com a diabetes nos indivíduos com diabetes do Agrupamento de Centros de Saúde Santo Tirso/Trofa. Tipo de estudo: Descritivo, do tipo transversal com uma componente analítica. Local: Agrupamento de Centros de Saúde Grande Porto I - Santo Tirso/Trofa. População: Utentes com diabetes mellitus tipo 1 e 2. Métodos: Foi selecionada aleatoriamente uma amostra da população de utentes com diabetes mellitus tipo 1 e 2 que estavam inscritos nas unidades funcionais do Agrupamento de Centros de Saúde (N=9.426) em dezembro de 2014. Os dados foram recolhidos dos processos clínicos eletrónicos dos utentes, tendo sido estudadas as complicações: doença coronária, doença cerebrovascular, nefropatia, neuropatia, amputação no membro inferior e retinopatia. A análise dos dados foi efetuada nos programas SPSS® 21 e Excel® 2010. Resultados: Dos 1.507 indivíduos diabéticos estudados, 95,5% eram do tipo 2, 50,7% do sexo masculino, e a média de idades de 65,7±12 anos. Identificaram-se complicações em 33,6% dos indivíduos, sendo a nefropatia a complicação mais prevalente (17,2%) e a amputação (0,9%) a menos. Os de tipo 1, em comparação com os de tipo 2, apresentaram prevalências significativamente superiores de nefropatia, neuropatia, amputação e retinopatia. Conclusões: Algumas prevalências encontradas neste estudo foram diferentes às identificadas na revisão da literatura. No entanto, a interpretação dessas discrepâncias deve ser feita com cuidado, dadas as possíveis diferenças entre os critérios usados nas definições das complicações. Este estudo foi uma mais-valia para a caracterização deste problema a nível local e espera-se que os resultados obtidos possam servir de base para futuras investigações<hr/>Objectives: To estimate the prevalence of complications of diabetes in patients treated in the Santo Tirso/Trofa Group of Health Centers. Study type: A cross-sectional study. Setting: Santo Tirso/Trofa Group of Health Centers. Participants: Type 1 and 2 diabetic patients. Methods: A sample of the type 1 and 2 diabetic patients was randomly selected from the population registered in the health units of the Group of Health Centers in December of 2014 (N=9,426). Data were collected from electronic medical records of the patients selected. The following complications were studied: coronary heart disease, cerebrovascular disease, nephropathy, neuropathy, amputation of the lower limb and retinopathy. Data analysis was performed using SPSS® 21 and Excel® 2010 software. Results: Of the 1,507 diabetics studied, 95.5% were type 2, 50.7% were male and the average age was 65.7±12 years. Complications were identified in 33.6% of diabetics. Nephropathy had the highest prevalence (17.2%) and amputation (0.9%) the lowest prevalence. Type 1 diabetics had a significantly higher prevalence of nephropathy, neuropathy, retinopathy and amputation. Conclusions: The prevalence of some complications found in this study was different from that found in other studies. Interpretation of these discrepancies requires care, given the possible differences between the criteria used for the diagnosis of complications. This study has characterized this problem at local level. The results obtained may be useful for future study of complications of diabetes <![CDATA[<b>Investigação sobre adesão à terapêutica na população portuguesa</b>: <b>uma revisão de âmbito</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000400004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Objetivos: Realizar uma revisão sobre adesão à terapêutica na população portuguesa visando descrever o âmbito (quantidade, foco e natureza) da atividade de investigação original. Fontes de dados: Foram pesquisados estudos sobre adesão à terapêutica na MEDLINE, Web of Science, SciELO e B-on. Métodos de revisão: A revisão foi realizada em dezembro de 2014. Nas fontes de dados foram pesquisados estudos sobre adesão à terapêutica na população portuguesa cuja recolha de dados fosse igual ou posterior a 2005 e/ou se a publicação ocorreu até ao final de 2014. Resultados: Obtiveram-se 82 publicações, das quais foram selecionadas 26. Os resultados indicam um maior número de estudos em populações do Norte e da região de Lisboa e Vale do Tejo; a aparente inexistência de estudos sobre iniciação do tratamento e apenas um estudo sobre descontinuação; uma variabilidade nos métodos de recolha de dados e nas medidas utilizadas para avaliar a adesão à terapêutica, com os inquéritos dirigidos aos doentes como a principal fonte de informação; taxas de adesão entre os 41,6% e os 89%, dependentes da doença ou condição estudada. Conclusões: Os diferentes métodos de recolha de dados e medidas de avaliação da adesão, os curtos períodos de recolha de dados, a análise quase exclusiva da implementação do tratamento, não analisando os fatores que influenciam a sua iniciação e descontinuação, dificultam a monitorização da adesão à terapêutica na população portuguesa<hr/>Aim: To conduct a structured literature review describing the scope (quantity, focus, and nature) of published original research on medication adherence in the Portuguese population. Data sources: Studies on medication adherence were searched on MEDLINE, Web of Science, SciELO, and B-on. Methods: The scoping review was conducted in December 2014 using the data sources, searching for studies on medication adherence in the Portuguese population, conducted after 2005, and/or published until the end of 2014. Results: We identified 82 publications and 26 were selected for this review. Most studies were conducted on populations in the North and in the Lisbon and Tagus Valley Region. There were no studies on initiation of treatment and only one study on discontinuation. There was variability on the methods used for data collection and measures used for evaluation of adherence. Questionnaires were the main source of information. Adherence rates varied from 41.6% to 89%, depending on the disease or condition studied. Conclusions: The different methods used for data collection and evaluation of adherence, the short periods of time for data collection, and the exclusive analysis of the implementation of treatment disregarding the factors that determine initiation and discontinuation of treatment, hinder the study of medication adherence in the Portuguese population using recently published research <![CDATA[<b>Síndroma de Down, sexualidade e conflitos éticos</b>: <b>um relato de caso</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000400005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: A síndroma de Down (SD) é a causa genética mais comum de atraso de desenvolvimento intelectual (ADI). Apesar de o desejo sexual estar presente e de forma independente do défice cognitivo, grande parte das famílias assume um papel sobreprotetor, infantilizando estes indivíduos e tratando-os como assexuais. Tal origina lacunas na sua educação sexual (ES), aumentando a vulnerabilidade ao abuso e a comportamentos de risco. Este caso pretende reforçar a importância da ES nos indivíduos com ADI e alertar para questões éticas que podem surgir neste contexto. Descrição do caso: Jovem de 22 anos, género feminino, com SD, sem outros antecedentes de relevo. Veio sozinha à consulta de planeamento familiar, por ter começado a namorar. Referiu já ter iniciado atividade sexual, embora não com o atual namorado. Nega conhecimentos sobre métodos contracetivos, referindo que nos contactos sexuais que teve, quando foi utilizada contraceção, foi por iniciativa do parceiro. Afirmou que as suas relações foram consentidas, embora numa ocasião se tenha sentido mal tratada. Neste contexto foram-lhe apresentados os diversos métodos contracetivos, tendo mostrado interesse no implante subcutâneo (IS). Foi ainda abordada a importância da prevenção das infeções de transmissão sexual (ITS), o preservativo e sua correta utilização (dado que desconhecia por completo o método) e realizada colheita para citologia cervicovaginal. Dada a dificuldade de averiguar a capacidade da jovem de assinar o consentimento informado (CI) com a abrangência que o ato encerra, e dado a própria não saber como proceder nesta situação, foi contactada a sua mãe. Esta última afirmou que deveria ser a filha a fazê-lo, mostrando-se disponível para colaborar no processo de decisão informada. Neste momento foi decidido manter segredo em relação à vida sexual da jovem. Requisitado teste imunológico de gravidez, que foi negativo, procedeu-se então à colocação do IS, reforçando novamente a importância da utilização do preservativo. Após três meses volta à consulta para reavaliação e nova abordagem da temática da sexualidade. Comentário: Este caso confrontou a equipa de saúde com duas questões éticas delicadas. Até que ponto o ADI torna a jovem incapaz de dar o seu CI? Poderia o segredo médico ser escusado, no caso de ter de ser a sua mãe a assinar o CI, como forma de fazê-la perceber a necessidade de contraceção? Além disso, torna-se necessário capacitar pais e profissionais para a promoção da saúde sexual dos indivíduos com ADI, nomeadamente com SD. O médico de família, pelas suas características e pela posição que ocupa no sistema de saúde, tem um papel fundamental<hr/>Introduction: Down syndrome is the most common genetic cause of intellectual disability. Although sexual desire is present, irrespective of the degree of impairment, many families play an overprotective role, treating affected individuals as children and as asexual persons. This may create gaps in their sexual education, increasing their vulnerability to assault and to risk behaviours. This report stresses the importance of sexual education for individuals with intellectual disability and draws attention to ethical matters, which may emerge in this context. Case description: A 22 year-old woman with the Down syndrome and no other significant past medical history came alone to a family planning appointment after starting a new relationship. She had already had sexual intercourse, although not with her current boyfriend. She was not aware of contraceptive methods, stating that, when it was used in her sexual contacts, it was on the initiative of her partners. She had consented to all sexual contacts but stated that she had felt mistreated once. After the presentation of several contraceptive options, she showed interest in subcutaneous implants. She was informed about the importance of preventing sexually transmitted diseases and about the correct use of condoms. A cervical cytology smear was performed. Since it was difficult to assess the capacity of this young woman to give informed consent, her mother was contacted. She stated that consent should be given by the patient, but was willing to help in informing her daughter about her options. Nothing was revealed to the mother about her daughter's sexual life. Following a negative pregnancy test, a subcutaneous device was implanted. The need for correct use of condoms was repeated. Three months later, she returned for a follow-up family planning appointment, including a repeat evaluation of her status and further counselling on sexual and reproductive health. Comment: The health care team faced two challenging ethical questions in this case. Does intellectual disability render this woman incapable of giving informed consent? Could confidentiality be waived to allow her mother to increase her awareness of the need for contraception and to give informed consent? Health care professionals can empower parents to promote sexual health in individuals with intellectual disability including Down syndrome. The family doctor has a role to play in this effort <![CDATA[<b>Síndroma de Stevens-Johnson</b>: <b>a importância do reconhecimento pelo médico de família</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000400006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Introdução: As crianças são frequentemente alvo de quadros infeciosos, não só pelo seu contexto epidemiológico mais vulnerável, mas também pela imaturidade do seu sistema imunitário. As doenças exantemáticas são frequentes nesta fase da vida, impondo ao médico uma enorme dificuldade diagnóstica no que concerne a patologias dermatológicas. O objetivo deste relato de caso prende-se com a importância do médico de família reconhecer alterações cutâneas de maior gravidade, que se comportem como emergências dermatológicas. Descrição do Caso: Criança do género feminino, cinco anos, sem antecedentes pessoais de relevo. Em agosto de 2015 recorreu a consulta de medicina geral e familiar por febre, mal-estar geral e com duas lesões eritematosas e ulceradas no lábio inferior com três dias de evolução. Esta situação foi encarada como um quadro de varicela. Dois dias depois verificou-se agravamento da situação, com surgimento de lesões semelhantes na mucosa vaginal, edema palpebral e exsudação mucopurulenta ocular bilateral. Por recusa alimentar total recorreu a um serviço de urgência privado, onde ficou internada. Dada a ausência de melhoria foi transferida para o hospital da área de residência três dias depois, encontrando-se prostrada, com múltiplas lesões aftosas na mucosa oral e vaginal, hemorragias subconjuntivais dispersas e queratite. Ficou internada no serviço de pediatria. Atendendo ao quadro clínico de estomatite ulcerativa, conjuntivite purulenta e vulvovaginite foi assumido o diagnóstico clínico de síndroma de Stevens-Johnson. Comentário: A síndroma de Stevens-Johnson caracteriza-se por uma reação de hipersensibilidade cutânea tardia que atinge a pele e as mucosas. Constitui uma emergência dermatológica com potencial elevado de morbimortalidade, difícil de diagnosticar na prática clínica diária do médico de família. Assim, sempre que surjam lesões cutâneas ou mucosas associadas a toma de fármacos, infeções virais, neoplasias ou simplesmente lesões que concernem algum grau de suspeição, não deve ser adiada a referenciação hospitalar urgente<hr/>Introduction: Children are often affected by infectious diseases, not only because their most vulnerable epidemiological context, but also from their immaturity immune system. The rash illnesses are common at this stage of life, imposing to the family physician a high diagnostic difficulty to skin diseases. The purpose of this report is relates the importance of the family physician recognize skin diseases more severe, to behave as dermatologic emergencies. Case description: Female child, five years old without a history of relief. In August 2015, she appealed to general practice by fever, malaise and with two erythematous and ulcerated lower lip injuries. This was seen as chickenpox. Two days later it was complicated by similar lesions on the vaginal mucosa, palpebral edema and bilateral ocular mucopurulent exudates. Because total food refusal, she turned to a private emergency service, where she was hospitalized. Given the lack of improvement, she was transferred to the hospital of her home area three days later, prostrate with multiple aphthous lesions on the oral and vaginal mucosa, dispersed subconjunctival hemorrhages and keratitis. She was admitted to the pediatric service. Given the clinical picture of ulcerative stomatitis, purulent conjunctivitis and vulvoganite, the clinical diagnosis of Stevens-Johnson syndrome was assumed. Comments: Stevens-Johnson syndrome is characterized by a delayed hypersensitivity skin reaction, which affects the skin and mucous membranes. It constitutes a dermatological emergency with high potential for morbidity and mortality, difficult to diagnose in clinical practice of the family physician. Family physician need to pay special attention to the skin lesions or mucous membranes which are associated with drugs, viral infections, cancer or just injuries that concern some degree of suspicion should not be delayed urgent hospital referral <![CDATA[<b>Doença arterial periférica em doentes com diabetes nos cuidados de saúde primários</b>: <b>estudo observacional</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000400007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A doença arterial periférica (DAP) associa-se a risco de ulceração e amputação. A determinação do índice de pressão tornozelo-braço (IPTB) é recomendada para a sua deteção em doentes com diabetes selecionados, associada à avaliação clínica. Objetivos: Determinar a prevalência das manifestações de DAP em doentes com diabetes nos cuidados de saúde primários (CSP). Local: Centro de Saúde de São Martinho do Bispo. População: Doentes com diabetes em cuidados de saúde primários. Tipo de estudo: Estudo observacional, analítico e transversal, que resulta do projeto de intervenção Venha Pelo Seu Pé. Métodos: Amostra de conveniência de 418 doentes com diabetes (48,4% da população), idade ≥50 anos, observados em consulta de pé diabético. Metodologia e colheita de dados realizadas por profissionais de saúde com experiência. Variáveis: idade, sexo, IMC, perímetro abdominal, pressão arterial, antecedentes tabágicos, dislipidemia, hipertensão, lesões macrovasculares, local de acompanhamento, duração da diabetes, HbA1c registada, terapêutica da diabetes, claudicação arterial e dor em repouso, palpação de pulsos tibiais/pediosos e valores dos IPTB. Usaram-se os testes qui-quadrado ou de Fisher na análise de associação de variáveis. Resultados: Quatrocentos e dezoito doentes com idade média de 68,85±8,64 anos, 52,9% do sexo feminino. Com 2,9% de fumadores, 84,0% com dislipidemia e 87,1% hipertensos (ou terapêutica para esses problemas) e 19,1% com lesões macrovasculares. Duração média da diabetes de 10,72±8,48 anos e média de HbA1c de 6,86±1,16%. Proporção de doentes com úlcera, e amputados, de 0,5%. A prevalência de claudicação arterial foi de 9,8% (IC95%: 7,1-13,1), de pulso não palpável de 14,6% (IC95%: 11,3-18,3) e IPTB ≤0,9 de 11,5% (IC95%: 6,6-14,9), com prevalência global de alterações sugestivas de DAP de 28,5% (IC95%: 24,2-33,1). Foi identificada associação significativa entre IPTB ≤0,9 e pulso não palpável (p=0,009) ou claudicação arterial (p<0,001) na análise por doente. Conclusões: Não é possível concluir comparativamente com outros estudos quanto à prevalência de DAP, dada a escassez da determinação de IPTB em estudos de doentes com diabetes nos CSP portugueses. Outros estudos parecem sugerir tratar-se de uma prevalência inferior ou subdiagnóstico. A complementaridade de métodos poderá contribuir para maior deteção de casos na prática clínica<hr/>Peripheral arterial disease (PAD) puts patients at risk for skin ulceration and limb amputation. Measurement of the ankle-brachial index (ABI) along with clinical evaluation to detect PAD is recommended for selected diabetic patients. Objectives: To determine the prevalence of PAD signs in diabetic patients managed in primary care. Setting: Centro de Saúde de São Martinho do Bispo. Participants: Diabetic patients managed in primary care in this clinic. Study type: Observational study, using data obtained from the «Venha Pelo Seu Pé project». Methods: A convenience sample of diabetic patients was selected, aged 50 years of age or over, attending a diabetic foot care consultation. Data were collected by experienced healthcare professionals working in this clinic. Data were obtained in an interview, by physical examination, and from clinic records. These included age, sex, body mass index (BMI), waist circumference, blood pressure, past medical history of tobacco use, dyslipidemia, hypertension, macrovascular disease, duration of diabetes, last noted value of glycosylated haemoglobin (HbA1c), diabetes medication, arterial claudication and resting pain, palpation of pedal pulses, and ABI values. The chi-square and Fisher tests were used to test associations between variables. Results: There were 418 patients in the study sample comprising 48.4% of the diabetic patients in this clinic. The mean age was 68.85±8.64 years and 52.9% were females. In the sample, 2.9% were smokers, 87.1% had hypertension and 84.0% had dyslipidemia (or medication for those problems). In 19.1% there was known macrovascular disease. Diabetes had been known for a mean duration of 10.72±8.48 years and the mean HbA1c was 6.86±1.16% of. The foot ulcer, or amputation, was found in 0.5%. Arterial claudication was present in 9.8% (CI95%: 7.1-13.1) and a non-palpable pulse in 14.6% (CI95%: 11.3-18.3). The ABI was less than or equal to 0.9 in 11.5% (CI95%: 6.6-14.9), with a prevalence of clinical findings of PAD of 28.5% (CI95%: 24.2-33.1). An association was found between ABI ≤0.9 and a non-palpable pulse (p=0.009) or arterial claudication (p<0.001). Conclusions: We cannot compare the prevalence of PAD in this study with findings from other Portuguese studies, because ABI was measured in few studies. The findings in other studies suggest that there might be a lower prevalence or under-diagnosis of PAD. A combination of different diagnostic methods may contribute to increase in the detection of PAD in clinical practice <![CDATA[<b>Síndroma do desconforto corporal</b>: <b>unir o que a especialização separou</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000400008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O autor defende o conceito de síndroma de desconforto corporal (bodily distress syndrome) como entidade unificadora das síndromas somáticas e sintomas somatoformes cujos doentes apresentam características fisiológicas, cognitivas e comportamentais que exigem uma abordagem integrada e global. Estamos perante um conceito integrador de uma multiplicidade de pseudodiagnósticos que são efeitos colaterais da especialização médica. Operacionaliza a abordagem de doentes que, paradoxalmente, sendo dos que mais precisam de uma visão holística e integrada são os mais sectorizados e desintegrados pela abordagem das múltiplas especialidades médicas, que se limitam a adicionar rótulos que apenas contribuem para reduzir a perceção de saúde do paciente. A síndroma de desconforto corporal (SDC) assume a complexidade destes sintomas, recusa a dualidade mente-corpo e a definição pela negativa (ausência de explicação médica). Porque se trata de uma situação cuja abordagem integrada depende da relação médico-doente e da continuidade de cuidados, o médico de família é o principal responsável pela abordagem destes pacientes, sem prejuízo de episodicamente ter de recorrer a outras especialidades<hr/>The author defends the concept of the bodily distress syndrome (BDS) as a unifying entity of somatic syndromes and somatoform symptoms. These patients have physiological, cognitive, and behavioural characteristics that require a comprehensive approach. We require the integration of a number of pseudo-diagnoses that are side effects of medical specialization. Patients most in need of a holistic view are paradoxically disintegrated by the approach of many medical specialties. They simply add diagnostic labels that reduce the patient's perception of health. The concept of BDS accepts the complexity of these symptoms. It rejects the mind-body duality and the negative definition of the condition as the absence of a medical explanation. Because this approach depends on the doctor-patient relationship and continuity of care, the family physician is primarily responsible for addressing the needs of these patients, with rational use of referral to other specialties