Scielo RSS <![CDATA[Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2182-517320230004&lang=en vol. 39 num. 4 lang. en <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[Medicina geral e familiar: ontem, hoje e amanhã]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732023000400270&lng=en&nrm=iso&tlng=en <![CDATA[Characterization of the prescription of physical and rehabilitation medicine in health centers in the North of Portugal]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732023000400273&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: Os médicos de família assumem um papel fulcral na identificação e gestão das necessidades de medicina física e de reabilitação. Uma vez que não existe um registo centralizado de informação não é possível conhecer com rigor o universo dos utentes utilizadores. Objetivos: Caracterizar a prescrição de medicina física e de reabilitação em quatro unidades de saúde familiar da Administração Regional de Saúde do Norte, no ano de 2019. Método: Foi realizado um estudo observacional, analítico e retrospetivo numa amostra aleatória de 400 prescrições de primeira consulta de medicina física e de reabilitação, pertencentes a quatro unidades de saúde familiar, no ano de 2019. Resultados: Das prescrições analisadas mais de metade era de indivíduos do sexo feminino, que tinham em média 58 anos, um nível de escolaridade igual ou inferior ao primeiro ciclo do ensino básico e uma situação profissional não ativa. A maioria das prescrições estava relacionada com patologia do sistema músculo-esquelético (71%), seguindo-se causas gerais e inespecíficas (17%) e o sistema nervoso (5%). De entre os motivos músculo-esqueléticos, 43% relacionaram-se com patologia degenerativa, 21% com patologia inflamatória e 8% com patologia traumática. Dos pedidos analisados, 61% não foram seguidos de requisições subsequentes. Conclusões: Com este estudo foi possível definir as características de uma população de utentes utilizadores dos cuidados da medicina física e de reabilitação em quatro unidades de saúde familiar. Verificou-se que a patologia do foro músculo-esquelético foi a que mais frequentemente motivou tratamento. A maior parte da amostra estudada tinha um baixo grau de escolaridade e encontrava-se reformada/desempregada, apesar da idade ativa. Mais de metade das primeiras prescrições não foi renovada. Este estudo pode ser um ponto de partida para mais investigação e uma melhoria da qualidade dos serviços prestados neste âmbito.<hr/>Abstract Introduction: Family doctors play a key role in identifying patients in need of and prescribing rehabilitation and physical medicine treatments. Since there is no central record of rehabilitation prescriptions, it is impossible to know the population of patients undergoing rehabilitation. Objectives: Characterizing prescriptions of physical rehabilitation care from four primary care units in the North of Portugal, in 2019. Methods: Observational, analytical, retrospective study of a randomized sample of 400 prescriptions of a first cycle in rehabilitation care, in four primary care units, in 2019. Results: In the analyzed sample, the majority of the patients were female, with an average age of 58 years, an education level equal to or inferior to primary education, and not working at the moment of the prescription. Most prescriptions were due to musculoskeletal complaints (71%), followed by unspecific causes (17%), and the nervous system (5%). From the musculoskeletal motives, 43% were degenerative, 21% inflammatory, and 8% traumatic. From the analyzed initial prescriptions, 61% were not followed by subsequent prescriptions. Conclusions: This study characterizes the patients and the motives that lead physicians of four primary care units to prescribe rehabilitation care. Musculoskeletal diseases were the leading cause of rehabilitation care prescription. The majority of the population had low education and was retired/unemployed despite still being of working age. Most of the initial treatments were not followed by subsequent prescriptions. This study can be a starting point for future investigations and practice improvements in this care area. <![CDATA[Patient’s perception of the role of medical residents in general practice and family medicine]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732023000400286&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: A formação especializada em medicina geral e familiar (MGF) é essencial para a aquisição de conhecimentos e competências. Tendo os utentes um papel fundamental na formação dos médicos internos é importante compreender a perceção dos utentes sobre os médicos internos de MGF. Objetivos: Avaliação da perceção dos utentes da USF Santiago de Leiria sobre o papel dos médicos internos de MGF e a confiança nos cuidados médicos por estes prestados. Método: Estudo transversal com uma amostra de conveniência de 450 utentes da USF Santiago através de um questionário constituído por um inquérito sociodemográfico e questões desenhadas para avaliar a perceção dos utentes sobre o papel dos médicos internos de MGF. Resultados: Foram obtidos 405 questionários válidos: 87,7% dos utentes referiam já terem tido uma consulta com um médico interno e 57,0% referiam que já lhes tinha sido explicado previamente o que era o internato médico. Dos doentes que já tinham sido consultados por um médico interno, a maioria acreditava que o internato era importante para a formação dos médicos de família (95,0%). Quando questionados sobre se aceitavam que a consulta fosse realizada por um médico interno, 94,2% responderam afirmativamente; quando inquiridos sobre se sentiam que tinham liberdade para recusar serem vistos por um médico interno apenas 70,1% responderam positivamente. Do total da amostra 93,3% referiam sentir-se confortáveis para comunicar os seus problemas aos médicos internos e 96,0% sentiam confiança nos cuidados que destes recebiam. Conclusões: Apesar de haver ainda algum desconhecimento sobre o que é um médico interno, a maioria dos utentes acredita que o internato em MGF é importante para a formação dos futuros médicos de família e aceitam que as suas consultas sejam realizadas por médicos internos.<hr/>Abstract Introduction: Residency in general practice and family medicine (GP/FM) is essential for acquiring knowledge and skills. As patients play a fundamental role in residents’ training, it is important to understand their perception of GP/FM residents. Objectives: To evaluate patients’ perception of the role of GP/FM residents and their trust in the medical care provided by them at USF Santiago de Leiria, a family unit in Portugal. Methods: Cross-sectional study with a convenience sample of 450 patients of USF Santiago through a questionnaire consisting of a sociodemographic survey and questions designed to assess patients' perception of the role of GP/FM residents. Results: We obtained 405 valid questionnaires, where 87.7% of patients reported having already had an appointment with a resident and 57.0% reported that they had been previously explained what medical residency was. Of the patients who had already been consulted by a resident, the majority believed that residency was important for the training of family physicians (95.0%). When asked whether they accepted the consultation to be carried out by a resident, 94.2% responded affirmatively, however when asked whether they felt free to refuse to be seen by a resident, only 70.1% replied positively. Of the total sample, 93.3% reported feeling comfortable communicating their problems to residents and 96.0% felt confident in the care they received from them. Conclusions: Although there is still some lack of knowledge about what residency is, most patients believe that residency in general practice is important for the training of future family physicians and accept their consultations to be carried out by residents. <![CDATA[Service and communication capacity of doctors and nurses to deaf patients in primary health care, in a city from Minas Gerais, Brazil: cross-sectional study]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732023000400294&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: O vínculo profissional-paciente baseia-se na comunicação que respeita aspectos verbais e subjetivos. Entretanto, o conjunto de formas gestuais, conhecido como Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), não é compreendido por grande parte dos profissionais da área da saúde, comprometendo a qualidade e satisfação do atendimento ao paciente surdo. Objetivo: Avaliar o atendimento e a capacidade comunicacional de médicos e enfermeiros a pacientes surdos na atenção primária à saúde (APS) numa cidade de Minas Gerais, Brasil. Método: Estudo transversal quantitativo, de campo, observacional e descritivo, com uma amostra de 69 médicos e enfermeiros atuantes na APS num município no sul de Minas Gerais, Brasil. O questionário foi adaptado para a visão dos profissionais de saúde. Resultados: Observou-se que 86,9% (n=60) dos profissionais possuem «Nada/Quase nada» de domínio da LIBRAS, impossibilitando a compreensão da queixa do paciente surdo, observada em 43,5% (n=30) dos entrevistados. Assim, em consequência dessa dificuldade comunicacional, a procura por profissionais da saúde por parte dos surdos não é significativa, uma vez que 33,3% (n=23) dos profissionais nunca ou raramente os atendeu. Conclusão: Conclui-se que a comunicação é a principal barreira na interação profissional-paciente surdo, dificultando a criação de vínculo, informação de diagnóstico e adesão ao tratamento.<hr/>Abstract Introduction: The professional-patient bond is based on communication that respects verbal and subjective aspects. However, Brazilian Sign Language (LIBRAS) is not understood by most health professionals, compromising the quality of care for deaf patients. Objective: To evaluate the care of deaf patients by doctors and nurses in primary health care (PHC) in a city in the south of Minas Gerais and the professional’s ability to effectively establish a communicative interaction with a deaf patient, meeting their needs. Methods: Quantitative, field, observational, and descriptive cross-sectional study, with a sample of 69 doctors and nurses working in PHC in a municipality in the south of Minas Gerais, Brazil. The questionnaire was adapted to the view of health professionals. Results: It was observed that 86.9% (n=60) of the professionals have «Nothing/Almost nothing» in the LIBRAS domain, making it impossible to understand the deaf patient’s complaint, observed in 43.5% (n=30) of the interviewees. Thus, because of this communication difficulty, the demand for health professionals by the deaf is not significant, since 33.3% (n=23) of professionals never or rarely saw them. Conclusion: It is concluded that communication is the main barrier in professional-deaf patient interaction, making it difficult to create a bond, diagnostic information, and treatment adherence. <![CDATA[Analysis of social determinants of health on the use of consultations in primary health care]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732023000400304&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: Os determinantes sociais da saúde (DSS) são as circunstâncias nas quais as pessoas nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem e que influenciam o seu estado de saúde. Existem vários estudos sobre os DSS e a sua influência na saúde; contudo, ainda pouco se investigou acerca destes determinantes e a sua ação na procura de cuidados de saúde. Objetivos: O estudo pretende determinar a influência dos DSS (sexo, idade, distância da habitação à USF, nacionalidade, escolaridade, situação profissional, rendimento, disfunção social, estilos de vida) na utilização de consultas nos cuidados de saúde primários (CSP) e refletir sobre como é que estes podem ser organizados de forma mais eficiente e equitativa. Método: Foi realizada uma análise observacional e retrospetiva, que tem como população-alvo os utentes de uma unidade de saúde familiar (USF) com idade igual ou superior a 28 anos (n=8.781) e utiliza uma análise multivariada (regressão linear múltipla) para determinar se as variáveis independentes (DSS) influenciam a variável dependente (número de consultas nos últimos 10 anos), analisando ano a ano e realizando uma comparação entre o período pré e pós-pandemia COVID-19. Resultados: Através desta investigação conclui-se que os DSS têm influência na utilização de consultas nos CSP, como: sexo, idade, nacionalidade, índice de massa corporal, rendimento, escolaridade, situação profissional, disfunção familiar, distância da habitação à USF, o facto de ser não fumador e o consumo ou não de drogas. Quanto à análise dos períodos pré e pós-pandemia COVID-19 verificou-se que esta teve impacto na mudança de alguns padrões de comportamento por parte dos utentes. Conclusão: Acredita-se que atuando ao nível destes determinantes é possível melhorar a igualdade no acesso aos cuidados de saúde e, por sua vez, a equidade no estado de saúde.<hr/>Abstract Introduction: The social determinants of health (SDH) are the circumstances in which people are born, grow, live, work, and age, which influence their health status. There are several studies on social determinants and their influence on health; however, little has been investigated about these determinants and their action in the search for primary health care. Objectives: This study aims to determine the influence of SDH (sex, age, distance from home to health center, nationality, education, professional situation, income, social dysfunction, and lifestyles) on the use of consultations in primary health care and to reflect on how these can be organized more efficiently and equitably. Methods: An observational and retrospective analysis was carried out in a health center; whose target population is patients aged 28 years or older (n=8.781). It uses a multivariate analysis (multiple linear regression) to determine whether the independent variables (SDH) influence the dependent variable (number of consultations in the last 10 years), analyzing year by year and performing a comparison between the period pre and post-COVID-19 pandemic. Results: Through this investigation, we concluded that the SDH has an influence on the use of consultations in primary health care, such as sex, age, nationality, body mass index (BMI), income, education, professional status, family dysfunction, distance from home to the health center, the fact of being a non-smoker and drug use. As for the analysis of the period pre and post-COVID-19 pandemic, it was found that this had an impact on changing some patterns of behavior on the part of patients. Conclusion: Thus, it is believed that by acting at the level of these determinants, it is possible to improve equity in access to health care and equity in health status. <![CDATA[The importance of continuity of care in psychiatric pathology: a case report]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732023000400327&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: Os cuidados de saúde primários (CSP) são responsáveis pela resposta a situações de diagnóstico e tratamento de patologias do foro psiquiátrico bem como a referenciação de determinados casos para nível hospitalar. A Lei da Saúde Mental (Lei n.º 36/98) determina os princípios da política de saúde mental e regulamenta o internamento compulsivo de pessoas com doença mental, sendo da responsabilidade do médico de família a identificação dessas situações e a ativação do Mandado de Condução ao Serviço de Urgência. Descrição do caso: O caso refere-se a uma utente do sexo feminino, de 50 anos de idade, com antecedentes psiquiátricos de tentativa de suicídio e seguida em consulta de psiquiatria. Em consulta programada de psiquiatria a utente refere quadro de ansiedade e agitação noturna, tendo sido realizado ajuste terapêutico com reavaliação posterior. Por manter queixas é novamente realizada alteração do plano terapêutico. Posteriormente recorre aos CSP em consulta do dia com a médica de família, onde refere incumprimento terapêutico bem como agravamento sintomático associado a irritabilidade e alucinações auditivas na forma de voz única com instruções para realizar atos de auto e hetero-agressividade; fora encaminhada e avaliada no serviço de urgência, com novo ajuste terapêutico e indicação para antecipação de consulta de psiquiatria para reavaliação do quadro. Em consulta subsequente com a médica de família apura-se ideação suicida, auto e hetero-agressividade associadas a pseudo-alucinações acústico-verbais, tendo sido proposta nova ida a SU, que a utente recusou. Pelo contexto, a médica de família aciona o Mandado de Condução que a utente compreende e aceita. Durante o internamento foi realizado novo plano terapêutico, observando-se remissão da ideação auto e hetero-agressiva e das pseudo-alucinações auditivas, bem como eutimização do humor e redução da anedonia e cognições de cariz depressivo. Comentário: Este caso clínico representa a gestão partilhada de utentes com patologia psiquiátrica entre os CSP e a psiquiatria e ainda a importância da vigilância da resposta terapêutica, reforçando a necessidade de aperfeiçoamento na articulação entre os diversos níveis de cuidados com o objetivo de garantir partilha de informação mais eficaz e a melhor prestação de cuidados aos utentes de foro psiquiátrico.<hr/>Abstract Introduction: Primary health care (PHC) workers are responsible for diagnosing and treating psychiatric disorders, as well as referring some instances to secondary care. The Mental Health Law (Law no. 36/98) sets out the principles for mental health policy and regulates the involuntary hospitalization of people with mental illness. It is the responsibility of the family physician to identify such situations and activate the “emergency assessment warrant”. Case description: The case concerns a 50-year-old female patient with a history of attempted suicide and followed up in psychiatry. In a scheduled psychiatry appointment, the patient reported anxiety and night-time agitation, and therapeutic adjustment was made with subsequent reevaluation. Due to persistent symptoms, the therapeutic plan was adjusted again. Later, she sought care from her family physician reporting noncompliance with treatment and worsening symptoms of irritability and auditory hallucinations in the form of a single voice with instructions for self- and hetero-aggressive acts. The patient was referred to the emergency department, evaluated, and received a new therapeutic adjustment and a recommendation for an earlier psychiatry appointment for reassessment. In a subsequent appointment with the family physician, it was identified suicidal ideation, self- and hetero-aggression, and acoustic-verbal pseudo hallucinations, and a new visit to the emergency department was proposed, which the patient refused. Given the context, the family physician activated the “Mandado de Condução à Urgência” which the patient understood and accepted. During hospitalization, a new therapeutic plan was implemented, resulting in remission of self and hetero-aggressive ideation and auditory pseudo hallucinations, as well as improvement in mood and reduction of anhedonia and depressive cognitions. Comments: This clinical case represents shared management of patients with psychiatric illness between PHC and psychiatry, as well as the importance of monitoring therapeutic response, reinforcing the need for improved coordination among various levels of care to ensure more effective information sharing and better care for patients with psychiatric disorders. <![CDATA[From parents to sons: vertical and environmental transmission of anxiety]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732023000400332&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: A ansiedade é um sentimento universal sem que isso constitua doença ou mesmo anormalidade. Esta pode assumir um caráter patológico quando funciona de maneira inapropriada, condicionando mecanismos mal adaptativos, estando, neste caso, perante uma perturbação de ansiedade. A influência genómica e ambiental é cada vez mais reconhecida como importante na sua génese e perpetuação. Por isso, para uma compreensão mais holística, na presença de uma perturbação de ansiedade é fundamental avaliar o contexto familiar através de avaliação familiar, prática muitas vezes esquecida na rotina do médico de família. Descrição dos casos: Nesta avaliação familiar, traduzida em relato de caso, a ansiedade configura uma perturbação multigeracional de expressão diversa. Este tipo de transmissão apoia a componente genético-ambiental da perturbação ansiosa. Foram avaliados três elementos de um agregado familiar com perturbação ansiosa: mãe e dois filhos. A génese da perturbação ansiosa da matriarca terá sido possivelmente favorecida por predisposição genética, adivinhável pelos antecedentes familiares, bem como pelo ambiente de conflito, recorrentes episódios de violência verbal e física no seio do casal de que fez parte, perpetuada por diversos eventos ansiogénicos. A transmissão da perturbação ansiosa para a geração seguinte terá sido proporcionada pelo ambiente comum de violência familiar, aliado à expressão de ansiedade materna através da componente não verbal, pela expressão física de ansiedade, instrucional pelo alarmismo para as diferentes situações de perigo que surgiam ao longo do dia e comportamental pela evicção de situações novas. Curiosamente, embora a génese da perturbação de ansiedade e os sintomas iniciais de ambos os filhos tenham sido comuns, a predisposição individual e os eventos ansiogénicos subsequentes moldaram-nos de forma distinta, quer na manifestação da ansiedade quer na gestão da mesma. Comentário: A medicina geral e familiar ocupa uma posição privilegiada na avaliação individual e familiar desta patologia. À semelhança desta família considera-se que muitas famílias portuguesas reúnem as mesmas características e que ainda não é dada a devida atenção a esta cadeia de transmissão de psicopatologia. A procura ativa de fatores familiares que aumentem o risco de perturbação de ansiedade e valorização da perturbação de ansiedade como psicopatologia com grande impacto individual, familiar e social é fundamental. O tratamento adequado das perturbações de ansiedade numa geração pode reduzir a prevalência das mesmas nas gerações futuras.<hr/>Abstract Introduction: Anxiety is a universal feeling without constituting a disease or even an abnormality. This can assume a pathological character when it functions inappropriately, conditioning maladaptive control, more precisely, an anxiety disorder. Increasingly, the genomic and environmental influences are recognized as important in its genesis and perpetuation. Therefore, for a more holistic understanding, of the presence of an anxiety disorder, it is fundamental to have the family context available through family assessment, a practice that is often forgotten in the routine of the family physician. Case description: In this family assessment, anxiety configures a multigenerational disorder with different expressions. This type of transmission supports the genetic and environmental components of an anxiety disorder. Three elements of a family household with anxiety disorder were evaluated: mother and two children. The genesis of the matriarch's anxiety disorder was possibly favored by a genetic predisposition, guessed by her family history, as well as by the confliction’s environment, recurrent episodes of verbal and physical violence by her husband, perpetuated by various anxiogenic events. The transmission of the anxiety disorder to the next generation would have been provided by the common environment of family violence, combined with the expression of maternal anxiety through the non-verbal component, by the physical expression of anxiety, instructional by the alarmism for the different situations of danger that operate throughout the day and behavioral by avoiding new situations. Interestingly, although the genesis of the anxiety disorder and the initial symptoms of both children were common, individual predisposition and subsequent anxiogenic events shaped them differently, both in the manifestation of anxiety and in its management. Comments: General and family medicine occupies a privileged position in the individual and family evaluation of this pathology. Like this family, it is considered that many Portuguese families have the same characteristics, and that proper attention is still not given to this chain of transmission of psychopathology. The active search for family factors that increase the risk of anxiety disorders and valuing anxiety disorders as psychopathologies with great individual, family, and social impact is essential. Appropriate treatment of anxiety disorders in one generation can reduce their prevalence in future generations. <![CDATA[Pseudo-Meigs’ syndrome: case report]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732023000400340&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: Embora seja uma condição rara, a síndrome de Pseudo-Meigs deve ser considerada como diagnóstico diferencial em pacientes que apresentam a seguinte tríade: massa anexial, ascite e aumento dos níveis séricos de CA-125. Descrição do caso: Mulher de 67 anos que recorre a consulta de doença aguda por quadro de fadiga, edema, desconforto abdominal e aumento de peso. Como antecedentes relevantes salienta-se tiroidectomia total. No exame físico apenas se destaca a presença de distensão abdominal. O estudo analítico e imagiológico era indicativo de neoplasia maligna do ovário com ascite. Foi submetida a histerectomia total e anexectomia bilateral. Após estudo histopatológico concluiu tratar-se de um tumor Struma ovarii, sendo o quadro compatível com o diagnóstico de síndrome de Pseudo Meigs. Comentário: A síndrome de Pseudo-Meigs é caracterizada por ascite e/ou efusão pleural, tumor ovárico (que não fibroma) e elevação dos níveis de CA-125. O Struma ovarii é uma variante de teratoma constituído maioritariamente por tecido tiroideu. É uma condição rara, que deve ser considerada, uma vez que a presença deste diagnóstico pode evitar o recurso a uma cirurgia extensa.<hr/>Abstract Background: Although it is a rare condition, the Pseudo-Meigs’ syndrome should be considered as a differential diagnosis in patients presenting the triad: ovarian mass, ascites, and raised serum levels of CA-125. Case description: The authors report the case of a 67-year-old woman, complaining of fatigue, edema, abdominal discomfort, and weight gain. As relevant background, total thyroidectomy stands out. On physical examination, just abdominal distention is highlighted. The analytical and imaging study indicates a malignant neoplasm of the ovary with ascites. She underwent a total hysterectomy and bilateral adnexectomy. After the histopathological study, the diagnosis of Pseudo-Meigs’ syndrome with Struma ovarii was established. Comments: Pseudo-Meigs’ syndrome is characterized by ascites and/or pleural effusion, an ovarian tumor (other than fibroma), and elevation of CA-125 serum levels. The Struma ovarii is a variant of teratoma, which consists mostly of thyroid tissue. Although a rare condition, it must be considered, since extensive surgery can be avoided in the presence of this diagnosis. <![CDATA[Chickenpox during pregnancy: immunity, contact, and infection - a case report]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732023000400345&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: A varicela na gravidez é uma patologia pouco frequente em Portugal devido à alta taxa de imunidade da população em idade fértil. Associa-se a risco mais elevado de complicações maternas assim como a morbimortalidade fetal significativa, particularmente quando a infeção ocorre até às 20 semanas de gestação ou no período periparto. Descrição do caso: Mulher de 31 anos, natural da Rússia, grávida, 2G1P, vigiada na Unidade de Saúde Familiar e consulta de obstetrícia. Recorreu à consulta aberta da sua Unidade de Saúde Familiar às 27 semanas de gestação por contacto significativo com caso de varicela. Encontrava-se assintomática e não apresentava alterações ao exame objetivo. Desconhecia história prévia de varicela ou zona e não tinha registo de vacinação contra o vírus varicela zoster. Foi orientada para o serviço de urgên-cia de obstetrícia, onde colheu serologias. Foi confirmada ausência de imunidade para o vírus varicela zoster, pelo que realizou profilaxia com imunoglobulina. Desenvolveu varicela às 29 semanas e dois dias de gestação, não tendo sido registadas complicações maternas associadas à varicela ou detetados sinais ecográficos de síndroma de varicela fetal. A gravidez decorreu sem outras intercorrências e terminou às 41 semanas e dois dias de gestação. O recém-nascido não apresentava alterações sugestivas de síndroma de varicela fetal. Comentários: O caso clínico descrito pretende enfatizar a necessidade do conhecimento do médico de família da abordagem das grávidas com contacto com varicela ou que desenvolvam a doença. Para além disso, tem como objetivo alertar para a importância da avaliação do estado de imunidade em idade fértil para a identificação de mulheres potencialmente não imunes e a sua atempada orientação.<hr/>Abstract Introduction: Varicella zoster virus primary infection during pregnancy is rare in Portugal as a result of the very high immunity rates of women of reproductive age. It is associated with higher risks of maternal complications, as well as significant fetal morbimortality, particularly if the mother acquires the infection during the first 20 weeks of gestation weeks or in the peripartum. Case description: We report a case of a 31-year-old pregnant Russian patient, G2P1, with pregnancy managed by her family doctor and an obstetrician. At 27 weeks of gestation, she had a walk-in appointment with her family doctor reporting significant contact with varicella. At the time, she did not have symptoms or significant changes at the physical examination. The patient had no previous history of chickenpox or shingles, and no record of varicella zoster virus immunization. She was referred to the obstetrics emergency department, where she was tested for varicella zoster virus serology. It was confirmed that the patient was not immune to the varicella-zoster virus and was offered immunoglobulin administration. She developed varicella at 29 weeks and two days of gestation, without associated maternal complications or ultrasound findings suggesting the development of fetal varicella syndrome. She delivered a healthy infant at 41 weeks and two days of gestation. Comments: This case report aims to emphasize the importance of primary care physicians’ knowledge on the guidance of pregnant women who report significant varicella contact and/or develop varicella. In addition, this report highlights the importance of varicella immunity assessment at preconception counselling and care appointments to identify and manage non-immune women. <![CDATA[Post-COVID conditions: a Portuguese primary care study]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732023000400351&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract The Centers for Disease Control and Prevention propose the term long COVID or post-COVID conditions for symptoms that develop during or after COVID-19, continue for at least two months, and are not explained by an alternative diagnosis. In this cross-sectional study, we aimed at estimating the proportion of COVID-19 patients that presented post-COVID conditions, describing their baseline characteristics and main persisting symptoms. We included 497 adult patients who had recovered from mild to moderate COVID-19, using a structured questionnaire, 12 to 16 weeks after disease onset. The cumulative incidence for post-COVID conditions was 47.5% (n=236). The most frequent symptoms were fatigue (n=151, 30.4%) and dyspnea (n=131, 26.4%). After adjusting for covariables male gender was found to be associated with lower odds of post-COVID conditions (OR=0.36, p&lt;0.001). Body Mass Index &lt;20 (OR=0.28, p=0.014) and [30-35[ (OR=0.42, p=0.006) seemed to have less persistent symptoms when compared to [20-25[. No other baseline demographic or clinical features were found to be significantly associated with post-COVID conditions. Our study suggests that post-COVID conditions persist in a large subset of non-severe diseases. Physicians should continue to monitor these patients to identify and treat post-acute sequelae of SARS-CoV-2 infection, particularly in what concerns primary care.<hr/>Resumo O Centro para Controlo e Prevenção de Doenças propõe o termo COVID longo ou condições pós-COVID para sintomas desenvolvidos durante ou após a COVID-19 e que persistem pelo menos dois meses, não sendo explicados por outros diagnósticos. Este estudo transversal tem como objetivo determinar a proporção de doentes com condições pós-COVID, descrevendo as suas características demográficas e clínicas e sintomas persistentes mais comuns. Foram incluídos 497 adultos com doença ligeira a moderada por COVID-19, avaliados por questionário estruturado após 12 a 16 semanas da infeção por SARS-CoV-2. A incidência cumulativa de condições pós-COVID foi de 47,5% (n=236). Os sintomas persistentes mais frequentes foram a astenia (n=151, 30,4%) e a dispneia (n=131, 26,4%). Após análise multivariada verificou-se que o sexo masculino está associado a menor incidência de condições pós-COVID (OR=0,36, p&lt;0,001). Constatou-se ainda que índices de massa corporal &lt;20 (OR=0,28, p=0,014) e [30-35[ (OR=0,42, p=0,006) apresentaram menor persistência de sintomas quando comparados com [20-25[. Nenhuma outra característica demográfica ou clínica apresentou associação estatisticamente significativa para condições pós-COVID. O estudo sugere que as condições pós-COVID são frequentes na doença não-severa. O acompanhamento destes doentes deverá manter-se com o intuito de identificar e tratar sequelas pós-infeção aguda por SARS-CoV-2, particularmente no que respeita aos cuidados de saúde primários. <![CDATA[Primary health care in Portugal: a history with more than 50 years - the perspective of a future family doctor]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732023000400355&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Os cuidados de saúde primários em Portugal contam com uma história de mais de cinquenta anos, que teve início nos anos 70, ficou marcada pela criação da carreira e do internato complementar em clínica geral e pela grande reforma de 2005, que conduziu à criação das unidades de saúde familiares. Atualmente, os cuidados de saúde primários têm apresentado bons resultados, destacando-se no panorama internacional, apesar das inúmeras dificuldades que encontram no dia-a-dia. É necessário continuar o bom trabalho das gerações passadas, nunca esquecendo a pedra basilar da sua prática: a relação médico-doente.<hr/>Abstract Primary health care in Portugal has a history of more than fifty years, which began in the 70s and was marked by the creation of the general practice career and residency, and for the great reform of 2005 which led to the creation of the family health units. Nowadays, primary health care has presented good results, standing out in the international panorama, despite the multiple difficulties that it finds every day. We must keep up the good work of the past generations, never forgetting the cornerstone of its practice: the doctor-patient relationship. <![CDATA[O papel de uma equipa de cuidados de saúde primários no acolhimento de refugiados afegãos]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732023000400360&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: Em 2021, o Afeganistão foi o 2.º país no mundo com a maior população refugiada após a crise migratória desencadeada por conflitos bélico-políticos. Diversos países da Europa, incluindo Portugal, acolheram estas pessoas através de programas organizados. A migração é um determinante social para a saúde, geradora de iniquidades e com impacto negativo. A medicina de acolhimento de refugiados apresenta particularidades, requerendo a intervenção de equipas de profissionais de saúde treinados. Método: Estudo transversal retrospetivo do estado de saúde de um grupo de refugiados afegãos e dos procedimentos da equipa de cuidados de saúde primários de um Agrupamento de Centros de Saúde da Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo, de novembro/2021 a abril/2022. Descrição dos procedimentos de saúde inerentes ao acolhimento de refugiados. Caracterização sociodemográfica do grupo, do número e tipo de consultas realizadas e quantificação e descrição dos principais problemas ativos. Resultados: Foram acolhidos 48 indivíduos, com idade média de 19,7±16,5 anos, incluindo 52,1% adultos e 47,9% crianças e adolescentes. Realizaram-se 206 consultas e identificaram-se 121 problemas ativos. Os adultos necessitaram de mais consultas do que as crianças e adolescentes (134 vs 72, respetivamente) (p-value&lt;0,05). As infeções contribuíram para, pelo menos, 47,7% dos problemas ativos em crianças e adolescentes e 29,9% em adultos. Vinte e quatro por cento dos adultos relataram sintomas psicopatológicos e, destes, 66,7% tinham patologia mental. Os refugiados afegãos aderiram aos métodos contracetivos propostos, programas de rastreio e de vacinação. Conclusão: A migração gera desafios socioculturais e de saúde. Os problemas ativos identificados evidenciam as doenças infeciosas, orais e mentais. Este trabalho enfatiza a necessidade de orientações sobre o acolhimento de pessoas refugiadas e reforça a importância de obter resultados validados e reprodutíveis. A definição de uma equipa multidisciplinar é essencial e prestar assistência a populações refugiadas traz desafios. <![CDATA[Regarding patients’ missed appointments]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732023000400374&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: Em 2021, o Afeganistão foi o 2.º país no mundo com a maior população refugiada após a crise migratória desencadeada por conflitos bélico-políticos. Diversos países da Europa, incluindo Portugal, acolheram estas pessoas através de programas organizados. A migração é um determinante social para a saúde, geradora de iniquidades e com impacto negativo. A medicina de acolhimento de refugiados apresenta particularidades, requerendo a intervenção de equipas de profissionais de saúde treinados. Método: Estudo transversal retrospetivo do estado de saúde de um grupo de refugiados afegãos e dos procedimentos da equipa de cuidados de saúde primários de um Agrupamento de Centros de Saúde da Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo, de novembro/2021 a abril/2022. Descrição dos procedimentos de saúde inerentes ao acolhimento de refugiados. Caracterização sociodemográfica do grupo, do número e tipo de consultas realizadas e quantificação e descrição dos principais problemas ativos. Resultados: Foram acolhidos 48 indivíduos, com idade média de 19,7±16,5 anos, incluindo 52,1% adultos e 47,9% crianças e adolescentes. Realizaram-se 206 consultas e identificaram-se 121 problemas ativos. Os adultos necessitaram de mais consultas do que as crianças e adolescentes (134 vs 72, respetivamente) (p-value&lt;0,05). As infeções contribuíram para, pelo menos, 47,7% dos problemas ativos em crianças e adolescentes e 29,9% em adultos. Vinte e quatro por cento dos adultos relataram sintomas psicopatológicos e, destes, 66,7% tinham patologia mental. Os refugiados afegãos aderiram aos métodos contracetivos propostos, programas de rastreio e de vacinação. Conclusão: A migração gera desafios socioculturais e de saúde. Os problemas ativos identificados evidenciam as doenças infeciosas, orais e mentais. Este trabalho enfatiza a necessidade de orientações sobre o acolhimento de pessoas refugiadas e reforça a importância de obter resultados validados e reprodutíveis. A definição de uma equipa multidisciplinar é essencial e prestar assistência a populações refugiadas traz desafios. <![CDATA[O legado de Alexandre Sousa Pinto: da célula à pessoa - a ciência e a clínica]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732023000400376&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumo Introdução: Em 2021, o Afeganistão foi o 2.º país no mundo com a maior população refugiada após a crise migratória desencadeada por conflitos bélico-políticos. Diversos países da Europa, incluindo Portugal, acolheram estas pessoas através de programas organizados. A migração é um determinante social para a saúde, geradora de iniquidades e com impacto negativo. A medicina de acolhimento de refugiados apresenta particularidades, requerendo a intervenção de equipas de profissionais de saúde treinados. Método: Estudo transversal retrospetivo do estado de saúde de um grupo de refugiados afegãos e dos procedimentos da equipa de cuidados de saúde primários de um Agrupamento de Centros de Saúde da Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo, de novembro/2021 a abril/2022. Descrição dos procedimentos de saúde inerentes ao acolhimento de refugiados. Caracterização sociodemográfica do grupo, do número e tipo de consultas realizadas e quantificação e descrição dos principais problemas ativos. Resultados: Foram acolhidos 48 indivíduos, com idade média de 19,7±16,5 anos, incluindo 52,1% adultos e 47,9% crianças e adolescentes. Realizaram-se 206 consultas e identificaram-se 121 problemas ativos. Os adultos necessitaram de mais consultas do que as crianças e adolescentes (134 vs 72, respetivamente) (p-value&lt;0,05). As infeções contribuíram para, pelo menos, 47,7% dos problemas ativos em crianças e adolescentes e 29,9% em adultos. Vinte e quatro por cento dos adultos relataram sintomas psicopatológicos e, destes, 66,7% tinham patologia mental. Os refugiados afegãos aderiram aos métodos contracetivos propostos, programas de rastreio e de vacinação. Conclusão: A migração gera desafios socioculturais e de saúde. Os problemas ativos identificados evidenciam as doenças infeciosas, orais e mentais. Este trabalho enfatiza a necessidade de orientações sobre o acolhimento de pessoas refugiadas e reforça a importância de obter resultados validados e reprodutíveis. A definição de uma equipa multidisciplinar é essencial e prestar assistência a populações refugiadas traz desafios.