Scielo RSS <![CDATA[Revista Crítica de Ciências Sociais]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2182-743520150001&lang=pt vol. num. 106 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[<b>Memórias de violências</b>: <b>Que futuro para o passado?</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-74352015000100001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[<b>Xiconhoca, o inimigo</b>: <b>Narrativas de violência sobre a construção da nação em Moçambique</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-74352015000100002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este artigo analisa de forma ampla a transição política e as formas como a Frelimo tem lidado com a construção do projeto nacional, a partir de uma abordagem multidisciplinar e multissituada. O artigo discute a tentativa da criação do ‘homem novo’ no Moçambique independente, avaliando a continuidade da presença da figura do inimigo interno, representado pelo Xiconhoca. Analisa-se, finalmente, o tema das reuniões de busca de verdade e de reconciliação realizadas em 1975 e 1982 para redimir os considerados traidores ou atores antissociais -, discutindo em maior detalhe o contexto político-ideológico em que estas reuniões aconteceram, assim como as suas implicações no contexto da construção da cidadania e da história oficial de Moçambique. Esta análise procura contribuir para repensar a violência comunitária e estatal em Moçambique e o papel de encontros de busca da verdade e de reconciliação nos processos de descolonização política.<hr/>This article uses a multidisciplinary, multi-situated approach to analyse the political transition in Mozambique, and the ways in which Frelimo has dealt with the construction of the national project. It discusses the attempt to create a ‘new man’ in independent Mozambique, assessing the continuity of the presence of the internal enemy figure represented by Xiconhoca. Finally, it looks at the Truth and Reconciliation meetings held in 1975 and 1982 to redeem those considered to be traitors or antisocial, discussing in more detail the political and ideological context in which those meetings took place and their implications in the context of the construction of citizenship and official history in Mozambique. It aims to contribute to the rethinking of community and state violence in Mozambique and the role of the Truth and Reconciliation meetings in the political decolonization processes.<hr/>Cet article analyse de façon ample la transition politique et les positions adoptées par le Frelimo en matière de construction du projet national, à partir d’une approche pluridisciplinaire et multi-située. L’article se penche sur la tentative de création de “l’homme nouveau” au Mozambique indépendant, en évaluant la continuité de la présence de l’ennemi interne représenté par le Xiconhoca. Finalement, cet article approfondit le thème des réunions de quête de la vérité et de réconciliation réalisées en 1975 et en 1982 visant à racheter ceux qui étaient tenus pour traîtres ou acteurs antisociaux - en débattant plus en détail du contexte politico-idéologique dans lequel ces réunions se déroulèrent, tout autant que de leur implication dans le contexte de la construction de la citoyenneté et de l’histoire officielle du Mozambique. Cette analyse cherche à contribuer à repenser la violence communautaire et étatique au Mozambique et à se pencher sur le rôle de rencontres de recherche de la vérité et de la réconciliation dans les processus de décolonisation politique. <![CDATA[<b>Galo amanheceu em Lourenço Marques</b>: <b>O 7 de Setembro e o verso da descolonização de Moçambique</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-74352015000100003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este artigo analisa e descreve a emergência de um grupo de resistência africana durante a insurreição colona do 7 de Setembro de 1974 em Lourenço Marques. O artigo examina a trajectória das elites africanas urbanas que lideraram o grupo de resistência (conhecido como grupo Galo), e o desenvolvimento de um imaginário político marcadamente moderado, fruto das circunstâncias específicas do meio urbano onde sempre operaram. O seu papel foi determinante na protecção das populações africanas contra o terrorismo dos insurrectos, bem como na recuperação do Rádio Clube de Moçambique, evitando deste modo o escalar da violência em Lourenço Marques.<hr/>This article describes and analyses the emergence of an African resistance group during the settler uprising of 7th September 1974 in Lourenço Marques. It examines the trajectory of the African urban elites that led the resistance (the so-called Galo, or ‘cock’, group) and the development of a markedly moderate political imagination, due to the specific circumstances of the urban area in which they had always operated. They played a determining role in protecting African populations against the terrorism of the insurgents and in the recovery of the Mozambique Radio Club, thereby preventing the escalation of violence in Lourenço Marques.<hr/>Cet article analyse et décrit l’émergence d’un groupe de résistance africaine durant l’insurrection coloniale du 7 septembre 1974 à Lourenço Marques. L’article se penche sur la trajectoire des élites africaines urbaines qui dirigèrent le groupe de résistance (connu sous le nom de “Galo” [Coq]) et sur le développement d’un imaginaire politique franchement modéré, fruit des circonstances spécifiques du milieu urbain dans lequel elles avaient toujours agi. Le rôle de ce groupe fut déterminant en matière de protection des populations africaines contre le terrorisme des insurgés, tout autant que dans la récupération de la Radio Clube de Moçambique, en évitant ainsi l’escalade de la violence à Lourenço Marques. <![CDATA[<b>Entre história e ficção</b>: <b>O fracasso do homem de exceção. </b><b><i>Une saison au Congo</i></b><b> (Aimé Césaire) e <i>Lumumba</i> (Raoul Peck)</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-74352015000100004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este artigo analisa o modo como a tragédia de Aimé Césaire e o filme de Raoul Peck contribuem para a produção do discurso histórico relativo ao desaparecimento de Patrice Lumumba. Na primeira parte, abordo a ligação entre ficção e história à luz do debate contemporâneo relativo à capacidade de o romance fazer e dizer a história, assim como ao que a história retira da ficção. Na segunda parte, o texto incide sobre os contextos respetivos de ambas as obras, o que permitirá afinar a análise da peça e do filme. Por fim, na terceira parte, evidenciarei a maneira como Césaire e Peck representam a figura de Lumumba e reavaliam o passado colonial belga.<hr/>This essay examines how Aimé Césaire’s tragedy Une Saison au Congo [A Season in the Congo] and Raoul Peck’s film Lumumba contribute to the production of historical discourse about the death of Patrice Lumumba. In the first part, I discuss the relationship between fiction and History in light of the current debates on the capacity of the novel to tell History, as well as on History’s contributions to fiction. In the second section, the article examines the respective historical contexts of the play and the film in order to bolster a comparative analysis of both works of fiction. Finally, the third part will highlight how Césaire and Peck represent Lumumba and critically reassess and engage with the Belgian colonial past.<hr/>Cet article analyse la façon dont la tragédie d’Aimé Césaire et le film de Raoul Peck contribuent à la production du discours historique relatif à la disparition de Patrice Lumumba. Dans la première partie, je reviendrai sur le lien entre fiction et Histoire à la lumière du débat contemporain sur la capacité du roman à faire et à dire l’Histoire ainsi que sur les emprunts de l’Histoire à la fiction. Dans sa seconde section, l’article abordera les contextes historiques respectifs des deux œuvres ce qui nous permettra ensuite d’affiner l’analyse comparée de la pièce et du film. Enfin, la troisième partie mettra en évidence la façon dont Césaire et Peck représentent la figure de Lumumba et réévaluent le passé colonial belge. <![CDATA[<b>Violência colonial e testemunho</b>: <b>Para uma memória pós-abissal</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-74352015000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O silenciamento da Guerra Colonial portuguesa/ Guerras de Libertação (1961-1974) constitui um dos elementos mais estruturantes da reconstrução democrática e pós-imperial da sociedade portuguesa. Partindo de uma extensa recolha de histórias de vida de “deficientes das Forças Armadas”, o presente texto procura analisar as lutas pelo sentido trazidas pelas suas narrativas. Por um lado, procuramos perceber os termos de um confronto entre uma memória da violência, corporalmente inscrita, e a denegação da violência colonial no senso comum do Portugal democrático. Por outro, procuramos compreender de que modo a noção de uma guerra evitável e injusta, crescentemente sedimentada após o seu ocaso, cria um paradoxo para aqueles que, tendo sido parte de uma força agressora, se configuram como vítimas.<hr/>The silencing of the Portuguese Colonial War/Wars of Liberation (1961-1974) is one of the cornerstones of the post-imperial, democratic reconstruction of Portuguese society. Based on an extensive collection of life stories from disabled war veterans, this article analyses the struggles for meaning that these narratives convey. It seeks to understand, on the one hand, the terms of the confrontation between a memory of violence that is bodily inscribed and the denial of colonial violence in the common sense of democratic Portugal; and on the other, how the notion of an unjust and avoidable war, which became increasingly ingrained after it was over, creates a paradox for those who, having been part of the aggressor force, are represented as victims.<hr/>Le fait de passer sous silence la Guerre Coloniale portugaise/Guerres de Libération (1961-1974) constitue l’un des éléments les plus structurants de la reconstruction démocratique et post-impériale de la société portugaise. Partant d’un vaste recueil d’histoires de vie de “deficientes das Forças Armadas” (invalides de guerre), ce texte cherche à analyser les luttes de par le sens contenu dans leurs narratives. D’une part, nous tentons de comprendre les termes d’une confrontation entre une mémoire de violence, corporellement inscrite, et le déni de la violence coloniale dans le sens commun du Portugal démocratique. D’autre part, nous essayons de comprendre comment la notion d’une guerre évitable et injuste, sédimentée de façon croissante après la fin des conflits, crée un paradoxe pour ceux qui, ayant fait partie d’une force d’agression, se conçoivent comme des victimes. <![CDATA[<b>Memórias perdidas, identidades sem cidadania</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-74352015000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este texto procura contribuir para o debate sobre as políticas identitárias no Moçambique contemporâneo. Contrapondo, através de vários exemplos, a diversidade identitária do tecido social do país à altivez ignorante das estruturas de poder nele presentes, o texto procura problematizar, em vários momentos históricos, a fratura cognitiva entre o projeto político nacional, conceptualizado a partir das elites que controlam o Estado, e o plurilinguismo e a polifonia que constroem o tecido social real. A partir desta dicotomia o texto explora o discurso sobre a nação a várias vozes, problematizando os sentidos das lições da história de Moçambique e os múltiplos silenciamentos que a narrativa histórica dominante vem realizando.<hr/>This text hopes to contribute to the debate about identity politics in contemporary Mozambique. By juxtaposing the diverse identities making up the social fabric of the country to the ignorant haughtiness of the power structures present in it, the text problematizes the cognitive fracture between the national political project, conceived by the elites that control the state, and the multilingualism and polyphony of the real social fabric as they were manifested at various historical moments. From this dichotomy, it explores the discourse on the nation in various voices, problematizing the significance of the lessons of Mozambican history and the multiple silencings that the dominant historical narrative has brought about.<hr/>Ce texte a pour but de contribuer au débat sur les politiques identitaires dans le Mozambique contemporain. En soulignant le contraste, à travers de nombre d’exemples, entre la diversité identitaire du tissu social du pays et la suffisance ignorante des structures de pouvoir qui y sont présentes, le texte cherche à problématiser, à divers moments historiques, la fracture cognitive entre le projet politique national, conçu à partir des élites qui contrôlent l’État, et le multilinguisme et la polyphonie qui bâtissent le tissu social réel. À partir de cette dichotomie, le texte se penche sur le discours sur la nation à plusieurs voix, en problématisant les significations des leçons de l’histoire du Mozambique et les multiples omissions que la narrative historique dominante s’est ingéniée à imposer. <![CDATA[<b>Memória, história e narrativa</b>: <b>Os desafios da escrita biográfica no contexto da luta nacionalista em Moçambique</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-74352015000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Tomando como ponto de partida a inter-relação entre História, memória e narrativa, com este texto trazemos para discussão questões e interrogações de carácter metodológico sobre o uso da narrativa biográfica como possibilidade de História. As nossas reflexões são realizadas a partir de várias leituras, feitas a posteriori, sobre os percursos de vida de Zedequias Manganhela e Eduardo Mondlane. Procuramos, assim, situar a configuração e reconfiguração dos discursos no contexto da “recuperação” de uma história nacional, que também mergulha no seio da construção de figuras de heróis nacionais. Tudo isto se situa ainda, quer no quadro de uma história oficial de Moçambique, quer no quadro da própria história institucional da Igreja Presbiteriana de Moçambique/Missão Suíça à qual os dois protagonistas se encontravam intrinsecamente ligados, desafiando-nos a enfrentar as armadilhas da escrita biográfica.<hr/>Taking as a starting point the interrelationship between history, memory and narrative, this text discusses methodological questions and issues relating to the use of biographical narrative in historiography. These reflections are based upon various a posteriori readings of the life trajectories of Zedequias Manganhela and Eduardo Mondlane. The aim is to situate the configuration and reconfiguration of discourses in the context of the “recovery” of a national history which also involves the construction of figures of national heroes. All of this is situated within the contexts of both an official history of Mozambique and the institutional history of the Mozambique Presbyterian Church/ Swiss Mission, to which the two protagonists were closely connected, thus challenging us to confront the traps of biographical writing.<hr/>En prenant pour point de départ l’interrelation entre Histoire, mémoire et narrative, le but de ce texte est de porter au débat des thèmes et des questions au caractère méthodologique sur l’usage de la narrative biographique comme outil de l’Histoire. Nos réflexions reposent sur diverses lectures, faites a posteriori, des parcours de Zedequias Manganhela et de Eduardo Mondlane. De la sorte, nous cherchons à situer la configuration et la reconfiguration des discours dans le contexte de la “récupération” d’une histoire nationale, qui se plonge aussi au sein de la construction de figures de héros nationaux. Tout ceci se situe aussi tant dans le cadre d’une histoire officielle du Mozambique, que dans le cadre de la propre histoire institutionnelle de l’Église Presbytérienne du Mozambique/ Mission Suisse, à laquelle les deux protagonistes étaient intrinsèquement rattachés, en nous mettant face au défi d’affronter les pièges de l’écriture biographique. <![CDATA[<b>Abrir a fábula</b>: <b>Questões da política do passado em Moçambique</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-74352015000100008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este texto discute o uso do passado na actual vida política em Moçambique. Em particular, detém-se na narrativa fundadora da nação moçambicana (formulada como história de conteúdo moral, ou fábula), questionando aspectos como o da sua relação com outras memórias e a sua natureza oral. Desta última, resulta, por um lado, uma capacidade de adaptação às alterações circunstanciais do presente, e por outro um grande poder dos detentores da narrativa - as testemunhas. Discute também as relações necessariamente de tensão entre a memória política e a historiografia. No fundo, pergunta-se em que medida esta narrativa não se constitui como instrumento poderoso de diferenciação social e privilégio no actual quadro de luta pela democracia.<hr/>This text discusses the use of the past in Mozambique political life today. It focuses particularly upon the founding narrative of the Mozambique nation (formulated as a moral tale or fable), and questions aspects such as its relationship with other memories and its oral nature. The latter has both enabled adaptation to the circumstantial alterations of the present, and empowered the narrative holders, the witnesses. It also discusses the tense relations between political memory and historiography, ultimately to gauge the extent to which this narrative is constituted as a powerful instrument of social differentiation and privilege in the context of the ongoing struggle for democracy.<hr/>Ce texte a trait à l’utilisation du passé dans la vie politique actuelle au Mozambique. Il se penche, tout particulièrement, sur la narrative fondatrice de la nation mozambicaine (formulée comme histoire au contenu moral, ou fable), en mettant en cause des aspects tels que celui de sa relation avec d’autres mémoires et leur oralité. Il résulte de cette dernière, d’une part, une capacité d’adaptation aux changements circonstanciels du présent et, d’autre part, un grand pouvoir des détenteurs de la narrative - les témoins. Nous y débattons aussi des rapports obligatoirement tendus entre la mémoire politique et l’historiographie. Dans le fond, nous nous posons la question de savoir dans quelle mesure cette narrative ne se transforme-t-elle pas en un puissant outil de différentiation sociale et de privilège dans le cadre actuel de la lutte pour la démocratie. <![CDATA[<b>Depoimento de Aniceto Afonso</b>: <b>Os capitães depois do 25 de Abril em Moçambique: à procura do inimigo…</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-74352015000100009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este texto discute o uso do passado na actual vida política em Moçambique. Em particular, detém-se na narrativa fundadora da nação moçambicana (formulada como história de conteúdo moral, ou fábula), questionando aspectos como o da sua relação com outras memórias e a sua natureza oral. Desta última, resulta, por um lado, uma capacidade de adaptação às alterações circunstanciais do presente, e por outro um grande poder dos detentores da narrativa - as testemunhas. Discute também as relações necessariamente de tensão entre a memória política e a historiografia. No fundo, pergunta-se em que medida esta narrativa não se constitui como instrumento poderoso de diferenciação social e privilégio no actual quadro de luta pela democracia.<hr/>This text discusses the use of the past in Mozambique political life today. It focuses particularly upon the founding narrative of the Mozambique nation (formulated as a moral tale or fable), and questions aspects such as its relationship with other memories and its oral nature. The latter has both enabled adaptation to the circumstantial alterations of the present, and empowered the narrative holders, the witnesses. It also discusses the tense relations between political memory and historiography, ultimately to gauge the extent to which this narrative is constituted as a powerful instrument of social differentiation and privilege in the context of the ongoing struggle for democracy.<hr/>Ce texte a trait à l’utilisation du passé dans la vie politique actuelle au Mozambique. Il se penche, tout particulièrement, sur la narrative fondatrice de la nation mozambicaine (formulée comme histoire au contenu moral, ou fable), en mettant en cause des aspects tels que celui de sa relation avec d’autres mémoires et leur oralité. Il résulte de cette dernière, d’une part, une capacité d’adaptation aux changements circonstanciels du présent et, d’autre part, un grand pouvoir des détenteurs de la narrative - les témoins. Nous y débattons aussi des rapports obligatoirement tendus entre la mémoire politique et l’historiographie. Dans le fond, nous nous posons la question de savoir dans quelle mesure cette narrative ne se transforme-t-elle pas en un puissant outil de différentiation sociale et de privilège dans le cadre actuel de la lutte pour la démocratie. <![CDATA[<b>Delfim José de Oliveira</b>: <b>Diário de viagem da colónia militar de Lisboa a Tete, 1859-1860</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-74352015000100010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este texto discute o uso do passado na actual vida política em Moçambique. Em particular, detém-se na narrativa fundadora da nação moçambicana (formulada como história de conteúdo moral, ou fábula), questionando aspectos como o da sua relação com outras memórias e a sua natureza oral. Desta última, resulta, por um lado, uma capacidade de adaptação às alterações circunstanciais do presente, e por outro um grande poder dos detentores da narrativa - as testemunhas. Discute também as relações necessariamente de tensão entre a memória política e a historiografia. No fundo, pergunta-se em que medida esta narrativa não se constitui como instrumento poderoso de diferenciação social e privilégio no actual quadro de luta pela democracia.<hr/>This text discusses the use of the past in Mozambique political life today. It focuses particularly upon the founding narrative of the Mozambique nation (formulated as a moral tale or fable), and questions aspects such as its relationship with other memories and its oral nature. The latter has both enabled adaptation to the circumstantial alterations of the present, and empowered the narrative holders, the witnesses. It also discusses the tense relations between political memory and historiography, ultimately to gauge the extent to which this narrative is constituted as a powerful instrument of social differentiation and privilege in the context of the ongoing struggle for democracy.<hr/>Ce texte a trait à l’utilisation du passé dans la vie politique actuelle au Mozambique. Il se penche, tout particulièrement, sur la narrative fondatrice de la nation mozambicaine (formulée comme histoire au contenu moral, ou fable), en mettant en cause des aspects tels que celui de sa relation avec d’autres mémoires et leur oralité. Il résulte de cette dernière, d’une part, une capacité d’adaptation aux changements circonstanciels du présent et, d’autre part, un grand pouvoir des détenteurs de la narrative - les témoins. Nous y débattons aussi des rapports obligatoirement tendus entre la mémoire politique et l’historiographie. Dans le fond, nous nous posons la question de savoir dans quelle mesure cette narrative ne se transforme-t-elle pas en un puissant outil de différentiation sociale et de privilège dans le cadre actuel de la lutte pour la démocratie. <![CDATA[<b>As Guerras de Libertação e os sonhos coloniais</b>: <b>Alianças secretas, mapas imaginados</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-74352015000100011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este texto discute o uso do passado na actual vida política em Moçambique. Em particular, detém-se na narrativa fundadora da nação moçambicana (formulada como história de conteúdo moral, ou fábula), questionando aspectos como o da sua relação com outras memórias e a sua natureza oral. Desta última, resulta, por um lado, uma capacidade de adaptação às alterações circunstanciais do presente, e por outro um grande poder dos detentores da narrativa - as testemunhas. Discute também as relações necessariamente de tensão entre a memória política e a historiografia. No fundo, pergunta-se em que medida esta narrativa não se constitui como instrumento poderoso de diferenciação social e privilégio no actual quadro de luta pela democracia.<hr/>This text discusses the use of the past in Mozambique political life today. It focuses particularly upon the founding narrative of the Mozambique nation (formulated as a moral tale or fable), and questions aspects such as its relationship with other memories and its oral nature. The latter has both enabled adaptation to the circumstantial alterations of the present, and empowered the narrative holders, the witnesses. It also discusses the tense relations between political memory and historiography, ultimately to gauge the extent to which this narrative is constituted as a powerful instrument of social differentiation and privilege in the context of the ongoing struggle for democracy.<hr/>Ce texte a trait à l’utilisation du passé dans la vie politique actuelle au Mozambique. Il se penche, tout particulièrement, sur la narrative fondatrice de la nation mozambicaine (formulée comme histoire au contenu moral, ou fable), en mettant en cause des aspects tels que celui de sa relation avec d’autres mémoires et leur oralité. Il résulte de cette dernière, d’une part, une capacité d’adaptation aux changements circonstanciels du présent et, d’autre part, un grand pouvoir des détenteurs de la narrative - les témoins. Nous y débattons aussi des rapports obligatoirement tendus entre la mémoire politique et l’historiographie. Dans le fond, nous nous posons la question de savoir dans quelle mesure cette narrative ne se transforme-t-elle pas en un puissant outil de différentiation sociale et de privilège dans le cadre actuel de la lutte pour la démocratie. <![CDATA[<b>Do colonialismo como nosso impensado</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-74352015000100012&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este texto discute o uso do passado na actual vida política em Moçambique. Em particular, detém-se na narrativa fundadora da nação moçambicana (formulada como história de conteúdo moral, ou fábula), questionando aspectos como o da sua relação com outras memórias e a sua natureza oral. Desta última, resulta, por um lado, uma capacidade de adaptação às alterações circunstanciais do presente, e por outro um grande poder dos detentores da narrativa - as testemunhas. Discute também as relações necessariamente de tensão entre a memória política e a historiografia. No fundo, pergunta-se em que medida esta narrativa não se constitui como instrumento poderoso de diferenciação social e privilégio no actual quadro de luta pela democracia.<hr/>This text discusses the use of the past in Mozambique political life today. It focuses particularly upon the founding narrative of the Mozambique nation (formulated as a moral tale or fable), and questions aspects such as its relationship with other memories and its oral nature. The latter has both enabled adaptation to the circumstantial alterations of the present, and empowered the narrative holders, the witnesses. It also discusses the tense relations between political memory and historiography, ultimately to gauge the extent to which this narrative is constituted as a powerful instrument of social differentiation and privilege in the context of the ongoing struggle for democracy.<hr/>Ce texte a trait à l’utilisation du passé dans la vie politique actuelle au Mozambique. Il se penche, tout particulièrement, sur la narrative fondatrice de la nation mozambicaine (formulée comme histoire au contenu moral, ou fable), en mettant en cause des aspects tels que celui de sa relation avec d’autres mémoires et leur oralité. Il résulte de cette dernière, d’une part, une capacité d’adaptation aux changements circonstanciels du présent et, d’autre part, un grand pouvoir des détenteurs de la narrative - les témoins. Nous y débattons aussi des rapports obligatoirement tendus entre la mémoire politique et l’historiographie. Dans le fond, nous nous posons la question de savoir dans quelle mesure cette narrative ne se transforme-t-elle pas en un puissant outil de différentiation sociale et de privilège dans le cadre actuel de la lutte pour la démocratie. <![CDATA[<b>Music, Style, and Aging</b>: <b>Growing Old Disgracefully?</b>]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-74352015000100013&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este texto discute o uso do passado na actual vida política em Moçambique. Em particular, detém-se na narrativa fundadora da nação moçambicana (formulada como história de conteúdo moral, ou fábula), questionando aspectos como o da sua relação com outras memórias e a sua natureza oral. Desta última, resulta, por um lado, uma capacidade de adaptação às alterações circunstanciais do presente, e por outro um grande poder dos detentores da narrativa - as testemunhas. Discute também as relações necessariamente de tensão entre a memória política e a historiografia. No fundo, pergunta-se em que medida esta narrativa não se constitui como instrumento poderoso de diferenciação social e privilégio no actual quadro de luta pela democracia.<hr/>This text discusses the use of the past in Mozambique political life today. It focuses particularly upon the founding narrative of the Mozambique nation (formulated as a moral tale or fable), and questions aspects such as its relationship with other memories and its oral nature. The latter has both enabled adaptation to the circumstantial alterations of the present, and empowered the narrative holders, the witnesses. It also discusses the tense relations between political memory and historiography, ultimately to gauge the extent to which this narrative is constituted as a powerful instrument of social differentiation and privilege in the context of the ongoing struggle for democracy.<hr/>Ce texte a trait à l’utilisation du passé dans la vie politique actuelle au Mozambique. Il se penche, tout particulièrement, sur la narrative fondatrice de la nation mozambicaine (formulée comme histoire au contenu moral, ou fable), en mettant en cause des aspects tels que celui de sa relation avec d’autres mémoires et leur oralité. Il résulte de cette dernière, d’une part, une capacité d’adaptation aux changements circonstanciels du présent et, d’autre part, un grand pouvoir des détenteurs de la narrative - les témoins. Nous y débattons aussi des rapports obligatoirement tendus entre la mémoire politique et l’historiographie. Dans le fond, nous nous posons la question de savoir dans quelle mesure cette narrative ne se transforme-t-elle pas en un puissant outil de différentiation sociale et de privilège dans le cadre actuel de la lutte pour la démocratie.