Scielo RSS <![CDATA[Gazeta Médica]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2184-062820220004&lang=pt vol. 9 num. 4 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[Formação dos Profissionais de Saúde: Necessidade de Atualização Permanente, uma Atividade Sem Fim]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-06282022000400291&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[Conhecimentos e Práticas de Uso de Máscaras em Tempos de Pandemia COVID-19]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-06282022000400293&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Introdução: O uso de máscara é recomendado universalmente para a prevenção da transmissão da COVID-19, sendo frequente a observação de erros. Pretendeu-se avaliar conhecimentos e práticas de uso de máscaras, de forma a determinar a necessidade de medidas de educação para a saúde. Material e Métodos: Estudo analítico observacional transversal através de questionário de autorresposta aplicado a uma amostra por conveniência de utentes adultos de três unidades de Cuidados de Saúde Primários. Resultados: Obtiveram-se 299 questionários válidos, com uma amostra predominantemente constituída por elementos do sexo feminino (71,6%), com uma média de idades de 45,0±15,1 anos. O tipo de máscara identificado como mais usado foi a máscara cirúrgica (82,4%), sendo o principal motivo da escolha a eficácia de proteção (53,6%). Quem percecionou maior risco de infeção opta por máscaras com maior eficácia (54,6% vs 26,5%; p=0,046), enquanto quem referiu não sentir necessidade de usar máscara escolhe em função da disponibilidade (50,0% vs 22,2%; p=0,025). Quem considerou a máscara necessária apresentou menor número de erros na utilização (p&lt;0,001) e uma maior taxa de desinfeção das mãos (82,3% vs 23,5%, p&lt;0,001). Não se observou nenhum caso de utilização da máscara sem erros. Discussão: Cerca de 98% das pessoas referiu usar máscara sempre ou a maioria das vezes que saía de casa, cumprindo as recomendações em vigor. As pessoas não vacinadas sentem-se em maior risco de contrair a doença, revelando confiança na eficácia da vacina. Conclusão: O conhecimento da população em relação às máscaras e ao seu objetivo potencia a sua eficácia e correta utilização.<hr/>Abstract Introduction: The use of a facemask is universally recommended to prevent the transmission of COVID-19, but errors of usage are frequently observed. We aimed to evaluate knowledge and practices of facemask usage, to determine the need for health education strategies. Material and Methods: Analytical cross-sectional study with a self-administered questionnaire, applied to a convenience sample of adult patients of three primary health care units. Results: 299 valid questionnaires were obtained, with a sample composed mainly of the feminine gender (71.6%) and an average age of 45.0±15.1 years. The type of facemask identified as most used was the surgical mask (82.4%), with efficacy of protection as the main reason for the choice (53.6%). Those who perceived a higher risk of being infected opted for a facemask with greater efficacy (54.6% vs 26.5%; p=0.046), while those who felt no need to use a facemask decided based on availability (50.0% vs 22.2%; p=0.025). Those who considered the mask necessary displayed less usage errors (p&lt;0.001) and a higher rate of hand disinfection (82.3% vs 23.5%, p&lt;0.001). There were no cases of facemask usage without errors. Discussion: Around 98% of people referred using the facemask all or most of the times they left the house, complying with current recommendations. Those who were not vaccinated perceived a higher risk of being infected, which reveals an overall trust in the vaccine. Conclusion: Population knowledge regarding facemasks and their aim potentiates their efficacy and correct usage. <![CDATA[O Percurso do Doente ao Longo da Rede de Emergência Portuguesa: o que Importa para os Resultados em Saúde?]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-06282022000400307&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: Regional inequalities in access and health results have become a relevant issue in all developed countries. In this paper it was sought to evaluate possible disparities due to geographical localization, in cases of acute and severe illness. Material and Methods: By accessing the logbook of the emergency room of the polyvalent emergency service (PES) in Viseu, Portugal, detailed information was extracted from 2812 episodes that occurred during 2019. This sample also includes users from two medical and surgical emergency services (MSES), which serve Guarda and Covilhã regions, as well as three basic emergency services (BES). It was used a retrospective design and logistic regression models were estimated to assess differences in mortality. Results: Our data prove the existence of a protective effect of BES (p-value = 0.031) and an adverse impact of distance, particularly in cases of stroke (p-value = 0.027). In addition, we did not find difference in 30-day mortality between patients from Guarda, Covilhã and Viseu regions (p-value = 0.536). Conclusion: This study is pioneer in demonstrating the importance of BES. Furthermore, it confirms that the creation of reference centers contributes to the improvement of outcomes, with no difference in mortality of patients who are initially approached by lower differentiation centers.<hr/>Resumo Introdução: As desigualdades regionais de acesso e resultados em saúde tornaram-se um assunto relevante em todos os países desenvolvidos. Este artigo procura avaliar possíveis disparidades motivadas pela localização geográfica, em casos de doenças aguda e grave. Material e Métodos: Pelo acesso ao livro de registos da sala de emergência do serviço de urgência polivalente (SUP) de Viseu, Portugal, foi extraída informação detalhada de 2812 episódios que ocorreram em 2019. Esta amostra também inclui utilizadores de dois serviços de urgência médico-cirúrgica (SUMC), que servem as regiões da Guarda e da Covilhã, bem como de três serviços de urgência básica (SUB). Utilizou-se um desenho de estudo retrospetivo e estimaram-se modelos de regressão logística para avaliar diferenças de mortalidade. Resultados: Os nossos dados provam a existência de um efeito protetor dos SUB (p-value = 0,031) e um impacto adverso da distância, particularmente em casos de acidente vascular cerebral (p-value = 0,027). Adicionalmente, não se encontrou diferença na mortalidade a 30 dias entre doentes das regiões da Guarda, Covilhã e Viseu (p-value = 0,536). Conclusão: Este estudo é pioneiro ao demonstrar a importância do SUB. Para além disso, confirma-se que a criação de centros de referência contribui para a melhoria dos resultados, sem diferenças na mortalidade de doentes que são inicialmente abordados por centros de diferenciação inferiores. <![CDATA[Infeções da Pele e dos Tecidos Moles num Hospital Universitário]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-06282022000400316&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Introdução: As infeções da pele e dos tecidos moles (IPTM) apresentam uma incidência crescente, sendo causa frequente de admissão em internamento. Assim, a gestão adequada destes doentes é de extrema importância no prognóstico, redução da duração do internamento e consequentemente dos custos associados. Métodos e resultados: Realizou-se um estudo observacional retrospetivo com o objetivo de aferir qual a prática clínica, fatores de risco e mortalidade dos doentes internados por IPTM no Hospital de Braga. Foram incluídos 267 diagnósticos distintos. O isolamento microbiológico ocorreu na maioria das infeções necrotizantes e feridas cirúrgicas superficiais. Os agentes mais frequentes foram bactérias Gram positivo. Nas infeções necrotizantes 70% dos isolamentos era polimicrobiano. Os antibióticos mais utilizados nas infeções superficiais foram as penicilinas; contudo, 31,7% dos diagnósticos de erisipela e celulite foram medicados com antibioterapia de largo espectro. Nas infeções necrotizantes prevaleceu também a classe das penicilinas (a maioria de espectro alargado). De notar que nas infeções necrotizantes foram utilizadas sempre associações antibióticas. Na ferida cirúrgica destaca-se a vancomicina (55,6%). O tempo médio de antibioterapia variou entre 9-19 dias, com maior duração nas infeções profundas. Verificou-se uma maior percentagem de alteração antibiótica nas infeções necrotizantes (66,7%). O tempo médio para controlo de foco foi 40,8 horas. A taxa de mortalidade global foi de 9,7%. Conclusão: O diagnóstico de IPTM é clínico. A orientação terapêutica adequada é baseada em múltiplos fatores que conjugam o doente, o(s) agente(s) bacteriano(s) e o(s) antibiótico(s). Uma equipa multidisciplinar é essencial para melhorar a qualidade dos cuidados de saúde prestados ao doente.<hr/>Abstract Introduction: Incidence of skin and soft tissue infections (SSTIs) is increasing worldwide. These infections represent an important reason for hospital admission. Proper management of these patients is of paramount importance, regarding prognosis and healthcare-associated costs. Methods and results: A retrospective observational study was developed to evaluate clinical practice, risk factors for SSTIs and outcomes in patients with SSTIs. Study population comprised patients hospitalized with SSTIs. A total of 267 SSTIs were identified. Microbiological isolate was obtained in most of necrotizing infections and surgical wounds. Gram-positive organisms were the most frequent agents. In necrotizing infections, 70% of the isolates were polymicrobial. First-line antibiotics for initial management of skin superficial infections were penicillins. However, almost 1/3 of erysipelas and cellulitis were treated with broad-spectrum antibiotics. In necrotizing infections, penicillins (broad-spectrum penicillins) also prevailed, mostly in combination antimicrobial regimens. Vancomycin was used in 55.6% of cases of surgical wounds. Mean antibiotic therapy duration ranged from 9-19 days, with longer periods in deeper infections. A high percentage of antibiotic switch (66.7%) occurred in patients with necrotizing infections. Mean time to surgical intervention was 40.8 hours. Overall mortality rate was 9.7%. Conclusion: The diagnosis of SSTIs is clinical. Clinical approach to initial choice of antimicrobial therapy is based on multiple factors related to the patient, the bacteria, and the drug. A multidisciplinary team is essential to improve the quality of patient care. <![CDATA[Infeções Urinárias em Doentes com Diabetes <em>Mellitus</em> Tipo 2 Tratados com Inibidores do SGLT2: Uma Revisão Baseada na Evidência]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-06282022000400325&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Introdução: O mecanismo de ação dos inibidores do co-transportador de sódio-glicose 2 (iSGLT2) consiste no aumento da glicosúria. Existe evidência da associação entre a sua toma e a ocorrência de infeções genitais. Porém, a associação com infeções do trato urinário (ITU) não está bem estabelecida. Pretende-se analisar a evidência atual sobre a associação entre iSGLT2 em doentes com diabetes mellitus tipo 2 e a ocorrência de ITU. Métodos: Pesquisadas normas de orientação clínica, meta-análises (MA), revisões sistemáticas e ensaios clínicos controlados e aleatorizados (ECCA) entre outubro de 2011 e outubro de 2021 na The National Institute for Health and Care Excellence, The Cochrane Library e PubMed. Utilizados os termos MeSH “urinary tract infection”, “sodium-glucose transporter 2 inhibitors” e “diabetes mellitus, type 2”. Para atribuição dos níveis de evidência (NE) foi utilizada a escala Strength of Recommendation Taxonomy, da American Academy of Family Physicians. Resultados: Dos 331 resultados identificados, 6 cumpriram os critérios de inclusão: 5 ECCA e 1 MA. Todos classificados com NE 2. A evidência da associação entre a toma de iSGLT2 e ITU foi apenas demonstrada, de forma estatisticamente significativa, na MA e relativamente à dapagliflozina na dosagem de 10 mg. Conclusão: Os estudos apresentam resultados heterogéneos, inconsistentes e de qualidade moderada. Os iSGLT2 têm afirmado o seu lugar no tratamento de múltiplas patologias pelo que impera a realização de estudos dirigidos à ocorrência de efeitos adversos como a frequência de ITU. Devem ainda compreender amostras de maior dimensão, diferentes moléculas e posologias, para a obtenção de evidência robusta.<hr/>Abstract Introduction: The mechanism of action of the sodium-glucose transporter 2 inhibitors (SGLT2i) is based on the increase of glycosuria. Current evidence shows an association between their intake and the occurrence of genital infections. However, the association with the occurrence of urinary tract infections (UTI) is not well established. We intend to analyze the evidence on the association between SGLT2i in patients with type 2 diabetes mellitus and the occurrence of UTI. Methods: The research comprised clinical guidelines, randomized controlled trials (RCT), meta-analysis (MA) and systematic reviews published in the National Institute for Health and Care Excellence, Cochrane Library and PubMed databases between October 2011 and October 2021. MeSH terms used: "urinary tract infection", "sodium-glucose transporter 2 inhibitors" and "diabetes mellitus, type 2". The Strength of Recommendation Taxonomy scale of the American Academy of Family Physicians was used for assigning evidence levels. Results: Of the 331 results, 6 met the inclusion criteria: 5 RCT and 1 MA. All were classified with level 2 of evidence. Only the MA showed a statistically significant association between the increase in UTI with the use of dapagliflozin 10 mg. Conclusion: The studies show heterogenous, inconsistent and moderate quality results. SGLT2i have a major role in the treatment of many different pathologies, which is why it is imperative to carry out studies targeted to analyze the occurrence of UTI. These should comprise larger study samples, with analysis of different molecules and dosages that could contribute to a higher level of evidence. <![CDATA[Citisiniclina no Tratamento Farmacológico da Cessação Tabágica: Uma Revisão Baseada na Evidência]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-06282022000400333&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Introdução: O tabagismo traduz-se em elevada morbi-mortalidade. Deixar de fumar tem benefícios em qualquer idade. O objetivo desta revisão é determinar o nível de evidência da prescrição de citisiniclina (citisina) no tratamento farmacológico da cessação tabágica (CT). Metodologia: Realizou-se a 9 de dezembro de 2021 uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados de estudos publicados nos últimos 10 anos, em inglês e português, utilizando os termos MeSH: “cytisine” e “smoking cessation”. Para estratificar o nível de evidência e a força de recomendação, foi utilizada a escala SORT da American Academy of Family Physicians. Resultados: Foram encontrados 153 artigos, tendo sido selecionados 14 artigos: 2 meta-análises, 7 revisões sistemáticas e 5 ensaios clínicos controlados randomizados. Conclusão: Concluiu-se que a citisiniclina apresenta efeitos benéficos na CT, com efeitos secundários ligeiros, pelo que evidência atual permite recomendar a citisiniclina na terapêutica farmacológica da CT (nível de evidência 1, grau de recomendação A).<hr/>Abstract Introduction: Smoking results in high morbidity and mortality. Quitting smoking has benefits at any age. The objective of this review is to determine the level of evidence of prescribing cytisine in the pharmacological treatment of smoking cessation (SC). Methodology: On 9 December 2021, a bibliographic search was conducted in data bases of studies published in the last 10 years, in English and Portuguese, using the terms MeSH “cytisine” and “smoking cessation”. To stratify the level of evidence and the strength of recommendation, the SORT scale of the American Academy of Family Physicians was used. Results: We found 153 articles: 14 articles were selected, including 2 meta-analysis, 7 systematic reviews and 5 randomized controlled clinical trials. Conclusion: We conclude that cytisine has beneficial effects on SC, with mild side effects. The current evidence allows recommending cytisine in the pharmacological therapy of SC (level of evidence 1, strength of recommendation A). <![CDATA[Infeção por Citomegalovírus na Gravidez: Em que Ponto Estamos?]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-06282022000400341&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo A infeção por citomegalovírus é a infeção congénita mais frequente no mundo, com uma prevalência de 1,1% em Portugal Continental. A infeção fetal pode cursar com alterações importantes, sendo a principal causa de perda auditiva neurossensorial não hereditária na infância e podendo cursar com alterações congénitas de múltiplos sistemas de órgãos. A proposta de um rastreio universal pré-concecional é debatida há vários anos, não existindo ainda consenso sobre o tema. Dados recentes sugerem que o valaciclovir pode ser um tratamento eficaz e seguro, o que poderá trazer mais um argumento a favor da realização do rastreio universal do citomegalovírus. Este artigo de revisão procura sistematizar a mais recente informação sobre a infeção materna e fetal por citomegalovírus, o seu diagnóstico e possíveis tratamentos, bem como refletir acerca da pertinência da realização de um rastreio pré-concecional e ao longo da gravidez.<hr/>Abstract Cytomegalovirus infection is the most frequent congenital infection worldwide, with a prevalence of 1.1% in Mainland Portugal. Fetal infection may present with important manifestations, being the main cause of non-hereditary sensorineural hearing loss in childhood and may also lead to congenital defects of multiple organ systems. The proposal for universal preconception screening has been debated for several years, but there is still no consensus on the subject. Recent data suggest that valacyclovir may be an effective and safe treatment, which may provide a further argument in favor of universal cytomegalovirus screening. This review article seeks to systematize the most recent information on maternal and fetal cytomegalovirus infection, its diagnosis, and possible treatments, as well as to reflect on the relevance of screening before and throughout pregnancy. <![CDATA[Últimas Horas/Dias de Vida num Hospital Versus Domicílio]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-06282022000400348&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo O envelhecimento populacional constitui uma das principais transformações sociais do século XXI, com implicações transversais a todos os setores da sociedade. Este envelhecimento está acompanhado de um aumento da prevalência de doenças oncológicas e crónicas, progressivas, com elevado grau de dependência funcional, declínio cognitivo, diminuição da qualidade de vida e aumento da taxa de mortalidade. A transformação social que estamos a assistir implica a necessidade urgente de planear a alocação de serviços de apoio ao fim de vida, nomeadamente o desenvolvimento dos cuidados paliativos. Mundialmente, é muito frequente o final de vida ocorrer em meio hospital, sendo que, Portugal não é exceção. Diversos estudos têm demonstrado uma enorme variabilidade na qualidade dos cuidados em fim de vida nos hospitais de agudos. Alguns estudos evidenciam o problema do tratamento em fim de vida nos hospitais de agudos, bem como, a grande dificuldade dos médicos em decidir quando suspender os cuidados curativos e iniciar o suporte paliativo. De acordo com alguns dados a nível nacional, a maioria dos portugueses prefere morrer no domicílio, no entanto, a realidade é outra. A falta de acesso aos cuidados médicos é um dos principais motivos para a recusa do processo de morte em domicílio. A maioria dos familiares, embora possa defender a morte no domicílio, entende que esta deve ocorrer no hospital pela necessidade de cuidados permanentes e pela falta de apoio domiciliário que garanta uma assistência de qualidade. Como tal, urge a necessidade urgente de se repensar as políticas nacionais em saúde, procurando melhorar a acessibilidade aos cuidados paliativos, nomeadamente com a criação de equipas comunitárias/domiciliárias, de modo a melhorar o suporte destes doentes no domicílio e assim, libertar os hospitais de agudos.<hr/>Abstract Population aging is one of the main social transformations of the 21st century, with implications for all sectors of society. The aging is accompanied by an increase in the prevalence of oncological and chronic, progressive diseases, with a high degree of functional dependence, cognitive decline, decreased quality of life and an increase in the mortality rate. The social transformation that we are witnessing implies the urgent need to plan the allocation of end-of-life support services, namely the development of palliative care. Worldwide, the end of life is very common in a hospital and Portugal is no exception. Several studies have demonstrated enormous variability in the quality of end-of-life care in acute hospitals. Some studies highlight the problem of this kind of care in acute hospitals, as well as the great difficulty that doctors have in deciding when to suspend curative care and initiate palliative support. According to some data, most Portuguese prefer to die at home, however, the reality is different. The lack of access to medical care is one of the main reasons for refusing the death process at home. Most family members, although they can defend death at home, understand that it should occur in the hospital due to the need for permanent care and the lack of home support that guaranteed quality care. So, there is an urgent need to rethink national health policies, seeking to improve accessibility to palliative care, namely with the creation of community/home teams, in order to improve the support of these patients at home and thus free the acute hospitals. <![CDATA[Gastroenterite Eosinofílica: Uma Doença Incomum do Trato Gastrointestinal]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-06282022000400353&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Eosinophilic gastroenteritis (EGE) is a rare gastrointestinal disease characterized by generalized abdominal pain, nausea, vomiting, diarrhea, gastrointestinal bleeding and weight loss. The etiology and pathogenesis are not well understood and mostly based on case reports. Clinical presentation may vary depending on sites and depth of involvement of the gastrointestinal tract. The diagnosis is usually confirmed by histology that shows eosinophilic infiltration and the absence of secondary cause of eosinophilia. The authors present a case report of a 47-year-old woman that was diagnosed with dyslipidemia, obesity and allergic rhinitis. She had no significant family history. She was admitted in internal medicine department with 2 weeks of abdominal pain, nausea, vomiting, diarrhea and weight loss (&gt; 10%). Further study revealed increased eosinophil count, normocytic anemia, elevated erythrocyte sedimentation rate and normal Ig E levels. Digestive endoscopic study was performed, and multiple biopsy specimens showed moderate eosinophilic infiltration in stomach and duodenal mucosa. The patient was started on prednisolone, with clinical improvement. Follow-up go the patient twenty years after the beginning of this treatment showed stabilization of clinical symptoms and laboratory tests. So, eosinophilic gastroenteritis is characterized by three criteria - presence of gastrointestinal symptoms, histologic evidence of eosinophilic infiltration and exclusion of other causes of tissue eosinophilia. The treatment is based on the severity of symptoms. Corticosteroids are the mainstay of therapy, so the usual dose of prednisolone/prednisone is 20-40 mg daily for two weeks with tapering thereafter. In the literature, the use of montelukast and biologic agents have been reported.<hr/>Resumo A gastroenterite eosinofílica é uma doença gastrointestinal rara, caracterizada pela presença de dor abdominal, náuseas, vómitos, diarreia, hemorragia gastrointestinal e perda ponderal. A etiologia e patogenia permanecem desconhecidas, baseando-se nos casos clínicos reportados. A apresentação clínica varia de acordo com o local e profundidade de invasão do trato gastrointestinal. O diagnóstico é geralmente confirmado pela histologia, mostrando infiltração eosinofílica, na ausência de outras causas que o justifiquem. Os autores apresentam o caso de uma mulher, de 47 anos, com diagnóstico de dislipidemia, obesidade e rinite alérgica, com ausência de história familiar relevante. Foi admitida no serviço de Medicina Interna com uma história de dor abdominal, náuseas, vómitos, diarreia e perda ponderal (&gt; 10%) com 2 semanas de evolução. Os estudos complementares revelaram uma elevada contagem periférica de eosinófilos, anemia normocítica, elevação da velocidade de sedimentação e níveis normais de IgE. Foi realizado estudo endoscópico, com biópsias a mostrar infiltração eosinofílica moderada na mucosa gástrica e duodenal. A doente iniciou terapêutica com prednisolona, com melhoria clínica. Nos últimos 20 anos de follow-up, a doente tem-se mantido clinicamente e analiticamente estável. A gastroenterite eosinofílica é caracterizada por três critérios - presença de sintomas gastrointestinais, evidência histológica de infiltração eosinofílica e exclusão de outras causas de eosinofilia O tratamento é realizado de acordo com a severidade dos sintomas. A corticoterapia é a terapêutica padrão com uma dose habitual de 20-40 mg por dia durante 2 semanas, com desmame progressivo. Na literatura, o uso de montelucaste e agentes biológicos tem sido reportado. <![CDATA[Vasculite IgA e glomerulonefrite C3: Um Doente…Várias Doenças Autoimunes]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-06282022000400357&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Leucocytoclastic vasculitis refers to a small vessel vasculitis caused by immune complexes, infections and medications. IgA or IgM/IgG immune complexes can be found in direct immunofluorescence studies suggesting specific forms of leucocytoclastic vasculitis. Some authors suggested that IgA vasculitis and IgA nephropathy were two clinical manifestations of the same disease. From a histological point of view, it is not possible to distinguish a glomerulonephritis as part of an IgA vasculitis from an IgA nephropathy. The authors present a case of a 50-year-old woman diagnosed with vitiligo ad immune thrombocytopenic purpura (ITP). ITP was diagnosed 2 years before the present case. She presented to the autoimmune diseases’ appointment with a pruriginous rash of the lower extremities over the last 3 months. Skin biopsy was suggestive of leukocytoclastic vasculitis, revealing deposits of C3, IgG (less intensity) and IgA. IgA vasculitis was then assumed. After a few weeks, she kept peripheral edema, but an increasing decline in renal function was detected. Therefore, a renal biopsy was performed, which revealed endocapilar proliferative glomerulonephritis and predominantly C3 mesangial deposits, with IgA and vestigial IgM. These results were compatible with a C3 glomerulonephritis. The patient was started on systemic steroid treatment with prednisolone 1 mg/kg/day and ramipril 2.5 mg/day with progressive normalization of renal function. With this case, the authors emphasize the possibility that all these manifestations could be part of the same disease spectrum, but also, the importance of complement activation. So, this case may constitute additional evidence of the complement activation in pathogenesis of this vasculitis, however, further investigation is need, particularly to understand C3 glomerulonephritis, a rare kidney disease.<hr/>Resumo A vasculite leucocitoclástica caracteriza-se por atingir pequenos vasos e ser provocada por complexos imunes, infeções e fármacos. Complexos imunes IgA ou IgM/IgG podem ser encontrados em imunofluorescência direta, sugerindo formas específicas desta vasculite. Alguns autores sugerem que a vasculite IgA e a nefropatia IgA são duas manifestações clínicas da mesma doença. Do ponto de vista histológico, não é possível distinguir ambas as entidades. Os autores apresentam o caso de uma mulher, 50 anos, com diagnóstico de vitiligo e púrpura trombocitopénica idiopática. Este diagnóstico foi realizado dois anos antes do presente caso. A doente apresentou-se na consulta de doenças autoimunes com história de exantema pruriginoso dos membros inferiores e edema com 3 meses de evolução. A biópsia cutânea foi sugestiva de vasculite leucocitoclástica, com depósitos de C3, IgG (menor quantidade) e IgA. Foi assumido o diagnóstico de vasculite IgA. Após algumas semanas, a doente mantinha edema periférico, mas com agravamento da função renal. Pelo que, foi realizada uma biópsia renal, que revelou a presença de glomerulonefrite proliferativa endocapilar, com predomínio de depósitos C3 mesangiais, mas igualmente, depósitos IgA e IgM vestigial. Estes resultados são compatíveis com uma glomerulonefrite C3. A doente iniciou corticoterapia sistémica com prednisolona 1 mg/kg/dia e ramipril 2,5 mg/dia, com normalização da função renal. Com este caso, os autores enfatizam a possibilidade de todas estas manifestações poderem fazer parte do mesmo espectro de doença, bem como, a importância da ativação do complemento na fisiopatologia da doença. Este caso constitui uma evidência adicional da importância da ativação do complemento na patogénese da vasculite IgA. No entanto, é necessária maior evidência e investigação, particularmente para compreender a glomerulonefrite C3, uma doença renal rara. <![CDATA[Eventração Diafragmática: Uma Complicação Tardia de um Traumatismo Cervical Perfurante]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-06282022000400361&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Leucocytoclastic vasculitis refers to a small vessel vasculitis caused by immune complexes, infections and medications. IgA or IgM/IgG immune complexes can be found in direct immunofluorescence studies suggesting specific forms of leucocytoclastic vasculitis. Some authors suggested that IgA vasculitis and IgA nephropathy were two clinical manifestations of the same disease. From a histological point of view, it is not possible to distinguish a glomerulonephritis as part of an IgA vasculitis from an IgA nephropathy. The authors present a case of a 50-year-old woman diagnosed with vitiligo ad immune thrombocytopenic purpura (ITP). ITP was diagnosed 2 years before the present case. She presented to the autoimmune diseases’ appointment with a pruriginous rash of the lower extremities over the last 3 months. Skin biopsy was suggestive of leukocytoclastic vasculitis, revealing deposits of C3, IgG (less intensity) and IgA. IgA vasculitis was then assumed. After a few weeks, she kept peripheral edema, but an increasing decline in renal function was detected. Therefore, a renal biopsy was performed, which revealed endocapilar proliferative glomerulonephritis and predominantly C3 mesangial deposits, with IgA and vestigial IgM. These results were compatible with a C3 glomerulonephritis. The patient was started on systemic steroid treatment with prednisolone 1 mg/kg/day and ramipril 2.5 mg/day with progressive normalization of renal function. With this case, the authors emphasize the possibility that all these manifestations could be part of the same disease spectrum, but also, the importance of complement activation. So, this case may constitute additional evidence of the complement activation in pathogenesis of this vasculitis, however, further investigation is need, particularly to understand C3 glomerulonephritis, a rare kidney disease.<hr/>Resumo A vasculite leucocitoclástica caracteriza-se por atingir pequenos vasos e ser provocada por complexos imunes, infeções e fármacos. Complexos imunes IgA ou IgM/IgG podem ser encontrados em imunofluorescência direta, sugerindo formas específicas desta vasculite. Alguns autores sugerem que a vasculite IgA e a nefropatia IgA são duas manifestações clínicas da mesma doença. Do ponto de vista histológico, não é possível distinguir ambas as entidades. Os autores apresentam o caso de uma mulher, 50 anos, com diagnóstico de vitiligo e púrpura trombocitopénica idiopática. Este diagnóstico foi realizado dois anos antes do presente caso. A doente apresentou-se na consulta de doenças autoimunes com história de exantema pruriginoso dos membros inferiores e edema com 3 meses de evolução. A biópsia cutânea foi sugestiva de vasculite leucocitoclástica, com depósitos de C3, IgG (menor quantidade) e IgA. Foi assumido o diagnóstico de vasculite IgA. Após algumas semanas, a doente mantinha edema periférico, mas com agravamento da função renal. Pelo que, foi realizada uma biópsia renal, que revelou a presença de glomerulonefrite proliferativa endocapilar, com predomínio de depósitos C3 mesangiais, mas igualmente, depósitos IgA e IgM vestigial. Estes resultados são compatíveis com uma glomerulonefrite C3. A doente iniciou corticoterapia sistémica com prednisolona 1 mg/kg/dia e ramipril 2,5 mg/dia, com normalização da função renal. Com este caso, os autores enfatizam a possibilidade de todas estas manifestações poderem fazer parte do mesmo espectro de doença, bem como, a importância da ativação do complemento na fisiopatologia da doença. Este caso constitui uma evidência adicional da importância da ativação do complemento na patogénese da vasculite IgA. No entanto, é necessária maior evidência e investigação, particularmente para compreender a glomerulonefrite C3, uma doença renal rara. <![CDATA[Erupção Medicamentosa Fixa: Descrição de um Caso Clínico]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-06282022000400364&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Leucocytoclastic vasculitis refers to a small vessel vasculitis caused by immune complexes, infections and medications. IgA or IgM/IgG immune complexes can be found in direct immunofluorescence studies suggesting specific forms of leucocytoclastic vasculitis. Some authors suggested that IgA vasculitis and IgA nephropathy were two clinical manifestations of the same disease. From a histological point of view, it is not possible to distinguish a glomerulonephritis as part of an IgA vasculitis from an IgA nephropathy. The authors present a case of a 50-year-old woman diagnosed with vitiligo ad immune thrombocytopenic purpura (ITP). ITP was diagnosed 2 years before the present case. She presented to the autoimmune diseases’ appointment with a pruriginous rash of the lower extremities over the last 3 months. Skin biopsy was suggestive of leukocytoclastic vasculitis, revealing deposits of C3, IgG (less intensity) and IgA. IgA vasculitis was then assumed. After a few weeks, she kept peripheral edema, but an increasing decline in renal function was detected. Therefore, a renal biopsy was performed, which revealed endocapilar proliferative glomerulonephritis and predominantly C3 mesangial deposits, with IgA and vestigial IgM. These results were compatible with a C3 glomerulonephritis. The patient was started on systemic steroid treatment with prednisolone 1 mg/kg/day and ramipril 2.5 mg/day with progressive normalization of renal function. With this case, the authors emphasize the possibility that all these manifestations could be part of the same disease spectrum, but also, the importance of complement activation. So, this case may constitute additional evidence of the complement activation in pathogenesis of this vasculitis, however, further investigation is need, particularly to understand C3 glomerulonephritis, a rare kidney disease.<hr/>Resumo A vasculite leucocitoclástica caracteriza-se por atingir pequenos vasos e ser provocada por complexos imunes, infeções e fármacos. Complexos imunes IgA ou IgM/IgG podem ser encontrados em imunofluorescência direta, sugerindo formas específicas desta vasculite. Alguns autores sugerem que a vasculite IgA e a nefropatia IgA são duas manifestações clínicas da mesma doença. Do ponto de vista histológico, não é possível distinguir ambas as entidades. Os autores apresentam o caso de uma mulher, 50 anos, com diagnóstico de vitiligo e púrpura trombocitopénica idiopática. Este diagnóstico foi realizado dois anos antes do presente caso. A doente apresentou-se na consulta de doenças autoimunes com história de exantema pruriginoso dos membros inferiores e edema com 3 meses de evolução. A biópsia cutânea foi sugestiva de vasculite leucocitoclástica, com depósitos de C3, IgG (menor quantidade) e IgA. Foi assumido o diagnóstico de vasculite IgA. Após algumas semanas, a doente mantinha edema periférico, mas com agravamento da função renal. Pelo que, foi realizada uma biópsia renal, que revelou a presença de glomerulonefrite proliferativa endocapilar, com predomínio de depósitos C3 mesangiais, mas igualmente, depósitos IgA e IgM vestigial. Estes resultados são compatíveis com uma glomerulonefrite C3. A doente iniciou corticoterapia sistémica com prednisolona 1 mg/kg/dia e ramipril 2,5 mg/dia, com normalização da função renal. Com este caso, os autores enfatizam a possibilidade de todas estas manifestações poderem fazer parte do mesmo espectro de doença, bem como, a importância da ativação do complemento na fisiopatologia da doença. Este caso constitui uma evidência adicional da importância da ativação do complemento na patogénese da vasculite IgA. No entanto, é necessária maior evidência e investigação, particularmente para compreender a glomerulonefrite C3, uma doença renal rara. <![CDATA[O Método Pilates: Novo Dogma da Fisioterapia]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-06282022000400366&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Leucocytoclastic vasculitis refers to a small vessel vasculitis caused by immune complexes, infections and medications. IgA or IgM/IgG immune complexes can be found in direct immunofluorescence studies suggesting specific forms of leucocytoclastic vasculitis. Some authors suggested that IgA vasculitis and IgA nephropathy were two clinical manifestations of the same disease. From a histological point of view, it is not possible to distinguish a glomerulonephritis as part of an IgA vasculitis from an IgA nephropathy. The authors present a case of a 50-year-old woman diagnosed with vitiligo ad immune thrombocytopenic purpura (ITP). ITP was diagnosed 2 years before the present case. She presented to the autoimmune diseases’ appointment with a pruriginous rash of the lower extremities over the last 3 months. Skin biopsy was suggestive of leukocytoclastic vasculitis, revealing deposits of C3, IgG (less intensity) and IgA. IgA vasculitis was then assumed. After a few weeks, she kept peripheral edema, but an increasing decline in renal function was detected. Therefore, a renal biopsy was performed, which revealed endocapilar proliferative glomerulonephritis and predominantly C3 mesangial deposits, with IgA and vestigial IgM. These results were compatible with a C3 glomerulonephritis. The patient was started on systemic steroid treatment with prednisolone 1 mg/kg/day and ramipril 2.5 mg/day with progressive normalization of renal function. With this case, the authors emphasize the possibility that all these manifestations could be part of the same disease spectrum, but also, the importance of complement activation. So, this case may constitute additional evidence of the complement activation in pathogenesis of this vasculitis, however, further investigation is need, particularly to understand C3 glomerulonephritis, a rare kidney disease.<hr/>Resumo A vasculite leucocitoclástica caracteriza-se por atingir pequenos vasos e ser provocada por complexos imunes, infeções e fármacos. Complexos imunes IgA ou IgM/IgG podem ser encontrados em imunofluorescência direta, sugerindo formas específicas desta vasculite. Alguns autores sugerem que a vasculite IgA e a nefropatia IgA são duas manifestações clínicas da mesma doença. Do ponto de vista histológico, não é possível distinguir ambas as entidades. Os autores apresentam o caso de uma mulher, 50 anos, com diagnóstico de vitiligo e púrpura trombocitopénica idiopática. Este diagnóstico foi realizado dois anos antes do presente caso. A doente apresentou-se na consulta de doenças autoimunes com história de exantema pruriginoso dos membros inferiores e edema com 3 meses de evolução. A biópsia cutânea foi sugestiva de vasculite leucocitoclástica, com depósitos de C3, IgG (menor quantidade) e IgA. Foi assumido o diagnóstico de vasculite IgA. Após algumas semanas, a doente mantinha edema periférico, mas com agravamento da função renal. Pelo que, foi realizada uma biópsia renal, que revelou a presença de glomerulonefrite proliferativa endocapilar, com predomínio de depósitos C3 mesangiais, mas igualmente, depósitos IgA e IgM vestigial. Estes resultados são compatíveis com uma glomerulonefrite C3. A doente iniciou corticoterapia sistémica com prednisolona 1 mg/kg/dia e ramipril 2,5 mg/dia, com normalização da função renal. Com este caso, os autores enfatizam a possibilidade de todas estas manifestações poderem fazer parte do mesmo espectro de doença, bem como, a importância da ativação do complemento na fisiopatologia da doença. Este caso constitui uma evidência adicional da importância da ativação do complemento na patogénese da vasculite IgA. No entanto, é necessária maior evidência e investigação, particularmente para compreender a glomerulonefrite C3, uma doença renal rara.