Scielo RSS <![CDATA[Vista. Revista de Cultura Visual]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2184-128420210001&lang=pt vol. num. 7 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[Jogos de espelhos: o duplo na fotografia recreativa do início do século XX]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000100001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: O presente artigo, dedicado à produção retratística fotográfica lúdica do início do século XX, e à relação histórica e ontológica entre a fotografia e o espelho, parte do pressuposto segundo o qual seria necessário pensar a história da fotografia de modo integrado, enquadrando-a no contexto mais alargado da história dos média e de questões teóricas mais vastas como a relação entre a tecnologia e o humano, a mediação entre o real e o imaginário, e as interações entre os ditos novos e velhos média. O espelho e a fotografia são dois objetos, aparentados, por um lado, aos espetáculos pré-cinematográficos e ao próprio cinema, e por outro, aos aparelhos científicos, como o telescópio e o microscópio, que merecem ser repensados no que diz respeito à ambivalência que os aproxima. Configurando um espaço “absolutamente irreal” e “absolutamente real”, conforme sugeriu o filósofo Michel Foucault (1984/2005, p. 246) a propósito do espelho, o espelho, como a fotografia, seria exemplar de um espaço heterotópico. Na história da fotografia e, particularmente do retrato fotográfico lúdico das primeiras décadas do século XX, é assinalável o recurso ao espelho e ao duplo, enquanto dispositivo capaz de potenciar a destabilização da figura humana: referimo-nos ao retrato duplo, à multifotografiae à fotografia com recurso a espelhos deformantes(Bergeret &amp; Drouin, 1893; Chaplot, 1904; Hopkins, 1897; Schnauss, 1890/1891; Woodbury, 1896/1905). Partindo de uma predisposição para repensar a tradição lúdica e fantasista no âmbito geral da história dos média, propomo-nos retraçar afinidades entre dois espaços “heterotópicos”, que são a fotografia e o espelho.<hr/>This article, which is dedicated to portraits produced in the early 20th century using trick photography and to the historical and ontological relationship between photography and mirrors, is based on the assumption that it is necessary to think about the history of photography in an integrated manner, framing it in the broader context of media history and of more general theoretical questions such as the relationship between human beings and technology, the mediation between reality and imagination, and the interactions between the so-called “new” and “old” media. Mirrors and photography are means related, on the one hand, to pre-cinematographic shows and to the cinema itself, and on the other hand, to scientific devices, such as the telescope and microscope, which deserve to be rethought in terms of their mutual ambivalence. Configuring an “absolutely unreal” and “absolutely real” space, as suggested by the French philosopher Michel Foucault (1984/2005, p. 246), mirrors, like photography, became a paradigmatic example of a heterotopic space. In the history of photography and, in particular, of portraits using trick photography produced in the early decades of the 20th century, there was a marked use of mirrors and doubles, as devices able to present the disruption of human figure. We are referring to double portraits, photo- multigraphs and photography using distorting mirrors (Bergeret &amp; Drouin, 1893; Chaplot, 1904; Hopkins, 1897; Schnauss, 1890/1891; Woodbury, 1896/1905). Starting from a predisposition to rethink about the tradition of fantasy and trick photography in the general context of media history, we propose to retrace affinities between two “heterotopic” spaces - photography and mirrors. <![CDATA[Museus a céu aberto: culturas digitais, estética e vida quotidiana]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000100002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract: At a time when everything becomes art, art no longer belongs to itself, to the point of overflowing from the frames that have enclosed it for several centuries – museums, galleries, churches – with unprecedented effects not only in the field of aesthetics, but above all in ordinary life. To understand this in depth, it is necessary to take into account the digital reproducibility of the work of art as a dynamic that upsets the relationship between work and spectator, subject and object, politics and everyday life. From the second half of the 18th century onwards, we saw a dynamic of "aestheticization of the public" parallel to the birth of the cultural industry and, therefore, the transformation of culture into merchandise. It is an ambiguous process, as it implies the emergence of the mass as the central subject of our culture, but also its definitive reification. What about aesthetics in such a condition? This study explores the genology and history of this process by updating Walter Benjamin's thinking in relation to the cultural emergencies of our time. In particular, it seems essential to understand what happens to the aura in the context of a condition in which the aesthetic object, the work of art and, more generally, the area that concerns beauty is available, used and consumed in everyday life, to the point of placing our cities as "open air museums".<hr/>Resumo: Numa época em que tudo se torna arte, a arte já não pertence a si mesma, ao ponto de transbordar dos quadros que a enclausuraram durante séculos – museus, galerias, igrejas – com efeitos inéditos não só e não unicamente no campo da estética, mas sobretudo na vida quotidiana. Para compreender esta dinâmica em profundidade, é necessário ter em conta a reprodutibilidade digital da obra de arte, enquanto dinâmica que perturba a relação entre obra e espectador, sujeito e objeto, política e vida quotidiana. A partir da segunda metade do século XVIII, assistimos a uma dinâmica de "estetização do público" paralela ao nascimento da indústria cultural e, portanto, à transformação da cultura em mercadoria. É um processo ambíguo, pois implica a emergência da massa como sujeito central de nossa cultura, mas também sua reificação definitiva. E quanto à estética em tal condição? O presente estudo explora a genologia e a história desse processo por meio da atualização do pensamento de Walter Benjamin em relação às emergências culturais de nosso tempo. Em particular, parece essencial compreender o que acontece com a aura no contexto de uma condição em que o objeto estético, a obra de arte e, de forma mais geral, a área que diz respeito à beleza está disponível, é usada e consumida no quotidiano, tanto a ponto de colocar nossas cidades como "museus a céu aberto". <![CDATA[Ecrãnologia: a dimensão visual da experiência]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000100003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract: Our social existence is increasingly contaminated by relations with images and the presence of the screen. From the perspective of understanding the spirit of the times, we can therefore highlight the construction of a vision of the world expressed by images and screens that form a particular dimension of the experience. How then do images and screens structure our social imaginary? What are the forms of the experiences of everyday life? Questions that will lead us to reflect on an existence in which seeing becomes a central action of the current social world through the perspective of screenology as an effect and condition of a technological and media environment in which screens must be thought of as inhabited surfaces.<hr/>Resumo: A nossa existência social está cada vez mais contaminada pelas relações com as imagens e pela presença do ecrã. Da perspetiva da compreensão do espírito dos tempos, podemos, portanto, destacar a construção de uma visão do mundo expressa por imagens e ecrãs que formam uma dimensão particular da experiência. Como é que as imagens e ecrãs estruturam então o nosso imaginário social? Quais são as formas das experiências da vida quotidiana? Estas perguntas levam-nos a refletir sobre uma existência em que o ver se torna uma ação central do mundo social atual através da perspetiva da screenologia como efeito e condição de um ambiente tecnológico e mediático em que os ecrãs devem ser pensados como superfícies habitadas. <![CDATA[Fotografias de uma anomalia. Alteridade e os limites da comunicação intercultural em situação colonial]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000100004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: No início de setembro de 1948, a Missão Antropológica de Moçambique (MAM) esteve em António Enes (atual Angoche). Nessa localidade, o chefe da MAM, Joaquim Rodrigues dos Santos Júnior, foi informado sobre a anomalia de um jovem. O interesse de Santos Júnior pelo caso do pequenino Atomane se inscreve numa teratologia colonial que deu azo para uma espetacularização científica dos corpos dos "indígenas". A anomalia de Atomane é apenas uma de várias outras registadas durante as campanhas das missões antropológicas a Guiné, Angola, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Timor, realizadas entre 1936 e 1959. As fotografias do pequeno Atomane e outros materiais do espólio da MAM formam o corpus documental para a análise dos limites da comunicação intercultural em contexto colonial. A partir de novos aportes em cultura visual, faz-se uma leitura crítica de fotografias do arquivo colonial da MAM.<hr/>Abstract In early September 1948, the Mozambique Anthropological Mission (MAM) was a few days in António Enes (now Angoche). Joaquim Rodrigues dos Santos Júnior, head of MAM, was informed of the anomaly of a young man. Santos Júnior's interest in the case of the little Atomane was part of a colonial teratology that gave rise to a scientific spectacularization of the colonized bodies. Atomane´s anomaly is just one of several others recorded during the overseas anthropological missions to Guinea, Angola, São Tomé and Príncipe, Mozambique and Timor, between 1936 and 1959. The photographs of Atomane and the MAM’s collection form the documentary corpus for the analysis of the limits of intercultural communication in colonial context. Based on new contributions in visual culture, the study provides a critical reading of the photographs from MAM's colonial archive. <![CDATA[Cinema, percursos e dinâmicas de coprodução com Moçambique: um olhar exploratório]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Neste artigo, apresentamos uma breve análise das dinâmicas de coprodução entre Portugal e Moçambique, explorando, em particular, os filmes financiados pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) no período compreendido entre 2014 e 2020, no âmbito do Programa de Apoio ao Cinema – Modalidade de Apoio à Coprodução com Países de Língua Portuguesa. Ao todo, 16 filmes receberam financiamento do ICA, estando alguns ainda em processo de produção. Cinco são coproduções com participação moçambicana – Vovó dezanove e o segredo do soviético, de João Ribeiro; Desterrados, de Yara Costa; As noites ainda cheiram a pólvora, de Inadelso Cossa; O ancoradouro do tempo, de Sol de Carvalho, e À mesa da unidade popular, de Camilo de Sousa e Isabel de Noronha. A análise documental exploratória (Wolff, 2004) indica que os filmes financiados atualmente abordam temas associados ao colonialismo, mas também a acontecimentos sociopolíticos e culturais atuais. Os documentários moçambicanos, em particular, narram as lutas pela independência em Moçambique, a guerra civil, tendo sido também financiados filmes de ficção que constituem adaptações de obras literárias de autores africanos reconhecidos internacionalmente, como o escritor angolano Ondjaki e o moçambicano Mia Couto.<hr/>Abstract This article provides a brief analysis of the dynamics of co-production between Portugal and Mozambique. It focuses on films financed by the Instituto do Cinema e do Audiovisual (Institute of Cinema and Audiovisual; ICA) between 2014 and 2020, under the Programa de Apoio ao Cinema – Apoio à Coprodução com Países de Língua Portuguesa (Film Support Programme – Co-production Support with Portuguese-Speaking Countries). In all, 16 films received funding from ICA, and some are still in the production process. Five are co-productions with Mozambican participation – Vovó dezanove e o segredo do soviético (Grandma nineteen and the soviet's secret), by João Ribeiro; Desterrados (The outcasts), by Yara Costa; As noites ainda cheiro a pólvora (The nights still smell of gunpowder), by Inadelso Cossa; O ancoradouro do tempo (The anchorage of time), by Sol de Carvalho, and À mesa da unidade popular(At the table of popular unity), by Camilo de Sousa and Isabel de Noronha. Exploratory documentary analysis (Wolff, 2004) indicates that the currently funded films address themes associated with colonialism and current sociopolitical and cultural events. The Mozambican documentaries, in particular, narrate the struggles for independence in Mozambique, the civil war, but fiction films that are adaptations of literary works by internationally recognized African authors, such as the Angolan writer Ondjaki and the Mozambican Mia Couto, have also been financed. <![CDATA[Uma recensão crítica sobre Uma memória em três atos: as visões da história e do tempo no contexto do outro de Susan Sontag, Guy Debord e David Harvey]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Neste artigo, apresentamos uma breve análise das dinâmicas de coprodução entre Portugal e Moçambique, explorando, em particular, os filmes financiados pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) no período compreendido entre 2014 e 2020, no âmbito do Programa de Apoio ao Cinema – Modalidade de Apoio à Coprodução com Países de Língua Portuguesa. Ao todo, 16 filmes receberam financiamento do ICA, estando alguns ainda em processo de produção. Cinco são coproduções com participação moçambicana – Vovó dezanove e o segredo do soviético, de João Ribeiro; Desterrados, de Yara Costa; As noites ainda cheiram a pólvora, de Inadelso Cossa; O ancoradouro do tempo, de Sol de Carvalho, e À mesa da unidade popular, de Camilo de Sousa e Isabel de Noronha. A análise documental exploratória (Wolff, 2004) indica que os filmes financiados atualmente abordam temas associados ao colonialismo, mas também a acontecimentos sociopolíticos e culturais atuais. Os documentários moçambicanos, em particular, narram as lutas pela independência em Moçambique, a guerra civil, tendo sido também financiados filmes de ficção que constituem adaptações de obras literárias de autores africanos reconhecidos internacionalmente, como o escritor angolano Ondjaki e o moçambicano Mia Couto.<hr/>Abstract This article provides a brief analysis of the dynamics of co-production between Portugal and Mozambique. It focuses on films financed by the Instituto do Cinema e do Audiovisual (Institute of Cinema and Audiovisual; ICA) between 2014 and 2020, under the Programa de Apoio ao Cinema – Apoio à Coprodução com Países de Língua Portuguesa (Film Support Programme – Co-production Support with Portuguese-Speaking Countries). In all, 16 films received funding from ICA, and some are still in the production process. Five are co-productions with Mozambican participation – Vovó dezanove e o segredo do soviético (Grandma nineteen and the soviet's secret), by João Ribeiro; Desterrados (The outcasts), by Yara Costa; As noites ainda cheiro a pólvora (The nights still smell of gunpowder), by Inadelso Cossa; O ancoradouro do tempo (The anchorage of time), by Sol de Carvalho, and À mesa da unidade popular(At the table of popular unity), by Camilo de Sousa and Isabel de Noronha. Exploratory documentary analysis (Wolff, 2004) indicates that the currently funded films address themes associated with colonialism and current sociopolitical and cultural events. The Mozambican documentaries, in particular, narrate the struggles for independence in Mozambique, the civil war, but fiction films that are adaptations of literary works by internationally recognized African authors, such as the Angolan writer Ondjaki and the Mozambican Mia Couto, have also been financed. <![CDATA[Hotel Imperial: entre restos e encenações]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-12842021000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo: Neste artigo, apresentamos uma breve análise das dinâmicas de coprodução entre Portugal e Moçambique, explorando, em particular, os filmes financiados pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) no período compreendido entre 2014 e 2020, no âmbito do Programa de Apoio ao Cinema – Modalidade de Apoio à Coprodução com Países de Língua Portuguesa. Ao todo, 16 filmes receberam financiamento do ICA, estando alguns ainda em processo de produção. Cinco são coproduções com participação moçambicana – Vovó dezanove e o segredo do soviético, de João Ribeiro; Desterrados, de Yara Costa; As noites ainda cheiram a pólvora, de Inadelso Cossa; O ancoradouro do tempo, de Sol de Carvalho, e À mesa da unidade popular, de Camilo de Sousa e Isabel de Noronha. A análise documental exploratória (Wolff, 2004) indica que os filmes financiados atualmente abordam temas associados ao colonialismo, mas também a acontecimentos sociopolíticos e culturais atuais. Os documentários moçambicanos, em particular, narram as lutas pela independência em Moçambique, a guerra civil, tendo sido também financiados filmes de ficção que constituem adaptações de obras literárias de autores africanos reconhecidos internacionalmente, como o escritor angolano Ondjaki e o moçambicano Mia Couto.<hr/>Abstract This article provides a brief analysis of the dynamics of co-production between Portugal and Mozambique. It focuses on films financed by the Instituto do Cinema e do Audiovisual (Institute of Cinema and Audiovisual; ICA) between 2014 and 2020, under the Programa de Apoio ao Cinema – Apoio à Coprodução com Países de Língua Portuguesa (Film Support Programme – Co-production Support with Portuguese-Speaking Countries). In all, 16 films received funding from ICA, and some are still in the production process. Five are co-productions with Mozambican participation – Vovó dezanove e o segredo do soviético (Grandma nineteen and the soviet's secret), by João Ribeiro; Desterrados (The outcasts), by Yara Costa; As noites ainda cheiro a pólvora (The nights still smell of gunpowder), by Inadelso Cossa; O ancoradouro do tempo (The anchorage of time), by Sol de Carvalho, and À mesa da unidade popular(At the table of popular unity), by Camilo de Sousa and Isabel de Noronha. Exploratory documentary analysis (Wolff, 2004) indicates that the currently funded films address themes associated with colonialism and current sociopolitical and cultural events. The Mozambican documentaries, in particular, narrate the struggles for independence in Mozambique, the civil war, but fiction films that are adaptations of literary works by internationally recognized African authors, such as the Angolan writer Ondjaki and the Mozambican Mia Couto, have also been financed.