Scielo RSS <![CDATA[Portuguese Journal of Public Health]]> http://scielo.pt/rss.php?pid=2504-314520220002&lang=pt vol. 40 num. 2 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.pt/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.pt <![CDATA[European healthy workplace campaigns: is health and safety at work a real occupational health and safety policy concern or just a political topic?]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2504-31452022000200059&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[Utilização do rastreio de cancro do colo do útero em utentes dos cuidados de saúde primários: Nordeste de Portugal]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2504-31452022000200061&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Background: Understanding the overuse and underuse of cervical cancer (CC) screening plays a role in preventing such behaviours, allowing to maximize the CC screening uptake. Aim: To assess the predictors of being over-screened and never/under-screened in CC screening in Northeast Portugal. Methods: This is a part of a larger cross-sectional survey carried out in two public health centres in Northeast Portugal (October 2017 to June 2018). Data collection was based on a face-to-face interview. This analysis included 764 women (aged 25-60 years) classified according to the use of CC screening into guideline-consistent screened, over-screened and unscreened/under-screened. Multivariate logistic regression models were conducted to assess predictors of being over-screened and never/under-screened. Adjusted odds ratio (OR) and respective 95% confidence interval (95% CI) were obtained. Results: One-fourth (n = 197) of participants were unscreened/under-screened and 50.0% (n = 382) of them were classified as over-screened. Regular visits with primary care physicians (OR = 0.44; 95% CI: 0.26-0.76) and higher age (OR = 0.98; 95% CI: 0.96-1.00) reduced the odds of being unscreened/under-screened. Women who received prescription/recommendation for CC screening from primary care physician (OR = 1.89; 95% CI: 1.09-3.29) or both primary care physician and nurse (OR = 2.62; 95% CI: 1.10-6.22) were more likely to be over-screened. Higher level of CC health literacy decreases the odds of being over-screened (OR = 0.95; 95% CI: 0.90-1.00) and unscreened/under-screened (OR = 0.87; 95% CI: 0.82-0.92). The majority of over-screened (52.2%) and of under-screened (44.2%) women reported that their screening frequency was based on healthcare provider prescription. Among never-screened women, 60.2% reported that no one prescribed screening. Conclusion: The increase in CC health literacy can maximize CC screening uptake. Primary healthcare providers could play a role in preventing the overuse and underuse of CC screening.<hr/>Resumo Introdução: É importante compreender a sobreutilização e a subutilização do rastreio do cancro do colo do útero (CCU) para prevenir estes comportamentos e otimizar a utilização do rastreios. Objetivo: Avaliar os fatores associados à sobreutilização e à não-utilização/subutilização do rastreio do CCU na região Nordeste de Portugal. Métodos: Esta análise é parte de um estudo transversal conduzido em dois centros de saúde localizados no Nordeste de Portugal (Outubro/2017-Junho/2018). Os dados foram obtidos através de uma entrevista. Esta análise incluiu 764 mulheres (idade entre 25 e 60 anos) classificadas de acordo com a utilização de rastreio do CCU em: utilização segundo o recomendado, sobreutilização e não utilização/subutilização. Foram utilizados modelos de regressão logística multivariada para avaliar quais os fatores associados à sobreutilização e à não utilização/subutilização do rastreio do CCU. Obtiveram-se as estimativas de odds ratio ajustado (OR) e respetivo intervalo de confiança a 95% (IC 95%). Resultados: Um quarto (n = 197) das participantes nunca utilizaram ou subutilizaram e 50.0% (n = 382) sobreutilizaram o rastreio do CCU. As consultas regulares com o médico de família (OR = 0.44; IC 95%: 0.26-0.76) e o aumento da idade (OR = 0.98; IC 95%: 0.96-1.00) reduziram o risco de não utilização/subutilização do rastreio. As participantes que receberam recomendação/prescrição de rastreio de CCU do médico de família (OR = 1.89; IC 95%: 1.09-3.29) ou do médico e enfermeiro de família (OR = 2.62; IC 95%: 1.10-6.22) apresentaram maior probabilidade de sobreutilização. O aumento do nível de literacia sobre CCU leva a redução do risco de sobreutilização (OR = 0.95; IC 95%: 0.90-1.00) e de não utilização/subutilização (OR = 0.87; IC 95%: 0.82-0.92) do rastreio do CCU. A maioria de participantes que sobreutilizam (52.2%) e que subutilizam (44.2%) o rastreio do CCU reportaram que a frequência de utilização se baseia na prescrição do profissional de saúde. Das participantes que nunca utilizaram o rastreio do CCU, 60.2% reportaram que nenhum profissional de saúde prescreveu o rastreio. Conclusão: O aumento da literacia sobre CCU pode otimizar a utilização de rastreio do CCU. Os profissionais de saúde dos cuidados de saúde primários podem desempenhar um papel importante na prevenção da sobreutilização e de não-utilização/subutilização do rastreio do CCU. <![CDATA[Avaliação da qualidade e segurança microbiológica de refeições de sushi prontas a consumir em Portugal]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2504-31452022000200069&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Being a food product that contains perishable ingredients and involves a significant degree of manual handling during preparation, sushi is regarded as a potentially hazardous food, which may lead to foodborne disease outbreaks. In Portugal, consumption of takeaway sushi meals has strongly increased throughout the past few years; however, there is limited information regarding its compliance with food quality standards. Under this context, the present study aimed to evaluate the microbiological quality and safety of take-away ready-to-eat sushi meals in Lisbon, Portugal. Sixty-two samples were collected from different origins (restaurant and hypermarket), and each sample was tested for aerobic mesophilic microorganisms, Enterobacteriaceae, Escherichia coli, positive coagulase Staphylococci, presumptive Bacillus cereus count, as for detection of pathogenic microorganisms, such as Salmonella spp., Listeria monocytogenes and Vibrio parahaemolyticus, V. cholerae and V. vulnificus. Results revealed that 48.4% (30/62) were deemed unsatisfactory, 35.5% (22/62) were classified as borderline and only 16.1% (10/62) were considered satisfactory. Even though we did not detect the incidence of potentially pathogenic microorganisms in sushi, the presence of B. cereus and coagulase-positive Staphylococci was detected at unsatisfactory levels. Furthermore, significant differences between the place of origin (restaurant vs. hypermarket) and type of fish were also observed. Overall, the high number of samples classified with a level of microbiological quality “unsatisfactory” and “borderline” highlights the need to review good hygiene practices, as well as the quality of the raw materials used, to obtain a final product with a satisfactory quality and safety level.<hr/>Resumo Por ser um género alimentício que contém ingredientes perecíveis e envolve um grau significativo de manipulação manual durante a sua preparação, o sushi é conside­rado um alimento potencialmente perigoso, que pode causar surtos de doença de origem alimentar. Em Portugal, o consumo de refeições de sushi prontas a consumir tem aumentado ao longo dos últimos anos. No entanto, a informação sobre o cumprimento das normas de qualidade alimentar é limitada. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade e a segurança microbiológica de refeições de sushi prontas para consumo em take-way, na região de Lisboa, Portugal. Foram colhidas 62 amostras de diferentes origens (restaurante e hipermercado), e em cada amostra foi efetuada a contagem de microrganismos aeróbios mesófilos, Enterobacteriaceae, Escherichia coli, estafilococos coagulase positiva, Bacillus cereus presuntivos, e deteção de microrganismos patogénicos, tais como: Salmonella spp., Listeria monocytogenes, Vibrio parahaemolyticus, Vibrio cholerae e Vibrio vulnificus. Os resultados revelaram que 48,4% (30/62) das amostras foram consideradas insatisfatórias, 35,5% (22/62) foram classificadas como “borderline” e apenas 16,1% (10/62) foram consideradas como satisfatórias. Embora não tenham sido detetados microrganismos potencialmente patogénicos nas amostras de sushi, a presença de B. cereus e estafilococos coagulase positivos foram detetados em níveis insatisfatórios. Além disso, também foram observadas diferenças significativas entre o local de origem (restaurante vs. hipermercado) e tipo de peixe.No geral, o elevado número de amostras classificadas com um nível de qualidade microbiológica insatisfatória e “borderline” evidência a necessidade de revisão das boas práticas de higiene, bem como da qualidade das matérias-primas utilizadas, para obter um produto final com qualidade e segurança satisfatória. <![CDATA[Melhorias na estrutura e cultura de segurança do paciente após implantação de um programa público nacional: Um estudo observacional em três hospitais brasileiros]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2504-31452022000200081&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Objective: The aim of this study was to observe and describe the changes in the structures for patient safety (PS) and PS culture (PSC) at the level of health facilities, following the implementation of the National Patient Safety Program (NPSP). Methods: An observational, longitudinal, and descriptive study including follow-up of changes in structure and activities for PS and assessments of PSC before and 15 months after the NPSP enforcement. Three Brazilian hospitals with different management logistics participated in the study (federal public, state public, and private). PSC was measured using the AHRQ’s instrument, adapted and validated for the Brazilian context (Hospital Survey on Patient Safety Culture [HSOPSC]). Changes in structure and activities to improve PS were mapped against the NPSP objectives. Changes in PSC were assessed by the hospital and discussed considering a change theory based on the literature. Results: Structural changes occurred in all hospitals but at a different pace and extension. A PS unit, adoption of some PS protocols, and training on PS occurred in the three hospitals. PSC significantly improved in all facilities. Public hospitals had the worst baseline PSC but showed greater improvements. The state hospital presented few structural changes and soon had the lowest ratings of PSC. Conclusions: This study demonstrates that external regulatory initiatives can trigger, even if unevenly, actions promoting PS and relevant internal structural changes, which in turn seem to increase awareness and improvement in PSC.<hr/>Resumo Objetivo: Observar e descrever as mudanças na estrutura da Segurança do paciente (SP) e da Cultura de Segurança do Paciente (CSP) no nível das unidades de saúde, após a implantação do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Métodos: Estudo observacional, longitudinal e descritivo com acompanhamento das mudanças na estrutura e atividades da SP e avaliações da CSP antes e quinze meses após a aplicação do PNSP. Participaram no estudo três hospitais brasileiros com diferentes logísticas de gestão (público federal, público estadual e privado). A CSP é medida por meio do instrumento Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPS), adaptado e validado para o contexto brasileiro. As mudanças na estrutura e atividades para aumentar a SP são mapeadas em relação aos objetivos do PNSP. As alterações na CSP são avaliadas por hospital e discutidas à luz de uma teoria de mudança baseada na literatura. Resultados: Mudanças estruturais ocorreram em todos os hospitais, mas em ritmo e extensão diferentes. Uma Unidade de SP, adoção de alguns protocolos de SP e treino em SP ocorreram nos três hospitais. A CSP melhorou significativamente em todas as instalações. Os hospitais públicos tiveram a pior CSP inicial, mas mostraram maiores melhorias. O hospital estadual, apresentou poucas mudanças estruturais, logo teve as classificações mais baixas da CSP. Conclusões: Este estudo demonstra que iniciativas regulatórias externas podem desencadear, mesmo que de uma forma desigual, ações promotoras da SP e mudanças estruturais internas relevantes, que por sua vez parecem aumentar a conscientização e melhoria na CSP. <![CDATA[Distanciamento físico e bem-estar mental na população jovem de Portugal e Brasil durante a pandemia de COVID-19]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2504-31452022000200091&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Background: The COVID-19 pandemic may affect youth’s physical and mental well-being, partially because of the countries’ rules to contain the virus from spreading. However, there is still uncertainty about the impact of physical distancing on youth’s mental health. We aimed to estimate the prevalence of feeling agitated, anxious, down, sad, or low mood (FNF) due to physical distance measures and verify which factors are associated with young Portuguese and Brazilian people. Methods: We used cross-sectional data from the instrument “COVID-19 Barometer: Social Opinion” in Portugal (March 2020 and September 2021) and from “COVID-19 Social Thermometer” in Brazil (August 2020 to April 2021); these surveys included data regarding the health and socioeconomic impact on the population. The health and sociodemographic variables of the two countries were summarized as absolute and relative frequencies. A multivariable logistic regression model was fit by country to estimate the relation between FNF and selected variables of interest. Results: Approximately 36% of the sample studied reported anxiety, agitation, sadness, or low mood almost every day in Portugal and 52% in Brazil due to physical distancing. In Portugal, having more than two comorbidities represented a greater chance of experiencing FNF every day or almost every day (odds ratio [OR] = 1.51 [CI: 1.22-1.87]) than those without comorbidities. In contrast, having a university education level represented a protector factor (OR = 0.76 [CI: 0.67-0.88]). In Brazil, being unemployed increased the chance of FNF compared to students (OR = 11.2). Conclusions: Physical distancing measures have impacted the mental well-being of the young population in Portugal and Brazil. The countries must make a quick effort to attend to and protect young people’s well-being and mental health in the changing context of the current pandemic.<hr/>Resumo Introdução: A pandemia do COVID-19 pode afetar o bem-estar físico e mental dos jovens, em parte por causa das regras dos países para conter a propagação do vírus. No entanto, ainda há incerteza sobre o impacto do distanciamento físico na saúde mental dos jovens. Objetivou-se estimar a prevalência de sentir-se agitado, ansioso, deprimido ou triste (FNF) devido a medidas de distância física e verificar quais fatores estão associados a jovens portugueses e brasileiros. Métodos: Utilizamos dados transversais do instrumento “COVID-19 Barômetro: Social Opi­nião” em Portugal (março de 2020 até setembro de 2021) e do “COVID-19 Social termômetro” no Brasil (agosto de 2020 até abril de 2021); essas pesquisas incluíram dados sobre o impacto na saúde e socioeconômicos da população. As variáveis de saúde e sociodemográficas dos dois países foram resumidas em frequências absolutas e relativas. Um modelo de regressão logística multivariável foi ajustado por país para estimar a relação entre a frequência de sentimentos negativos (FNF) e variáveis selecionadas de interesse. Resultados: Aproximadamente 36% da amostra estudada relatou ansiedade, agitação, tristeza ou mau humor; quase todos os dias em Portugal e 52% no Brasil devido ao distanciamento físico. Em Portugal, ter mais de duas comorbidades representou maior chance de apresentar FNF todos os dias ou quase todos os dias (OR = 1,51 [IC 1,22 -1,87]) do que aqueles sem comorbidades. Em contrapartida, ter nível universitário re­presentou fator protetor (OR = 0,76 [IC 0,67-0,88]). No Brasil, estar desempregado aumentou a chance de FNF em relação aos estudantes (OR = 11,2). Conclusões: As medidas de distanciamento físico têm impactado o bem-estar mental da população jovem em Portugal e no Brasil. Os países devem fazer um esforço rápido para atender e proteger o bem-estar e a saúde mental dos jovens no contexto de mudança da atual pandemia. <![CDATA[Zoonoses como importantes causas de internamento hospitalar: um estudo de 15 anos em Portugal]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2504-31452022000200101&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: Zoonoses represent 75% of emerging diseases. These diseases pose a permanent threat to human health and well-being and have the potential to become increasingly frequent due to habitat degradation; land-use changes; and increased global mobility of humans, animals, and animal products. The objective of this study was to investigate the impact ten zoonoses (brucellosis, cysticercosis, echinococcosis, leishmaniasis, leptospirosis, Lyme disease, rabies, toxoplasmosis, trichinellosis, and West Nile fever) had on human hospitalizations between 2002 and 2016 in Portuguese National Health Service hospitals. Material and Methods: A retrospective nationwide study was conducted using hospitalization records gathered by Administração Central do Sistema de Saúde from all Portuguese public hospitals. Results: Between 2002 and 2016, zoonoses caused 181,741 hospitalizations, a total number of hospitalization days of 2,033,125, and 10,611 deaths. The ten studied zoonoses caused 5,183 hospitalizations, 71,548 hospitalization days, and 176 deaths. All, except Lyme disease, showed a trend of decreasing numbers of hospitalizations. Discussion and Conclusion: The impact of each zoonosis in hospitalized patients regarding their age, sex, the severity of disease, and region can be attributed to the specific characteristics of each disease, regarding means of infection, pathogenicity, and geographic distribution. Hospitalizations caused by zoonoses have declined since the beginning of the century in Portugal. They still represent, however, relevant impacts on Public Health. The promotion of trans professional cooperation guided by One Health principles will further aid in the control of these important diseases.<hr/>Resumo Introdução: As zoonoses representam 75% das doenças emergentes. Estas doenças são uma ameaça permanente à saúde e bem-estar humanos, e têm o potencial de se tornar cada vez mais frequentes devido à degradação de habitats, alteração de utilização das terras, e aumento da mobilidade global de pessoas, animais e produtos animais. O objetivo deste estudo foi investigar o impacto de dez zoonoses (brucelose, cisticercose, equinococose, leishmaniose, leptospirose, doença de Lyme, raiva, toxoplasmose, triquinelose e febre do Nilo Ocidental) nos internamentos em hospitais do Serviço Nacional de Saúde português entre 2002 e 2016. Material e Métodos: Foi feito um estudo retrospetivo a nível nacional, utilizando os registos colhidos pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) relativamente a todos os internamentos em hospitais públicos portugueses. Resultados: Entre 2002 e 2016, as zoonoses provocaram 181 741 internamentos, um total de 2 033 125 dias de internamento e 10 611 óbitos. As dez zoonoses estudadas provocaram 5183 internamentos, 71 548 dias de internamento e 176 óbitos. Todas elas, exceto a doença de Lyme, apresentaram uma tendência de diminuição do número de internamentos. Discussão e Conclusão: O impacto de cada zoonose nos doentes hospitalizados em relação à idade, sexo, gravidade e região, pode ser atribuído às características específicas de cada doença, nomeadamente ao modo de infeção, patogenicidade e distribuição geográfica. Os internamentos causados por zoonoses têm diminuído desde o início do século em Portugal. Estas ainda representam, no entanto, impactos relevantes para a Saúde Pública. A promoção de cooperação multidisciplinar guiada pelos princípios One Health irá promover um maior controlo destas doenças no futuro. <![CDATA[Prevalência de Burnout nos médicos internos de saúde pública Portugueses durante a resposta à pandemia de COVID-19]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2504-31452022000200112&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Introduction: Burnout is a psychological syndrome characterized by a state of emotional exhaustion, depersonalization, and a lack of personal accomplishment at the workplace. We aimed to evaluate the prevalence of burnout among Portuguese Public Health Medical Residents during the SARS-CoV-2 virus pandemic. Methods: Burnout was assessed with the Maslach Burnout Inventory - Human Services Survey, using a zero (never) to six (always) ordinal scale. Sociodemographic and workplace setting data were also collected. Categorical variables were presented as frequencies and percentages, and continuous variables as means and standard deviations (SDs). Chi-squared and independent sample t tests were used to evaluate the distributions of these variables, with a p value of 0.05. Results: Eighty-three people participated. The average age was 30.46 (±3.91), and 57.8% were female. We found that 77.11% had high levels of emotional exhaustion, 61.4% had high levels of depersonalization, and 44.6% had low levels of personal accomplishment. 32.5% of the participants were experiencing burnout, 30.5% were at high risk, 25.3% were at moderate risk, and 12% were at low risk. Burned-out participants had higher levels of emotional exhaustion (40.63 ± 7.36; mean ± SD) and depersonalization (15.63 ± 5.94; mean ± SD), and lower levels of personal achievement (29.42 ± 7.30; mean ± SD) than their peers. Regarding sociodemographic and work setting-related data, no statistically significant differences were found between professionals with and with no burnout. Conclusion: The present study shows high scores on all components of burnout and its prevalence among the population studied. Further studies are needed to determine whether this phenomenon was specific to this period.<hr/>Resumo Introdução: O burnout é uma síndrome psicológica caracterizada por um estado de exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional. Propusemo-nos aferir a prevalência de burnout nos médicos internos de Saúde Pública portugueses durante a pandemia de SARS-CoV-2. Métodos: Os níveis de burnout foram medidos pelo Maslach Burnout Inventory - Human Services Survey, usando uma escala ordinal de zero (nunca) a seis (sempre). Foram também recolhidos dados sociodemográficos. As variáveis categóricas foram apresentadas como frequências e percentagens, e as variáveis contínuas como médias e desvios-padrão. Foram feitos testes t para amostras independentes e qui-quadrado de Pearson para avaliar a distribuição destas variáveis, com um valor p de 0,05. Resultados: Oitenta e três pessoas participaram. A idade média foi 30,46 (±3,91) e 57,8% eram mulheres. 77,11% tinham níveis elevados de exaustão emocional, 61,4% níveis elevados de despersonalização, e 44,6% níveis baixos de realização profissional. 32,5% dos participantes sofriam de burnout, 30,5% apresentavam risco elevado, 25,3% risco moderado, e 12% risco baixo. Os participantes em burnout tinham níveis mais elevados de exaustão emocional (40,63 ± 7,36; média ± DP) e despersonalização (15,63 ± 5,94; média ± DP), e níveis mais baixos de realização profissional (29,42 ± 7,30; média ± DP). Não foram encontradas quaisquer diferenças estatisticamente significativas no que toca a fatores sociodemográficos e relacionados com o trabalho, nos profissionais com e sem burnout. Discussão e Conclusão: O presente estudo demonstra níveis elevados em todos os componentes do burnout e na sua prevalência na população estudada. São necessários mais estudos para aferir se este é um fenómeno específico do período estudado. <![CDATA[Prevalência da automedicação em adolescentes portugueses]]> http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2504-31452022000200122&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Abstract Self-medication is considered one of the health-risk behaviours found among adolescents. The main objective of this study is to determine the prevalence of self-medication for Portuguese adolescents. An observational cross-sectional study was carried out. The sample comprised 420 adolescents, of whom 343 (81.7%; 95% CI: 77.8-85.2) had already self-medicated and 277 (66.0%; 95% CI: 61.4-70.5) self-medicated in the last 6 months. The main health problems that motivated self-medication were headache (76.7%), flu (70.6%), sore throat (56%), and fever (54.5%). Paracetamol was the most consumed drug (86.9%) followed by ibuprofen (83.1%). The pharmacy (87.8%) was the preferred place to purchase drugs; however, 221 adolescents (64.4%) reported that they self-medicated with the medicines they had at home. Of the adolescents who resorted to self-medication, only 59.6% sought additional information about the drug and 53.9% referred to the package leaflet of the medicinal product as the main source of clarification. A significant portion of the respondents (84.3%) believed that self-medication might be acceptable to treat minor illnesses. It was observed that self-medication is a very common practice among adolescents, making it an extremely important issue to carry out more studies on this section of the Portuguese population due to the scarcity of existing ones. These data can be used to define strategies for the dissemination of the rational use of the drug in the adolescent population.<hr/>Resumo A automedicação é considerada um dos comportamentos de risco para a saúde encontrado entre os adolescentes. Este estudo teve como principal objetivo determinar a prevalência da automedicação de adolescentes portugueses. Foi realizado um estudo observacional de coorte transversal. A amostra compreende 420 adolescentes, dos quais 343 (81.7%; 95% CI: 77.8-85.2) já se automedicaram e 277 (66.0%; 95% CI: 61.4-70.5) automedicaram-se nos últimos 6 meses. Os principais problemas de saúde que motivaram a automedicação foram a dor de cabeça (76.7%), gripe/constipações (70.6%), dor de garganta (56%) e febre (54.5%). O paracetamol foi o medicamento mais consumido na auto-medicação (86.9%) seguido do Ibuprofeno (83.1%). O local mais referido para a aquisição de medicamentos foi a farmácia (87.8%), no entanto, 221 adolescentes (64.4%) referiram que se automedicam com os medicamentos que têm em casa. Dos adolescentes que recorreram à automedicação, 59.6% procuraram informações ou esclarecimentos adicionais do medicamento e 53.9% referiram a bula como a principal fonte. Uma parte significativa dos inquiridos (84.3%) acredita que a auto-medicação poder ser aceitável para tratar doenças menores. Observou-se que a automedicação é muito comum nos adolescentes portugueses com idades entre 14 e 19 anos, tornando-se importante a definição de estratégias para a divulgação do uso racional do medicamento nesta população.