Serviços Personalizados
Journal
Artigo
Indicadores
- Citado por SciELO
- Acessos
Links relacionados
- Similares em SciELO
Compartilhar
Análise Psicológica
versão impressa ISSN 0870-8231versão On-line ISSN 1646-6020
Aná. Psicológica vol.37 no.4 Lisboa dez. 2019
https://doi.org/10.14417/ap.1597
Estilos parentais e comportamentos de bullying em adolescentes e jovens adultos: Efeito moderador da personalidade
Parental styles and bullying behaviour, in adolescents and young adults: Moderating effect of personality
Catarina Pinheiro Mota1, Mónica Costa2, Mónica Pinheiro3, Filipa Nunes2
1UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal / Centro de Psicologia, Universidade do Porto, Porto, Portugal
2Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade do Porto, Porto, Portugal / Centro de Psicologia, Universidade do Porto, Porto, Portugal
3UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal
RESUMO
Os estilos parentais caracterizam a natureza afetiva e a relação entre os pais e os filhos, apresentando por isso, uma contribuição importante para o desenvolvimento psicossocial dos jovens. A vivência familiar, a relação mantida com os pares e o desenvolvimento do adolescente contribuem para a formação da sua personalidade, sendo esta que dita muitos dos comportamentos futuros dos adolescentes e jovens adultos. Este estudo teve como objetivo analisar o papel dos estilos parentais e da personalidade no desenvolvimento de comportamentos de agressão e vitimação, assim como, testar o papel moderador da personalidade na associação anterior. A amostra foi constituída por 1976 adolescentes e jovens adultos, com idades compreendidas entre os 14 e os 25 anos de idade (M=17.22; DP=2.50). A recolha de dados foi realizada com recurso a instrumentos de autorrelato. Os resultados sugerem a extroversão e a conscienciosidade como fatores protetores face ao desenvolvimento de comportamentos de vitimação e agressão, e o neuroticismo como um importante potenciador destes comportamentos. Os dados foram analisados à luz da teoria de Baumrind, assumindo a importância dos estilos parentais para o desenvolvimento da personalidade e de comportamentos de bullying na adolescência e jovem adultícia.
Palavras-chave: Estilos parentais, Comportamentos de bullying, Personalidade.
ABSTRACT
The emotional nature and the relationship between parents and their children, characterized by the parental styles, display an important contribution to the psychosocial development of adolescents. The adolescent personality is shaped by their family environment and the relationship with their peers, which have a big significance to the future behaviour of the adolescents and young adults. The present study aims to analyze predictor role from parenting styles of both mother and father with the adolescent personality in different bullying behaviours, and also, evaluate the moderating role of personality traits on the association between parenting styles and bullying behaviours. The study sample consisted of 1,976 adolescents and young adults aged between 14 and 25 years old (M=17:22, SD=2.50). Data collection was performed using a self-report instrument. The results suggest the extraversion and conscientiousness traits as protective factors to the victimization and aggression behaviours, and neuroticism trait as an enhancer of these behaviours. The results will be discussed in light of Baumrind theory, assuming the importance of parenting styles for the personality and behaviour development in adolescents and young adults.
Key words: Parental styles, Bullying behaviours, Personality.
Estilos parentais e desenvolvimento da personalidade na adolescência e jovem adultícia
Como forma de perceber o contributo dos estilos parentais nos processos de desenvolvimento da população infanto-juvenil, Baumrind (1991) propôs uma abordagem tipológica assente nos pressupostos de suporte, autonomia, independência disponibilizada e controlo parental. Desta abordagem resultou a operacionalização de três estilos parentais, a saber: democrático, autoritário e permissivo. O estilo democrático é identificado como o mais equilibrado, caracterizando-se pela presença de limites e regras associada à promoção de independência e autonomia. É um estilo onde existe controlo, mas com moderação, e onde o ambiente familiar é caloroso e estimulante. Num dos extremos desta abordagem, pode observar-se o estilo autoritário que se caracteriza pela presença de exigência e autoridade pautando-se por um elevado nível de controlo. As atitudes autoritárias tendem a limitar a capacidade de expressão dos filhos e a avaliar o comportamento destes de uma forma rígida e com recurso a castigos e punições. No outro extremo, o estilo permissivo caracteriza-se pela presença de um elevado nível de tolerância associado a um baixo nível de exigência pautando-se, assim, pela ausência de controlo e de implementação de regras e/ou limites (Baumrind, 1991).
De acordo com a evidência empírica, os jovens educados dentro de um estilo democrático revelam níveis mais elevados de extroversão e relações interpessoais mais positivas, enquanto os filhos de pais autoritários e permissivos experimentam estados emocionais mais negativos, apresentam menor sociabilidade e revelam níveis mais elevados de agressividade (e.g., Huver, Otten, Vries, & Engles, 2010). Assim, com base no exposto, sugere-se que os estilos parentais adotados pelas figuras cuidadoras podem assumir um papel preditor face à personalidade dos jovens.
Neste seguimento, destaca-se que a personalidade avaliada à luz da taxonomia Big Five pode ser compreendida tendo por base cinco dimensões gerais: extroversão, abertura à experiência, amabilidade, conscienciosidade e neuroticismo (Costa & McCrae, 1992). De acordo com esta taxonomia, a extroversão caracteriza-se pela predisposição dos indivíduos para experimentarem estados emocionais positivos e vivenciarem sentimentos mais positivos face a si próprios. A abertura à experiência relaciona-se com o nível de interesse, originalidade e capacidade de assumir riscos e pode indicar maior capacidade imaginativa. A amabilidade, por sua vez, encontra-se associada à capacidade de relacionamento interpessoal, altruísmo, generosidade e confiança nos demais. Já a conscienciosidade relaciona-se com a capacidade de empenho e compromisso. Por último, o neuroticismo indica a tendência dos indivíduos para vivenciar estados emocionais negativos e revelar uma visão negativista face a si próprio e ao mundo (Costa & McCrae, 1992; Zou, Ganguli, & Shahnawaz, 2014).
De acordo com alguns estudos, os jovens que revelam traços de personalidade pautados pelo neuroticismo, extroversão e abertura à experiência revelam uma maior predisposição para condutas agressivas (e.g., Wilson & Nagy, 2017; Zou et al., 2014). Pelo exposto, depreende-se que o estudo dos processos inerentes aos estilos parentais e ao desenvolvimento da personalidade pode ser relevante no que concerne à compreensão das condutas de bullying evidenciadas pela população juvenil.
Papel dos estilos parentais e da personalidade no desenvolvimento de comportamentos de bullyi ng na adolescência e jovem adultícia
A adolescência constitui uma fase de transição desenvolvimental pautada por mudanças significativas a nível cognitivo, emocional, biológico e psicossocial. Este período desenvolvimental pode, deste modo, ser compreendido como uma fase de transformações e reorganizações pautada por uma significativa inquietação interior, sendo que esta não terá de ser necessariamente negativa (Fleming, 2005). O período da adolescência que ocorre a partir dos 18 anos de idade designa-se de “jovem adultícia” e caracteriza-se pela ambiguidade em alcançar um self estável e independente e explorar a formação identitária nas áreas das relações íntimas e da vida profissional (Arnett, 2007).
Neste seguimento, sugere-se que a adolescência e a jovem adultícia, ainda que contemplem tarefas desenvolvimentais distintas, acarretam perdas e aquisições significativas sob o ponto de vista pessoal e emocional. Deste modo, sugere-se que a instabilidade patente na adolescência e por vezes presente na jovem adultícia acarreta maior vulnerabilidade face ao risco, podendo eventualmente despoletar um desajustamento emocional o que, por sua vez, aumenta a probabilidade de os jovens se envolverem em comportamentos de bullying.
Neste seguimento, torna-se importante realçar que o bullying é um fenómeno que se caracteriza por um conjunto de atitudes agressivas intencionais e negativas pautadas por agressões físicas e/ou psicológicas como por exemplo a exclusão social (Cerezo, Ruiz-Esteban, Lacasa, & Gonzalo, 2018). Estes tipos de comportamento podem ser categorizados em dois grupos consoante o tipo de ação: direto e indireto. O bullying “direto” caracteriza-se pela presença de agressões físicas e/ou verbais incisivas face à vítima, enquanto o bullying “indireto” consiste em as ações de isolamento ou exclusão intencional do grupo (Martins, 2005). Cabe clarificar, ainda, que o bullying na sua grande maioria das vezes é desvalorizado, na medida em que não é completamente percetível para os demais, pois certos comportamentos dos jovens são compreendidos pelos outros como condutas normativas do crescimento (Luk et al., 2016).
De acordo com a literatura, as atitudes implementadas pelas figuras parentais no seio familiar parecem constituir aspetos importantes ao nível da regulação comportamental da população juvenil. Esta questão é corroborada pela investigação desenvolvida por Luk et al. (2016) que apurou que as condutas parentais pautadas quer pela indulgência quer pela coerção física e punição estabeleciam importantes preditores dos comportamentos de bullying. Outras investigações apuraram que os jovens que desenvolvem comportamentos agressivos revelavam características ligadas ao traço de personalidade de extroversão, enquanto os jovens tidos como vítimas apresentavam maiores níveis de introversão e rejeição social (e.g., Fossati, Borroni, & Maffei, 2012).
Desta forma e tendo em conta que o bullying constitui um grave problema de saúde pública urge a necessidade da implementação de novas investigações que promovam um conhecimento mais próximo da realidade atual e o desenho/implementação de novas estratégias de prevenção e intervenção junto da população juvenil. O presente estudo tem como principal objetivo analisar o papel dos estilos parentais e da personalidade no desenvolvimento dos comportamentos de bullying, assim como testar o papel moderador da personalidade na associação anterior.
Método
Participantes
No estudo participaram 1976 adolescentes e jovens adultos portugueses com idades compreendidas entre os 14 e os 25 anos de idade (M=17.22; DP=2.50), dos quais 714 são do sexo masculino (36.1%) e 1262 do sexo feminino (63.9%). Relativamente à escolaridade dos participantes, 300 frequentam o 9º ano (15.2%), 980 frequentam o ensino secundário (49.5%), 683 frequentam o ensino superior (34.6%) e 13 não responderam à questão (0.7%). Quanto à caracterização familiar, 1475 participantes vivem com os pais e os irmãos (74.6%), 173 vivem apenas com um dos pais (8.8%), 284 vivem com outros elementos (outros familiares, namorado/a, amigo/a) (14.4%) e 44 não responderam à questão (2.2%). Relativamente à escolaridade do pai, 351 têm o 1º Ciclo do Ensino Básico ou inferior (17.8%), 902 têm o 2º ou 3º Ciclo do Ensino Básico (45.6%), 417 têm o Ensino Secundário (21.1%), 165 têm o Ensino Superior (8.3%), 5 têm Estudos Pós-graduados (0.3%), e 136 não responderam à questão (6.9%). Quanto à escolaridade da mãe, 291 têm o 1º Ciclo do Ensino Básico ou inferior (14.7%), 841 têm o 2º ou 3º Ciclo do Ensino Básico (42.6%), 498 têm o Ensino Secundário (25.2%), 223 têm o Ensino Superior (11.3%), 4 têm Estudos Pós-graduados (0.2%), e 118 não responderam à questão (6.0%).
Instrumentos
O primeiro instrumento do protocolo consistiu num questionário sociodemográfico que abrangia as vertentes sociodemográficas.
O Questionário de Exclusão Social e Violência Escolar (QEVE; Diaz-Aguado, Arias, & Seoane, 2004; adaptado por Martins, 2005), é um questionário de autorrelato que tem como objetivo avaliar o tipo e o grau de envolvimento dos indivíduos em comportamentos de bullying. Este questionário é composto por 45 itens distribuídos por três subescalas: Vitimação, Agressão e Observação. Cada item é avaliado através de resposta tipo Likert, que varia entre 1 “Nunca” e 4 “Quase sempre”. Na presente amostra, a análise da consistência interna demonstrou valores de Alfa de Cronbach de .89 para a totalidade do instrumento e de .75 para a vitimação, .70 para a agressão e .89 para a observação. A análise confirmatória apresentou valores ajustados para o modelo, χ2(18)=81.77, χ2/gl=4.54, p=.001, com RMR=.00, RMSEA=.04, CFI=.99, GFI=.99, AGFI=.98, IFI=.99, NFI=.99. Martins e Castro (2010) propuseram um agrupamento em quatro grupos que permitem identificar o tipo de indivíduos (vítima, agressor, vítima & agressor e não envolvido) baseando-se na soma das respostas às subescalas vitimação e agressão. O agrupamento é realizado com base nas seguintes guidelines: vítima, na subescala agressão ≤18 e na subescala vitimação >18; agressor, na subescala agressão >18 e na subescala vitimação ≤18; vítima & agressor, na subescala agressão >18 e na subescala vitimação >18 e não envolvido, na subescala agressor ≤18 e na subescala vitimação ≤18. Esta categorização foi utilizada para definir os pontos de corte das análises deste trabalho. No presente estudo apenas foram analisadas as categorias dos comportamentos de vitimação e agressão.
O Parenting Styles & Dimensions Questionnaire: Short Version (PSDQ; Robinson, Mandleco, Olson, & Hart, 1995; adaptado por Nunes & Mota, 2018) é um questionário de autorrelato que tem como objetivo avaliar a perceção que os adolescentes têm perante os estilos parentais das figuras cuidadoras. É composto por 32 itens distribuídos por três dimensões: Democrático, Autoritário e Permissivo. É constituído pela versão pai e pela versão mãe. Cada item é avaliado através de resposta tipo Likert, que varia entre 1 “Nunca” e 5 “Sempre”. Cada uma das dimensões é constituída por subescalas. O Estilo Democrático inclui: Apoio e Afeto, Regulação e Cedência de autonomia/Participação democrática. O Estilo Autoritário inclui: Coerção física, Hostilidade verbal e Punição. Por último o Estilo Permissivo inclui: Indulgência. Na presente amostra, a análise da consistência interna demonstrou valores de Alfa de Cronbach de .89/.85 para o pai e mãe respetivamente para a totalidade do instrumento. No que refere aos Alfas de Cronbach de cada subescala registam-se valores de .88/.83 para Apoio e afeto, .87/.83 para Regulação, .86/.82 para a Cedência de Autonomia/Participação democrática, .74/.74 para a Coerção física, .62/.62 para a Punição e .58/.57 para a Indulgência, na versão do pai e da mãe respetivamente. A análise confirmatória apresenta bons índices de ajustamento para o modelo, χ2(116)=898.84, χ2/gl=7.82, p=.001/χ2(116)=782.42, χ2/gl=6.75, p=.001, com RMR=.08/.07, RMSEA=.06/.05, CFI=.96/.95, GFI=.95/.96, AGFI=.93/.94, IFI=.96/.95, NFI=.95/.95; na versão do pai e da mãe respetivamente.
O Inventário de Personalidade dos Cinco Fatores (NEO-FFI-20; Costa & MacCrae, 1992; adaptado por Bertoquini & Pais-Ribeiro, 2006), é um questionário de autorrelato que tem como objetivo avaliar cinco domínios da personalidade. Trata-se de uma versão reduzida do NEO-PI-R, constituída por 20 itens distribuídos por cinco dimensões: Neuroticismo, Extroversão, Abertura à Experiência, Amabilidade e Conscienciosidade. Cada item é avaliado através de resposta tipo Likert, que varia entre 1 “Discordo Fortemente” e 5 “Concordo Fortemente”. Na presente amostra, a análise de consistência interna demonstrou valor de Alpha de Cronbach de .50 relativamente à totalidade do instrumento e de .59 para a subescala do Neuroticismo, .69 para Extroversão, .66 para a Abertura à experiência, .50 para a Amabilidade e .81 para a Conscienciosidade. As análises fatoriais confirmatórias (AFC) apresentam valores de ajustamento adequados para o modelo, χ2(76)=434.21, χ2/gl=5.71, p=.001, com RMR=.04, RMSEA=.05, CFI=.94, GFI=.97, AGFI=.96, IFI=.94, NFI=.93. De realçar que apenas foram analisadas as dimensões do neuroticismo e extroversão tendo por base os objetivos do presente estudo. Apesar dos valores menos satisfatórios de consistência interna optou-se por utilizar esta escala no presente estudo, uma vez que, os mesmos vão ao encontro da própria versão original do instrumento (Costa & MacCrae, 1992) sendo esta decisão metodológica fundamentada, também, nos valores adequados de ajustamento obtidos nas AFC que asseguram que o modelo original do NEO-FFI-20 se replica na amostra em estudo.
Procedimentos
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Após esta aprovação foi realizado um pedido de apreciação e parecer à Direção Geral de Educação (DGE). Posteriormente, realizaram-se reuniões com os Diretores das instituições de ensino, onde foi possível elucidar os objetivos do estudo. O Termo Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado pelos encarregados de educação dos jovens menores de idade, assim como, pelos jovens com mais de 18 anos. A recolha de dados decorreu em contexto sala de aula em escolas do ensino secundário e instituições de ensino superior. Em todas estas administrações os jovens receberam um conjunto de instruções standard onde foram explicados, de uma forma sucinta, os objetivos gerais do estudo pela investigadora principal. Foram salvaguardados todos os princípios éticos de voluntariedade e anonimato. Devido à extensão do protocolo e à possibilidade de este provocar algum cansaço e posterior enviesamento das respostas foi realizada a inversão dos questionários.
Análise de dados
Trata-se de uma investigação de índole transversal uma vez que a recolha de dados se realizou num único momento, não existindo seguimento temporal dos indivíduos. O tratamento dos resultados foi realizado com os programas IBM SPSS Statistics 24 e IBM SPSS Amos v.24. Foi utilizado também o plugin PROCESS macro for SPSS and SAS v2.16 (Hayes, 2016), que implementa o processo de moderação. Numa primeira fase e no sentido de identificar e excluir missings e eventuais outliers realizou-se, de forma preliminar, uma limpeza da amostra. Na continuidade foram testados os pressupostos de normalidade dos dados da amostra em estudo, sendo analisados os valores de assimetria, achamento e do teste Kolmogorov Smirnov, assim com os dados dos gráficos e histogramas, Q Qplots e Boxplots, o que permitiu constatar que dados cumpriam os critérios de normalidade. Foi, também, testada a estrutura original dos instrumentos utilizados através das Análises Confirmatórias de 1ª ordem (AFC), com recurso ao método de estimação de “Maximuum Likelihood”. Para a concretização dos objetivos recorreu-se ao Modelo de Regressões Múltiplas Hierárquicas para se testar a presença de um efeito preditor entre as variáveis em estudo (Marôco, 2014). Finalmente, testou-se a existência de um papel moderador da personalidade na associação entre os estilos parentais e os comportamentos vitimação e agressão com recurso a análises de regressões múltiplas do plugin PROCESS (Hayes, 2016).
Resultados
Papel preditor dos estilos parentais e da personalidade nos comportamentos de bullying
Como forma de dar resposta a um dos objetivos inicialmente propostos, realizaram-se análises de regressão múltipla hierárquica, nas quais se utilizou como variável dependente os comportamentos de vitimação e agressão.
As análises de regressão múltipla hierárquica face à vitimação foram realizadas mediante a introdução de 4 blocos: no bloco 1 o sexo (dummy) não apresenta um contributo significativo F(1,1974)=1.53; p=.216, explica 0.1% da variância total (R2=.001) e contribui individualmente com 0.1% da variância para o modelo (R2change=.001). No que se refere ao bloco 2, estilos parentais mãe, contribui significativamente para a variância do modelo F(7,1968)=8.50; p=.001, e explica 2.9% da variância total (R2=.029), apresentando um contributo individual de 2.9% (R2change=.029). Relativamente ao bloco 3, foi introduzido os estilos parentais pai que se mostra significativa F(13,1962)=6.45; p=.001 e explica 4.1% da variância total (R2=.041), apresentando um contributo individual de 1.2% (R2change=.012). Por último, no bloco 4, a personalidade apresenta um contributo positivo F(18,1957)=15.56; p=.001 e explica 12.5% da variância total (R2=.125), mostrando assim um contributo individual de 8.4% (R2change=.084). Através da análise individual do contributo de cada uma das variáveis independentes dos blocos, verifica-se a existência de duas contribuições significativas (p<.05) enquanto preditores de comportamentos de vitimação, cuja apresentação será efetuada por ordem de importância: neuroticismo (β=.233) e amabilidade (β=-.120) (Tabela 1).
No que concerne à análise de regressão múltipla hierárquica face à dimensão agressão foram, também, introduzidos 4 blocos: no bloco 1 o sexo (Dummy) apresenta um contributo significativo F(1,1974)=46.02; p=.001, explica 2,3% da variância total (R2=.023) e contribui individualmente com 2,3% da variância para o modelo (R2change=.023). No que se refere ao bloco 2, estilos parentais mãe, contribui significativamente para a variância do modelo F(7,1968)=15.46; p=.001, e explica 5,2% da variância total (R2=.052), apresentando um contributo individual de 2.9% (R2change=.029). Relativamente ao bloco 3, foi introduzido os estilos parentais pai que contribui significativamente para o modelo F(13,1962)=8.83; p=.001 e explica 5.5% da variância total (R2=.055), apresentando um contributo individual de 0.3% (R2change=.003). Por último, no bloco 4, a personalidade apresenta um contributo positivo F(18,1957)=10.81; p=.001 e explica 9.0% da variância total (R2=.090), mostrando assim um contributo individual de 3.5% (R2change=.035). Através da análise individual do contributo de cada uma das variáveis independentes dos blocos, verifica-se a existência de quatro contribuições significativas (p<.05) enquanto preditores de comportamentos de agressão, cuja apresentação será efetuada por ordem de importância: sexo (β=-.135) com contributo masculino, neuroticismo (β=.118), amabilidade (β=-.110) e conscienciosidade (β=-.074) (Tabela 2).
Papel moderador da personalidade na associação entre os estilos parentais e comportamentos de bullying
De acordo com o último objetivo foram realizadas análises para determinar o papel moderador das variáveis neuroticismo, extroversão e conscienciosidade na associação entre os estilos parentais e os comportamentos de vitimação e agressão com recurso ao plugin PROCESS (Hayes, 2016).
Na associação entre o estilo democrático da mãe e a vitimação, os resultados indicam um papel moderador da extroversão ΔF(3,1972)=19.133; p=.001 e da conscienciosidade ΔF(3,1972)=16.230; p=.001. Verificou-se que os jovens que percecionam um estilo democrático elevado e apresentam, ao mesmo tempo, níveis de extroversão e conscienciosidade mais altos revelam menores níveis de vitimação (Figura 1 e 2).
No que se refere à associação entre o estilo democrático da mãe e a agressão foi verificado a existência de um papel moderador por parte da variável neuroticismo ΔF(3,1972)=22.28; p=.001. Assim, verificou-se que mesmo na presença de elevados níveis do estilo democrático, quanto maiores fossem os índices de neuroticismo, maiores eram, também, os níveis de agressão (Figura 3).
Verificou-se, também, a presença de um papel moderador da conscienciosidade na associação entre o estilo democrático do pai e a agressão ΔF(3,1972)=17.15; p=.001. Os resultados indicam que quanto mais elevado era o estilo democrático e os níveis de conscienciosidade, menores eram os índices de agressão (Figura 4).
No que se refere à associação entre o estilo autoritário da mãe e a vitimação, os resultados indicam a presença de um papel moderador por parte da extroversão ΔF(3,1972)=29.71; p=.001 e da conscienciosidade ΔF(3,1972)=24.97; p=.001. Resultados idênticos foram apurados na associação entre o estilo autoritário do pai e a vitimação: extroversão ΔF(3,1972)=34.87; p=.001 e conscienciosidade ΔF(3,1972)=27.29; p=.001. Verificou-se que embora os jovens apresentassem níveis elevados de estilo autoritário em ambas figuras parentais, na presença de níveis de extroversão e conscienciosidade elevados, revelam menores índices de vitimação (Figura 5, 6, 7 e 8).
Ainda na associação entre o estilo autoritário da mãe e a vitimação verificou-se a presença de um papel moderador por parte do neuroticismo ΔF(3,1972)=73.95; p=.001. Os jovens que percecionavam elevados níveis do estilo autoritário, mas revelavam ao mesmo tempo níveis baixos de neuroticismo, apresentavam menores índices de vitimação (Figura 9).
Ainda no mesmo estilo, verificou-se um papel moderador da conscienciosidade na associação entre o estilo autoritário da mãe e o comportamento de agressão ΔF(3,1972)=23.44; p=.001. Verificou-se que mesmo na presença de níveis elevados do estilo autoritário, quanto maiores fossem os índices da conscienciosidade, menores eram os índices de agressão (Figura 10).
Por último, na associação entre o estilo permissivo dos pais e a vitimação verificou-se a presença de um papel moderador por parte da extroversão ΔF(3,1972)=20.36; p=.001. Na presença de um elevado estilo permissivo, todavia com níveis de extroversão mais altos, os níveis de vitimação eram menores (Figura 11).
Discussão
O presente estudo teve como principal objetivo analisar o papel dos estilos parentais e da personalidade no desenvolvimento de comportamentos de agressão e vitimação, assim como, testar o papel moderador da personalidade na associação anterior.
A realização da análise de regressão múltipla hierárquica, incluindo as variáveis relativas à personalidade, verificou que as mesmas controlam o efeito dos estilos parentais, verificando-se uma perda de significância. Assim, na presente amostra parece que a personalidade assume um papel mais significativo na predição de comportamentos de vitimação e agressão do que os estilos parentais. Estes resultados mostram que o núcleo familiar a que o adolescente e jovem adulto se encontra inserido é de grande importância, pois as vivências familiares são fundamentais para a formação da personalidade. Todavia com o desenvolvimento da personalidade ao longo da adolescência e em especial na jovem adultícia, os estilos parentais assumem menor relevância na vivência dos jovens. Esta questão poderá relacionar-se com um crescente envolvimento dos jovens adultos num contexto externo ao seio familiar, desenvolvendo maior autonomia face às suas tomadas de decisão.
Os resultados apontam, ainda, que o neuroticismo prediz positivamente os comportamentos de vitimação e agressão. Na medida em que o neuroticismo é caracterizado pela instabilidade emocional, pelo negativismo, falta de estratégias de coping e stresse, torna-se espectável que este se relacione com os comportamentos de bullying. Esta questão coloca-se porque as características do neuroticismo parecem criar suscetibilidades para que o adolescente seja vítima pela sua incapacidade de adaptação e pela forma como este vê o mundo. O mesmo ocorre com o facto de ser agressor, não existindo estratégias de coping adaptativas e a negatividade que vê em si e nos demais pode resultar em comportamentos menos apropriados com os pares, podendo assim levar a comportamentos agressivos. Estes resultados são consistentes com a evidência que aponta que o neuroticismo se encontra associado aos comportamentos de vitimação e agressão (e.g., Wilson & Nagy, 2017).
Tal como se esperava verificou-se que a amabilidade predizia negativamente a vitimação e agressão, e a conscienciosidade predizia negativamente a agressão. Estes resultados sugerem que a tendência dos jovens para mostrar autodisciplina e estabelecer relacionamentos interpessoais positivos estabelece um fator protetor face aos comportamentos de vitimação e/ou agressão. Estes resultados vão ao encontro da perspetiva de Costa e McCrae (1992) que realça que a amabilidade e conscienciosidade denotam a capacidade de solidariedade e cooperatividade, sendo características de indivíduos organizados e disciplinados. Para além disto, considera-se que a existência de respeito pelos pares, a responsabilidade e a conscienciosidade pelas próprias ações, denotam a capacidade de não menosprezar e ignorar os outros. Estes resultados são, em parte, consistentes com as conclusões de Zou et al. (2014), que verificaram que a conscienciosidade predizia negativamente os comportamentos de bullying.
Os resultados obtidos apontam, também, a presença de contributo significativo do sexo masculino nos comportamentos de agressão. Estes resultados vão ao encontro da literatura que demonstra uma maior propensão do sexo masculino para problemas de externalização que constituem um importante preditor das condutas agressivas. Os dados encontrados corroboram investigações anteriores que apuram que o sexo feminino é mais amável, tolerante e menos agressivo do que o sexo masculino (e.g., Binsfeld & Lisboa, 2010). Denotar que embora a personalidade se apresente como o principal preditor dos comportamentos de bullying neste estudo – o que é consistente com a evidência empírica prévia –, a interpretação destes resultados deve ser realizada com a devida atenção uma vez que a personalidade pode ainda se não encontrar totalmente estabilizada na adolescência.
Por último e de acordo com os objetos propostos, os resultados apontam para o papel moderador do neuroticismo, da extroversão e da conscienciosidade na associação entre os estilos parentais e os comportamentos de vitimação e agressão. Assim, verificou-se que quanto mais elevado era o estilo democrático e na presença de níveis altos de extroversão e conscienciosidade, menores eram os níveis de vitimação. Resultados semelhantes foram obtidos na associação entre o estilo autoritário de ambos os pais e a vitimação por parte da conscienciosidade e extroversão. O mesmo ocorreu na associação entre o estilo permissivo do pai e a vitimação por parte da extroversão. Estes resultados parecem, assim, sugerir a extroversão e a conscienciosidade enquanto importantes fatores de proteção face à vitimação. De notar, também, que estas são variáveis de personalidade que se caracterizam por níveis elevados de socialização, cooperatividade e solidariedade com os outros, o que por sua vez, poderá levar a uma menor propensão para a vitimação. Estas conclusões parecem ir ao encontro da literatura que aponta que a experiência de estados emocionais positivos, assim como, a capacidade de empenho e compromisso promove, não raras vezes, relacionamentos interpessoais de qualidade e sentimentos de valorização pessoal o que constitui importantes fatores protetores face à vitimação (e.g., Costa & McRae, 1992; Wilson & Nagy, 2017).
Verificou-se, também, que na presença de níveis reduzidos do estilo democrático do pai mas de índices elevados de conscienciosidade, os níveis de agressão eram menores. Para além disto, pôde constatar-se que a presença de elevados níveis do estilo autoritário da mãe e de conscienciosidade se associavam a menores índices de agressão. Desta feita, sugere-se que a conscienciosidade estabelece um importante fator protetor face ao desenvolvimento de comportamentos de vitimação na adolescência e jovem adultícia. Denotar que a conscienciosidade é uma variável da personalidade que se caracteriza pela cooperatividade e solidariedade com os demais, pelo que a sua ausência pode levar a uma maior propensão para comportamentos de agressão, uma vez que existe uma menor capacidade para a compreensão do impacto dos seus atos. Os resultados obtidos são, em parte, consistentes com a literatura que sugere que a conscienciosidade prediz negativamente os comportamentos de bullying (e.g., Wilson & Nagy, 2017; Zou et al., 2014).
Os resultados observados sugerem ainda que mesmo na presença de um baixo estilo autoritário, níveis elevados de neuroticismo traduzem índices de agressão igualmente mais elevados. Verificou-se também que o neuroticismo moderava a relação entre o estilo autoritário da mãe e a vitimação, sendo que elevados níveis de neuroticismo se associavam a uma maior predisposição para a vitimação, mesmo na presença de um baixo estilo autoritário. Estes resultados parecem, assim, sugerir que o neuroticismo estabelece um importante fator preditor dos comportamentos de agressão e vitimação independentemente do estilo parental implementado no seio familiar. Denotar que o neuroticismo se caracteriza pela instabilidade emocional, falta de capacidade de adaptação a novas situações e ao negativismo quanto a si e aos outros. Estas características podem fazer com que os jovens estejam mais propensos a participar em comportamentos de agressão, devido às fracas capacidades de ultrapassar e enfrentar os problemas de forma construtiva, recorrendo à violência e agressividade. Relativamente à vitimação estas características podem fazer com que os jovens sejam menos capazes de enfrentar situações de agressão dirigidos a eles (Costa & McCrae, 1992). Estes dados vão ao encontro da evidência empírica prévia que aponta o neuroticismo como um preditor consistentes dos comportamentos de agressão e vitimação (e.g., Mitsopoulou & Giovazolias, 2015; Wilson & Nagy, 2017).
Como nota final cabe destacar as implicações práticas inerentes à realização do presente estudo, nomeadamente a compreensão que determinadas condutas parentais e características da personalidade dos jovens podem assumir no desenvolvimento de comportamentos de agressão e vitimação. O presente estudo sugere que a extroversão e a conscienciosidade funcionam como fatores protetores face ao desenvolvimento de comportamentos de vitimação e agressão, e o neuroticismo como um importante potenciador destes comportamentos. Deste modo, ressalta-se que ao longo deste trabalho foi possível conhecer o impacto que os estilos parentais e a personalidade assumem no desenvolvimento de comportamentos de bullying. Pelo exposto, espera-se que as conclusões elencadas possam contribuir para um conhecimento mais próximo da realidade atual acerca dos comportamentos de bullying mediante a identificação/clarificação de fatores de risco e proteção. Poderá revelar-se, também, pertinente desenvolver módulos de formação socioeducativa no contexto escolar por forma a auxiliar os docentes e os auxiliares da ação educativa a identificar situações potenciais de risco face aos comportamentos de vitimação e agressão.
Relativamente às limitações do estudo, importa considerar as questões do ambiente da recolha de dados, que decorreu em contexto de sala de aula, podendo estar presente um risco de viés nos resultados. Este efeito pode ocorrer devido ao contexto em que os alunos se encontravam, o que os pode ter levado a responder de acordo com o desejável socialmente. Ressalta-se, também, a subjetividade inerente aos dados, uma vez que, estes foram recolhidos sob a forma de questionários de autorrelato. A par disto salienta-se que na presente investigação apenas se analisou o bullying a nível físico e verbal pelo que os resultados não poderão ser generalizados para outras tipologias de bullying. Deste modo, considera-se que seria relevante, em investigações futuras, a realização de entrevistas aos participantes de forma a obter dados mais específicos, bem como, a análise de outros tipos de bullying (cyberbullying). A inclusão de outras variáveis relacionais como a qualidade da ligação aos pais, pares e par amoroso e de indicadores de psicopatologia, poderia também revelar-se importante para uma compreensão mais efetiva acerca dos comportamentos de bullying nestas faixas etárias. A realização de investigações longitudinais seria ainda relevante no sentido de estabelecer relações de causa efeito e, assim, testar o efeito das variáveis em estudo nas diferentes etapas desenvolvimentais inerentes à adolescência e jovem adultícia. Para além disso, seria pertinente em futuras investigações analisar o papel dos estilos parentais e da personalidade no desenvolvimento de comportamentos de agressão e vitimação, tomando em consideração as diferenças de género e grupos etários dos jovens. Pelo exposto, espera-se que as conclusões formuladas possam contribuir para uma maior consciencialização a nível familiar e escolar, acerca da problemática dos comportamentos de agressão/vitimação. Espera-se neste sentido, que as presentes conclusões possam contribuir/orientar para o desenvolvimento de programas de prevenção/intervenção em contexto escolar, enfatizando a relevância das características disposicionais dos jovens nesta problemática.
Referências
Arnett, J. (2007). Emerging adulthood: What is it, and what is it good for?. Child Development Perspectives, 1, 68-73. Retrieved from http://psycnet.apa.org/doi/10.1111/j.1750-8606.2007.00016.x [ Links ]
Baumrind, D. (1991). The influence of parenting style on adolescent competence and substance use. Journal of Early Adolescence, 11, 56-95. [ Links ]
Bertoquini, V., & Pais-Ribeiro, J. L. (2006). Estudo de formas muito reduzidas do modelo dos cinco factores da personalidade. Psychologica, 43, 193-210. [ Links ]
Binsfeld, A., & Lisboa, C. (2010). Bullying: Um estudo sobre papéis sociais, ansiedade e depressão no contexto escolar do Sul do Brasil. Interpersona: An International Journal on Personal Relationships, 4, 74-105. Disponível em https://doi.org/10.5964/ijpr.v4i1.44 [ Links ]
Cerezo, F., Ruiz-Esteban, C., Lacasa, C. S., & Gonzalo, J. J. A. (2018). Dimensions of parenting styles, social climate, and bullying victims in primary and secondary education. Psicothema, 30, 59-65. Retrieved from http://dx.doi.org/10.7334/psicothema2016.360 [ Links ]
Costa, P., & McCrae, R. (1992). Revised neo personality inventory and neo five factor inventory (NEO-FFI) professional manual. Odessa, FL: Psychological Assessment Resources. [ Links ]
Diaz-Aguado, M. J., Arias, M. R., & Seoane, M. G. (2004). Prevención de la violencia y la exclusión social. Madrid: Instituto de la Juventud. [ Links ]
Fleming, M. (2005). Entre o medo e o desejo de crescer: Psicologia da adolescência. Porto: Edições Afrontamento. [ Links ]
Fossati, A., Borroni, S., & Maffei, C. (2012). Bullying as a style of personal relating: Personality characteristics and interpersonal aspects of self-reports of bullying behaviours among Italian adolescent high school students. Personality and Mental Health, 95, 86-95. Retrieved from https://doi.org/10.1002/pmh.1201 [ Links ]
Hayes, A. (2016). The PROCESS macro for SPSS and SAS v2.16. Disponível em http://www.processmacro.org [ Links ]
Huver, R. M. E., Otten, R., Vries, H., & Engels, R. C. M. E. (2010). Personality and parenting style in parents of adolescents. Journal of Adolescence, 33, 395-402. Retrieved from https://doi.org/10.1016/j.adolescence.2009.07.012 [ Links ]
Luk, J. W., Patock-Peckham, J. A., Medina, M., Terrell, N., Belton, D., & King, K. M. (2016). Bullying perpetration and victimization as externalizing and internalizing pathways: A retrospective study linking parenting styles and self-esteem to depression, alcohol use, and alcohol-related problems. Substance Use Misuse, 51, 113-125. Retrieved from https://doi.org/10.3109/10826084.2015.1090453 [ Links ]
Marôco, J. (2014). Análise estatística com o SPSS Statistics (6ª ed.). Lisboa: Sílabo. [ Links ]
Martins, M. (2005). Agressão e vitimação entre adolescentes, em contexto escolar: Um estudo empírico. Análise Psicológica, XXIII, 401-425. [ Links ]
Martins, M. J. D., & Castro, F. V. (2010). How is social competence related to aggression and/or victimization in school?. International Journal of Developmental and Educational Psychology, 3, 305-315. [ Links ]
Mitsopoulou, E., & Giovazolias, T. (2015). Personality traits, empathy and bullying behavior: A meta-analytic approach. Aggression and Violent Behavior, 2, 61-72. Retrieved from https://doi.org/10.1016/j.avb.2015.01.007 [ Links ]
Nunes, F., & Mota, C. P. (2018). Parenting Styles and Dimensions Questionnaire – Adaptação da versão portuguesa de heterorrelato. Revista Colombiana de Psicología, 27, 117-131. Retrieved from https://doi.org/10.15446/rcp.v27n1.64621
Robinson, C. C., Mandleco, B., Olsen, S. F., & Hart, C. H. (1995). Authoritative, authoritarian, and permissive parenting practices: Development of a new measure. Psychological Reports, 77, 819-830. Retrieved from https://doi.org/10.2466/pr0.1995.77.3.819 [ Links ]
Wilson, C. J., & Nagy, M. S. (2017). The effects of personality on workplace bullying. The Psychologist Manager Journal, 20, 123-147. Retrieved from http://dx.doi.org/10.1037/mgr0000054 [ Links ]
Zou, M. L., Ganguli, N., & Shahnawaz, G. (2014). Personality and connectedness as predictors of school bullying among adolescent boys. Journal of Indian Association for Child and Adolescent Mental Health, 10, 249-270. [ Links ]
A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: Catarina Pinheiro Mota, UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Quinta de Prados, 5001-801 Vila Real, Portugal. E-mail: catppmota@utad.pt
Esta investigação é parcialmente suportada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia – FCT (PEst-C/PSI/UI0050/2011) e FEDER através do programa COMPETE no âmbito do projeto FCOMP-01-0124FEDER-022714.
Submissão: 02/06/2018 Aceitação: 06/05/2019