SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.22 número1Psicologia positiva e saúde: desenvolvimento e intervenções índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Psicologia, Saúde & Doenças

versão impressa ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças vol.22 no.1 Lisboa abr. 2021  Epub 30-Abr-2021

https://doi.org/10.15309/21psd220101 

Prefácio

Número da Revista dedicado à “Psicologia Positiva”

Daniela Zanini1 

José Luis Pais Ribeiro2  3 

1Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia, Goiânia/Brasil, dazanini@yahoo.com

2WJCR - William James Center for Research, ISPA - Instituto Universitário, Lisboa, Portugal, jlpr@fpce.up.pt

3FPCE - Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação, Universidade do Porto, Portugal


A Psicologia Positiva (PP) instalou-se no virar do século. Em 2000 Martin Seligman e Mihaly Csikszentmihalyi propõem uma definição da PP e, assim, se formaliza uma nova área de intervenção e de investigação. Após a Segunda Grande Guerra Mundial, a Psicologia tinha voltado sua atenção ao apoio às pessoas afetadas psicologicamente pelos acontecimentos da época. Com o advento da PP afirma-se uma orientação para quem não tinha déficit, ou seja, para o florescimeto e desenvolvimento saudável. De facto, desde o início do século XX muitos autores já haviam chamado a atenção para essa limitação da psicologia, com relação ao foco nos aspectos adoecidos do ser humano. Contudo, é no virar do século que, talvez expressando a vontade de mudança para um universo mais positivo, estes estudos passam a se agrupar em torno da PP

Seguiram-se muitas discussões sobre o que era realmente a PP e dessas discussões parece ter havido clarificações e repostas a inúmeras questões, nomeadamente, parecia das definições iniciais que a PP só abordava as pessoas que estavam bem. A este primeiro momento histórico da PP denominou-se primeira onda.

Estávamos no virar do século. A Organização Mundial de Saúde aprova o documento “Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde” que substitui o anterior documento “Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades e Limitações” que vinha de 1976 onde a disfunção passava a ser vista como funcionalidade. Olhar o mundo de um modo positivo acontecia também noutras áreas de conhecimento, e encontramos termos como, “Positive Clinical Psychology”, “Positive Health”,” Positive Mental Health”, “Positive Epidemiology”, “Positive Education”, “Positive Psychiatry”, “Positive Neuroscience”, “Positive Organizations”, “Positive Economics”, ou “Positive Government”. Ou seja, parecia que o mundo estava a mudar e que estava preparado para ver o copo meio cheio em vez de meio vazio que era a metáfora da PP. Contudo, se em um primeiro momento a PP começou por focar o positivo depressa mudou para o enfoque na experiência humana que é composta de positivo e negativo. Este momento mais amadurecido foi reconhecido posteriormente como a segunda onda da PP.

Neste conjunto de artigos abordaremos o desenvolvimento teórico da PP assim como sua aplicação em diferentes temas relativos à saúde e às doenças. Ou seja, a PP na promoção e na manutenção da saúde, e na prevenção primária, secundária e terciária das doenças, o que aliás vai ao encontro das críticas de Seligman quando dizia que a psicologia não se interessava pela prevenção. O leitor poderá disfrutar de temas de intervenção amplos que tentam mostrar o ponto de vista da PP em doenças complexas e graves como seja a lepra/hanseníase, ou doença de Hansen, em pessoas em hemodiálise, um tratamento complexo e pesado necessário para garantir a sobrevivência, em pessoas com HIV/sida, em doentes internados de longa duração, em pessoas submetidas a cirurgias complexas, em pessoas com dor crónica, assim como em população comunitária e sem doença.

Ou seja, reconhece-se que a PP ajuda a promover o bem-estar das pessoas em todas as condições, na saúde e na doença, na infância, na adultez e na velhice, no emprego, ou no casamento. Este número especial é o reconhecimento do papel importante que as variáveis e a orientação da PP têm para a vida do dia a dia em pessoas em todas as condições, sociais, de saúde e de doença, ou de desenvolvimento.

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons