INTRODUÇÃO
O aumento da esperança média de vida da população e o consequente aumento das cirurgias ortopédicas, nomeadamente da artroplastia da anca, tem sido um ganho no campo da saúde, permitindo controlar a osteoartrose, a incapacidade e a dor secundária a esta. Todavia a cirurgia não é isenta de riscos. O tipo de cirurgia, a dor perioperatória, os défices funcionais (anteriores à cirurgia) e a diminuição da mobilidade no pós-operatório, podem traduzir-se, temporária ou definitivamente, em incapacidade, o que aliado a internamentos cada vez mais curtos, implica uma mudança de paradigma na prestação e organização dos cuidados a estas pessoas, com um enfoque claro na capacitação para a promoção do autocuidado1.
Esta questão assume uma maior relevância quando as pessoas submetidas a artroplastia apresentam risco acrescido de fragilidade, imposto pelas comorbidades ou dependência prévia no autocuidado1. A diminuição do tempo médio de internamento e o regresso atempado a casa, muitas vezes, sem a garantia da continuidade de cuidados de reabilitação aumenta o risco de perda de capacidade funcional após a cirurgia.
As pessoas são vulneráveis a experiências de perda de continuidade de cuidados, necessitando de apoio para continuar as orientações e desenvolverem competências específicas para manterem os cuidados iniciados no hospital1-2. A continuidade de cuidados garante a melhoria da qualidade dos mesmos e constitui uma estratégia adequada para uma política a seguir pelos diferentes serviços de saúde2.
Algumas instituições têm criado ou implementado programas estruturados para a capacitação, tanto para a pessoa submetida à cirurgia como do familiar cuidador e facilitar o regresso a casa. A existência de uma, ou mais, consultas pré-operatórias, com envolvimento do cuidador é importante para o esclarecimento de dúvidas e ensinos sobre a cirurgia, mas também para a compreensão e adesão ao programa de reabilitação3. Todavia, muitos serviços de ortopedia continuam sem ter um programa de recuperação planeado e estruturado desde o pré ao pós-operatório, incluído a preparação do regresso a casa, contribuído para a perda da independência, do potencial de marcha e da capacidade de autocuidado1,4. A ausência de programas de reabilitação aumenta o tempo de internamento e o tempo de recuperação, com impacto negativo na independência e capacidade funcional da pessoa4,5.
O Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação tem uma responsabilidade diferenciada não só na gestão do cuidado à pessoa com coxartrose, mas também na capacitação da sua família5 e na prevenção da desfragmentação dos processos de reabilitação entre os níveis de cuidados (hospital e cuidados de saúde primários)1. Esta desfragmentação ou descontinuidade de cuidados especializados de reabilitação é pouco explorada na literatura, mas a diminuição do tempo médio de internamento e a contenção económica impõem uma articulação entre os EEER de ambos os contextos de cuidados de saúde, para garantir a segurança e a continuidade de cuidados à pessoa e ao seu familiar cuidador1.
Tanto a questão da capacitação como da continuidade de cuidados são centrais nos programas estruturados de reabilitação da pessoa submetida a artroplastia da anca.
Os autores são consensuais a advogar que estes programas melhoram a recuperação pós-operatória, reduzem a ansiedade, fortalecem, a confiança da pessoa, melhoram a satisfação durante o internamento, reduzem custos, permitindo uma alta hospitalar mais rápida e em melhores condições1,4,6 e centrando o foco de cuidados no doente e na sua família6.
Face ao exposto é objetivo desta Revisão Integrativa da Literatura (RIL) - Determinar as vantagens da consulta de preparação pré-operatória na evolução da funcionalidade pós-operatória da pessoa submetida a artroplastia da anca.
MÉTODO
O ponto de partida para o desenvolvimento da presente Revisão Integrativa da Literatura (RIL) foi a seguinte questão de investigação, elaborada de acordo com a mnemónica PEO (Population and their Problem; Exposure; Outcome and themes): “Quais as vantagens da consulta pré-operatória na reabilitação da pessoa submetida a artroplastia da anca?”.
A opção por uma RIL justifica-se por o método possibilitar a síntese do conhecimento e a incorporação dos resultados na prática7. Na sua elaboração seguimos um protocolo com seis etapas: identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa, estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos, definição das informações a serem extraídas, avaliação dos estudos incluídos, interpretação dos resultados e apresentação da revisão/síntese do conhecimento8.
A definição da pergunta possibilitou a definição dos critérios de elegibilidade dos artigos a incluir nesta RIL, com a finalidade de aumentar o rigor na pesquisa, delimitar o fenómeno em estudo e facilitar a identificação, leitura, extração e análise dos achados.
Na tabela 1 estão representados os critérios de inclusão para os estudos primários.
Tabela 1 Critérios de inclusão dos estudos da RIL. Lisboa; 2018
Critério de inclusão | |
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Participantes e o seu problema | Pessoas adultas (com idade superior a 18 anos), de ambos os sexos, submetidas a artroplastia da anca. |
Tipo de estudo | Estudos primários de natureza qualitativa e/ou quantitativa, revisões sistemáticas da literatura, revisões integrativas da literatura, scoping review e protocolos ou normas de orientação clínica. |
Contexto | Internamento Hospitalar |
Fenómeno de interesse | Consulta pré-operatória em programas estruturados de reabilitação na artroplastia da anca. |
A pesquisa efetuada foi realizada em Abril e Maio de 2018. Os descritores, usados em português, espanhol e inglês e em associações (AND e OR) foram: Orthopaedic patient (or orthopaedic chirurgic) AND Preoperative Education (or pre-operative self-efficacy education or patient education or education program) AND Hip Replacement (or joint replacement or arthroplasty).
A pesquisa foi efetuada nas bases de dados disponíveis nas plataformas da EBSCO, B-On, SCOPUS, ISI e JBI. O limite temporal estabelecido para a seleção dos artigos foi de 2013 a 2018, esta opção deveu-se ao estado de arte e à necessidade de identificar estudos recentes, dado que este tipo de cirurgia tem evoluído nos últimos, o tempo médio de internamento tem diminuído e por isso há variáveis nas pesquisas anteriores que não são sensíveis ao contexto atual.
A estratégia de pesquisa permitiu identificar 1258 artigos. A leitura do título permitiu eliminar 11 que estavam repetidos, a leitura do resumo possibilitou eliminar 1211, os restantes 36 artigos foram lidos na integra. Nesta fase foram eliminados 20 estudos: em 8 a amostra foram pessoas com artroplastia da anca e do joelho e os resultados não possibilitavam a avaliação das vantagens da consulta pré-operatória para as que foram submetidas a artroplastia da anca. Os restantes 12 artigos foram suprimidos porque não respondiam à questão de investigação. A amostra final ficou constituída por 16 artigos (Figura 1).

Figura 1 Fluxograma de seleção dos artigos para a RIL, elaborado a partir das recomendações PRISMA. Lisboa; 2018
Elaborou-se uma tabela com as informações a serem extraídas: artigo; autor(es), (ano de publicação), tipo de artigo; objetivo(s), métodos (se aplicável) e principais resultados.
RESULTADOS
Os 16 estudos que integram a amostra bibliográfica não são homogéneos, tem objetivos e desenhos diferentes, desde revisões, a estudos primários com abordagens quantitativas e qualitativas. Todavia as diferenças metodológicas a interpretação das fontes permitiu dar resposta à questão de investigação. No Quadro 1 apresentam-se os resultados extraídos dos artigos sobre as vantagens da consulta pré-operatória para as pessoas que são submetidas a artroplastia da anca.
Quadro 1 Amostra bibliográfica da RIL. Lisboa, 2018
Artigo | Autores (ano) | Resultados do Estudo |
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Pre-operative self-efficacy education vs. usual care for patients undergoing joint replacement surgery: a pilot randomized controlled trial | Cooke et al. (2016)3 | A educação pré-operatória encoraja as pessoas a assumir um papel central na sua recuperação promovendo resultados positivos a longo prazo. Tal evidência encoraja à existência de diretrizes clínicas sobre a implementação de uma intervenção educativa específica no pré-operatório, assim como a promover cuidados de enfermagem de alta qualidade e melhorar os resultados nas pessoas. |
Enhanced Recovery in Orthopedics: A Prospective Audit of an Enhanced Recovery Program for PatientsUndergoing Hip or Knee Arthroplasty | Brennan, Parsons (2017)4 | Programas de recuperação estruturados ajudam a reduzir o tempo de internamento, melhoram os resultados da cirurgia e aumentam a satisfação. O estudo salienta a melhor gestão da dor, redução de náuseas e vómitos, e recuperação mais rápida através de uma abordagem interprofissional. |
Total Hip Arthroplasty: Providing Preoperative Care for the Patient Undergoing | Schub, Caple (2017)9 | Os cuidados pré-operatórios preparam a pessoa fisicamente; reduzem o risco de complicações, nomeadamente de infeções; permitem o despiste de infeções e a avaliação da condição física. Tem efeito positivo na redução da ansiedade. Tem impacto social ao permitir a antecipação das necessidades de cuidados e apoio pós-operatório adequado no regresso a casa. |
Difference Between Received and Expected Knowledge of Patients Undergoing Knee or Hip Replacement in Seven European Countries | Klemetti et al. (2015)10 | A educação tem efeito positivo na funcionalidade. Os autores recomendam que a informação não deva incidir apenas nas questões físicas e funcionais, como é comum, recomendando uma abordagem mais holística e multidimensional. |
Education Attainment is Associated With Patient-reported Outcomes: Findings From the Swedish Hip Arthroplasty Register | Greene et al. (2014)11 | Os profissionais de saúde necessitam de ensinar sobre dos riscos associados à cirurgia e ajuda a definir expectativas realistas no pós-operatório. Os ensinos individualizados às características sociodemográficas e de escolaridade podem melhorar a satisfação da pessoa, diminuir a dor e os custos associados a este tipo de cirurgia. |
Enhanced care for primary hip arthroplasty: factors affecting length of hospital stay | Panteli et al. (2013)12 | Gerir a expectativa da pessoa e uma melhor preparação para a cirurgia é claramente um fator importante na redução do tempo médio de internamento. |
Patient Education: Teaching the Surgical Patient | Heering, Engelke (2017)13 | A educação pré-operatória fornece a oportunidade de aquisição de conhecimentos, melhoria da capacidade de executar habilidades de autocuidado e reforça a capacidade de lidar com o experiência cirúrgica. A educação pré-operatória é eficaz, consegue reduzir custos, diminuir o internamento pós-operatório no hospital e melhorar o conhecimento das habilidades de autocuidado, os comportamentos de autocuidado e a gestão de sinais e sintomas. |
No major effects of preoperative education in patients undergoing hip or knee replacement - a systematic review |
Aydin et al (2015)14 | Não houve nenhuma evidência convincente a favor da consulta pré-operatória sobre a dor, o tempo médio de internamento, a satisfação, as complicações pós-operatórias, a mobilidade e as expectativas. Há evidência do efeito da consulta na redução da ansiedade pré-operatória. |
Patients ’ conceptions of preoperative physiotherapy education before hip arthroplasty | Jäppinen, Hämäläinen, Kettunen, Piirainen (2015)15
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A educação pré-operatória, leva a pessoa a adquirir conhecimentos, que devem ser demonstrados com elementos práticos. Isto requer uma relação de confiança entre a pessoa e o profissional de saúde, numa perspetiva de preparação para a reabilitação. |
Patients’ experiences from an education programme ahead of orthopaedic surgery - a qualitative study | Conradsen, Gjerseth, Kvangarsnes (2016)16
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O programa de educação pré-operatória promoveu a aceitação da cirurgia. Para construir uma relação de confiança a educação pré-operatória deve ser em grupo e individual e deve ser realizada de forma a estimular e apoiar a confiança na equipa. A informação deve ser realista e precisa. |
Preoperative Education for Hip and Knee Replacement: Never Stop Learning | Edwards, Mears, Barnes (2017)17 | As aulas de educação pré-operatória são um elemento essencial para uma participação bem-sucedida da pessoa no processo de recuperação. |
Pre-operative education prior to elective hip arthroplasty surgery improves postoperative outcome | Moulton, Evans, Starks & Smith (2016)18
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A educação pré-operatória produz internamentos mais curtos e redução de custos. Há também efeitos sobre os scores de mobilização, que melhoram no pós-operatório. |
The effectiveness of orthopedic patient education in improving patient outcomes: a systematic review protocol | Majid, Lee, Plummer (2015)19 | Resultados significativos ao nível da diminuição do n.º de dias de internamento, das pessoas que receberam educação pré-operatória, comparada as pessoas que não receberam qualquer tipo de educação ou informações. |
The perioperative dialogue - a model of caring for the patient undergoing a hip or a knee replacement surgery under spinal anaesthesia | Pulkkinen, Junttila, Lindwall (2016)20 | A preparação pré-operatório estruturada permite criar maior empatia entre a pessoa e os profissionais e vai de encontro dos desejos de cada indivíduo, garantindo assim uma maior qualidade dos cuidados prestados. |
Unfulfilled Expectations After Total Hip and Knee Arthroplasty Surgery: There Is a Need for Better Preoperative Patient Information and Education | Tilbury et al. (2016)21 | Ajuda na gestão das expectativas peri-operatórias, que foram satisfeitas ou mesmo ultrapassadas com a consulta pré operatória. Efeito no controlo da dor e na promoção da função. |
Preoperative education for hip or knee replacement (Review) | McDonald, Page, Beringer, Wasiak, Sprowson (2014)22 | A educação pré-operatória pode representar um cuidado adjuvante, com baixo risco de efeitos indesejáveis, particularmente em certas pessoas, com depressão, ansiedade ou expectativas irrealistas. |
DISCUSSÃO
Os estudos desta pesquisa são heterogéneos, com desenhos de estudo diferentes, uns qualitativos, outros quantitativos. Há diferenças consideráveis em termos de amostra, intervenção implementada, conceitos usados, medidas e momentos de avaliação da eficácia da consulta e do seu impacto na funcionalidade da pessoa submetida a artroplastia. Os instrumentos para avaliação da evolução da funcionalidade são dispares, alguns não estão validados para a população portuguesa, o que dificulta a comparação e a discussão dos resultados.
Os achados, desta revisão, vão de encontro à literatura sobre o tema, que refere como benefícios da consulta pré-operatória: a diminuição da ansiedade, do stress, da dor e do tempo médio de internamento (2,5 dias-3,4 dias)4,9,21,23-24; a promoção da independência para o autocuidado e para a realização das atividades de vida diária)25-26; garantido a autonomia da pessoa e da sua família durante a prestação de cuidados1,23.
Atualmente existem programas específicos para a recuperação e reabilitação da pessoa submetida a artroplastia total da anaca, como o programa Rapid Recovery, que tem enorme consenso a nível internacional pelo impacto na recuperação e reabilitação das pessoas submetidas a cirurgia. Este tem como principal fundamento fazer com que a pessoa seja participante ativa na sua reabilitação, através da educação e preparação pré-operatória, otimizando os recursos e capacidades individuais, tendo por base uma abordagem multidisciplinar, envolvendo ao longo do mesmo cirurgiões, anestesistas, enfermeiros generalistas e especialistas em reabilitação, fisioterapeutas, farmacêuticos e até mesmo pessoas que foram anteriormente sujeitas à mesma cirurgia27. O programa reduz a ansiedade, fortalece a confiança da pessoa, melhora a satisfação do doente durante o internamento, reduz custos para o hospital, permitindo uma alta hospitalar mais rápida13,27.
O facto de ser efetuada uma a três semanas antes da cirurgia possibilita o despiste de infeções e a avaliação da condição física pré-cirurgia9, o que contribui para o aumento da segurança operatória e permite individualizar o programa de reabilitação em função da mobilidade, força muscular e amplitude articular pré-operatória.
A educação pré-operatória fornece não só a oportunidade de aquisição de conhecimentos sobre a cirurgia e implicações no autocuidado, após a colocação da prótese, mas também a possibilidade de ensinar e treinar habilidades, em segurança, prevenindo movimentos luxantes durante a realização de atividades de vida diária9. Simultaneamente, ajuda na gestão das expectativas peri-operatórias21. Porém, para atingir a sua finalidade os ensinos têm de ser individualizados às características sociodemográficas e de escolaridade da população alvo11.
Os autores reforçam ainda a importância da consulta para aumento da adesão ao programa de reabilitação peri-operatório e advogam que a conjugação da consulta com uma intervenção adequada de reabilitação contribui para o aumento da independência funcional no momento da alta1,24, diminui as complicações associadas ao internamento e os reinternamentos, até pelo facto de contribuir para comportamentos de autocuidado seguros e para a gestão de sinais e sintomas1,13.
Por outro lado, a preparação antes do internamento para cirurgia, com inclusão de um programa de reabilitação motora e respiratória, prepara a pessoa fisicamente para a cirurgia e programa de reabilitação após a artroplastia9, garantindo ganhos funcionais, com a mobilização, levante nas primeiras 24 horas após a cirurgia e treino de marcha precoce, o que promove ganhos na execução das atividades de vida diária, dado que a marcha é o autocuidado que mais influencia os outros autocuidados28.
Na revisão da literatura emerge com um beneficio da consulta pré-operatória a influência positiva na experiência de internamento13, este é um indicador, usualmente, descurado e não mensurado pela investigação. Os autores acrescem que a consulta e organização dos cuidados melhora a experiência de internamento e permite lidar melhor com a cirurgia, contribuindo para a satisfação com os cuidados4,13. Motivo pelo qual os profissionais de saúde devem estender a educação pré-operatória aos riscos associados à cirurgia e ajudar a definir expectativas realistas no pós-operatório11.
A gestão da expectativa da pessoa e uma boa preparação para a cirurgia são fatores majores para a redução do tempo de internamento12. No entanto, numa das pesquisas que integram esta RIL os investigadores não encontraram evidência convincente a favor da consulta pré-operatória sobre a dor, o tempo médio de internamento, a satisfação, as complicações pós-operatórias, a mobilidade e as expectativas14. Os autores só referem evidência no efeito da consulta na redução da ansiedade pré-operatória14.
Face ao exposto é possível confirmar os resultados dos estudos que advogam como grande vantagem da consulta a redução dos custos11,13. A educação pré-operatória pode representar um cuidados adjuvante, com baixo risco de efeitos indesejáveis, particularmente em pessoas, com depressão, ansiedade ou expectativas irrealistas22.
De salientar ainda o elevado valor social deste tipo de programas ao permitir a antecipação das necessidades e apoio adequado após a alta, no momento do regresso a casa9 e a necessidade de desenvolver uma relação de confiança entre a pessoa e o profissional de saúde, numa perspetiva de preparação para a reabilitação15.
CONCLUSÃO
A consulta pré-operatória associada a programas estruturados, multiprofissionais, de reabilitação iniciados ainda na fase pré-operatória, tem vantagens, nomeadamente sobre a gestão eficaz da dor, da angústia e da ansiedade; aumenta os conhecimentos sobre a cirurgia e alterações no autocuidado, diminui o tempo médio de internamento com ganhos económicos e melhor aceitação e adesão ao programa de reabilitação individualizado pré-estabelecido.
De referir que a falta destes programas leva a dificuldades desde a admissão até à falta do planeamento da alta, com impacto negativo no autocuidado e na dependência/independência no momento do regresso a casa. A falta de informação e de organização dos cuidados, em torno do processo de reabilitação da pessoa e sua família pode levar a que o internamento seja vivido com dúvidas e desconhecimento do programa de reabilitação, condicionando que no momento da alta a pessoa esteja em piores condições funcionais do que antes da cirurgia.