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Revista de Ciências Agrárias

versão impressa ISSN 0871-018Xversão On-line ISSN 2183-041X

Rev. de Ciências Agrárias vol.47 no.1 Lisboa mar. 2024  Epub 28-Fev-2024

https://doi.org/10.19084/rca.34861 

Artigo

O ensino da Herbologia na Escola Superior Agrária de Beja

Teaching weed management at the Escola Superior Agrária de Beja

João Portugal1  2 

1IPBEJA - Instituto Politécnico de Beja, Portugal

2MED - Instituto Mediterrâneo para Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento & CHANGE-Global Change and Sustainability, University of Évora-PM, Apartado 94, 7006-554 Évora, Portugal


Resumo

O ensino da Herbologia em Portugal na atualidade restringe-se a apenas três Instituições de ensino Superior: Instituto Superior de Agronomia, Escola Superior Agrária de Viseu e Escola Superior Agrária de Beja. A Escola Superior Agrária de Beja (ESA) no ano letivo de1986/87 lecionou o seu primeiro Curso, denominado Curso de Produção Agrícola. O plano de estudos deste Curso contemplava a disciplina de Controlo de Infestantes. A inclusão de uma disciplina na área da Herbologia constitui um marco importante para esta área do conhecimento porquanto, à data, era o único Curso conferente do grau de Bacharelato cujo curriculum incluía uma disciplina nesta área. No ano letivo de 1995/96 a ESA passa a ministrar Cursos que tomam a denominação de Engenharias Técnicas. É no Curso de Engenharia Técnica da Produção que a disciplina de Controlo de Infestantes tem continuidade. No ano letivo de 2001/02 a disciplina toma a designação de Herbologia, passando a ser lecionada no Curso de Engenharia Agropecuária-Ramo Regadio. No ano letivo seguinte (2002/03) é criado um Curso Bietápico, que toma a designação de “Gestão dos Sistemas Agrícolas e Ambientais”. É neste novo plano de estudos que a Herbologia tem continuidade. Quatro anos letivos mais tarde (2006/07) tem início o Mestrado em Produção Integrada fazendo parte do Curriculum a Unidade Curricular (UC) de Gestão de Infestantes. Este Curso passa a designar-se Mestrado em Agronomia no ano letivo 2010/11, mantendo-se a UC no plano de estudos. O Curso e a Unidade Curricular mantêm-se em funcionamento na atualidade.

Palavras-Chave: Disciplina; Gestão de Infestantes; Bacharelato; Licenciatura; Mestrado

Abstract

The teaching of the discipline Weed Management in Portugal is currently restricted to just three higher education institutions: Instituto Superior de Agronomia, Escola Superior Agrária de Viseu and Escola Superior Agrária de Beja. In the 1986/87 academic year, the Agricultural Production course was taught for the first time at the Escola Superior Agrária de Beja (ESA). The curriculum for this course included the discipline weed control. This discipline was coordinated by Amélia Vitória de Melo Frazão. The inclusion of a discipline in weed management was an important milestone for this area of knowledge, as at the time it was the only Bachelor's degree course to include a discipline in this area. In the 1995/96 academic year, ESA began to offer courses called Technical Engineering. The discipline weed control was continued in the Technical Production Engineering course. In the 2001/02 academic year, the discipline was renamed to Weed Management and was taught in the Agricultural Engineering - Irrigation course. In the following academic year (2002/03), a two-year course called "Management of Agricultural and Environmental Systems" was introduced. Weed Management continues to be taught in this new curriculum. Four academic years later (2006/07), the Master's Degree in Integrated Production began, with the Curricular Unit (CU) of Weed Management forming part of the curriculum. This course was renamed to Master's in Agronomy in the 2010/11 academic year, with the CU remaining on the curriculum. The course and CU are still running today.

Keywords: Discipline; Weed Management; Bachelor's degree; Master's degree

INTRODUÇÃO

Neste artigo pretende-se dar umas breves notas sobre o ensino da Herbologia em Portugal na atualidade, e, sobretudo, apresentar como na Escola Superior Agrária de Beja esta disciplina/área do conhecimento se foi mantendo nos diferentes curricula dos Cursos, conferentes de diferentes graus académicos, que a ESA foi ministrando desde o início do seu funcionamento até à data.

Na atualidade, a área científica da Herbologia integra os planos de Estudos de três Instituições de Ensino Superior, enquanto Unidade Curricular (UC) autónoma: Instituto Superior de Agronomia, onde esta área científica deu os primeiros passos em Portugal, Escola Superior Agrária de Beja e Escola Superior Agrária de Viseu.

No Instituto Superior de Agronomia, a UC é ministrada no Curso de Mestrado em Engenharia Agronómica, na especialidade de Proteção de Plantas, em regime obrigatório, no 2º semestre do 1º ano do Curso, sendo optativa para os restantes ramos de especialidade: Agronomia Tropical, Agro-Pecuária, Engenharia Rural, Horticultura e Viticultura (https://www.isa.ulisboa.pt/ensino/mestrados).

Na Escola Superior Agrária de Viseu a UC Herbologia é obrigatória e decorre no 2º semestre do 2º ano do Curso de Engenharia Agronómica quer no Ramo de Fitotecnia quer no de Viticultura e Enologia (https://site.ipv.pt/manual/lic.htm).

Na Escola Superior Agrária de Beja a disciplina é lecionada no 1º ano do Mestrado em Agronomia, como poderemos ver com mais detalhe no ponto seguinte (https://www.ipbeja.pt/cursos/Mestrados/esa-m_agronomia/Paginas/default.aspx)

HERBOLOGIA NA ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA DE BEJA

Formalmente o Instituto Politécnico de Beja foi criado em 1979 pelo Dec.-Lei nº 513-T/79 de 26 de dezembro, sendo a Escola Superior Agrária de Beja (ESA), uma das duas Escolas fundadoras. Porém, a nomeação da Comissão Instaladora do Instituto só se verificou em 1985 (Desp. nº 129/ME/85 de 4 de julho). Assim, os primeiros Cursos conferentes do grau de Bacharelato começam apenas a ser lecionados no ano letivo de 1986/87, sendo o Curso de Produção Agrícola um desses Cursos.

O plano de estudos deste Curso contemplava a disciplina de Controlo de Infestantes, lecionada no 1º Semestre do 3º ano, com uma carga horária semanal de duas horas Teóricas e duas horas Práticas (Portaria nº317-F/86). A Coordenação da disciplina estava a cargo da Engª Amélia Vitória de Melo Frazão, sendo ministrada pelo Dr. Jorge Figueiredo Cravo. A inclusão de uma disciplina na área da Herbologia constitui um marco importante para esta área do conhecimento porquanto, à data, era o único Curso na área das Ciências Agrárias do país conferente do grau de Bacharelato, cujo curricula incluía uma disciplina nesta área. O Plano de Estudos do Curso sofreu ligeiras alterações no ano letivo de 1991/92 (mantendo a disciplina nos curricula do Curso, nos mesmo termos do anterior (ano, semestre e carga horária).

No ano letivo de 1995/96, a ESA, visando alargar a oferta formativa, passa a ministrar Cursos com algum grau de especialização, tendo passado a existir Ramos, fazendo alterar concomitantemente os planos de estudos dos Cursos anteriores, bem como a as suas designações que passam a denominar-se por Engenharias Técnicas (Portaria nº1431/95).

A disciplina de Controlo de Infestantes passa a ser ministrada no 2º semestre do 3º ano, mantendo a carga horária, agora no Curso de Engenharia Técnica da Produção - Ramo Produção Vegetal (Portaria nº1431/95).

Volvidos seis anos, a oferta formativa inclui Cursos de Licenciatura Bietápicos, cujos planos de estudos se dividem em dois blocos, um de três anos (6 semestres) relativo ao grau de Bacharel, seguido de outro de dois anos (4 semestres) que conferia o grau de Licenciatura (Portaria nº495/99, Portaria nº14/2001).

Assim, no ano letivo de 2001/02 a disciplina de Controlo de infestantes passa a ser lecionada com a designação de Herbologia, no 8º semestre do Curso de Engenharia Agropecuária- Ramo Regadio, com uma carga horária total de 60 horas divididas em 30 horas de aulas Teóricas e outras 30 horas de aulas Práticas (Portaria nº14/2001).

No ano letivo seguinte (2002/03) é criado um novo Curso Bietápico, que toma a designação de “Gestão dos Sistemas Agrícolas e Ambientais”. Neste plano de estudos a Herbologia é ministrada no 2º semestre do 3º ano, sendo lecionadas semanalmente 2 horas de aulas Teóricas e igual número de horas de aulas Práticas (Portaria nº20/2002).

Em 2006/07 deixam de ser lecionados os 1ºs anos dos Cursos Bietápicos e passam a ser lecionados os “Cursos de Bolonha” (Decreto-Lei 74/2006 de 24 de março), a que a ESA aderiu, tendo passado a ministrar três Licenciaturas e dois Mestrados. Faz-se notar que os Institutos Politécnicos passam a poder lecionar Cursos de Mestrado.

Nesta altura as disciplinas passam a designar-se por Unidades Curriculares às quais são atribuídos créditos, cujo acrónimo ECTS resulta da abreviatura de “European Credit Transfer and accumulation System”. Sumariamente, trata-se de uma unidade de medida de trabalho desenvolvido pelo estudante nas UCs, que facilita o reconhecimento de UCs entre Cursos de Instituições que adotam esta unidade de crédito, facilitando a mobilidade dos estudantes entre IES (Decreto-Lei 74/2006).

Tendo em consideração o enquadramento acima exposto, no ano letivo 2007/08 tem início o Mestrado em Produção Integrada. No plano de estudos do Curso consta a UC de Gestão de Infestantes, com caracter obrigatório e que atribuí 4,5 ECTS (Despacho nº12610/2008).

No ano letivo 2010/11 o Curso passa a designar-se Mestrado em Agronomia mantendo- se, no plano de estudos, a lecionação de 32 horas de aulas Teórico-Práticas da UC de Gestão de Infestantes e 4 ECTS (Despacho 7522/2011).

No ano letivo 2016/17, na sequência de recomendações da Comissão de avaliação da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) ao Curso, todas as UCs passam a ser obrigatórias, o que altera o plano de estudos do Curso sem ter, contudo, reflexos na UC de Gestão de infestantes, que mantém o mesmo número e tipo de aulas presenciais voltando, porém, a conferir 4,5 ECTS (Despacho 13795/2016).

No Quadro 1 apresentam-se, por ordem cronológica, as designações que a UC vai tendo nos diferentes Cursos em que foi sendo ministrada, bem como o semestre em que era lecionada, e o número de horas de aulas Teóricas, Teórico-Práticas e Práticas atribuídas. Nos Cursos desenhados de acordo com o processo de Bolonha apresentam-se os ECTS que a UC atribuía.

Quadro 1 Evolução cronológica da Unidade Curricular de Herbologia, e das suas designações, nos planos de Curso da ESA 

Curso Ano de início Designação Sem T (h) TP (h) P (h) ECTS
Bacharelato
aProdução Agrícola 1986/87 Controlo de Infestantes 30 30
bEngenharia Técnica da Produção Opção: Produção Vegetal 1995/96 Controlo de Infestantes 30 30
Licenciatura Bietápica
cEngenharia Agro-Pecuária - Ramo Regadio 2001/02 Herbologia 30 30
dEngenharia dos Sistemas Agrícolas e Ambientais 2002/03 Herbologia 30 30
Mestrado
eProdução Integrada 2007/08 Gestão de Infestantes 32 4,5
fAgronomia 2011/12 Gestão de Infestantes 32 4
gAgronomia 2015/16 Gestão de Infestantes 32 4,5

Sem.-Semestre, T-Teórica; TP-Teórica-Prática, P-Prática; h - horas

aPortaria n.º 317-F/86, DR Série I de 24 de junho, bPortaria nº 1431/95, DR série I-B, de 27 de novembro, cPortaria nº495/99 DR série I-B, modificado pela Portaria nº 14/2001, DR série I, 10 de janeiro, dPortaria nº 20/2002, DR série I-B, de 4 de janeiro, eDespacho. Nº 12610/2008, DR série II nº86, 5 de maio, fDespacho 7522/2011, DR série II nº 98, 20 de maio, gDespacho 13795/2016 DR série II nº 220, 16 novembro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Decreto-Lei 513-T/79. Diário da República série II nº86, de 26 de dezembro [ Links ]

Decreto-Lei 74/2006. Diário da República série I-A n.º60, de 24 de março [ Links ]

Despacho nº 129/ME/85. Diário da República série II n.º151, de 4 de julho [ Links ]

Despacho nº 12610/2008. Diário da República série II nº86, de 5 de maio [ Links ]

Despacho 7522/2001. Diário da República série II nº 98, de 20 de maio [ Links ]

Despacho 13795/2016. Diário da República série II nº 220, de 16 novembro [ Links ]

Portaria n.º 317-F/86. Diário da República série I nº142, de 24 de junho [ Links ]

Portaria nº 1431/95. Diário da República série I-B nº274, de 27 de novembro [ Links ]

Portaria nº495/99. Diário da República série I-B nº160, de 12 de julho [ Links ]

Portaria nº 14/2001. Diário da República série I-B nº8, 10 de janeiro [ Links ]

Portaria nº 20/2002. Diário da República série I-B nº3, de 4 de janeiro [ Links ]

Recebido: 15 de Janeiro de 2024; Aceito: 28 de Fevereiro de 2024

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