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Revista de Enfermagem Referência

versão impressa ISSN 0874-0283versão On-line ISSN 2182-2883

Rev. Enf. Ref. vol.serVI no.1 Coimbra dez. 2022  Epub 07-Jun-2022

https://doi.org/10.12707/rv21021 

Artigo Teórico/Ensaio

Rotações de Iniciação à Investigação: Programa de iniciação à investigação para estudantes de licenciatura

Research Initiation Rotations: Research initiation Program for undergraduate students

Rotaciones de iniciación a la investigación: Programa de iniciación a la investigación para estudiantes de grado

Maria Lucília da Silva Cardoso1 
http://orcid.org/0000-0002-9433-7434

Cristina da Costa Louçano1 
http://orcid.org/0000-0003-0719-0452

Daniela Filipa Batista Cardoso1 
http://orcid.org/0000-0002-1425-885X

Rosa Carla Silva1 
http://orcid.org/0000-0002-3947-7098

Manuel Alves Rodrigues1 
http://orcid.org/0000-0003-4506-0421

1 Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E), Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), Coimbra, Portugal


Resumo

Enquadramento:

As Rotações de Iniciação à Investigação (RII) enquadram-se no Eixo Estratégico de Desenvolvimento para a Formação de Investigadores da Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem, no contexto das oportunidades da Janela do Jovem Investigador. Os estudantes do Curso de Licenciatura em Enfermagem (CLE) voluntariamente disponibilizam-se para desenvolver atividades de ligação do ensino à investigação integrando equipas de investigação.

Objetivo:

Analisar os resultados das cinco edições do Programa RII, envolvendo os estudantes do CLE (2014/2015-2018/2019).

Principais tópicos em análise:

Trinta e dois projetos de investigação acolheram 202 RII, das quais 133 foram concluídas com êxito. Para além das competências adquiridas em contexto de integração nas equipas dos projetos de investigação, os estudantes frequentaram nove atividades de formação promovidas para eles.

Conclusão:

As RII concluídas com sucesso são registadas no suplemento ao diploma. Apesar da limitada disponibilidade de tempo dos estudantes devido à exigência do plano curricular, estes têm avaliado esta experiência como muito positiva. A integração deste programa no plano curricular é um passo a promover no futuro.

Palavras-chave: iniciação à investigação; estudantes de enfermagem; educação; enfermagem

Abstract

Background:

Research Initiation Rotations (RIRs) fall under the Development Strategic Axis for Researchers’ Training of the Health Sciences Research Unit: Nursing as part of the Young Researcher Window opportunities. Undergraduate nursing students volunteer to integrate research teams that develop activities linking teaching and research.

Objective:

To analyze the results of the five editions of the RIR Program involving undergraduate nursing students (2014/2015 to 2018/2019).

Main topics under analysis:

Thirty-two research projects involved 202 RIRs, 133 of which were successfully completed. In addition to the skills acquired as part of the research project teams, students attended nine training activities that were specifically designed for them.

Conclusion:

Successfully completed RIRs are included in the diploma supplement. Despite the limited time available due to curriculum demands, students have rated this experience as very positive. The integration of this program into the curriculum is a step to be taken in the future.

Keywords: research initiation; nursing students; education; nursing

Resumen

Marco contextual:

Las Rotaciones de Iniciación a la Investigación (RII) forman parte del Eje Estratégico de Desarrollo para la Formación de Investigadores de la Unidad de Investigación en Ciencias de la Salud: Enfermería, en el contexto de las oportunidades de la Ventana del Joven Investigador. Los estudiantes del Grado en Enfermería (CLE, en portugués) se ponen voluntariamente a disposición para desarrollar actividades que vinculen la docencia con la investigación, al formar parte de equipos de investigación.

Objetivo:

Analizar los resultados de las cinco ediciones del programa RII, con la participación de estudiantes del CLE (2014/2015-2018/2019).

Principales temas en análisis:

Treinta y dos proyectos de investigación acogieron 202 RII, de las cuales 133 se completaron satisfactoriamente. Además de las competencias adquiridas en el marco de la integración en los equipos de los proyectos de investigación, los estudiantes asistieron a nueve actividades de formación promovidas para ellos.

Conclusión:

Las RII concluidas satisfactoriamente se registran en el suplemento al título. A pesar de la escasa disponibilidad de tiempo de los estudiantes debido a las exigencias del plan curricular, han valorado esta experiencia como muy positiva. La integración de este programa en el plan curricular es un paso que se debe promover en el futuro.

Palabras clave: iniciación a la investigación; estudiantes de enfermería; educación; enfermeira

Introdução

As Rotações de Iniciação à Investigação (RII) são um programa anual promovido pela Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E). O objetivo principal do programa RII é articular o ensino e a investigação, nomeadamente no que refere ao contacto dos estudantes do Curso de Licenciatura em Enfermagem (CLE) com atividades de investigação e inovação desde os primeiros anos da sua formação.

A UICISA: E é uma unidade de investigação portuguesa, acolhida pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), que desenvolve investigação no campo da enfermagem e ciências da saúde e áreas afins. É uma unidade avaliada, acreditada e financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) desde 2004.

No caminho da moderna investigação em enfermagem, a UICISA: E tem um modelo de organização próprio para gestão de atividades de Investigação e Desenvolvimento (I&D), denominado Modelo Cross-Cutting (CCM) da UICISA: E. “O CCM assenta em três pilares: a força e mérito da equipa; o foco dos projetos de investigação em áreas prioritárias; e a intensificação das atividades de I&D através da interseção das forças dos oito Eixos Estratégicos de Desenvolvimento” (Rodrigues, 2018, p. 5).

Os Eixos Estratégicos de Desenvolvimento (EED) consistem na “combinação transversal de medidas específicas, técnicas e recursos especializados, que apoiam a equipa na execução dos seus projetos e atividades de I&D” (Rodrigues, 2018, p. 7). São oito os EED da UICISA: E: Formação de Investigadores; Síntese e Implementação da Ciência; Investigação Experimental e Aplicada em Tecnologias de Cuidados de Saúde; Edição e Disseminação do Conhecimento Científico; Ética; Extensão e Envolvimento da Sociedade; Colaboração Nacional e Internacional; e Otimização do UICISA: E CCM.

O EED para a Formação de Investigadores tem como objetivo promover as capacidades dos investigadores num sistema integrado em cadeia, desde a iniciação à investigação à investigação avançada. No âmbito deste EED, são realizadas atividades dirigidas a estudantes em percursos de iniciação à investigação e de formação avançada. O programa RII desenvolve-se dentro deste EED e é dirigido, deste modo, a estudantes do CLE da ESEnfC.

Com o objetivo de potenciar a ligação dos estudantes de licenciatura à investigação, a UICISA: E dispõe de uma página web denominada Janela do Jovem Investigador (JJI), criada com e para os estudantes do CLE. Assim, pela JJI os estudantes têm a oportunidade de, voluntariamente, conhecerem a dinâmica da UICISA: E, participarem nas RII e realizarem formação que promova o desenvolvimento de competências na área da investigação em enfermagem (ESEnfC, 2020). Esta informação está disponível na página web da ESEnfC, no separador Investigar & Inovar, menu EED Formação de Investigadores, e secção Iniciação à Investigação: https://www.esenfc.pt/pt/page/100004198/479.

As iniciativas acima referidas de articulação do ensino com a investigação, desde os primeiros anos da formação superior, permitem aos estudantes compreenderem a importância da investigação para o desenvolvimento da profissão de enfermagem e para a qualidade dos cuidados prestados ao cidadão. O estudo de Hall et al. (2019) corrobora esta afirmação ao relatar que uma atividade de aprendizagem experiencial em investigação em enfermagem permitiu aos estudantes não somente aumentar a compreensão de como a investigação se realiza, mas também reconhecer a sua importância para o desenvolvimento disciplinar. Já em 2014, Warkentin et al. defendiam que é necessário construir oportunidades de exposição à investigação para que se promova o entusiasmo dos estudantes pela investigação e para que estes compreendam a sua natureza e o seu impacto nas várias dimensões do cuidar.

Em Portugal, a Lei de Bases do Sistema Educativo evidencia a articulação entre ensino e investigação ao incluir como um dos objetivos do ensino superior “Estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e empreendedor, bem como do pensamento reflexivo” (Lei n.º 46/1986 da Assembleia da República, de 14 de Outubro, Art.º 11, Ponto 2, Alínea a). Ao nível do contexto institucional, o Plano Estratégico 2014-2018 da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra inclui a ação “intensificar a ligação da investigação ao ensino, transferindo resultados de investigação para a matriz curricular e envolvendo os professores e estudantes em atividades de investigação conjuntas (implementação da Janela do Jovem Investigador)” no objetivo operativo “Promover a formação de Investigadores em toda a cadeia, desde a iniciação à investigação avançada, em cooperação com universidades nacionais e estrangeiras” do objetivo estratégico dois “Desenvolver uma comunidade científica de excelência” (ESEnfC, 2014, p. 31).

Em linha com o exposto pretende-se apresentar os resultados de cinco edições do programa RII (2014-2019), enquadrado na JJI, em que estiveram envolvidos estudantes do CLE.

Desenvolvimento

Abertura de vagas e candidaturas ao Programa RII

Em 2014, foi elaborado o regulamento das RII o qual foi homologado pela Presidente da ESEnfC e pelo Conselho Técnico Científico (UICISA: E, ESEnfC, 2014). Este regulamento foi operacionalizado num procedimento administrativo em vigor de 2014 a 2019 (Figura 1). Em linhas gerais, este processo envolvia vários agentes desde o coordenador científico e colaboradores da UICISA: E, colaboradores do conselho técnico cientifico, até aos estudantes e investigadores. Contava com várias fases, nomeadamente a aferição do número de vagas, as candidaturas, o desenvolvimento da RII e o registo em suplemento ao diploma. Todo este processo decorria durante um ano letivo.

Figura 1: Procedimento administrativo do Programa RII 

Cinco edições do Programa de RII

Ao longo das cinco edições do programa de RII, o estudante do CLE procurou de forma constante novas experiências de investigação, integrado nos projetos de investigação nas áreas da sua eleição. A interligação entre os PE em desenvolvimento e as áreas científico-pedagógicas do CLE permite um envolvimento dos estudantes em atividades de investigação. Consequentemente, os estudantes adquirem conhecimentos e competências, não só para tomarem decisões clínicas informadas pela evidência, mas também para participarem em projetos de investigação futuros.

Do ano letivo 2014/2015 ao ano letivo 2018/2019, 32 Projetos Estruturantes (PE)/Estudos Associados/Projetos financiados/Eixos disponibilizaram vagas para integrarem estudantes do CLE e 27 investigadores orientaram os estudantes em RII. Foram acolhidos estudantes em 202 RII das quais 133 foram concluídas com êxito (Tabela 1). Das 69 não concluídas, em 51 não foi cumprido o número de horas previsto e nas restantes 18 não foi dado início ou termo ao percurso. Dos 116 estudantes que concluíram a RII, 101 participaram numa edição do programa, 13 em duas edições e dois em três edições. Das 133 rotações concluídas com sucesso, 56% foram realizadas por estudantes que frequentavam o 3º ano, 25% o 4º ano, 18% o 2º ano, e 1% o 1º ano do CLE.

Pela análise da Tabela 1, verifica-se que, ao longo das cinco edições, o número de PE que disponibilizaram vagas variou entre 13 e 23; o número de investigadores envolvidos na orientação variou entre 12 e 20; o número de RII concluídas variou entre 17 e 39, sendo que a taxa de conclusão apresentou uma tendência sempre crescente, tendo sido de 42,5% na 1ª edição e de 95,12% na 5ª edição (Tabela 1).

Tabela 1: Dados do Programa Rotações de Iniciação à Investigação 

2014/2015 (1ª edição) 2015/2016 (2ª edição) 2016/2017 (3ª edição) 2017/2018 (4ª edição) 2018/2019 (5ª edição)
PE que disponibilizaram vagas 13 18 22 23 20
Investigadores envolvidos na orientação 12 15 20 19 16
Inscrições 40 37 54 30 41
RII concluídas 17 18 36 23 39
Taxa de conclusão 42,5% 48,65% 66,67% 76,67% 95,12%

Ao longo da RII, os estudantes, integrados em projetos de investigação, desenvolvem um conjunto de atividades de iniciação à investigação. Estas atividades são muito variadas pelo que apresentamos um conjunto de objetivos com exemplos de atividades realizadas em colaboração e com supervisão do orientador.(Tabela 2).

Tabela 2: Atividades de iniciação à investigação realizadas pelos estudantes nas RII 

Das atividades mais realizadas pelos estudantes, salienta-se: atividades de Tratamento ou análise de dados (84 estudantes); atividades de Leitura de documentos e/ou análise da página web para conhecer conceitos importantes relativos ao Projeto onde realiza a RII (75 estudantes); atividades de Elaboração de base de dados ou introdução de dados em base de dados, ou transcrição de entrevistas (67 estudantes); atividades com o objetivo de Realizar processos de Revisão de literatura / Revisão sistemática (64 estudantes); outras atividades no âmbito do Projeto que integram, não enquadradas nos objetivos anteriores (61 estudantes); participação em Sessões ou workshops sobre diferentes temáticas (53 estudantes); atividades de Pesquisa em bases de dados (51 estudantes).

Nas cinco edições, além das atividades de iniciação à investigação desenvolvidas no contexto de uma equipa de projeto de investigação, foram organizados os seguintes Workshops especificamente desenhados para estudantes de iniciação à investigação: Glossariando (2014/2015); Bases de dados à Lupa (2014/2015); Comunicar Ciência (2014/2015); Surf SPSS for beginners (2016/2017; 2017/2018; 2018/2019); SR Alembic (2016/2017; 2017/2018; 2018/2019). Outras atividades, planeadas para todos os investigadores, tais como seminários, workshops, palestras, apresentações, etc., que se realizaram na UICISA: E, foram abertas aos estudantes em RII.

A UICISA: E disponibiliza, ainda, a possibilidade de os estudantes tecerem observações e comentários acerca da sua RII. De seguida apresentamos alguns extratos retirados dos relatórios. Uma estudante refere:

lamentar não ter realizado mais Rotações em anos anteriores, e considera que a realização desta rotação foi benéfica para a consolidação do seu percurso e aquisição de conhecimentos, na medida em que lhe permitiu redirecionar o seu raciocínio e espirito critico para a sua forma de atuação e desempenho, e contactar com uma nova realidade, adquirir novos conhecimentos e melhorar outros, na medida em que lhe proporcionou momentos de aprendizagem que certamente a ajudarão no futuro, tanto a nível pessoal como profissional. (extrato retirado do relatório de um estudante do 4º ano do CLE em RII na edição 2016/2017)

Uma outra estudante refere que:

participar na Rotação de Iniciação à Investigação foi uma mais-valia para a minha formação enquanto estudante de enfermagem uma vez que me permitiu desenvolver diversas competências ao nível da investigação, nomeadamente a pesquisa em bases de dados certificadas, a construção de um artigo científico e a capacidade de escrita com o recurso a uma linguagem técnica e objetiva. (extrato retirado do relatório de um Estudante do 2º ano do CLE em RII na edição 2018/2019)

Outro comentário realizado por um estudante do 3º ano do CLE, que integrou a edição 2014/2015 do programa RII realça: “o ambiente desafiante e descontraído que se vive na Unidade de Investigação embora esteja sempre presente o sentido de responsabilidade e de entreajuda, o que para a nossa formação pessoal também é importante”.

Este estudante comenta ainda:

Experiência com balanço final bastante positivo, foi uma iniciativa útil e bem organizada. A oportunidade de estar em contato próximo com a realidade da Investigação com a orientação de um professor/investigador proporciona momentos de aprendizagem muito próprios e significativos uma vez que temos toda a atenção para esclarecimento de dúvidas ou orientação do trabalho. Demonstrou ser importante para uma assimilação mais facilitada da matéria lecionada na unidade curricular de Investigação uma vez que tivemos uma componente prática em que pudemos perceber a utilidade de cada aprendizagem. (extrato retirado do relatório de um Estudante do 3º ano do CLE em RII na edição 2014/2015)

Estes comentários dos estudantes demonstram por um lado, o ambiente de colaboração e entreajuda que se vive na UICISA: E e, por outro, a sua perceção sobre o valor e a aplicabilidade da investigação para a enfermagem.

Estes comentários positivos alinham-se com evidência científica internacional. De facto, Ross e Burrell (2019), numa revisão integrativa acerca das atitudes dos estudantes de enfermagem em relação à investigação, concluíram que fatores, tais como: fazer um curso de investigação, ter interesse por uma área de investigação em enfermagem específica, aplicar o conhecimento em investigação, ou ter experiência anterior em investigação, foram associados a uma melhoria das atitudes dos estudantes de licenciatura em relação à investigação em enfermagem (Ross & Burrell, 2019).

Também o estudo de Warkentin et al. (2014), ao analisar as experiências de quatro estudantes de licenciatura em enfermagem entusiasmados com a investigação, relata que, para gerar e manter o entusiasmo pela investigação, os estudantes consideram necessário que exista colaboração e apoio. No que concerne à colaboração entende-se que a mesma implica o envolvimento entre os investigadores, colaboradores e outros estudantes inseridos nos processos de investigação. Em relação ao apoio, os estudantes identificaram, por exemplo, as sessões de formação em programas de investigação. As colaborações e o apoio serviram para aumentar não somente a confiança dos estudantes, mas também as suas capacidades práticas levando a que percebessem o seu potencial enquanto investigadores e, subsequentemente, a sua capacidade para prosseguir os estudos (Warkentin et al., 2014).

Relativamente ao programa RII da UICISA: E temos o desafio de continuar a promover a formação de jovens investigadores e, paralelamente, acompanhar, analisar e estudar as suas experiências para o processo de melhoria contínua deste mesmo programa, incluindo a sua vertente pedagógica. Contudo, destacamos que a nível internacional já se realizaram alguns estudos que reportam aspetos positivos relacionados com a implementação de programas direcionados ao envolvimento dos estudantes de enfermagem em atividades de investigação. Reutter et al. (2010) testaram um modelo de aprendizagem em investigação em estudantes de enfermagem numa universidade canadiana. Os autores concluíram que os estudantes percecionaram um aumento das suas capacidades de investigação, uma valorização dos processos e dos resultados da investigação em enfermagem, e um aumento de confiança para prosseguirem os estudos. Do mesmo modo, Burkhart (2015) apresentou o desenvolvimento de um programa de estágio em investigação em enfermagem e verificou que os estudantes ao participarem em atividades de investigação desenvolvem as suas capacidades de investigação, ganham uma perspetiva do valor da investigação para a prática da enfermagem baseada na evidência, aprendem a disseminar resultados através de publicações ou comunicações e muitos seguem a sua formação académica continuando envolvidos na investigação. Esta continuidade do envolvimento na investigação é visível no programa RII da UICISA: E, através da participação em bolsas de investigação no âmbito de projetos financiados, de estudantes que realizaram aquele programa.

Conclusão

As RII são um programa promovido pela UICISA: E, que fomenta a ligação entre a investigação e o ensino.

O Programa RII é importante na formação dos estudantes do CLE pelo contacto com projetos e atividades que permitem o desenvolvimento de competências na área da investigação em enfermagem.

Ao longo de cinco edições, foram concluídas com sucesso 133 RII, com registo em suplemento ao diploma. Apesar do plano curricular dos estudantes ser muito exigente, nomeadamente em termos de carga horária, a avaliação desta experiência tem sido muito positiva. A integração deste programa em planos curriculares de CLE será um passo a promover no futuro para uma enfermagem mais moderna.

Considerando a procura contínua de projetos pelos estudantes do CLE e a integração de alguns estudantes em mais do que uma edição do programa RII, podemos afirmar que esta é uma iniciativa inovadora desta unidade de investigação em enfermagem.

Agradecimentos

Os autores agradecem o apoio da Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E), acolhida pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) e financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Os autores agradecem ao Professor João Luís Alves Apóstolo pela sua orientação na elaboração do artigo.

Referências bibliográficas

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6Como citar este artigo: Cardoso, M. L., Louçano, C. C., Cardoso, D. F., Silva. R. C., & Rodrigues, M. A. (2022). Rotações de Iniciação à Investigação: Programa de iniciação à investigação para estudantes de licenciatura. Revista de Enfermagem Referência, 6(1), e21021. https://doi.org/10.12707/RV21021

Recebido: 02 de Fevereiro de 2021; Aceito: 03 de Agosto de 2021

Autor de correspondência Maria Lucília da Silva Cardoso E-mail: mlucilia@esenfc.pt

Conceptualização: Cardoso, M. L., Louçano, C. C., Cardoso, D. F., Silva, R. C., Rodrigues, M. A.

Tratamento de dados: Cardoso, M. L.

Supervisão: Rodrigues, M. A.

Redação - rascunho original: Cardoso, M. L.

Redação - análise e edição: Cardoso, M. L., Louçano, C. C., Cardoso, D. F., Silva, R. C., Rodrigues, M. A.

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