Introdução
A busca pela formação superior, nas últimas décadas, vem aumentando substancialmente, e a heterogeneidade entre os ingressantes tornou-se presente no âmbito da classe social, gênero, faixa etária, dentre outros aspectos. Mediante a isso, as universidades vêm se aperfeiçoando para proporcionar não somente uma formação de qualidade, mas também aprimorar o complexo processo de ensino por meio do crescimento cognitivo, pessoal, social e cultural dos acadêmicos (Porto, Soares, 2017).
A inserção no meio estudantil traz consigo mudanças no círculo de amigos, restrição de afeto, autocobrança de aprovação no curso, dificuldade em organizar o tempo e a exigência de maior autonomia, estes são fatores que podem causar estresse nos acadêmicos; porém, são reflexos do convívio e dos processos adaptativos no ensino superior (Dias, Carlotto, Oliveira, Teixeira, 2019).
Além destes fatores de estresse, o convívio na presença de situações de sofrimento (doenças, dor, morte, etc) durante a formação profissional, fato que ocorre nos cursos da área da saúde, principalmente a enfermagem e a medicina, podem tornar-se um agravante no desencadeamento de processos adaptativos que porventura poderão culminar na manifestação de sintomas de ansiedade (Kam et al., 2019).
Neste sentido, a ansiedade é definida como uma sensação de apreensão que possui como característica ser um sentimento difuso, desagradável e vago. Na maioria das vezes é desencadeada devido a antecipação de algum perigo, de algo desconhecido ou estranho que pode vir a se tornar real ou não. É considerada também uma resposta normal ao perigo, um sinal de alerta para que a pessoa esteja preparada para lidar com determinada ameaça (Peres, 2018).
Apesar de uma emoção necessária para a relação entre a pessoa e o meio, a ansiedade promove manifestações físicas, como cefaleia, hiperidrose, taquicardia, urgência urinária e diarreia, e psicológicas produzindo confusão e distorções perceptivas, alterando o significado que ela dá às pessoas e aos eventos, gerando interferências no aprendizado, diminuindo a concentração e a memória (Peres, 2018).
Como demonstrado na literatura, apesar de todos os acadêmicos estarem expostos às situações desencadeadoras de ansiedade, os cursos da área da saúde expõem ainda mais os graduandos a tais situações. Carga horária excessiva, contato direto com o sofrimento humano, cobranças intrínsecas, problemas na administração do tempo e restrição dos momentos de lazer, os tornam vulneráveis ao adoecimento mental (Betiati et al., 2019).
Diante do exposto, justifica-se a necessidade de destinar aos acadêmicos dos cursos de enfermagem e de medicina um olhar mais aprofundado com relação ao nível de ansiedade, buscando uma melhor compreensão desta temática, e assim, possibilitando o desenvolvimento de estratégias que proporcionem melhor desempenho dos mesmos durante sua trajetória universitária. E sendo assim, este estudo teve como objetivo avaliar a ansiedade dos acadêmicos do curso de enfermagem e de medicina de uma universidade pública.
Método
Estudo descritivo e transversal, com abordagem quantitativa, desenvolvido com acadêmicos dos cursos de enfermagem e de medicina de uma universidade pública do Sul de Minas Gerais - Brasil. Os critérios de inclusão foram: possuir idade igual ou superior a 18 anos e estar cursando, independentemente do período, graduação em enfermagem ou em medicina, na respectiva universidade.
Realizou-se cálculo amostral, levando em consideração uma população finita de 174 acadêmicos dos cursos de enfermagem e 321 de medicina (total de 495). Utilizou-se o pior cenário (prevalência de 50%), foi estipulado erro absoluto de 5% e coeficiente de confiança de 95%. Posteriormente, à obtenção da amostra mínima necessária (217 participantes), foi realizada a estratificação, por curso e por ano do curso, para que a amostra pudesse ser representativa com relação à população. Cabe destacar que, este estudo obteve 272 participantes, ultrapassando a quantidade mínima estipulada pelo cálculo amostral, desta forma, a população foi representada fidedignamente.
Para coletar os dados de caracterização utilizou-se um questionário semiestruturado composto por 35 questões, desenvolvido pelos pesquisadores para avaliar dados de caracterização sociodemográfica, hábitos de vida, doença crônica e dados acadêmicos. Tal instrumento passou por um processo de refinamento, com avaliação de cinco juízes com formação em grau de doutorado e experiência em construção de instrumentos de pesquisa e na temática abordada, ao final do processo algumas questões foram incluídas e outras foram adequadas para uma melhor clareza e compreensão. Posteriormente, foi realizado um teste piloto que consistiu em 10 acadêmicos (5 do curso de enfermagem e 5 do curso de medicina) que responderam aos instrumentos na plataforma de coleta de dados (Google Forms) visando verificar sua efetividade, aplicabilidade e compreensão das questões, sendo que após a realização, não foi necessário nenhuma alteração nos instrumentos.
Para a avaliação da ansiedade empregou-se a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) que é composta por 14 itens que são divididos em uma subescala de ansiedade e uma subescala de depressão. Somente a subescala de ansiedade, contendo 7 itens, foi utilizada na presente pesquisa por estar relacionada ao tema do estudo. A pontuação máxima é 21 pontos, e a classificação por meio dos escores é: valor entre 0 e 8 é interpretado como “sem ansiedade”, e valor ≥9 como “com ansiedade” (Botega, Pondé, Medeiros, Lima, Guerreiro, 1998).
A coleta de dados foi realizada entre outubro e dezembro de 2020, por meio da utilização da plataforma Google Forms. O convite para participação voluntária e o link de acesso foi enviado para todos os acadêmicos dos cursos de enfermagem e de medicina por meio do e-mail institucional de cada participante, disponibilizado pela Escola de Enfermagem e pela Faculdade de Medicina da referida instituição de ensino. Ao acessar o formulário online, os participantes puderam ler na íntegra o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e lhes foi solicitada a concordância em participar voluntariamente do referido estudo. Posteriormente, foram apresentadas as questões dos instrumentos, sendo que, ao final do processo de preenchimento, as respostas foram enviadas ao pesquisador e ao e-mail do participante, juntamente com uma via do TCLE.
Os dados coletados foram digitados em planilha do MS-Excel, versão 2019, para a elaboração do banco de dados. Posteriormente, foram transportados para o software IBM Statistical Package for the Social Science, versão 20.0, para a análise descritiva das variáveis, por meio de frequência absoluta e relativa. Para avaliação da consistência interna da Escala de Ansiedade e Depressão (subescala de ansiedade) aplicou-se o coeficiente interno de Alpha de Cronbach, que pode variar entre zero e um, e quanto maior o valor, maior a consistência interna e a confiabilidade do instrumento, demonstrando a homogeneidade na medida do mesmo fenômeno (Fayers, Machin, 2000).
Com base na Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012, que trata de pesquisa envolvendo seres humanos, esta pesquisa foi avaliada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, conforme parecer nº 4.204.395 (CAAE Nº 31520920.8.0000.5142).
Resultados
No presente estudo as variáveis de caracterização demonstraram predominância do sexo feminino (72,1%), da identidade de gênero mulher cis (72,1%), da orientação sexual heterossexual (79,4%), da faixa etária de até 22 anos (48,9%) (média de 23,2; mediana de 23,0; desvio padrão de 3,758; mínimo de 18 e máximo de 47), e do estado civil solteiro(a), (93,4%). Além disso a maioria dos participantes eram oriundos de outros municípios (92,6%) e residia em Alfenas durante as atividades letivas presenciais (94,9%), e a residência de origem era própria (64,7%). Maior percentual residia com amigo(s) (53,7%), não possuíam filhos (97,8%), eram de cor/etnia branca (71,0%), de religião católica (56,3%), com renda familiar mensal de até R$ 4.001,00 (53,3%) (média de R$ 6.203,68; mediana de R$ 4.000,00; desvio padrão de R$ 9.305,691; mínimo de R$ 0,00 e máximo de R$ 130.000,00), e não possuíam trabalho remunerado (96,0%).
Quanto aos hábitos de vida, 68,4% dos participantes utilizavam bebida alcoólica, 5,9% eram tabagistas, 14,3% faziam uso de drogas ilícitas, principalmente a maconha, 63,0% praticavam atividades físicas, 58,5% dormiam 8 horas ou mais por dia, 25,4% possuíam doença crônica, com maior frequência da asma (23,2%) e da ansiedade/depressão (17,4%). Além disso, 47,8% utilizavam medicamentos contínuos ou de uso diário.
No que se refere aos dados acadêmicos, 62,9% eram do curso de medicina e 37,1% de enfermagem, e a maioria estava cursando o segundo ano (20,2%). Houve ainda a maior frequência de ingresso pelo Sistema de Seleção Unificada - SISU (Ampla concorrência) (48,5%), participantes que se identificavam (97,1%) e que estavam satisfeitos com o curso (92,3%), e 96,7% não possuíam alguma graduação concluída.
Ainda quanto aos dados acadêmicos, 52,9% cursavam até 6 disciplinas (média de 6,34; mediana de 6,00; desvio padrão de 3,358; mínimo de 1 e máximo de 13), 18,8% cursavam disciplinas com outras turmas/cursos, 17,3% possuíam dependência em disciplinas, 79,4% realizavam o percurso entre a residência e a universidade a pé, 27,6% recebiam assistência/auxílio da Pró-reitoria de Assuntos Acadêmicos e Estudantis (PRACE), 90,4% mantinham-se financeiramente com a ajuda de familiares, e 66,5% realizavam atividades extracurriculares.
E, por fim, 71,0% relataram a ocorrência de eventos marcantes na vida no último ano, sendo que o mais frequente foi “problemas pessoais e/ou conflitos familiares” (63,2%).
Os dados relativos à ansiedade obtidos por meio da subescala de ansiedade da Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão demonstrou que, levando-se em consideração a totalidade dos participantes, dos 7 itens que compõem a subescala utilizada, o de número 13 (De repente, tenho a sensação de entrar em pânico) demonstrou maior percentual com escore 0 (42,6%), representando menor somatória para a ansiedade. Quando levado em consideração os participantes separados por curso (enfermagem e medicina), ambos também apresentaram maior percentual no item de número 13, sendo a enfermagem com 37,6% e a medicina com 45,6% para o escore 0.
Quanto aos itens que apresentaram maior pontuação para a ansiedade, obteve-se o percentual de 36,4% no escore 3 do item 5 (Estou com a cabeça cheia de preocupações). Ao analisar os dois cursos separadamente, o item 5 também apresentou maior percentual, sendo 35,6% para o curso de enfermagem e 36,8% para o curso de medicina com o escore 3 (Tabela 1).
Na análise da classificação da ansiedade, levando-se em consideração os pontos de corte, observou-se que, da totalidade de participantes do estudo, 58,1% foram classificados com ansiedade, sendo o restante, 41,9%, sem ansiedade (Tabela 2). A estatística descritiva para a somatória dos escores obteve-se média de 10,08, mediana de 10,00, desvio padrão de 4,764, mínimo de 1,00 e máximo de 21,00.
Ao aplicar a classificação da ansiedade distinguindo-se os dois cursos, obteve-se que 58,4% dos acadêmicos de enfermagem foram classificados com ansiedade apresentando média de 10,31, mediana de 10,00, desvio padrão de 4,779, mínimo de 1,00 e máximo de 21,00, ao mesmo tempo em que 57,9% dos acadêmicos de medicina também foram classificados com ansiedade (Tabela 2), apresentando média de 9,94, mediana de 10,00, desvio padrão de 4,763, mínimo de 1,00 e máximo de 21,00.
É relevante destacar que na avaliação da consistência interna da Escala de Ansiedade e Depressão (subescala de ansiedade) aplicou-se o coeficiente interno de Alpha de Cronbach, obtendo-se para a totalidade dos participantes o valor de 0,891, e para o curso de enfermagem e de medicina os valores de 0,902 e de 0,887, respectivamente. Considerou-se aceitável a consistência interna do instrumento para os itens avaliados e correlacionados uns aos outros, demonstrando homogeneidade e confiabilidade do instrumento.
Discussão
Corroborando com os dados obtidos no presente estudo, uma investigação realizada em Sergipe, foi encontrada predominância de participantes que declararam possuir identidade de gênero cis (98,1%) (Santos, Silva, Ferreira, 2019).
Com relação à variável faixa etária, pesquisa realizada no Irã, com acadêmicos da área da saúde, também identificou a predominância de idades entre 18 e 22 anos (72,2%). Além disso, identificou também que quanto ao estado civil, 92,3% dos acadêmicos eram solteiros (Ziapour & Kianipour, 2018). E, corroborando com estes dados, um inquérito desenvolvido com acadêmicos do Brasil e de Portugal, constatou que 94,1% possuíam o estado civil solteiro (Fonseca, Escola, Carvalho, Loureiro, 2019). Estes resultados confirmam os dados obtidos nesta pesquisa.
Em investigação realizada com acadêmicos portugueses, verificou que, em relação à mobilidade dos participantes, 72,0% tiveram que mudar de sua cidade de origem ao ingressarem na universidade. Além disso, constataram que a maioria dos participantes passou a coabitar com colegas/amigos (Vizzotto, Jesus, Martins, 2017). Fatos que condizem com os resultados obtidos nesta pesquisa.
Quanto a variável renda familiar mensal, estudo realizado em acadêmicos brasileiros e portugueses identificou que ocorria maior frequência de famílias que possuíam renda mensal entre quatro e dez salários mínimos (Fonseca et al., 2019). Tal fato contrapõe-se aos dados obtidos na presente investigação, no qual a maioria dos participantes possuem renda de até quatro salários mínimos.
De acordo com um estudo realizado com universitários de Jequié na Bahia, Brasil, foi apontado que o uso de bebidas alcoólicas era frequente nos integrantes da amostra (78,1%), além disso, também pode ser observado que 9,1% eram tabagistas (Araújo, Vieira, Mascarenhas, 2018). Ao traçar um comparativo com os dados da presente pesquisa, observa-se que foram encontrados valores inferiores para estas duas variáveis.
No que se refere à forma de ingresso na universidade, um inquérito realizado na Universidade Federal da Bahia, Brasil, identificou que 40,0% dos participantes ingressaram na referida instituição utilizando políticas de cotas (Cavalcanti, Andrade, Tiryaki, Costa, 2019). Tais dados são contrários aos obtidos no presente estudo, os quais descrevem maior quantitativo de acadêmicos que ingressaram em vagas disponíveis pelo Sistema de Seleção Unificada na modalidade de ampla concorrência.
Em se tratando da identificação com o curso, um estudo realizado pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, Brasil, apontou que o principal motivo que leva os acadêmicos a permanecerem no curso é se identificarem com a área em questão (Alves, Ramos, Borba, Moutinho, Cabral, 2017). E a presente pesquisa observou que a maioria dos participantes se identificam com o curso no qual estão inseridos.
No que se refere ao trajeto realizado pelos acadêmicos entre a residência e a universidade, uma pesquisa realizada em universidades do Brasil e de Portugal, identificou que na análise da totalidade dos participantes, a maioria se deslocava utilizando carro/ônibus (37,1%). Porém, na avaliação dos acadêmicos somente da universidade brasileira identificou-se que o meio de locomoção mais frequente foi a pé/caminhando (Fonseca et al., 2019). Fato este que corrobora com os resultados obtidos na presente pesquisa.
Este mesmo estudo, observou que, a análise somente dos acadêmicos brasileiros, apontou que atividades acadêmicas remuneradas ou bolsa de estudos (44,6%) era o principal recurso utilizado para a manutenção financeira (Fonseca et al., 2019). No tocante desta variável, a presente pesquisa difere, pois identificou que a principal fonte para a manutenção financeira dos participantes era por meio da ajuda de familiares.
E, por fim, no que condiz aos eventos marcantes na vida, que neste estudo demonstrou maior frequência de problemas pessoais e/ou conflitos familiares é relevante destacar que a convivência em um ambiente familiar desfavorável, no qual não são estabelecidas relações estáveis, seguras e afetivas, pode ser desencadeador de situações estressoras constituidoras de fatores de risco à saúde mental (Correia, Mota, 2017).
Quanto à classificação de ansiedade, ou seja, possuí-la ou não, um estudo realizado com 373 acadêmicos de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil, no qual foi implementada a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão, obteve-se que 41,4% dos participantes apresentaram ansiedade (Ribeiro et al., 2020). Estes dados demonstraram valores inferiores aos identificados no presente estudo.
Dando continuidade à classificação da ansiedade, e opondo-se aos elevados índices de ansiedade da presente pesquisa, um estudo internacional, realizado com 382 acadêmicos do curso de medicina da Ain Shams University localizada em El-Abassyia, no Cairo, que também utilizou a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão, identificou menores percentuais de ansiedade em acadêmicos, 32,9% (Elhosseiny, Mahmoud & Manzour, 2019).
Seguindo no cenário internacional, o inquérito realizado na Malásia, o qual utilizou uma amostra de 149 acadêmicos de medicina do último ano, identificou que a frequência de ansiedade foi de 33,0%. Cabendo destacar que para a avaliação da ansiedade foi implementada a mesma escala utilizada no presente estudo (Gan & Ling, 2019).
É pertinente ressaltar que, no que se refere à ansiedade, o atual cenário epidemiológico da pandemia da COVID-19 resultou na elevação significativa de alterações psicológicas em acadêmicos, fato que foi descrito por uma pesquisa realizada com 460 acadêmicos de duas universidades localizadas em Portugal (Maia, Dias, 2020).
E, por fim, é importante salientar que a assistência de enfermagem, em sua visão holística, é de suma importância, sendo realizada por meio de escuta terapêutica, de técnicas e de orientações para colaborar de maneira positiva na melhoria do quadro de ansiedade dos pacientes. Sendo assim, o(a) enfermeiro(a) deve estar preparado para prestar uma assistência de qualidade, visando a recuperação satisfatória (Oliveira, Marques, Silva, 2020).
Conclusão
Os dados obtidos nesta pesquisa possibilitaram concluir que na população em estudo, a maioria foi classificada com ansiedade, e que, quando analisados os cursos separadamente, os acadêmicos de enfermagem demonstraram, mesmo que discretamente, maiores índices de ansiedade quando comparados aos acadêmicos do curso de medicina.
Neste sentido, é importante destacar que a exacerbação da ansiedade devido os fatores que envolvem os acadêmicos e o seu processo de formação podem, além de retardar os processos adaptativos, também reduzir a qualidade de vida. Desta forma, pode ocasionar redução do aproveitamento acadêmico e refletir em uma formação deficitária dos futuros profissionais.
Mediante os sérios reflexos negativos da elevação da ansiedade no cotidiano dos acadêmicos, bem como o déficit do seu pleno aprendizado, é pertinente destacar o papel das instituições de ensino superior. Estas são de extrema importância, pois podem implementar projetos e ações que visem a identificação de tais problemas, para que os acadêmicos possam ser acompanhados por profissionais, e que atividades de descontração, de lazer e de relaxamento sejam proporcionadas por estas instituições.
E quanto aos profissionais que possuem as competências necessárias para a identificação e o acompanhamento dos acadêmicos em tais situações, destaca-se os enfermeiros(as). Ações como escuta terapêutica, atividades em grupo e, até mesmo, a utilização de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, podem ser implementadas por estes profissionais que estão plenamente capacitados para atuarem de modo a proporcionar a amenização de sintomas ansiosos da população geral e dos acadêmicos.
Implicações para a Prática Clínica
Este estudo poderá prover avanços importantes para o conhecimento da área em questão, com sua utilização na elaboração ou melhoria de políticas públicas que visem a aplicação das ações relacionadas à promoção da saúde mental, e à prevenção de alterações psíquicas nesta população. Também poderá auxiliar na criação de propostas e de ações desenvolvidas pelas instituições de ensino superior, visando a redução de níveis de ansiedade dos acadêmicos.
Enfatiza-se, ainda, que a presente investigação poderá contribuir para que novos olhares sejam destinados aos acadêmicos de ensino superior, e neste sentido, sejam compreendidos como seres biopsicossociais que necessitam de atenção em todos os aspectos que os compõem.