SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.40 número5Fatores determinantes na procura de cuidados de saúde a um SUB, por utentes de uma USFPerceção dos médicos de família acerca da abordagem da saúde mental em consulta índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

versão impressa ISSN 2182-5173

Rev Port Med Geral Fam vol.40 no.5 Lisboa out. 2024  Epub 31-Out-2024

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v40i5.13974 

Estudos originais

Inércia terapêutica na osteoporose em mulheres pós-menopáusicas

Therapeutic inertia in osteoporosis in postmenopausal women

Mariana Cruz da Silva1 
http://orcid.org/0000-0001-5226-8525

Conceição Outeirinho2 

Nina Lopes3 

Maria João Gonçalves4 

Isabel Mina1 

Alexandra Pimentel3 

Rodrigo Costa5 

Inês Bento6 

Ana Calafate7 

Manuel Henriques8 

Henrique Sottomayor6 

1. Médica Especialista de Medicina Geral e familiar. USF Garcia de Orta, ACeS Porto Ocidental. Porto, Portugal.

2. Médica Assistente Graduada Sénior de Medicina Geral e Familiar. USF Barão de Nova Sintra, ACeS Porto Oriental. Porto, Portugal.

3. Médica Interna de Medicina Geral e Familiar. USF Garcia de Orta, ACeS Porto Ocidental. Porto, Portugal.

4. Médica Assistente de Medicina Geral e Familiar. UCSP Cinfães, ACeS Tâmega I - Baixo Tâmega. Viseu, Portugal.

5. Médico Assistente de Medicina Geral e Familiar. USF São João do Porto, ACeS Porto Ocidental. Porto, Portugal.

6. Médica Assistente de Medicina Geral e Familiar. USF Garcia de Orta, ACeS Porto Ocidental. Porto, Portugal.

7. Médica Assistente Graduado de Medicina Geral e Familiar. Departamento Médico da Medinfar. Lisboa, Portugal.

8. Médico Assistente Graduado de Medicina Geral e Familiar. USF Garcia de Orta, ACeS Porto Ocidental. Porto, Portugal.


Resumo

Introdução:

A osteoporose (OP) é a doença óssea metabólica mais frequente, associando-se a fraturas de fragilidade e aumento de morbimortalidade. Apesar do envelhecimento populacional tem-se verificado uma tendência decrescente na implementação de terapêutica antiosteoporótica.

Objetivos:

Determinar a inércia terapêutica na OP em mulheres pós-menopáusicas ao nível dos cuidados de saúde primários. Verificar se existe associação entre a idade dos utentes, o T-score e o valor de FRAX e a inércia terapêutica antiosteoporótica.

Métodos:

Estudo observacional transversal. Critérios de inclusão: mulheres com idades entre os 55 e os 85 anos codificadas com OP (ICPC-2 - L95) ou fraturas (ICPC-2 - L72-76) na lista de problemas. Foi selecionada uma amostra aleatória simples. A inércia terapêutica foi definida com base nas recomendações da Sociedade Portuguesa de Reumatologia.

Resultados:

Obteve-se uma amostra de 217 utentes. Apurou-se inércia terapêutica em 17,5% das mulheres, valor que aumenta para 48,6% nas que sofreram fraturas (p<0,001). As idades diferem de forma estatisticamente significativa entre os utentes com e sem inércia terapêutica (77,5 vs 73,0, p<0,010). A mediana do FRAX para fratura osteoporótica major (16,5 vs 9,65, p<0,001) e fratura da anca (7,6 vs 3,3, p<0,001) foi superior no grupo com inércia terapêutica. Os valores de T-score da coluna lombar (2,45 vs 2,71) e do colo do fémur (2,07 vs 2,02) não diferiram de forma estatisticamente significativa (p=0,299).

Conclusão:

Este estudo realça a aplicação da evidência mais atual ao nível do tratamento da OP na unidade estudada, mas salienta a necessidade de maior intervenção na OP fraturária e em idades mais avançadas.

Palavras-chave: Osteoporose; Inércia terapêutica; Cuidados de saúde primários

Abstract

Introduction:

Osteoporosis (OP) is the most frequent metabolic bone disease, associated with fragility fractures and increased morbimortality. Despite population aging, there has been a downward trend in the implementation of anti-osteoporotic therapy.

Objectives:

To determine the therapeutic inertia in OP in postmenopausal women in primary health care. Verify whether age, T-score, the FRAX value, and anti-osteoporotic therapeutic inertia are associated.

Methods:

Cross-sectional observational study. Inclusion criteria: women aged between 55 and 85 coded with OP (ICPC-2 - L95) or fractures (ICPC-2 - L72-76) in the list of problems. A simple random sample was selected. Therapeutic inertia was defined based on the Portuguese Society of Rheumatology recommendations.

Results:

A sample of 217 patients was obtained. Therapeutic inertia was found in 17.5% of women, which increased to 48.6% in those who suffered fractures (p<0.001). There was a statistically significant difference between the ages of patients with and without therapeutic inertia (77.5 vs 73.0, p<0.010). The median FRAX for major osteoporotic fracture (16.5 vs 9.65, p<0.001) and hip fracture (7.6 vs 3.3, p<0.001) was higher in the group with therapeutic inertia. The difference between T-score values for the lumbar spine (2.45 vs 2.71) and the femoral neck (2.07 vs 2.02) did not reach statistical significance (p=0.299).

Conclusion:

This study highlights the application of the most recent national guidelines regarding osteoporosis treatment in the studied health care unit, but underlines the need for broader intervention in osteoporosis-related fractures and at older ages.

Keywords: Osteoporosis; Therapeutic inertia; Primary health care

Introdução

A osteoporose (OP) caracteriza-se por diminuição da massa óssea (DMO) e deterioração da microarquitetura do osso, conduzindo ao aumento do risco de fratura, principal consequência clínica desta doença.1 Trata-se da doença óssea metabólica mais frequente, com uma prevalência estimada na idade adulta em Portugal de 10,2% (17,0% mulheres, 2,6% homens), segundo o estudo EpiReumaPt. 1 Como consequência da diminuição dos níveis de estrogénios circulantes, a mulher sofre uma aceleração da DMO no período pós-menopáusico. 2

O objetivo do tratamento da OP é a prevenção de fraturas por fragilidade óssea, sendo este risco influenciado por fatores clínicos e ambientais, para além da DMO. Segundo as recomendações da Sociedade Portuguesa de Reumatologia para o tratamento da OP (Tabela 1), o início de terapêutica farmacológica não se baseia apenas no diagnóstico de OP, mas com o risco absoluto de fratura calculado com a ferramenta FRAX@PORT, validada para a população portuguesa, e história pessoal de fraturas após um mecanismo de baixo impacto. 3-4

Tabela 1 Critérios para tratamento farmacológico da osteoporose 

As principais medidas não farmacológicas indicadas na gestão da OP são: alimentação equilibrada, exposição solar adequada, exercício físico regular, cessação tabágica e abstinência alcoólica. Em relação à suplementação de cálcio, apenas está indicada se o aporte diário na dieta for inferior a 1000-1200 mg/dia. 3 A suplementação com vitamina D (800-2000 UI/dia ou equivalente) deve ser considerada em pacientes com níveis de 25-hidroxivitamina D inferiores a 30 ng/ml. Quanto ao tratamento farmacológico, os bifosfonatos são considerados o tratamento de primeira linha, sendo necessário considerar o ácido zolendrónico intravenoso ou denosumab subcutâneo em casos de intolerância oral, má absorção ou não adesão à terapêutica. 3

A OP é reconhecidamente subtratada, tanto a nível nacional como internacional. 5-9 Da perpetiva do utente, estudos apontam para a falta de valorização e reconhecimento das complicações da osteoporose, ao contrário do que acontece para outras doenças silenciosas, como a hipertensão ou a diabetes, e pela presença/receio de efeitos secundários que levam ao abandono da terapêutica. A comunidade médica partilha as mesmas razões acrescidas da falta de familiarização e conhecimento na gestão das medicações antiosteoporóticas. 9-10 O médico de família está numa posição privilegiada para a implementação de terapêutica antiosteoporótica, sendo o principal agente de medicina preventiva no Serviço Nacional de Saúde, acompanhando o doente nas diferentes fases de vida.

O presente trabalho teve como objetivo determinar a inércia terapêutica na OP nas mulheres pós-menopáusicas da USF Garcia de Orta (GO) e avaliar a associação entre a idade dos utentes, o valor de T-score da densitometria, o valor de FRAX e a inércia terapêutica antiosteoporótica.

Métodos

Foi realizado um estudo observacional, analítico e transversal na USF GO, pertencente ao Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Porto Ocidental. A população do estudo correspondeu aos utentes frequentadores inscritos na USF GO. Foram estabelecidos como critérios de inclusão: mulheres com idade compreendida entre os 55 e os 85 anos com o diagnóstico de OP (ICPC2 - L95) ou fraturas (ICPC2 - L72-76) na lista de problemas em 20/janeiro de 2022. Foram excluídos utentes sem teleconsulta ou consulta presencial na USF após fratura de fragilidade, os que sofreram fraturas decorrentes de um traumatismo de alto impacto ou desconhecido e utentes que, como consequência da fratura, tenham ficado com dependência moderada a alta.

Da lista de utentes que cumpriam os critérios de inclusão foi selecionada uma amostra aleatória simples, utilizando o website random.org ® , após cálculo do tamanho amostral determinado para uma frequência hipotética desconhecida de 50%, alfa de 5% e uma precisão de 4% (n=242 utentes).

Os dados foram recolhidos em março/2023 pelos respetivos médicos de família, através da consulta dos processos clínicos eletrónicos na plataforma informática SClínico®. Posteriormente os dados foram codificados e registados numa base de dados eletrónica, não permitindo a identificação dos pacientes e assegurando o anonimato e a confidencialidade de toda informação recolhida.

As variáveis analisadas foram: sexo, idade, índice de massa corporal (IMC), número de fraturas de fragilidade, local de fratura de fragilidade, resultado de FRAX®PORT, valor de T-score da coluna lombar e do colo do fémur, prescrição de medicação antiosteoporótica e tipo de medicação antiosteoporótica. Para o cálculo do FRAX®PORT foram também analisadas as seguintes variáveis: história de pais com fratura da anca, tabagismo ativo, diagnóstico de artrite reumatoide, consumo diário de três ou mais unidades de álcool por dia (≥30 g/dia ou ≥200 g/semana), exposição a glucocorticoides por via oral atual ou passada (durante >3 meses a uma dose ≥5 mg de prednisolona ou equivalente), presença de doença associada a OP secundária (diabetes tipo 1, osteogénese imperfeita em adultos, hipertiroidismo de longa data não tratado, hipogonadismo ou menopausa precoce (<45 anos), desnutrição crónica ou má absorção e doença hepática crónica).

A inércia terapêutica foi definida, segundo as recomendações da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (2018), como: ausência de introdução de medicação antiosteoporótica no primeiro ano após uma fratura de fragilidade da anca, sintomática da vértebra ou duas fraturas de fragilidade independentemente do local; ausência de introdução de medicação antiosteoporótica em doentes de alto risco através do cálculo do FRAX®Port (sem densitometria ≥11% para fratura major e ≥3% para fratura da anca, com densitometria ≥9,5% fratura major e ≥2,5% para fratura da anca). 3

A análise descritiva e inferencial dos dados obtidos foi realizada utilizando o programa informático Statistical Package for the Social Sciences (SPSS®). Para análise estatística descritiva foram calculadas as frequências absolutas e relativas para as variáveis qualitativas e as medidas de dispersão e de tendência central para as variáveis quantitativas. O teste de Kolmogorov-Smirnov foi usado para testar a normalidade da distribuição das variáveis quantitativas.

De forma a verificar a associação entre a idade dos utentes, o valor de T-score da densitometria e o valor de FRAX com inércia terapêutica antiosteoporótica foi utilizado o teste t para amostras independentes ou teste Mann-Whitney (para variáveis não paramétricas). Também foi utilizado o teste Qui-quadrado para verificar a associação de presença de fratura com inércia terapêutica. Para atribuição de significado estatístico considerou-se alfa de 5%.

Obteve-se parecer favorável da Comissão de Ética da Administração Regional de Saúde do Norte.

Resultados

A amostra final incluiu 217 utentes, após aplicação dos critérios de exclusão, com uma mediana de idades de 73 anos. Da amostra, 72,4% utentes estavam sob tratamento antiosteoporótico, sendo os bifosfonatos o tratamento mais utilizado (Tabela 2). Verificou-se inércia terapêutica em 17,5% (n=38) das utentes. Houve um total de 40 fraturas em 36 utentes, descritas na Tabela 3. Quando analisado apenas o grupo das utentes codificadas com fraturas verificou-se uma inércia terapêutica de 48,6% (n=18) e uma associação com significado estatístico entre os dois grupos (p<0,001).

Tabela 2 Descrição da amostra (idade e medicação antiosteoporótica) 

Tabela 3 Análise das fraturas (local anatómico e prevalência na amostra) 

A mediana de idade das doentes foi superior no grupo da inércia terapêutica, com significado estatístico (p<0,008) (Tabela 4). De forma semelhante, o valor de FRAX@Port para fratura osteoporótica major (p<0,001) e fratura da anca (p<0,001), calculado para toda a amostra, foi superior no grupo da inércia terapêutica com significado estatístico (Tabela 4). Da amostra obtida, 57,6% (n=125) tinham registo de osteodensitometria com valores de T-score prévios à iniciação de terapêutica antiosteoporótica. Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa dos valores de T-score da coluna lombar (p=0,30) e do colo do fémur (p=0,83) entre o grupo da inércia e não inércia terapêutica (Tabela 4).

Tabela 4 Comparação da idade, valores de T-score e FRAX@Port no grupo da inércia vs não inércia terapêutica 

Discussão

No presente estudo foi apurada inércia terapêutica baixa nas mulheres pós-menopáusicas diagnosticadas com OP na USF GO, o que demonstra a proatividade da equipa médica na introdução de medicação aquando de um novo diagnóstico de OP. A bibliografia aponta para inércia terapêutica alta após uma fratura de fragilidade osteoporótica, tanto a nível nacional como internacional. 5-7 Apesar dos resultados da investigação serem mais otimistas em relação à bibliografia disponível, a inércia terapêutica apresenta um incremento de cerca de 30% quando avaliado apenas o grupo de mulheres com OP complicada por fratura. Assim, é relevante a apresentação dos resultados à equipa de saúde da USF GO, no sentido de os sensibilizar para a temática, melhorando a prestação de cuidados.

A idade mais elevada no grupo da inércia terapêutica pode ser explicada por uma perceção do médico de família de que a esperança média de vida expectável pode não justificar a introdução de medicação antiosteoporótica. Um outro motivo plausível é a presença de multimorbilidade e polifarmácia nas faixas etárias superiores, o que limita o tempo e a disponibilidade na consulta para abordar a OP quando existem outros problemas de saúde que requerem atenção mais imediata. Neste aspeto, a bibliografia é discordante entre as diferentes fontes. 8,11

Contrariamente ao esperado, verificou-se maior inércia terapêutica nas mulheres com um valor superior no cálculo de risco de fratura através do FRAX@Port. Estes achados podem ser fundamentados pela utilização reduzida desta ferramenta de decisão na prática clínica diária, apesar do relatório SCOPE colocar Portugal em 8.º lugar a nível europeu em termos do número de sessões online na plataforma FRAX. 12 Um possível estudo subsequente será analisar a utilização da ferramenta FRAX pelos médicos dos utentes avaliados no presente estudo. O facto de o risco calculado no FRAX@Port aumentar com a idade e com a história prévia de fratura pode influenciar este resultado, uma vez que também se verificou que ocorre maior inércia terapêutica nestes grupos.

Os bifosfonatos orais foram os fármacos antiosteoporóticos mais utilizados, o que está de acordo com as recomendações e guidelines mais recentes. 3 O uso dos bifosfonatos está contraindicado em taxas de filtração glomerular <30 mL/min/1,73 m2; apesar de já existirem alternativas, não foi estudada a possibilidade desta contraindicação contribuir para os valores de inércia terapêutica.

Tendo em conta a escassez de dados semelhantes na literatura científica nacional, os resultados apresentados no presente estudo são de extrema relevância. Uma das possíveis limitações deste trabalho é o facto de se tratar de um estudo monocêntrico, o que dificulta a generalização dos resultados. Ademais, existe um viés de seleção, pois a amostra apenas contempla as utentes diagnosticadas e codificadas com OP, o que pode ter contribuído para uma subvalorização da inércia terapêutica. De facto, muitos estudos demonstram que um dos fatores que mais contribui para a inércia terapêutica na OP é o seu subdiagnóstico. 7,13

Outra das limitações do estudo foi o viés de informação, dado que os dados foram colhidos por consulta do processo clínico eletrónico. Alguns parâmetros, como a história familiar de fraturas da anca e o mecanismo de fratura, não estão facilmente disponíveis no SClínico® e verificou-se ausência dos valores de T-score em alguns registos. Este viés foi colmatado com a exclusão dos casos em que o mecanismo de fratura era desconhecido após avaliação dos registos do médico de família e do episódio no serviço de urgência. Pelo mesmo motivo foram incluídas apenas as mulheres a partir dos 55 anos, pelo facto de que a informação da idade da menopausa não está facilmente disponível e por vezes não é atualizada precocemente no SClínico®. Desta forma, garantiu-se, com grande probabilidade, que todas as mulheres da amostra se encontram na menopausa. A exclusão de utentes sem consulta presencial ou via telefónica após fatura e aquelas de que resultou dependência moderada a grave é fundamentada com a falta de oportunidade ou benefício clínico na introdução de medicação, não se podendo considerar situações de inércia terapêutica. A inércia terapêutica definida no estudo abrange a ausência de introdução de medicação antiosteoporótica nos doentes de alto risco ou no primeiro ano após fratura, sendo que outras dimensões como a duração do tratamento, a implementação do drug holiday dos bifosfonatos e a vigilância da eficiência do tratamento não foram avaliadas, o que pode representar uma limitação. Ainda assim, os resultados apresentados podem ser sobreponíveis à realidade noutras unidades de saúde e demonstram a necessidade de aumentar a formação nesta área, de forma a proporcionar os melhores cuidados aos utentes e reduzir a morbimortalidade associada a esta patologia.

Conclusão

O médico de família tem uma posição privilegiada na implementação de terapêutica antiosteoporótica e diminuição da inércia terapêutica. O tratamento da OP está a ser implementado adequadamente e segundo a evidência mais atual na maioria das mulheres diagnosticadas com esta doença na unidade estudada, traduzindo uma baixa inércia terapêutica. É necessária maior sensibilização das equipas de saúde para o tratamento da OP complicada de fratura e das mulheres em idade mais avançada.

Contributo dos autores

Conceptualização, MCS e CO; metodologia, MCS, NL e CO; análise formal, MCS, NL e CO; investigação, MCS, AC, CO, MH, AP, RC, MJG, IM, NL, HS e IB; redação do draft original, MCS, AC, CO, MH, AP, RC, MJG, IM, NL, HS e IB; revisão, edição e validação do texto final, MCS, CO, AC, NL e MH.

Conflito de interesses

Os autores declaram não possuir quaisquer conflitos de interesse.

Financiamento

Os autores declaram que o presente trabalho ganhou o prémio de bolsa de investigação APMGF/AICIB 2022.

Referências bibliográficas

1. Branco JC, Rodrigues AM, Gouveia N, Eusébio M, Ramiro S, Machado PM, et al. Prevalence of rheumatic and musculoskeletal diseases and their impact on health-related quality of life, physical function and mental health in Portugal: results from EpiReumaPt - a national health survey. RMD Open. 2016;2(1):e000166. [ Links ]

2. Faienza MF, Ventura A, Marzano F, Cavallo L. Postmenopausal osteoporosis: the role of immune system cells. Clin Dev Immunol. 2013;2013:575936. [ Links ]

3. Rodrigues AM, Canhão H, Marques A, Ambrósio C, Borges J, Coelho P, et al. Portuguese recommendations for the prevention, diagnosis and management of primary osteoporosis: 2018 update. Acta Reumatol Port. 2018;43 Suppl:123-44. [ Links ]

4. Marques A, Rodrigues AM, Romeu JC, Ruano A, Barbosa AP, Simões E, et al. Recomendações multidisciplinares portuguesas sobre o pedido de DXA e indicação de tratamento de prevenção das fraturas de fragilidade Rev Port Med Geral Fam. 2016;32(6):425-41. [ Links ]

5. Pedrosa VT, Pinto BO, Baptista Leite R, Guimarães MC, Araújo FC. Undertreatment of hip fragility fractures in the primary care setting: a 5-year nationwide perspective from Portugal. In: WCO IOF-ESCEO virtual congress, August 26-28, 2021. poster 616. [ Links ]

6. Torres CI. Prescrição de fármacos antiosteoporóticos e fatores que motivam a prescrição um ano após fratura da anca. Coimbra: Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra; 2015. Available from: https://hdl.handle.net/10316/30667 [ Links ]

7. McCloskey E, Rathi J, Heijmans S, Blagden M, Cortet B, Czerwinski E, et al. The osteoporosis treatment gap in patients at risk of fracture in European primary care: a multi-country cross-sectional observational study. Osteoporos Int. 2021;32(2):251-9. [ Links ]

8. Iconaru L, Smeys C, Baleanu F, Kinnard V, Moreau M, Cappelle S, et al. Osteoporosis treatment gap in a prospective cohort of volunteer women. Osteoporos Int. 2020;31(7):1377-82. [ Links ]

9. Naik-Panvelkar P, Norman S, Elgebaly Z, Elliott J, Pollack A, Thistlethwaite J, et al. Osteoporosis management in Australian general practice: an analysis of current osteoporosis treatment patterns and gaps in practice. BMC Fam Pract. 2020;21(1):32. [ Links ]

10. Alami S, Hervouet L, Poiraudeau S, Briot K, Roux C. Barriers to effective postmenopausal osteoporosis treatment: a qualitative study of patients' and practitioners' views. PLoS One. 2016;11(6):e0158365. [ Links ]

11. Elliott-Rudder M, Harding C, McGirr J, Seal A, Pilotto L. Using electronic medical records to assess the rate of treatment for osteoporosis in Australia. Aust Fam Physician. 2017;46(7):508-12. [ Links ]

12. Willers C, Norton N, Harvey NC, Jacobson T, Johansson H, Lorentzon M, et al. Osteoporosis in Europe: a compendium of country-specific reports. Arch Osteoporos. 2022;17(1):23. [ Links ]

13. El Miedany Y, El Gaafary M, Gadallah N, Mahran S, Fathi N, Abu-Zaid MH, et al. Osteoporosis treatment gap in patients at risk of fracture in Egypt: a multi-center, cross-sectional observational study. Arch Osteoporos. 2023;18(1):58. [ Links ]

Recebido: 27 de Dezembro de 2023; Aceito: 26 de Junho de 2024

Endereço para correspondência Mariana Cruz da Silva E-mail: cruzdasilva.mariana@gmail.com

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons