INTRODUÇÃO
O envelhecimento populacional e o aumento da longevidade são das maiores conquistas neste século, no entanto também colocam novos desafios aos profissionais de saúde e da área social, que se confrontam com a necessidade de promover o envelhecimento ativo e saudável, retardando a fragilidade e o declínio funcional.
Nas últimas décadas, a temática da fragilidade tem recebido cada vez mais atenção devido à elevada frequência da sua ocorrência e ao peso das suas consequências, não devendo ser encarada como uma condição inevitável do envelhecimento. No mais recente estudo europeu onde foi analisada a prevalência da fragilidade, detetou-se que Portugal apresenta 15,6% de idosos frágeis e 47,6% de idosos pré-frágeis1.
Apesar do conceito de fragilidade ser universalmente aceite, a sua definição não é consensual. Enquanto uns autores definem a fragilidade como a presença de 3 ou mais dos seguintes critérios: fraqueza muscular, marcha lenta, baixa atividade física, autorrelato de exaustão e perda de peso involuntária2; outros referem que se trata de uma condição resultante do acúmulo de problemas físicos, funcionais, cognitivos ou socias clinicamente relevantes e relacionados com o envelhecimento3. Outros autores, baseados em estudos mais recentes consideram que a fragilidade é um estado de vulnerabilidade resultante do declínio progressivo das reservas fisiológicas e de uma interação dinâmica e complexa entre fatores físicos, psicológicos e sociais com repercussão na qualidade de vida dos idosos, seus familiares e cuidadores4.
O atual estado da arte sugere que apesar das diferentes concetualizações e formas de rastreio, fatores sociodemográficos (idade avançada, género feminino, baixo nível socioeconómico), eventos traumáticos e críticos para a pessoa (morte de uma pessoa significativa, divórcio, acidente, hospitalização), fatores físicos (fadiga, reduzida força de preensão palmar, velocidade da marcha lenta, dificuldade em manter o equilíbrio, baixa atividade física, perda de peso não intencional, dificuldades auditivas e visuais), psicológicos (declínio cognitivo, do humor e coping) e sociais (relações sociais reduzidas) concorrem para a condição de fragilidade nos idosos1-6.
Neste contexto, a fragilidade é cada vez mais reconhecida como um problema de saúde pública e, a identificação das condições e os fatores de risco modificáveis que concorrem para esta síndrome, assim como as barreiras que limitam a capacidade funcional, cognitiva e a participação nas atividades básicas e instrumentais da vida diária são primordiais.
É fulcral que os enfermeiros ao nível comunitário identifiquem precocemente a fragilidade nos idosos e intervenham no desenvolvimento de estratégias, gestão de sintomas ou redução do risco da incapacidade e dependência, de forma a alterar potencialmente o estado de fragilidade e assim serem prevenidos resultados adversos como as quedas, a incapacidade e maior risco de institucionalização e mortalidade6-7.
Apesar da fragilidade ser alvo de muitos estudos internacionais, não tem sido uma temática muito explorada pelos enfermeiros de reabilitação na comunidade e, sabendo que esta síndrome indicia risco de perda funcional, fator que afeta significativamente a qualidade de vida e bem-estar dos idosos, torna-se uma janela de oportunidade para a intervenção dos enfermeiros de reabilitação para que se possam identificar as causas e desenvolver programas de prevenção e intervenção eficazes8.
Diante do exposto, sendo este estudo parte do projeto de investigação mais alargado"Idosos frágeis no domicílio: Ganhos sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação"colocamos a seguinte questão de investigação: Qual o perfil de fragilidade dos idosos de uma unidade de saúde do norte de Portugal?
Em consonância com o referido, foi definido como objetivo: analisar o perfil de fragilidade dos idosos de uma unidade de saúde do norte de Portugal.
METODOLOGIA
Estudo quantitativo, descritivo, transversal e com amostragem probabilística (seleção de 5 em 5 de uma lista de idosos inscritos em uma Unidade de saúde de uma região rural do norte de Portugal)9. Foram critérios de inclusão ter idade igual ou superior a 65 anos, estar inscrito num Agrupamento de Centros de Saúde onde se desenvolve o estudo mais amplo, aceitar após convite participar no estudo de forma voluntária e informada e não possuir défices cognitivos graves, validados no início da entrevista. Foram excluídos idosos que apresentaram compromisso da comunicação, orientação, assim como dependência total nos autocuidados.
Os dados foram colhidos através de entrevistas não presenciais, via telefone, decorrente da situação de pandemia, que se suportavam num inquérito, entre outubro de 2020 e janeiro de 2021 por 4 investigadores, todos Enfermeiros, previamente treinados e capacitados.
Antes do início das entrevistas foi feita a divulgação do início do estudo pelos padres da região.
Participaram do estudo 173 idosos que responderam de forma coerente e ajustada quer às questões formuladas no início da entrevista quer às questões integrantes do instrumento de colheita de dados da investigação. A amostra foi determinada a partir do cálculo para populações finitas, considerando intervalo de confiança de 90% e erro de amostragem de 5%. Para a colheita de dados foi utilizado um formulário estruturado, o qual se constituiu de questões referentes às variáveis em estudo e assim constituído por: caraterísticas sociodemográficas (género, estado civil, fonte de rendimento, escolaridade, agregado familiar, cuidador principal), condições de saúde/doença (doenças crónicas, número de medicamentos, antecedentes de quedas) e o Índice de fragilidade de Tilburg (Tilburg Frailty Indicator-TFI). Este instrumento é constituído por 15 questões, distribuídas em três domínios, nomeadamente físico (oito questões), psicológico (quatro questões) e social (três questões). O resultado final varia entre 0 a 15 pontos, sendo que quanto maior for a pontuação, maior é o nível de fragilidade, sendo que um resultado igual ou superior a seis indica que o idoso é frágil. Especificamente o score do domínio físico varia entre zero e oito; o do domínio psicológico entre zero e quatro; e o do domínio social entre zero e três4.
Todos os procedimentos foram efetuados segundo uma rigorosa conduta ética, com autorizações por parte do Conselho Diretivo da Unidade de Saúde e respetiva Comissão de Ética (Administração Regional de Saúde do Norte), conforme Parecer nº 24/2020, garantindo-se o anonimato e confidencialidade dos dados recolhidos. Todos os participantes foram informados detalhadamente sobre os objetivos da pesquisa, procedimentos adotados e garantia de anonimato e confidencialidade dos dados referentes à sua identificação.
Os dados foram introduzidos durante a entrevista numa base no aplicativo Excel e posteriormente exportados para o programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 26.0 afim de se proceder ao tratamento estatístico, sendo que de acordo com a natureza das variáveis e os objetivos do estudo, recorremos à análise descritiva9. As variáveis continuas foram representadas através de medidas de tendência central, nomeadamente a média (M), a moda (Mo), e a mediana (Md), e como medida de dispersão foi utilizado desvio padrão (σ). As variáveis nominais foram descritas através da distribuição de frequências, nomeadamente frequências absolutas (N) e relativas (%). A assimetria da amostra foi avaliada através do coeficiente de assimetria de Pearson e análise de diagrama de extremos e quartis.
Para análise da associação entre a condição de fragilidade e as condições sociodemográficas e de saúde e atendendo à distribuição assimétrica da amostra foram utilizados os testes Mann Whitney, Kruskall-Wallis, Qui-quadrado e correlação de Pearson, com um nível de significância de 5% (p<0,05).
RESULTADOS
Participaram do estudo 173 idosos, sendo 107 (61,8%) mulheres e 66 (38,2%) homens. A ida de da população estudada variou de 65 a 97 anos, com idade média de 81,11 (±7,550) anos. A idade média das mulheres foi 80,71 ± 7,816 (65-95 anos) e dos homens foi 81,76 ± 7,108 (66- 97 anos). Ao nível do estado civil, 59,5% são casados, 35,3% viúvos, 3,5% solteiros e 1,7% divorciados.
Em relação ao grau de escolaridade, a maioria (73,4%) declarou ter o 1º ciclo do ensino básico, 13,9% afirmaram ser analfabetos e 12,7% tinham entre o 2º ciclo do ensino básico e o ensino superior. Relativamente à fonte de rendimento, a maioria (98,8%) vivia com o apoio da reforma. No que concerne ao agregado familiar, a maioria (46,8%) vive apenas com o cônjuge com idade média de 78,92 (± 7,101), 13,3% vive só e os restantes têm um agregado entre 3 e 6 pessoas. A maioria (52%) refere não ter cuidador principal, conforme tabela 1.
Variáveis | N | % |
---|---|---|
Género Feminino Masculino |
107 66 |
61,8% 38,2% |
Idade 65-70 71-75 76-80 81-85 >85 |
17 25 38 40 53 |
9,8 14,5 22,0 23,1 30,6 |
Estado civil Casado (a)/união de facto Viúvo (a) Solteiro (a) Divorciado (a) |
103 61 6 3 |
59,5% 35,3% 3,5% 1,7% |
Fonte de rendimento Reforma Trabalho |
171 2 |
98,8% 1,2% |
Cuidador Principal Sim Não |
83 90 |
48% 52% |
Escolaridade Analfabeto 1ºciclo 2ºciclo 3ºciclo Ensino secundário Ensino superior |
24 127 8 2 9 3 |
13,9% 73,4% 4,6% 1,2% 5,2% 1,7% |
Em termos de perceção da saúde, 44,5% considera a sua saúde como aceitável, 28,3% boa, 19,7% má, 6,9% muito boa e 0,6% excelente. No que diz respeito à condição de saúde/doença, destacam-se os seguintes processos patológicos: Doença musculosquelética (79,7%), Doença cardiovascular (56,1%), Doença endócrina (30,7%), Doença psiquiátrica (28,8%) e Doença respiratória (19,7%). Apenas 2,9% não toma medicamentos, sendo que os restantes 97,1% consomem em média 5,24 (±2,359) medicamentos. A história de uma ou mais quedas nos últimos 6 meses esteve presente em 29,4% dos idosos.
Relativamente aos determinantes da fragilidade, os idosos referiram que durante o último ano 30,4% passou por uma doença grave em si próprio, tendo que 27,7% recorrer ao Serviço de Urgência e 13,9% esteve internado, 20,1% vivenciou uma doença grave numa pessoa significativa para si e 13,5% assistiu mesmo à morte de uma pessoa querida.
De acordo com o Índice de Tilburg, considerando os critérios definidos no modelo, ou seja, critério de fragilidade se pontuação igual ou superior a seis, passou-se a uma análise da prevalência da fragilidade, tendo-se verificado que 60,7% dos idosos da amostra eram frágeis, conforme gráfico 1.
Analisando o perfil dos idosos frágeis, verificou-se que a condição de ser frágil prevaleceu em 67,6% das mulheres e 32,4% dos homens, com associação estatisticamente significativa entre as variáveis (p= 0,025). Também o estado civil se correlaciona significativamente com a fragilidade (p= 0,010), tendo-se verificado maior score no Índice de Tilburg entre os solteiros (11,17± 1,94), seguindo-se os viúvos (7,33± 3,797), casados (6,69± 3,62) e divorciados (3,67± 2,08).
Relativamente à idade, verificou-se que a maioria (26,7%) dos idosos classificados como frágeis tinham idade superior a 85 anos, sendo que 24,8% tinham entre 81 e 85 anos, 21,9% entre 76 e 80 anos e os restantes idade inferior a 75 anos.
A perceção de saúde também se correlacionou significativamente com a fragilidade (p<0,001), tendo-se verificado maior score no Índice de Tilburg entre os idosos com pior perceção de saúde, ou seja, má perceção de saúde (9,92± 2,76), seguindo-se aceitável perceção de saúde (8,31± 3,23), boa perceção de saúde (4,16± 2,25), muito boa perceção de saúde (2,58 ± 1,38) e excelente perceção de saúde (2± 0).
Também o número de doenças e o número de medicamentos se correlacionou com a fragilidade (p<0,001 em ambas), tendo-se verificado que os idosos frágeis descrevem em média 4,21 (±1,66) doenças crónicas e 73,3% consomem 5 ou mais medicamentos, conforme tabela 2.
Variáveis | Correlação com a Fragilidade |
---|---|
p* | |
Género feminino | 0,025 |
Estado civil solteiro | 0,001 |
Maior número de medicamentos | <0,001 |
Maior número de doenças | <0,001 |
Pior Perceção de Saúde | <0,001 |
p*- teste Kruskal-Wallis; p<0,05- Estatisticamente significativo
A pontuação média total do Índice de Tilburg da amostra foi de 7,0173 (±3,72), enquanto que para os idosos frágeis foi de 9,5048 (±2,38635), conforme tabela 3.
Pontuação | Total | Frágeis | Correlação | ||
---|---|---|---|---|---|
M | σ | M | σ | p* | |
Dimensão Física | 3,89 | 2,21 | 5,23 | 1,58 | <0,001 |
Dimensão psicológica | 2,20 | 1,39 | 3,0 | 0,93 | <0,001 |
Dimensão social | 0,92 | 0,81 | 1,24 | 0,79 | <0,001 |
Total | 7,02 | 3,72 | 9,50 | 2,39 |
p*- teste Kruskal-Wallis; p<0,05- Estatisticamente significativo
A maioria dos idosos frágeis (83,8%) sofreu influência cumulativa das dimensões física, psicológica e social e, analisando detalhadamente cada uma das dimensões verificou-se que a maioria sente cansaço físico (88,6%) e que não está fisicamente saudável (73,3%), tem dificuldade na visão (81%), em manter o equilíbrio (74,3%), em andar (66,7%) e dificuldade na audição (55,2%). A falta de força nas mãos também é prevalente nos idosos frágeis (55,2%).
Relativamente à dimensão psicológica, verificamos que a perceção de sentir-se em baixo e ansioso no último mês foi bastante frequente, 92,4% e 85,7% respetivamente. Com relação à dimensão social, destacamos o relato da sensação de ter falta de pessoas à sua volta (83,8%).
Em síntese o perfil dos idosos frágeis inscritos nesta Unidade de saúde é do género feminino, solteiro, reformado, com 1º ciclo de escolaridade, com comorbilidades, polimedicados, baixa perceção de saúde e influenciado pelas condições físicas, psicológicas e sociais de cada pessoa.
DISCUSSÃO
De acordo com os resultados anteriormente expostos, verificamos que esta é uma amostra predominantemente do género feminino, com uma média de idades de 81,11, casados e com o primeiro ciclo de escolaridade, corroborando vários estudos internacionais que referem que a fragilidade tem maior incidência nas mulheres idosas, com idade mais avançada e com grau de escolaridade menor5,10-11.
Vários autores referem que a síndrome de fragilidade parece ter maior incidência em mulheres idosas pela maior perda fisiológica de massa muscular, que pode estar relacionada à redução dos níveis de testosterona, terem menor massa magra e ingestão nutricional inadequada, potenciando o desenvolvimento de sarcopenia e a síndrome de fragilidade12-13. Também as condições experimentadas pelas mulheres idosas ao longo de suas vidas, como o desempenho de tarefas domésticas, vida social circunscrita e pouca independência económica potenciam a condição de fragilidade14.
A associação encontrada neste estudo entre o estado civil, maioritariamente solteiros e viúvos e a fragilidade não difere de muitos estudos. Num estudo com idosos taiwaneses de 65 anos de idade ou mais, o estado civil solteiro/viúvo apresentou-se como fator de risco para a fragilidade15. Um estudo com 958 idosos brasileiros observou maior proporção de idosos frágeis a viver sós16. A presença de um companheiro e a retaguarda familiar são fatores protetores da fragilidade social, apoiando na situação económica, resolução de problemas, promoção da saúde e gestão do processo de envelhecimento. Porém, os idosos que optam por morar sozinhos podem ser menos frágeis11.
As multimorbilidades e a polimedicação, mais concretamente 5 ou mais medicamentos, também estiveram associadas à condição de fragilidade, o que vai de encontro com diversos estudos internacionais10,16-17. Sabe-se também que uma elevada utilização de medicamentos pode afetar negativamente a qualidade de vida do idoso devido à maior probabilidade de ocorrência de reações adversas e interações medicamentosas. Contudo, estes mesmos medicamentos são os que muitas vezes ajudam a prolongar a longevidade18. Relativamente às comorbilidades, diversos estudos têm demonstrado que idosos que apresentam comorbilidades são mais propensos a serem frágeis. Não só as doenças crónicas como a sua sintomatologia podem ampliar o risco de fragilidade1-2,10.
Quanto à representação da fragilidade é evidente o impacto desta na população, em que 60,7% foram considerados frágeis, corroborando com a literatura internacional que tem encontrado grandes prevalências de fragilidade em idosos. Num estudo com idosos holandeses de 75 anos ou mais residentes no domicílio foi detetado uma prevalência de 47% de fragilidade4.
A perceção do estado de saúde associou-se à condição de fragilidade, corroborando estudos prévios19. A literatura enfatiza que os idosos frágeis apresentam menor qualidade de vida relacionada com a saúde e por isso pior a perceção do estado de saúde20.
Relativamente às dimensões que contribuem para a fragilidade verificou-se que a maioria dos idosos sofre influência cumulativa das dimensões física, psicológica e social, o que vai de encontro ao descrito num estudo recente que refere que as queixas psicológicas dos idosos frágeis contribuem para um maior risco de desenvolver doenças físicas, sendo que estas agravam a fragilidade psicológica e, o suporte e a rede social influenciam as dimensões física e psicológica da fragilidade5.
A dificuldade em andar foi frequentemente descrita no autorrelato dos idosos frágeis, corroborando vários autores que descrevem este foco de atenção como um importante marcador da fragilidade5,20. Neste sentido, a intervenção do enfermeiro de reabilitação torna-se primordial.
Também a exaustão foi outro dos sintomas associados à fragilidade nesta amostra, indo de encontro aos relatos de vários autores que referem que a fadiga e a exaustão nos idosos frágeis são variáveis muito prevalentes1,21-22.
Relativamente aos problemas sensoriais verificou-se que os problemas de audição e visão potenciam o risco de fragilidade, corroborando vários estudos que denotam que a diminuição da acuidade visual e auditiva em idosos está associada ao desenvolvimento de fragilidade e quedas22-23.
Contudo, apesar da influência das várias dimensões da fragilidade, verificou-se que cada idoso apresenta diferentes necessidades e problemas, alvo da intervenção do enfermeiro de reabilitação. Enquanto uns necessitam de maior intervenção na promoção da independência funcional, outros necessitam de aprender a gerir o stress, a ansiedade e o isolamento social.
Esta singularidade justifica uma intervenção individualizada do enfermeiro de reabilitação no domicílio dos idosos frágeis atendendo às necessidades específicas de cada um, sem expor os receios ou medos dos idosos em contexto de grupo, tal como alguns autores referem24-26.
Apontam-se como limitações do estudo o fato de ser do tipo transversal, realizar-se num contexto geográfico específico, bem como utilizar informações de autorrelato. Investigações longitudinais são necessárias para tornar mais robustas as inferências quanto aos fatores preditores da fragilidade.
CONCLUSÃO
Este trabalho de investigação encontrou uma representação da fragilidade de 60,7% dos idosos. Os idosos frágeis apresentaram um perfil marcado pelas comorbilidades, polimedicação e a autoperceção de saúde deficitária. Os problemas sensoriais, como a dificuldade de visão e audição, a perceção de sentir-se em baixo, com cansaço físico, com sintomatologia de ansiedade, assim como a dificuldade no equilíbrio, no andar e a falta de força nas mãos foi bastante prevalente na população de idosos frágeis.
A compreensão dos fatores associados à fragilidade, considerando sua natureza multifatorial, são ferramentas primordiais para o diagnóstico e intervenção precoce, prevenção, reabilitação e promoção da saúde. Desta maneira, recomenda-se a avaliação da fragilidade nos cuidados de saúde primários a fim de aprimorar a saúde da população idosa.
Apesar das limitações referidas, este estudo pode contribuir para a melhor compreensão da epidemiologia da fragilidade nesta população e demonstra a necessidade dos idosos serem acompanhados por enfermeiros de reabilitação para melhorar as condições de risco de fragilidade ou as condições que contribuem para a fragilidade.