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New Trends in Qualitative Research

versão On-line ISSN 2184-7770

NTQR vol.18  Oliveira de Azeméis out. 2023  Epub 30-Nov-2023

https://doi.org/10.36367/ntqr.18.2023.e886 

Artigo Original

Implementação do Projeto ApiceOn: Desenvolvimento e Prática do Enfermeiro

ApiceOn Project Implementation: Nursing Development and Practice

Juliana Louise da Silva Ibiapino1 
http://orcid.org/0000-0003-4359-0832

Mara Quaglio Chirelli1 
http://orcid.org/0000-0002-7417-4439

Kátia Terezinha Alves Rezende1 
http://orcid.org/0000-0002-9022-2680

Maria José Sanches Marin1 
http://orcid.org/0000-0003-0206-4756

Fernanda Moerbeck Cardoso Mazzetto1 
http://orcid.org/0000-0001-9276-219X

Márcio Mielo2 
http://orcid.org/0000-0003-0220-4480

1 Faculdade de Medicina de Marília, Brasil

2 Faculdade de Medicina de Marília, Hospital Santa Casa de Misericórdia de Marília, Brasil


Resumo

Introdução: O Projeto de Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia (ApiceOn), propõe integrar os hospitais de ensino à Rede Cegonha, visa as áreas que se referem ao parto e nascimento, planejamento reprodutivo pós-parto e pós aborto, atenção as mulheres que estão em situação de violência sexual e abortamento e aborto legal, por meio de práticas humanizadas e evidências científicas com a inserção de enfermeiros obstetras e obstetrizes, diretamente relacionadas ao aprendizado dos futuros profissionais. Objetivo: analisar o processo de implementação do projeto ApiceOn em uma instituição hospitalar e como se desenvolveu a inserção do enfermeiro e do enfermeiro obstetra. Métodos: pesquisa de abordagem qualitativa, realizada por meio de entrevitas semi-estruturadas com 15 enfermeiros e tratamento dos dados pela Análise Temática de Conteúdo. Identificou-se como tema o conhecimento e desafios do Projeto ApiceOn: do significado, da implementação, do desenvolvimento e da prática do enfermeiro. Resultados: considera-se que as entrevistadas possuem conhecimento incipiente sobre o projeto, sua implementação e desenvolvimento não há inserção dos enfermeiros e enfermeiros obstetras frente ao projeto. O processo de implantação e implementação do Projeto ApiceOn requer a constituição de cogestão, visto que necessita da construção de novas práticas ancoradas no modelo de vigilância à saúde, superando o modelo biomédico, para tanto a lógica de formação dos profissionais está pautada na educação permanente. Conclusão: há a necessidade de mudança do paradigma de cuidado em saúde e, consequentemente, do processo de trabalho com as gestantes/parturientes/famílias, por meio da implementação e formação para o desenvolvimento do projeto ApiceOn, utilizando protocolos para atuação dos profissionais e organização estrutural.

Palavras-Chave: Saúde Materno-Infantil; Rede Cegonha; Humanização da Assistência

Abstract

Introduction: The Project for Improvement and Innovation in Care and Teaching in Obstetrics and Neonatology (ApiceOn) proposes to integrate teaching hospitals to Rede Cegonha, targets areas related to labor and birth, postpartum and post-abortion reproductive planning, care for women who are in a situation of sexual violence and abortion and legal abortion, through humanized practices and scientific evidence with the insertion of obstetric nurses and midwives, directly related to the learning of future professionals. Goals: analyze the ApiceOn project implementation process in a hospital institution and how the insertion of the nurse and the midwife. Methods: qualitative approach research, with 15 nurses through semi-structured interviews and data processing by Analysis thematic content. The knowledge and challenges of the ApiceOn Project were identified as a theme: the meaning, implementation, development and practice of nursing. Results: it is considered that the interviewees have incipient knowledge about the project, its implementation and development and there is no insertion of nurses and midwives in front of the project. The implementation process of the ApiceOn Project requires the constitution of co-management, since it requires the construction of new practices anchored in the health surveillance model, surpassing the biomedical model, therefore, the training logic of professionals is based on permanent education. Conclusions: there is a need to change the paradigm of health care and, consequently, the work process with pregnant women/pregnant women/families, through the implementation and training for the development of the ApiceOn project, using protocols for the performance of professionals and structural organization.

Keywords: Maternal and Child Health; Maternal-Child Health Services; Humanization of Assistance

Introdução

No Brasil, nos últimos 30 anos, ocorreram avanços nas ações realizadas no parto e nascimento, em virtude de iniciativas do governo e da sociedade, que promoveram o acesso às tecnologias adequadas no cuidado e diminuição de inequidades regionais, quanto aos níveis de instrução e raciais. No entanto, a redução da morbimortalidade materna infantil permanece desafiadora, assim como demonstra o inquérito nacional sobre o parto e nascimento “Nascer no Brasil”, por meio das altas taxas de cesáreas, identificando 88% dos nascimentos, no período da pesquisa, ultrapassando o índice de 15% ou menos, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (Bittencourt et al., 2021; Leal et al., 2021).

Diante do grande problema que a saúde materno-infantil representa, em 2011, foi lançada a Rede Cegonha. Uma estratégia inovadora do Ministério da Saúde, que tem como objetivos ampliar e qualificar o acesso humanizado às ações de planejamento reprodutivo, pré-natal, parto e nascimento, puerpério e atenção à criança até dois anos de idade, buscando atender as diretrizes propostas pela OMS (World Health Organization [WHO], 2016).

Porém, mesmo com a intenção da superação do modelo tecnocrático predominante, no rumo à humanização do cuidado ao binômio mãe-bebê, da Rede Cegonha, persiste um modelo caracterizado pelo excesso de intervenções, muitas delas, sem a aplicação de saúde baseada em evidências. Este enfoque é preocupante, em especial, nas instituições hospitalares em que se desenvolve a formação, pois há a reprodução de práticas inapropriadas junto aos futuros profissionais (Bittencourt et al., 2021; Mendes & Rattner., 2020).

Na proposta de humanização da saúde materno-infantil, a unidade hospitalar deve receber a mulher, seus familiares e recém-nascidos com dignidade, ética e solidariedade em um ambiente acolhedor e com tomada de decisões conjunta entre os profissionais, a mulher e a família, explicando as possibilidades das ações, sem que haja intervenções desnecessárias, evitando complicação para o binômio e família (Esswein et al., 2021).

Considerando o desempenho dos hospitais, a partir das diretrizes da Rede Cegonha, verifica-se que as ações foram parcialmente implantadas, em todas as regiões do país, no componente parto e nascimento, com maior percentual de inadequações, nas maternidades da região norte do país, com 54,7% para o monitoramento do cuidado, 62,8% para gestão participativa e 82,6% da ambiência (Bittencourt et al., 2021).

Na visão das gestantes, há dimensões do cuidado que não correspondem às implementadas, além de, muitas vezes, não ter suas necessidades atendidas. As que realizaram parto cesárea, sentiram-se menos acolhidas, podendo estar associado ao excesso de intervenções (Nunes et al., 2022).

Outra situação, que caracteriza as más práticas de atenção às parturientes, tem sido a violência obstétrica, submetendo a mulher às experiências de parto desrespeitosas e/ou abusivas, sem a presença de acompanhante, que, por vezes, é impedido de estar na sala de parto, potencializando vivências de desamparo (Matos et al., 2021). Situações traumáticas no parto são decorrentes de interações negativas com o profissional, falta de informação e consentimento, nenhum direito de participar nas decisões relativas ao trabalho de parto e falta de apoio e acolhimento às mulheres.

O cuidado centrado na pessoa, com continuidade, empoderando a mulher na tomada de decisão, respeitando e garantindo seus direitos, favorecem experiências positivas de parto, recomendando-se a criação de programas de desenvolvimento na atenção às mulheres, nessa fase do ciclo da vida (Annborn & Finnbogadóttir., 2022; Watson et al., 2021).

A diretriz de ações intraparto da OMS recomenda para todas as mulheres, no ciclo gravídico-puerperal, o cuidado pautado em dignidade, privacidade e confidencialidade, garantindo a liberdade de escolha e das informações indispensáveis, ausência de danos e maus-tratos e apoio frequente durante o trabalho de parto (WHO, 2018).

Frente a esse contexto, tendo como intenção a constituição do modelo de cuidado humanizado, em hospitais, em que ocorre a formação, criou-se o Projeto de Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia (ApiceOn) (Mendes & Rattner., 2020). Por meio dele, pretende-se implementar e disseminar boas práticas, ancoradas em evidências, modificando a formação, gestão e o cuidado em saúde.

Nesta perspectiva, a humanização requer a formação dos profissionais, na atenção em saúde, para que se possa desenvolver uma prática de aprendizagem e compartilhamento de saberes reconhecendo direitos, independentemente das condições sociais, raciais, étnicas, culturais e de gênero. A atenção humanizada e de boa qualidade é um processo contínuo e demanda reflexão permanente sobre os atos, condutas e comportamentos de cada pessoa envolvida na relação, colocando o autoconhecimento para melhor compreender o outro, com suas especificidades e ajudar sem impor valores, opiniões ou decisões. Portanto, requer ensino crítico e reflexivo sobre a realidade vivida, buscando a superação de práticas instituídas (Lima et al., 2019; Portela et al., 2018).

Na implementação do ApiceOn, há desafios a serem compreendidos e enfrentados, dentre os quais a constituição de infraestrutura, que possa acolher as necessidades da pessoa, que gesta e pare, rever o processo de trabalho centrado no médico e o desafio da inserção dos enfermeiros obstétricos, requerendo rompimento de uma hierarquia, no modo de produzir o cuidado às mulheres, o neonato e os familiares (Mendes & Rattner., 2020).

Dessa forma, considera-se como pressuposto inicial da investigação, que a prática do enfermeiro e enfermeiro obstetra apresenta desafios no contexto do ApiceOn, uma vez que, ainda há o predomínio do modelo biomédico de cuidado às gestantes, parturientes e puérperas, além do processo de gestão que não favorece a desconstrução e adoção de novas ações nesse cuidado.

Ponderando que o projeto ApiceOn foi implementado recentemente, nas instituições hospitalares de ensino, muitos desafios precisam ser compreendidos para buscar estratégias de mudança no cuidado, na gestão e na formação. A partir desse contexto, questiona-se, como ocorreu o processo de implementação do Projeto ApiceOn em um hopital escola do interior paulista?

Neste sentido, busca-se contribuir na apreensão de como as instituições têm construído suas estratégias para realizar as ações propostas no projeto, para que se possa reconstruir as proposições e os caminhos junto aos gestores, trabalhadores e usuários.

Portanto, a investigação propõe analisar o processo de implementação do projeto ApiceOn, em uma instituição hospitalar, e como se desenvolveu a inserção do enfermeiro e do enfermeiro obstetra. contagem.

Metodologia

Pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, a qual buscou compreender a lógica interna dos grupos, das instituições e atores envolvidos (Minayo, 2014). A investigação seguiu a lista de critérios incluída no Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research (COREQ), que orienta a pesquisa qualitativa.

Foi desenvolvida no Departamento de Atenção à Saúde Materno-Infantil, que é uma unidade hospitalar de assistência, que integra a Rede Regional de Atenção à Saúde - RRAS - 10, do Departamento Regional de Saúde - DRS IX, do Estado de São Paulo, Brasil (Governo do Estado de São Paulo, 2021).

O Hospital de Ensino pesquisado faz parte da Rede Cegonha, conta com 102 leitos. Desde 2002, integra a Rede de Hospitais “Amigo da Criança” do Ministério da Saúde, desenvolvendo ações estabelecidas pelo programa, com ênfase no estímulo à amamentação e ao parto humanizado. Em 2011, passou a integrar a Rede Cegonha. O Departamento de Atenção à Saúde Materno Infantil compõe também a rede de hospitais universitários, que integram o Projeto ApiceOn, a partir de 2017 (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília, 2019).

O Departamento de Atenção à Saúde Materno-Infantil tem 46 enfermeiros e seis enfermeiros obstétricos. Incluiu-se, na pesquisa, os enfermeiros e enfermeiros obstétricos, que realizam as ações práticas do Projeto ApiceOn, por pelo menos três meses, enfermeiros fixos da escala e/ou plantonistas da maternidade, centro obstétrico e pré parto e puerpério. Excluíram-se os profissionais que estavam de licença ou férias, no período da coleta de dados, e os entrevistados, na fase do piloto, a qual foi realizada, entre os dias 7 a 10 de junho de 2022.

Portanto, foram selecionados para participar da pesquisa 16 profissionais, entre eles, 10 enfermeiros, sendo que um não aceitou participar, e seis enfermeiros obstetras; desta forma, 15 profissionais participaram da investigação.

A coleta de dados foi realizada pela pesquisadora principal, por meio de entrevista individual, semiestruturada com os enfermeiros e enfermeiros obstétricos, no período de junho a julho de 2022. Solicitou-se a autorização para a gravação das falas, que foi transcrita para a análise dos dados. Foi utilizado um roteiro com questões norteadoras sobre o conhecimento do Projeto ApiceOn, o processo e os desafios da implementação do mesmo; inicialmente, realizou-se um teste piloto com profissionais, que atuam no mesmo local da pesquisa, o que levou a modificações nas questões do roteiro.

Empregou-se a Análise Temática de Conteúdo no processamento dos dados (Minayo, 2014). A análise passa pelas fases: (a) pré-análise; (b) exploração do material; (c) tratamento dos resultados, análise e interpretação.

Na etapa de pré-análise, objetiva-se a exploração do material visando à compreensão do texto, por meio da organização de categorias com recortes, classificando o agrupamento dos dados. Numa segunda fase, a análise ocorreu considerando o agrupamento das falas nas categorias, elaborando síntese das ideias do mesmo, chegando-se ao núcleo de sentido. Na próxima fase, esses foram articulados, gerando o tema (Quadro 1), sendo apresentado, discutido e interpretado na perspectiva das diretrizes do projeto e do seu processo de gestão na implementação.

Quadro 1 Agrupamento dos núcleos de sentido e temas, derivados da análise de dados das entrevistas com os profissionais de saúde. Marília, SP, Brasil, 2022. 

Fonte: autores

A coleta dos dados foi iniciada após a aprovação do Comitê de Ética da Faculdade de Medicina de Marília, com número CAAE 43307121.6.0000.5413, parecer número 5.269.265/2022. Todos os participantes, após a apresentação do projeto, o esclarecimento dos aspectos éticos, o pedido de autorização para realização da entrevista, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Considerando o sigilo dos dados, cada um dos entrevistados foi identificado pela letra “E” e o número da entrevista. Ex: E1; E2; ...E15.

3. Resultados

3.1 Caracterização dos Participantes

Todos as participantes são mulheres, com faixa etária, em média, de 38 anos, sendo a idade mínima 27 e a máxima 52.

As participantes têm entre quatro e 20 anos de formação como enfermeiras, sendo a média de 10 anos. O tempo de atuação no projeto ApiceOn, é de 3 anos, sendo a mais recente, com 6 meses de atuação e as mais antigas, com 4 anos de inserção no projeto.

Quanto à instituição de formação das entrevistadas, 40% são formadas em instituições públicas e 60% em instituições privadas. Das entrevistadas, 93% possuem pós-graduação, apenas 7% das pós-graduadas têm formação complementar, sem que estivessem diretamente relacionadas à área Materno Infantil e entre elas, 13% são enfermeiras obstétricas.

3.2 Conhecimento e desafios do Projeto ApiceOn: do significado, da implantação, do desenvolvimento e da prática do enfermeiro

As entrevistadas têm pouco conhecimento sobre o ApiceOn; mas afirmam que têm enfermeiras no projeto, e que, entretanto, desconhecem do que se trata e qual é o papel delas no mesmo. Mencionam que não tiveram contato com o projeto e o que sabem, é o que escutam quando ingressaram na instituição, porém não são orientadas ao serem admitidas, no entanto, acreditam se tratar de uma proposta interessante.

O projeto em si, não tenho muito contato. Sabemos o que escutamos quando entramos na instituição, não somos orientados. ... Sei que não são todos os hospitais que participam, que é um dos hospitais que aderiram essa modalidade de atendimento, mas não tenho nada assim. Olha, é isso, vocês precisam fazer isso, seguir esse protocolo, como hospital amigo da criança, por exemplo (E12).

Acho que é um projeto muito interessante pelo que eu li dele, o pouco que li (E1).

Entendem ser uma modalidade de atendimento, no entanto, não compreendem se precisam seguir um protocolo institucional, como na Iniciativa Hospital Amigo da Criança, por exemplo.

Lembro que é um programa como o HIAC uma rede de apoio à amamentação que a gente tem (E15).

Referem ter estudado sobre ele de forma geral, na faculdade, e de maneira sucinta na residência. Relatam saber sobre a não realização completa do projeto, mas consideram que há atuação sobre as orientações diante da estrutura hospitalar.

já estudei na residência de neonatologia a gente acaba abrangendo tudo. Sei que é como se fosse um programa como a Rede Cegonha ...lembro vagamente, porque estudei isso na faculdade, a gente pincelou na neonatologia. Sei que é uma rede de apoio, a questão da amamentação, de orientação, da parte de materno infantil. ... Fazer o contato pele- a- pele, quando possível, apesar da gente ser um hospital de risco e a maioria dos nossos bebês acabar não indo direto para a mãe, tem uma assistência eu acho adequada. Falta acho que muito ainda do projeto ApiceOn, mais a atuação máxima a gente consegue fazer, que é de orientação proporcionar o máximo que a gente consegue diante da nossa estrutura (E15).

Consideram que o projeto existe, mas não conseguem discorrer sobre ele. Desconhecem o início, os objetivos e a sua finalidade, destacando que as enfermeiras, que estão há pouco tempo na maternidade e/ou no período noturno, também, apresentam dificuldade no seu entendimento. Houve reunião com a equipe de enfermagem sobre o projeto, mas não se recordam sobre o que foi apresentado. Afirmam que ocorreu a informação, mas esta permanece com o gestor, pois não participaram das demais reuniões.

não consigo te descrever porque vim pra cá há um mês e pouquinho só na maternidade. Então, assim, não tenho muita familiaridade com ele ainda. E ainda mais, que fiquei a noite durante um bom tempo. Então assim, a gente fica um pouco mais distante. A gente sabe que existe, mas assim, saber quando começou ou como, por que, quais são os objetivos, o que vai acontecer, os projetos, não (E8).

Outras participantes identificam que o projeto tinha como intenção incluir enfermeiras obstetras e estabelecer o cuidado humanizado.

É da questão dos pré-partos. Que eles aumentaram, da questão do programa de ter enfermeiras obstetras, mesmo aqui na maternidade, pra ter essa questão da humanização do cuidado. Toda essa área, mas muito a fundo não sei (E10).

Mencionam que iniciou há três ou quatro anos, evidenciando que um levantamento foi realizado para identificar quais enfermeiras possuíam especialização em obstetrícia para trabalhar na maternidade. As obstetras realizaram um curso em outro município e/ou em outro estado.

acho que foi dois mil e dezasseis, ou dezassete mais ou menos isso ele veio pra auxiliar mesmo a parte da maternidade nos cuidados (E9). Lembro que as meninas fizeram levantamento de quem tinha obstetrícia pra trabalhar aqui na maternidade há um tempo atrás (E10). Sei que algumas enfermeiras, nessa época, foram fazer um curso numa outra cidade, acho que em outro estado, não lembro. Era para gente ter esse título, mas eu não lembro quando. Lembro que ocorreu isso, mas a data já não lembro (E13).

Constatou-se que as enfermeiras do alojamento conjunto e a gerência fazem parte do projeto, porém, desconhecem quem são os demais profissionais.

Alojamento conjunto, que é forte aqui, a presença do acompanhante, não sei se entram outros no projeto (E9). Sei que de um tempo atrás era as enfermeiras mesmo da unidade materno infantil e junto com a gerência, mas as pessoas, as profissionais quem são, não sei (E3).

As entrevistadas, ainda mencionam, que houve treinamento sobre a rotina em relação aos cuidados com a mulher e recém-nascido, porém o projeto não foi apresentado.

quem treinou sim. A pessoa que treinou passou rotinas e não sobre o projeto ... Do ApiceOn não, mas dos cuidados com recém-nascido, com a mãe, que é o que você explicou que seria (E4).

Por outro lado, também há a percepção de que, apesar da enfermeira não estar inserida, no processo de trabalho do ApiceOn, acreditam que o projeto está terminando.

lembro que as meninas fizeram levantamento de quem tinha obstetrícia pra trabalhar aqui na maternidade há um tempo atrás. O grupo fez um curso referente a isso, mas percebi que foi meio que esfriando. Não sei, agora aí fizeram mais pré-partos. Que era um só e conseguiram mais um. Como não conheço tão bem a fundo e não participei desse processo, então, não sei, não vi mais (E10).

No entanto, realizam plantões aos finais de semana, na maternidade e não conseguem descrever as ações do projeto e referem que não têm enfermeiras obstetras, no período noturno.

realizo plantões de final de semana na maternidade e não consigo descrever suas ações frente ao projeto (E15). Atualmente, pelo menos no período noturno nós não temos, nenhuma enfermeira obstetra é atuante na maternidade no período noturno (E5).

Contudo, fazem apontamentos e relatam, que todos os trabalhadores da saúde da unidade hospitalar, deveriam estar envolvidos com o projeto, destacando a atuação da equipe de enfermagem. Consideram esses profissionais fundamentais no ApiceOn, porém, não conseguem delimitar a prática dos enfermeiros obstetras e não obstetras, neste contexto.

Sim, todos temos, toda rede hospitalar na verdade, desde da pessoa que faz a limpeza do hospital, todo mundo na verdade entra no programa. O papel da enfermagem é fundamental, tanto obstetra quanto a sem especialização em obstetrícia, mas que atua na maternidade. No hospital como um todo tem um papel dentro do ApiceOn, não vou saber te passar detalhes do papel, sei que tem porque é o que estou te falando não lembro, tenho lembranças muito vagas do que é o projeto ApiceOn, mas todo projeto não sei te falar agora (E15).

Dentre os desafios da implantação e implementação, considera-se que o projeto tem uma boa proposta, porém, visualiza-se apenas a parte teórica e de maneira superficial. As participantes sentem que falta divulgação do projeto e esclarecimento sobre os seus benefícios para os profissionais e pacientes.

É uma proposta boa, só que acho que ela ficou muito no papel e ficou muito voltado para um determinado setor e outros setores que as vezes está envolvido, outros profissionais envolvidos não foram capacitados e nem informados sobre esse projeto.... Lembro que foi implantado, mas ninguém chegou e apresentou, então assim acho que ficou uma coisa muito superficial, que poderia sim ser mais envolvido, mais divulgado e realmente falar o que ele poderia estar trazendo de benefício e não só para os profissionais mais também para a paciente (E9).

O desafio também é cultural e necessita de melhorias na implantação e que a mudança traz dificuldades técnicas, precisando de tempo para a proposta preconizada ser operacionalizada.

Acho que existem vários entraves. Acho que às vezes existe uma dificuldade de implementação, às vezes por parte da equipe e muitas vezes até estrutural. Toda mudança gera algumas dificuldades técnicas. Isso é comum pra qualquer mudança. Eu acho que isso é um pouco difícil nessa parte, mas acho que com o tempo, acho que consegue seguir com cem por cento igual devia funcionar (E11).

Discussão

O projeto ApiceOn é constituído por uma rede de 97 hospitais, com atividades de ensino em todo território nacional. O objetivo é disparar movimentos para mudanças nos modelos tradicionais de formação, atenção e gestão, junto a estas instituições, por se apresentarem como espaços definidores do modo como se consolida o aprendizado de práticas e a incorporação de modelos de cuidado, especialmente, na modalidade residência. Apresenta como propósito a ampliação de atuação dos hospitais Sistema Único de Saúde (SUS), bem como reformular e aprimorar o processo de trabalho e adequar o acesso cobertura e qualidade do cuidado (Esswein et al., 2021; Mendes & Rattner., 2020).

O Projeto ApiceOn é organizado por meio do Grupo Estratégico Local. Os membros deste grupo discutem sobre planos para operacionalizar as atividades propostas pelo projeto, por meio de um Plano Operacional Anual, nas três vertentes relacionadas a atenção, gestão e formação, tendo em vista um modelo humanizado e seguro para o parto, nascimento, abortamento, planejamento reprodutivo e mulheres em situação de violência (Mendes & Rattner., 2020).

Sendo assim, os objetivos específicos do projeto ApiceOn são: qualificar o ensino da obstetrícia e neonatologia com as melhores evidências científicas; promover e incorporar as diretrizes nacionais para o parto normal e seguir as diretrizes de atenção às gestantes para o parto cesárea do Ministério da Saúde; fortalecer as ações de saúde sexual e saúde reprodutiva com oferta de anticoncepcional pós-parto e pós-aborto; implementar a atenção humanizada às mulheres em situação de violência sexual, aborto e aborto legal; aumentar relações entre a gestão local do SUS e os hospitais em atividades de ensino, para fortalecer a rede e estratégias já implementadas; estimular o desenvolvimento de pesquisa e inovação relacionados aos cuidados na atenção ao parto, nascimento, abortamento, saúde sexual e reprodutiva, bem como, a atenção humanizada às mulheres em situação de violência sexual (Mendes & Rattner., 2020).

As entrevistadas sinalizaram que desconheciam o projeto, tinham somente noção sobre as ações dele, revelando a possibilidade de pouca ou nenhuma estratégia de cogestão e avaliação permanente da implementação. Portanto, vários desafios são enfrentados no processo de implementação do projeto, dentre eles, o modelo de gestão adotado, uma vez que o diálogo entre gestão e profissionais envolvidos na operacionalização das ações, nem sempre ocorre. A rotatividade dos profissionais, no cenário de pesquisa, também, precisa ser considerada, o que deveria ter sido considerada, também, na implementação do projeto, por meio de estratégia de apresentação e formação dos novos enfermeiros contratados.

Em investigação que avalia as práticas na Rede Cegonha e Parto Adequado com boas práticas, nos resultados preliminares, fica evidente que quando as políticas públicas são bem conduzidas, há chances de mudar as situações de atenção ao parto e nascimento, com redução de procedimentos desnecessários e desfechos maternos, fetais e neonatais negativos (Leal et al., 2019).

O distanciamento dos gestores, frente aos problemas do cotidiano, vivenciado pelas equipes, com tomada de decisão que não colaboram com as necessidades e resolução dos problemas, com falhas na adoção de protocolos, demora na contratação de profissionais e sugestão de práticas, que não estão embasadas na legislação e em evidências, que provocam entraves para que as propostas do projeto ApiceOn sejam implementadas (Santos et al., 2022).

No entanto, a reflexão com gestores do SUS e equipes multiprofissionais das maternidades da Rede Cegonha, por meio de oficinas de trabalho, produziu um processo de análise sobre as rotinas dos serviços, examinando, minuciosamente, os resultados da avaliação das ações de atenção ao parto e nascimento. Este método mostrou-se um desafio, mas também, promoveu articulação local e ampliação da capacidade de reflexão e ação, por parte dos envolvidos.

Evidenciou-se um trabalho coletivo potente, traduzido no envolvimento de gestores e trabalhadores, constituindo corresponsabilização no reconhecimento das situações cotidianas, que requerem mudanças e construção de novos caminhos para se obter os resultados pretendidos (Vilela et al., 2021).

Justifica-se, portanto, o processo de cogestão na implementação do projeto, para que possa construir junto aos profissionais, análises e tomada de decisão conjunta, superando a perpetuação de concepções e condutas em desacordo com as orientações respaldadas, em evidências científicas.

As ações dos enfermeiros obstétricos, frente ao projeto, são descritas em relato de enfermeiras participantes do ApiceOn, após passarem pelo Hospital Sofia Feldman. Elas trazem a percepção sobre o potencial destes profissionais e capacitação relacionada ao atendimento integral. O cuidado é tido como elemento principal da atenção à saúde, descrevendo que o modelo ocorre de forma singular, durante o trabalho de parto, sendo um profissional para cada gestante, descontruindo a premissa do “quanto mais se faz, mais se aprende”, tendo em vista que as vivências são únicas e reconhecem que a falta de estrutura física não impede o desenvolvimento do projeto (Sanfelice et al., 2020).

Compreende-se a necessidade e a urgência na mudança de paradigmas, por meio da implementação de programas governamentais, que incentivem o cuidado humanizado e tragam a inserção do enfermeiro obstétrico como necessária para tal. Porém, evidenciam dificuldades de contratação deste profissional e inserção do mesmo na prática (Amaral et al., 2019).

Com isso, para as entrevistadas do hospital pesquisado, percebe-se que esta prática de gestão e cuidado não estão presentes, tendo necessidade de retomar o processo de implantação do Projeto ApiceOn, bem como, delimitar a prática do enfermeiro e enfermeiro obstétrico, pois estes profissionais são sobrecarregados com a demanda assistencial das unidades pelas quais são responsáveis.

Dessa forma, captou-se, que na instituição pesquisada, há a necessidade de mudança do paradigma de cuidado em saúde e, consequentemente, do processo de trabalho com as gestantes, por meio da implementação das propostas e formação profissional para o desenvolvimento do projeto ApiceOn. A utilização de protocolos e organização estrutural com leitos suficientes e materiais necessários para que se tenha um processo de cuidado interprofissional, humanizado, pautado na integralidade e cogestão na tomada de decisão entre os profissionais, diretores hospitalares e gestores do projeto.

A instituição, ao adotar o referencial e práticas de cogestão, na implementação do projeto, propõe-se a refletir sobre a prática profissional, na perspectiva de sua transformação. Uma das estratégias, que possibilita esta finalidade, é a educação permanente, uma vez que sua metodologia trabalha com a construção crítico-reflexiva sobre o processo de trabalho vivenciando no cotidiano. O espaço de construção coletiva, entre gestão e trabalhadores, oportuniza a coautoria na implementação de novas práticas e tecnologias (Carvalho et al., 2019; Slomp et al., 2019).

O processo de implantação e implementação do Projeto ApiceOn requer a constituição de cogestão, visto que necessita da construção de novas práticas, ancoradas no modelo de vigilância à saúde, superando o modelo biomédico, para tanto, a lógica de formação dos profissionais está pautada na educação permanente.

Considerações Finais

Esta investigação captou a compreensão e os desafios da implementação e desenvolvimento do Projeto ApiceOn, em um hospital, que cuida de gestantes de alto risco, sendo referência para 62 Municípios da Região Centro Oeste do Estado de São Paulo, Brasil. Permitiu, ainda, analisar o conhecimento e a inserção de enfermeiras neste projeto.

Identificou-se conhecimento incipiente e superficial sobre o Projeto ApiceOn, sendo que as enfermeiras apenas pontuaram algumas ações e objetivos. Contudo, a maioria das entrevistadas desconhece como se deu a implementação e implantação do mesmo. Sendo assim, apesar de compreenderem que dentre as trabalhadoras participantes, a enfermagem recebe destaque, e não conseguem identificar a prática destas, na proposta do projeto.

Portanto, a análise temática elucidou o processo de implementação do projeto e seus desafios, desvendando a compreensão das enfermeiras sobre o projeto, e a necessidade de se rever estratégias, junto ao serviço, na perspectiva da cogestão em saúde. Ainda, apreendeu-se a necessidade de acolher as novas profissionais, que são contratadas, por meio de estratégia de apresentação e construção a respeito da proposta.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - código de Financiamento 001, ao qual agradecemos.

Referências

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Recebido: 30 de Março de 2023; Aceito: 30 de Setembro de 2023

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