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Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

 ISSN 2182-5173

FERREIRA, Ana Santos. Endocardite infecciosa: uma suspeita sempre presente. []. , 29, 1, pp.54-60. ISSN 2182-5173.

^lpt^aIntrodução: O diagnóstico de endocardite infecciosa requer um elevado grau de suspeição para ser estabelecido atempadamente. O médico de família, conhecendo os fatores de risco de cada doente, está numa posição privilegiada para a suspeita clínica de endocardite, podendo desempenhar um papel fulcral no diagnóstico desta patologia. Descrição do Caso: Manuel, utente de 59 anos acompanhado na nossa consulta desde 2007, tem como antecedentes pessoais 3 episódios prévios de endocardite infecciosa, dois dos quais associados a prótese valvular colocada na sequência do primeiro episódio. Foi acompanhado na nossa consulta por um quadro de síndrome febril indeterminado, associado a parâmetros inflamatórios elevados, com dois ecocardiogramas negativos realizados a nível hospitalar. Por se tratar de um utente de risco elevado para recorrência de endocardite infecciosa, a médica de família nunca abandonou esta hipótese diagnóstica. Perante o quadro, pediu hemoculturas em ambulatório, que foram positivas para Enterococos faecalis. O doente foi novamente enviado ao hospital, desta vez realizando um ecocardiograma que revelou vegetação, tendo-se estabelecido o diagnóstico definitivo de endocardite infecciosa 20 dias após o início do quadro clínico. Foi internado e cumpriu antibioterapia. Contudo, no início do segundo mês de internamento, teve um episódio de AVC hemorrágico, tendo como consequências hemiparesia direita e disartria a longo prazo. Comentário: Apesar de se tratar de uma doença rara, a endocardite infecciosa associada a próteses valvulares está associada a elevada morbimortalidade. A forma de apresentação é variável, estando o médico dependente de um elevado grau de suspeição para conseguir estabelecer o diagnóstico atempadamente, minimizando as sequelas a longo prazo. Os critérios de Duke facilitam o estabelecimento adequado do diagnóstico; no entanto a sensibilidade destes critérios diminui em doentes com próteses valvulares. Trata-se de um quadro subagudo de endocardite, necessitando de 20 dias para se estabelecer o diagnóstico final, após o resultado de hemoculturas positivas. Foi a persistência da suspeita diagnóstica que permitiu o diagnóstico atempado.^len^aIntroduction: An elevated level of suspicion is required to make a timely diagnosis of infective endocarditis. The family physician with knowledge of the risk factors of each patient is in a privileged position to diagnose this disease. Case Description: A 59 year-old male patient with a history of 3 previous episodes of infective endocarditis has been treated in our practice since 2007. Two episodes were associated with a prosthetic valve (a consequence of the first episode). He was seen recently for an episode of fever of unknown origin associated with high serum levels of markers of inflammation. Two echocardiograms performed in hospital were non-diagnostic. The family physician retained a suspicion of infective endocarditis in this high-risk patient. Ambulatory blood cultures were positive for Enterococcus faecalis. The patient was again sent to the hospital and the echocardiogram now revealed a cardiac vegetation, confirming the diagnosis of infective endocarditis, 20 days after the initial onset of symptoms. At the beginning of the second month of his stay at the hospital, the patient suffered a hemorrhagic stroke, leaving him with dysarthria and a right hemiparesis. Discussion: Although infective endocarditis is a rare disease, it has high morbidity and mortality when associated with prosthetic heart valves. The presentation of the disease is variable, so the physician needs a high level of suspicion to make a prompt diagnosis and prevent long-term consequences. The Duke criteria may help with diagnosis. However, the sensitivity of the criteria is reduced in patients with prosthetic valves. This is a sub-acute case of endocarditis, in which the diagnosis was made with positive blood cultures after 20 days of symptoms. Persistent suspicion of endocarditis by the family doctor enabled a timely diagnosis.

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