30 3 
Home Page  

  • SciELO

  • SciELO


Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

 ISSN 2182-5173

VENTURA, Teresa. Adoecer longe de casa: desafios psicossociais e coping. []. , 30, 3, pp.182-190. ISSN 2182-5173.

^lpt^aIntrodução: A adaptação a um diagnóstico de cancro tem aspetos comuns a todos os doentes, não obstante o percurso individualizado de cada um. No presente caso ilustramos como os desafios colocados à doente foram moldados pelas suas circunstâncias específicas. Descrição do caso: Mulher de 53 anos, empresária, natural e residente num país africano, a quem foi diagnosticado cancro da mama durante uma estadia em Portugal. A doença e as suas repercussões foram percebidas de forma muito negativa pela doente. A reação inicial foi claramente aversiva. Longe de casa para se tratar, nunca se sentiu integrada (apesar de acompanhada por familiares). Experimentou dificuldades financeiras, agravadas pela instabilidade política no seu país de origem. Com o decorrer do tempo ficou a conhecer melhor a doença, ultrapassou alguns desafios e adaptou-se às alterações na sua vida. Acabou por aceitar as suas novas circunstâncias, sendo capaz de projetar o seu futuro de forma construtiva. Comentário: A distância geográfica entre os locais de residência e de tratamento aumenta as exigências psicossociais do adoecer. Este caso demonstra a adoção de uma variedade de estratégias de coping, em relação com avaliações e reavaliações das circunstâncias. O coping tem múltiplas funções, incluindo a regulação emocional e a gestão dos problemas que causam distress. O coping permite, com base na resiliência pessoal, o controlo e resolução dos problemas ou a aceitação das circunstâncias quando a mudança não é possível. Este caso mostra como os desafios da doença podem ser ultrapassados, mesmo em situações difíceis. O médico de família pode acompanhar a adaptação da pessoa à doença crónica e promover a sua funcionalidade. Isto implica gerir emoções, incluindo a modificação das emoções negativas da doente relativamente à doença.^len^aIntroduction: Adaptation to a diagnosis of cancer has aspects common to all patients, regardless of the path each individual takes. In this case, we show how the challenges faced by the patient were shaped by their specific circumstances. Description of the case: A 53-year-old businesswoman from an African country was diagnosed with breast cancer during a visit to Portugal. The patient perceived the disease and its effects negatively. The initial reaction was clearly aversive. She was far from home during treatment and never felt integrated despite the presence of relatives. She experienced economic difficulties, which were aggravated by political turmoil in her country of origin. With time, she came to know the disease better, overcame some challenges, and became adjusted to the changes in her life. Finally she accepted her new circumstances and was able to plan her future constructively. Comment: Geographical distance between home and the place of treatment increases the psychosocial demands of a disease. This case shows the adoption of a variety of coping strategies with assessment and reassessment of the circumstances. Coping has multiple functions, including emotional regulation and management of problems that cause distress. Coping, based on personal resilience, allows for control and resolution of problems or acceptance of circumstances when change is not possible. This case shows how challenges of a disease can be overcome, even in difficult situations. The general practitioner can follow the adaptation of the person to chronic disease and promote function. This involves managing emotions, including modification of the patient’s negative emotions about the disease.

: .

        · | |     ·     · ( pdf )

 

Creative Commons License All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution License