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Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

 ISSN 2182-5173

JORGE, Patrícia. Determinantes do adoecimento mental na população sem-abrigo. []. , 38, 5, pp.488-495.   31--2022. ISSN 2182-5173.  https://doi.org/10.32385/rpmgf.v38i5.13394.

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A definição de sem-abrigo não é consensual e varia entre alguém que vive literalmente na rua a um conceito mais alargado. Ser sem-abrigo resulta de um fenómeno heterogéneo e multidimensional, que pode afetar não só os indivíduos mais vulneráveis, como também aqueles que se encontram numa situação económica e social estável. A relação entre ser sem-abrigo e ter doença psiquiátrica é há muito conhecida. Há uma maior prevalência de todas as patologias mentais em sem-abrigo em relação à população geral, situando-se entre os 25 a 50%. O risco de ficar em situação de sem-abrigo para pessoas diagnosticadas com doenças mentais é dez vezes maior do que para a população em geral, na medida em que a funcionalidade e a autonomia dos indivíduos podem ficar altamente afetadas. Além disso, as adversidades associadas a tornar-se e a permanecer sem-abrigo são complexas e podem também elas criar combinações únicas de fatores de stresse para problemas de saúde mental. Trabalhar com pessoas em situação de sem-abrigo e, especialmente com doença mental, é um trabalho exigente. O problema central nos sem-abrigo com doenças mentais é a falta de acessibilidade aos tratamentos na comunidade e de habitação adequada. As políticas sociais devem ser abrangentes e ter em consideração a heterogeneidade da população sem-abrigo, desenvolvendo estratégias ajustadas às diferentes necessidades, flexíveis e adaptadas a cada pessoa.

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The definition of homeless is not consensual and varies between someone who literally lives on the street, to a broader definition. Being homeless is the result of a heterogeneous and multidimensional phenomenon, which can affect not only the most vulnerable individuals but also those who were in a stable economic and social situation. The relationship between homelessness and psychiatric illness has long been known. There is a higher prevalence of all mental pathologies ranging from 25 to 50%. The risk of becoming homeless for people diagnosed with mental illness is ten times greater than for the general population because the functionality and autonomy of the subjects can be highly affected. The adversities associated with becoming and staying homeless are complex and can create unique combinations of stressors for people with a predisposition to mental health problems. Working with homeless people is hard work. The central problem for the homeless with mental illness is the lack of accessibility to treatment in the community and the lack of adequate housing. Social policies must be comprehensive and consider the heterogeneity of the homeless population, developing strategies adjusted to different needs, flexible, and adapted to each person.

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