10 
Home Page  

  • SciELO

  • SciELO


Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online

 ISSN 2183-8453

OLIVEIRA, A; AGUIAR, F; FERNANDES, B    ROLO, R. “PNEUMONITE DE HIPERSENSIBILIDADE CRÓNICA: EVOLUÇÃO DE UM CASO CLÍNICO”. []. , 10, pp.157-162.   17--2021. ISSN 2183-8453.  https://doi.org/10.31252/rpso.09.10.2020.

^a

Introdução

A pneumonite de hipersensibilidade (PH) ou alveolite alérgica extrínseca é uma doença inflamatória intersticial pulmonar, causada pela exposição recorrente a vários antigénios ambientais e/ ou ocupacionais, por indivíduos imunologicamente suscetíveis. O diagnóstico diferencial com outras doenças pulmonares intersticiais (DPI) é desafiante, mas fundamental para uma correta abordagem terapêutica.

Caso clínico

Apresenta-se o caso de uma trabalhadora do sexo feminino com 55 anos de idade, não fumadora, sem antecedentes pessoais patológicos de relevo. Apresentava exposição profissional a múltiplas tintas de pintura (Guache; Acrílicas; Aguarelas; Tintas a Óleo), inerente à sua profissão como professora de artes desde os 23 anos de idade. Após 24 anos a desempenhar estas funções, sem o uso dos equipamentos de proteção individual adequados (máscara protetora, luvas, óculos de proteção, fardamento adequado), desenvolve um quadro de tosse persistente, dispneia e cansaço para médios esforços, motivando observação em consulta de Pneumologia.

Tendo em conta elementos clínicos, radiológicos e laboratoriais, apresentava alterações sugestivas de patologia pulmonar intersticial, sendo assumido em Consulta de Grupo Multidisciplinar o diagnóstico de Pneumonite de Hipersensibilidade Crónica, posteriormente presumido e caracterizado como Doença Profissional. No seguimento, a trabalhadora foi afastada do agente causal da doença, tendo sido mobilizada internamente, assumindo funções associadas à coordenação escolar, para as quais foi considerada apta.

Desde 2011 efetuou terapia de imunossupressão com Prednisolona; bem como Azatioprina de julho 2014 até agosto 2016 e Micofenolato Mofetil desde março de 2019, tendo-se mantido estável clínica e funcionalmente até à atualidade, sem necessidade de terapia com oxigénio. Como exames complementares diagnósticos apresenta uma função respiratória em 2019: FEV1 51%; FVC 55%; TLC 73%. DLCO 33%; DLCO/VA: 51%; TC torácica com áreas de densificação em vidro despolido dispersas, bilaterais; algumas imagens císticas, bilateralmente, que correspondem a áreas de ectasia brônquica/ fibrose; bronquiectasias de tração, principalmente nos lobos superiores e no lobo médio; áreas de reticulação na vertente anterior do campo pulmonar direito; granuloma calcificado no lobo inferior direito e no lobo superior esquerdo e nodularidades infracentimétricas em ambos os ápices.

Discussão/conclusão

A PH crónica é uma doença irreversível. O afastamento do antigénio causal da doença e a terapêutica imunossupressora são as intervenções habituais nestes casos. A esta trabalhadora, uma vez assumida a relação entre a patologia e o agente causal da doença, foi atribuída uma inaptidão definitiva para a primeira função, tendo sido recolocada noutra atividade compatível dentro da mesma empresa. Deste modo, a vigilância da saúde ocupacional torna-se fundamental na prevenção/ atenuação desta doença profissional.

^lpt^a

Introduction

Hypersensitivity pneumonitis (PH) or extrinsic allergic alveolitis is an inflammatory interstitial lung disease caused by recurrent exposure to a variety of environmental and/ or occupational antigens by immunologically susceptible individuals. The differential diagnosis with other interstitial lung diseases (ILD) is stimulating, but essential for a correct approach and implementation of appropriate therapy.

Case report

We present a case of a 55-year-old female worker, non-smoker, with no important pathological personal history. She had professional exposure to multiple paints (Gouache; Acrylics; Watercolors; Oil) inherent in her profession as an art teacher since she was 23 years old. After 24 years of performing these functions, without the use of proper personal protective equipment (protective mask, gloves, goggles, appropriate uniform), she develops a persistent cough, dyspnoea and fatigue, motivating observation in pulmonology consultation.

Taking into account clinical, radiological and laboratory elements, she presented suggestive alterations of interstitial pulmonary pathology, and the diagnosis of Chronic Hypersensitivity Pneumonitis was assumed in a Multidisciplinary Group Consultation, later characterized as an Occupational Disease. In the follow-up, the causal agent of the disease was removed, having the worker been mobilized internally, assuming functions associated with school coordination, for which she was able to work.

Since 2011 under immunosuppression therapy with Prednisolone, Azathioprine from July 2014 to August 2016 and Mycophenolate Mofetil since March 2019, having remained clinically and functionally stable until today, without the need for oxygen therapy. As complementary diagnostic tests it has a respiratory function in 2019: FEV1 51%; FVC 55%; 73% TLC. 33% DLCO; DLCO/VA: 51%. Chest CT with scattered, bilateral ground glass densification areas; some cystic images, bilaterally, corresponding to areas of bronchial ectasia/ fibrosis; traction bronchiectasis, mainly in the upper lobes and the middle lobe; reticulation areas in the anterior right pulmonary field; calcified granuloma in the lower right lobe and upper left lobe; infracentimetric nodularities at both apexes.

Discussion/conclusion

Chronic HP is an irreversible disease. Removal of the disease-causing antigen and immunosuppressive therapy are the usual interventions in these cases. In this worker, once the relationship between the pathology and the causal agent of the disease was assumed, was assigned a definitive incapacity for the current job, having been replaced in another compatible activity within the same company. Thus, occupational health surveillance becomes essential in the prevention/ attenuation of this occupational disease.

^len

: .

        · | |     ·     · ( pdf )