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Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online

 ISSN 2183-8453

MESTRE, P et al. DETERMINANTES COMPORTAMENTAIS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NA ADESÃO À VACINAÇÃO CONTRA INFLUENZA. []. , 17, esub0450. ISSN 2183-8453.  https://doi.org/10.31252/rpso.28.03.2024.

Introdução:

A Gripe é uma ameaça global, com alto potencial epidémico e afeta anualmente entre 5 a 15% da população mundial. No ambiente hospitalar, a vacinação é crucial para proteger os Profissionais de Saúde. No entanto, apesar das recomendações internacionais, a adesão é baixa devido a preocupações de segurança e/ou desconfiança. Estudos mostram que os profissionais vacinados têm menores taxas de absentismo e, perante infeção pelo vírus, apresentam sintomatologia mais ligeira. Neste trabalho é realizado um estudo observacional transversal retrospetivo da taxa de vacinação contra esta doença numa população de trabalhadores de base hospitalar, no período de 2019 a 2023. Para compreender a importância da vacinação contra a Influenza nestes trabalhadores e quais os determinantes comportamentais que podem justificar esta evolução, realizou-se uma revisão dos desafios da vacinação entre Profissionais de Saúde, para identificar pontos chave e elaborar estratégias com o objetivo de promover a adesão às campanhas de vacinação.

Metodologia:

Para o estudo observacional da taxa de adesão à vacinação contra a Gripe num hospital periférico foram utilizados os dados de vacinação dos Profissionais de Saúde disponibilizados nos registos do Serviço de Saúde Ocupacional. A categoria profissional foi a única variável considerada. A análise dos dados foi realizada com o Microsoft® Excel®. Para a revisão recorreu-se às bases de dados Medline, Science Direct, Google Scholar; com as palavras-chave "Influenza vaccine”; “health professional” e “behaviour" e filtraram-se estudos de 2010 a 2024. Resultaram 1277 trabalhos e, após aplicar os critérios de exclusão, que incluíam vacinação para outras doenças e populações alvo que não os Profissionais de Saúde, foram selecionadas 22 fontes bibliográficas. Para espelhar a realidade nacional foram incluídos os artigos sobre o tema publicados pela Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional Online, assim como estudos complementares e documentos de referência.

Resultados:

O estudo da adesão à vacinação contra a Gripe neste hospital periférico a Lisboa, entre 2019 e 2023, mostrou uma variação na adesão à vacinação, com uma média de 30%, valor abaixo dos valores reportados noutros países. As categorias com maior hesitação a esta vacina foram o Pessoal de Enfermagem e os Assistentes Técnicos. Na situação oposta estavam o Pessoal Médico e os Assistentes Técnicos. Durante a Pandemia COVID-19 existiu um número crescente de profissionais vacinados anualmente, tendo esta tendência invertido após o fim da emergência global desta doença. Da revisão da bibliografia sobre a hesitação vacinal destaca-se 8 dos 14 domínios comportamentais que representam as teorias de mudança comportamental que constituem fatores modificáveis que influenciam a atitude em relação à vacina. Abordou-se sobre esta perspetiva cada um deles, nomeadamente, o conhecimento; o contexto ambiental e recursos; influência social; crenças e conhecimento sobre consequências; bem como sobre a capacidade individual; identidade e papel social/profissional; reforço e emoção.

Discussão:

A hesitação vacinal contra a Gripe entre Profissionais de Saúde pode ser uma causa de morbilidade e mortalidade para os doentes. Compreender as barreiras e motivação para a adesão dos Profissionais de Saúde às campanhas de vacinação contra a Gripe é crucial. Profissionais portadores assintomáticos, tornam-se fontes de transmissão. A vacinação anual, embora segura e eficaz, enfrenta variabilidade devido à concordância antigénica. Em Portugal, estratégias educacionais e de comunicação são vitais, destacando o papel dos Profissionais de Saúde como modelos de comportamento preventivo. O acesso fácil a consultas médicas e tal ser recomendado pela Saúde Ocupacional é associado a maior adesão. Em tempos de pandemia, a propensão à vacinação aumentou, importando promover esta mudança. Estratégias adaptadas ao contexto cultural são essenciais para impulsionar a adesão à vacinação contra a Gripe entre Profissionais de Saúde.

Conclusão:

A abordagem para combater as barreiras e promover a vacinação nos Profissionais de Saúde deve envolver múltiplas áreas e vários níveis, com uma comunicação dirigida a grupos específicos, para aumentar a sua eficácia. Deve adaptar-se a mensagem aos diferentes grupos populacionais e aos diferentes níveis de literacia em saúde. Conhecer estes determinantes comportamentais pode ajudar a desenvolver campanhas de promoção da vacinação a partir de novas perspetivas e encontrar estratégias para aumentar a cobertura vacinal é crucial para os Serviços de Saúde Ocupacional. Pelas características éticas das profissões envolvidas na prestação de cuidados diretos aos doentes, existe a necessidade de reforçar a ideia de que a vacinação entre Profissionais de Saúde não é apenas para seu benefício mas, acima de tudo, para proteção dos seus doentes.

: Profissionais de Saúde; Vacinação contra Influenza; Saúde Ocupacional; Determinantes do comportamento.

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