Introdução
O pneumomediastino espontâneo (também designado de síndrome de Hamman), é uma entidade rara, que resulta da rotura espontânea de alvéolos devido a um aumento rápido da pressão intratorácica.1 Pode ocorrer também na ausência de uma causa clara de aumento da pressão intratorácica, como tosse, exercício intenso ou vómito.2
Caso clínico
Jovem do sexo masculino, 21 anos, antecedentes de intolerância à lactose, sem medicação habitual, não fumador e sem hábitos de exercício físico regular. Admitido no Serviço de Urgência por toracalgia anterior, constante, odinofagia e sensação de corpo estranho na garganta, com dois dias de evolução. Negava tosse, febre ou vómitos.
Ao exame objetivo apresentava enfisema subcutâneo cervical à direita, eupneico com saturação periférica superior a 98% (FiO2 de 21%) e auscultação pulmonar sem alterações. Estudo analítico normal, nomeadamente o doseamento do D-dímeros e marcadores de necrose miocárdica. Eletrocardiograma normal. Radiografia do tórax com evidência de pneumomediastino discreto (Fig. 1). Realizada tomografia computorizada (TC) torácica que tornou evidente acentuado enfisema subcutâneo cervical e torácico disperso e ligeiro pneumomediastino (Fig. 2). O doente permaneceu internado sob oxigenoterapia e terapêutica analgésica, com regressão espontânea do pneumomediastino comprovada por repetição da imagem de TC.
Discussão
O pneumomediastino espontâneo é uma condição autolimitada, geralmente benigna, que responde bem ao tratamento conservador.3 Como descrito no caso apresentado, pode ocorrer sem qualquer fator precipitante e deve, por isso, ser considerado como diagnóstico diferencial de dor torácica. A radiografia do tórax exige algum grau de suspeição clínica e experiência, sendo a TC o exame mais adequado para o diagnóstico.