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Acta Portuguesa de Nutrição
On-line version ISSN 2183-5985
Acta Port Nutr no.10 Porto Sept. 2017
https://doi.org/10.21011/apn.2017.1001
EDITORIAL
Editorial
Nuno Borges1
1Diretor da Acta Portuguesa de Nutrição
Nesta edição da Acta Portuguesa de Nutrição surgem em destaque três artigos originais envolvendo o estudo do estado nutricional de crianças portuguesas, dos quais dois estão focados na sempre relevante questão da hidratação. Parece estranho que com tanta informação disponível e com a perceção geral de que os refrigerantes açucarados são tão prejudiciais à saúde, ainda se encontrem dados como os revelados por estes estudos. Por exemplo, que no grupo dos rapazes o contributo dos refrigerantes e sumos para a ingestão de água seja superior ao da própria água. Ou mesmo que exista uma percentagem não negligenciável de crianças nesta faixa etária que não se encontram adequadamente hidratadas. Mais ainda, percebemos que são as crianças com excesso de peso ou obesidade que se apresentam mais frequentemente hipohidratadas, com um consumo de água que está muito provavelmente abaixo das necessidades.
Não deixa de ser interessante que numa altura em que se desenham e implementam práticas de ajuste fiscal de alguns alimentos menos saudáveis, de modo a torná-los menos atrativos ao consumidor e, por isso, menos consumidos, exista um alimento, a água, cujo consumo parece baixo em algumas ocasiões e cujo preço é, pelo menos para a água da rede pública, praticamente zero. Tal parece querer dizer que o ajuste do consumo de alimentos pela via do preço não é o único meio necessário para alterar alguns hábitos menos saudáveis dos portugueses, sendo necessário um outro conjunto de ações destinada a complementar as primeiras e que, idealmente, poderiam ser apoiadas pelo excedente fiscal delas resultante.