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Medicina Interna
versión impresa ISSN 0872-671X
Medicina Interna vol.24 no.4 Lisboa dic. 2017
https://doi.org/10.24950/rspmi/Im106/17/2017
IMAGENS EM MEDICINA / IMAGENS EM MEDICINA
Mal de Pott Complicado com Paraparésia
Pott´s Disease Complicated with Paraparesis
Andreia Tavares1, João Trêpa2, Raquel Gonçalves2, Vitor Duque2
1Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar entre Douro e Vouga; Santa Maria de Feira, Portugal
2Serviço de Doenças Infeciosas, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal
Palavras-chave: Paraparésia; Tuberculose da Coluna Vertebral
Keywords: Paraparesis; Tuberculosis, Spinal
O mal de Pott ou espondilodiscite tuberculosa, corresponde a cerca de 0,5% - 1% dos casos de tuberculose,1 podendo manifestar-se por sintomas neurológicos, nomeadamente a paraparésia.2 O diagnóstico exige a confirmação cultural ou histológica do Mycobacterium tuberculosis (MT), devendo o tratamento ser instituído precocemente de modo a evitar graves sequelas.3
Apresenta-se o caso de um homem de 76 anos, com antecedentes de hipertensão arterial e dislipidemia medicadas, que recorreu ao serviço de urgência por parestesias e diminuição bilateral da força dos membros inferiores com 1 mês de evolução, sem outros sintomas acompanhantes. Ao exame objetivo destacava-se paraparésia grau 4, bilateral. Analiticamente apresentava: hemoglobina 10,3 g/dL; leucócitos 3,9 x 109/L e proteína C reativa de 5,9 mg/dL. Realizou ressonância magnética (RM) da coluna dorsal que mostrou: achatamento por infiltração centrada em D6-D7, com volumoso componente epidural anterior associado (Fig. 1), colocando-se como mais provável a hipótese de lesão de etiologia neoplásica. Foi submetido a cirurgia, tendo-se constatado no intraoperatório um disco vertebral infiltrado com material purulento, sendo realizada corporectomia D6-7 com descompressão canalar. Ficou internado com o diagnóstico presuntivo de espondilodiscite.
Do estudo etiológico destacou-se: a identificação de MT na cultura do pús e a presença de bacilos ácido-álcool resistentes no exame anátomo-patológico do corpo vertebral ressecado (Fig. 2). As hemoculturas e urocultura (com pesquisa de micobactérias) foram negativas. A radiografia e tomografia computorizada de tórax não apresentavam alterações e a cultura do lavado broncoalveolar para MT foi negativa. O doseamento de imunoglobulinas foi normal e a serologia VIH 1-2 foi negativa. O teste de sensibilidade mostrou tratar-se de MT multissensível.
Assumiu-se o diagnóstico de mal de Pott e iniciou rifampicina, isoniazida, etambutol e pirazinamida durante 2 meses, mantendo os dois primeiros por mais 10 meses. Iniciou reabilitação com evolução favorável.
Portanto, demonstra-se uma apresentação grave de espondilodiscite tuberculosa em doente imunocompetente e sem aparente atingimento de outros órgãos.
Referências
1. Polley P, Dunn Robert. Noncontiguous spinal tuberculosis: incidence and management. Eur Spine J. 2009; 18:1096-101. [ Links ]
2. Ravindra G, Somvanshi D. Spinal tuberculosis: a review. J Spinal Cord Med. 2011; 34: 440–54.
3. Zumla A, Raviglione M, Hafner R, Reyn C. Tuberculosis. New Engl J Med. 2013; 368:745-55 [ Links ]
Correspondência:Andreia Tavares beatriz.frutuoso@chvng.min-saude.pt
Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar entre Douro e Vouga
R. Dr. Cândido Pinho, 5 - 4520-161 Santa Maria da Feira
Conflitos de Interesse: Os autores declaram a inexistência de conflitos de interesse na realização do presente trabalho.
Fontes de Financiamento: Não existiram fontes externas de financiamento para a realização deste artigo.
Direito à Privacidade e Consentimento Informado: Os autores declaram que nenhum dado que permita a identificação do doente aparece neste artigo.
Protecção de Seres Humanos e Animais: Os autores declaram que não foram realizadas experiências em seres humanos ou animais.
Recebido: 17/08/2017
Aceite: 16/10/2017