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Motricidade

versión impresa ISSN 1646-107X

Motri. v.7 n.1 Vila Real  2011

 

Em busca de novas formas de intervenção

A quest for new forms of intervention

 

J. Vasconcelos-Raposo, H.M. Fernandes

Direcção da Revista Motricidade – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

 

O sucesso na vida académica, ao nível Universitário, é, cada vez mais, dependente da divulgação dos trabalhos de pesquisa que os docentes/investigadores realizam nas suas instituições. É de todos sabido que para esse sucesso contribuem, de forma expressiva, os meios utilizados para essa divulgação. De entre os vários formatos para tornar público os novos saberes, e de entre os múltiplos que estão disponíveis à comunidade científica, as revistas, por enquanto, ainda são os veículos de eleição. Por quanto mais tempo, dependerá das adaptações que a academia e as instituições de ensino e investigação fizerem às novas realidades da economia de mercado que se redesenha no mundo actual.

Se por um lado a investigação se apresenta como uma mais-valia para a criação de novos produtos a serem introduzidos na “rede produtiva”, por outro as revista são um dos instrumentos a serem utilizados na promoção desse mesmo "produto". No entanto, aquilo que nos é dado a entender é que apesar dessa "aparente" relevância dos meios de divulgação, em quase nada as revistas partilham dos lucros que advêm dos projectos industriais. Importa que saibamo-nos organizar, construir e promover estratégias que nos permitam manter a relevância que ainda vamos tendo na comunidade científica. A realidade que adivinhamos para o futuro é que com o actual ritmo de acesso aos meios electrónicos, as páginas pessoais dos investigadores se transformem no meio privilegiado para a divulgação dos saberes por eles gerados. Neste quadro importa saber, quanto antes que papel poderemos desempenhar na comunidade científica.

Todo e qualquer director de uma revista científica, tem por missão fundamental pensar em estratégias para consolidar e ampliar a credibilidade dos trabalhos que lhe são confiados. Mas para isso tem de estar atento e atempadamente alertar os seus colaboradores para as necessárias melhorias, de forma a se assegurar da continuidade do progresso possível, caso não disponha de matéria-prima suficiente tanto em número como em qualidade. Felizmente, na Motricidade, temos vindo a beneficiar de um maior número de pesquisadores que confiam em nós para tornar públicos os seus trabalhos. Agora importa que a Motricidade se torne mais exigente no que se refere aos critérios de aceitação de manuscritos a serem publicados. Assim, passaremos a ser mais selectivos no que se refere a aspectos como por exemplo os tamanhos das amostras dos trabalhos.

Como estratégia para aumentar o número de publicações a serem contabilizadas para os seus índices de produtividade, alguns pesquisadores desenvolveram o hábito de acrescentar nomes aos autores de trabalhos. Isto é feito na base de um princípio de reciprocidade. Nada de maior seria de realçar se não fosse o caso de serem submetidos trabalhos em que há mais autores do que sujeitos estudados sem que para isso o tema do trabalho, assim como as características da amostra, o justifiquem. Enquanto responsáveis pela divulgação destes trabalhos procuramos respeitar aqueles que são os pareceres dos revisores e desde que estes afirmem que os manuscritos se apresentam com qualidade e relevância para a comunidade científica, publicamos esses artigos. Mas tal facto não nos isenta de uma reflexão mais profunda e séria sobre o papel que efectivamente desejamos ter na divulgação científica.

O ano que agora começa reveste-se da maior importância para a Motricidade. É um ano de consolidação de um esforço "gigantesco" de todos aqueles que generosamente têm dado o seu tempo e saber para este projecto. No momento em que escrevo estas linhas a preocupação é já 2012. O que poderemos fazer para sermos mais eficazes nos nossos propósitos e mais eficientes na nossa gestão? É certo que estaremos em mais bases de indexação, que teremos mais gente a procurar os artigos que publicamos e mais pessoas a desejarem publicar na Motricidade. Um exemplo do primeiro acontecimento é a recente indexação da Motricidade na base de dados da PsycINFO, a qual é da responsabilidade da American Psychological Association. Esta é uma das mais importantes e procuradas fontes de indexação e de referenciação bibliográfica para as investigações produzidas no âmbito da psicologia, desenvolvimento humano e saúde, constituindo por isso um motivo de orgulho para o trabalho editorial desenvolvido, mas também um motivo de maiores responsabilidades e exigências em relação à qualidade editorial futura.

No que se refere à divulgação estamos bem e continuaremos a crescer e a nos afirmarmos como uma revista de referência em língua portuguesa nas áreas em que intervimos. Mas a nossa ambição não se cinge a divulgar ciência produzida. Desejamos desempenhar um papel activo na formação de novos investigadores e no processo de criar novas gerações de pesquisadores e para isso importa estar atentos aos novos desafios e às novas realidades socioculturais que de alguma forma condicionam os ritos de passagem a que são sujeitas as novas gerações.

Durante 2011 faremos uma reflexão sobre eventuais formas de acção sobre como atrair para o nosso espaço de intervenção trabalhos que aprofundem a teoria, que desafiem o academismo instalado e que é tipicamente pouco inovador nas suas práticas científicas.

Em suma, durante 2011 esperamos encontrar respostas para a seguinte questão:

Como poderemos ser um instrumento para acrescentar saber… mais do que linhas aos CVs…?

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