I. Resumo da obra
Saberes Geográficos e Geografia Institucional. Relações luso-brasileiras no século XX é o título da obra que se apresenta, cujo tema e respetiva abordagem merecem, em particular dos geógrafos, tempo e espaço para o seu consumo, apreensão e incorporação nos trabalhos de investigação. Este livro é coordenado por Francisco Roque de Oliveira e Daniel Paiva, ambos do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa (Oliveira & Paiva, 2019a).
Com uma formação académica entre Lisboa e Barcelona, Francisco Roque de Oliveira concluiu o pós-doutoramento na Universidade Nova de Lisboa e é doutorado em Geografia Humana pela Universitat Autònoma de Barcelona, trabalhando atualmente como Professor Auxiliar do IGOT-ULisboa, investigador efetivo do CEG-IGOT-ULisboa, investigador associado do Centro de Humanidades (CHAM-FCSH) da Universidade Nova de Lisboa e membro correspondente da Academia de Marinha (Lisboa). Reparte a sua produção científica mais recente pelas áreas da História da Geografia e da Cartografia, com destaque para a história do pensamento geográfico em Portugal (Oliveira, 2017a, 2019a, 2019b) e o estudo da cartografia antiga portuguesa da Ásia (Oliveira, 2018a, 2018b, 2019b; Oliveira & Biedermann, 2019a, 2019b). Daniel Paiva, também do CEG-IGOT-UL, surge da área dos Estudos Europeus, mas o seu percurso académico mais recente mostra-se próximo da Geografia Humana, com ênfase nas questões culturais, socias e urbanas, com destaque para temas associados às geografias sonoras, espaços urbanos abandonados e teoria não representacional (Brito-Henriques et al., 2019; Paiva, 2017, 2018a, 2018b; Paiva & Brito-Henriques, 2019; Paiva & Cachinho, 2019). Algumas das matérias abordadas neste livro mereceram, entretanto, publicações específicas na forma de artigos ou capítulos de livro por parte dos seus coordenadores (Oliveira, 2017b, 2019c; Oliveira & Paiva, 2019b; Paiva & Oliveira, 2019).
Coube ao Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa (CEG-IGOT-ULisboa) a edição desta obra, que procura reunir alguns dos ensaios que deram corpo e estrutura ao I Colóquio Luso-Brasileiro de Teoria e História da Geografia, que decorreu no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da mesma Universidade, nos dias 2 e 3 de novembro de 2017.
Este colóquio surgiu integrado no projeto de cooperação transnacional Saberes geográficos e Geografia institucional: influência e relações recíprocas entre Portugal e o Brasil no século XX, financiado pelo convénio FCT/CAPES, durante o período 2016-2019, e que envolveu investigadores do CEG-IGOT-ULisboa, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Federal Fluminense (UFF). As equipas portuguesa e brasileira deste projeto foram coordenadas por Francisco Roque de Oliveira e Mônica Sampaio Machado (UERJ), respetivamente.
Neste contexto, os objetivos centrais desta obra coincidem com os que foram definidos para o projeto que está na sua génese: conhecer a evolução da Geografia enquanto ciência e disciplina universitária em Portugal e no Brasil no século XX, observando as influências recíprocas formalizadas por autores de referência, pelos temas e objetos de estudo, pela partilha de conceitos, de métodos de análise e de práticas geográficas, como, por exemplo, aconteceu nos estudos urbanos de Orlando Ribeiro e Aroldo de Azevedo, que os coordenadores desta obra descrevem num dos seus ensaios: “A metáfora orgânica na Geografia Urbana de Aroldo de Azevedo e Orlando Ribeiro”. Para alcançar este objetivo, esta pesquisa destaca alguns acontecimentos mais representativos da institucionalização da ciência geográfica nos dois países, sobretudo no último quartel do século XX, como a consolidação de uma rede de cursos universitários e de centros de investigação em Geografia, tanto em Portugal como no Brasil, no período posterior à II Guerra Mundial.
Com um propósito ambicioso, esta obra apresenta um conjunto significativo de ensaios de grande amplitude realizados nas universidades portuguesas e brasileiras, abrindo horizontes no campo epistemológico e interdisciplinar que a Geografia necessariamente incorpora. Abre também um campo de futuros desenvolvimentos e aprofundamentos, com abordagens de outros autores e de outras conexões que o projeto científico em causa potenciou.
De facto, como os coordenadores referem na apresentação desta obra, a ausência de estudos sobre esta temática é um fator que legitima a sua existência. Depois, há contextos que são referidos e que importa serem aqui reforçados, até porque a proximidade histórica e cultural que todos reconhecemos existir entre Portugal e Brasil não justifica só por si uma ligação forte e fluida no contexto da Geografia e dos geógrafos. Desde logo, um fator que merece destaque é a conjuntura, sobretudo política, que enquadra a evolução do pensamento geográfico em cada país e que condiciona a tardia institucionalização da Geografia, fragilizando, em certa medida, as relações entre os geógrafos portugueses e brasileiros e comprometendo a troca de conhecimentos e de experiências.
É atribuída uma importância particular à afirmação de ambos os Estados autoritários, a partir a segunda metade dos anos 30, período durante o qual, segundo Daniel Paiva, Jonathan Felix Ribeiro Lopes e Francisco Roque de Oliveira, parece ter havido uma maior colaboração entre as duas comunidades académicas face ao isolamento internacional que, no caso português, se acentua a partir de 1961, com o início da Guerra Colonial e o reforço da prioridade com os territórios do Ultramar. Posteriormente, findo o período de vigência das ditaduras militares, 1974 em Portugal e 1985 no Brasil, as relações recíprocas diminuíram de modo significativo, tendo a Geografia tomado trajetórias epistemológicas diferentes nos dois países, como Thiago Machado, André Carmo e Jorge Malheiros explicam no ensaio que escrevem sobre Milton Santos. No caso português há uma evidente associação ao processo de descolonização, à entrada do país na Comunidade Europeia e à internacionalização dos contactos e das oportunidades de pesquisa. Os mesmos autores dão conta de um novo entrosamento entre Portugal e o Brasil, nos últimos anos do século XX até à atualidade, altura em que se verifica um ligeiro aumento no número de publicações e uma maior diversidade de revistas que publicam, no contexto português, textos de autores brasileiros ou sobre o Brasil, tendência suportada também por uma nova geração de geógrafos brasileiros que estabelecem redes e promovem a difusão da produção científica dos dois países.
O conteúdo desta obra assenta no testemunho de 20 autores, na sua grande maioria geógrafos, alguns dos quais diretamente envolvidos no projeto científico de suporte, numa coletânea de 16 ensaios, a que se soma ao texto de apresentação da obra, da autoria dos seus coordenadores.
A estrutura do livro inclui três seções bem distintas. A primeira seção - A Prática da Geografia - incorpora a transcrição textual da sessão inaugural do Colóquio, com a apresentação de dois textos de síntese, descritivos e quase que autobiográficos dos geógrafos Suzanne Daveau e Pedro Pinchas Geiger, com os comentários do moderador Jorge Macaísta Malheiros. Destes textos destacamos o percurso que Suzanne Daveau descreve da Geografia universitária em Portugal e o papel que Orlando Ribeiro assume nesta conjuntura. Suzanne Daveau coloca no início da cronologia da Geografia portuguesa o contacto e a influência da Geografia de Paris e de autores como Emmanuel De Martonne e Pierre Deffontaines, mas também as viagens, as conferências e os trabalhos de campo que Orlando Ribeiro realizou no Brasil. Por sua vez, Pedro Geiger analisa a evolução do pensamento geográfico tendo como suporte os contextos e as metanarrativas inerentes à modernidade e à pós-modernidade, onde inclui o processo de globalização e a valorização de conceitos como “meio geográfico”, paisagem ou desterritorialização. O desenvolvimento e a valorização da Geografia balança entre os trabalhos de campos e os princípios científicos de De Martonne e a interdisciplinaridade contemporânea que firma na pesquisa geográfica a cultura, as artes e a filosofia, esta última, destacada também nos estudos de Gilles Deleuze e Félix Guattari.
A segunda seção - Relações Recíprocas - inclui nove ensaios que evidenciam as conexões estabelecidas entre os dois países, numa mistura disciplinar e temática, com particular destaque para autores portugueses e brasileiros, como Jaime Cortesão, Josué de Castro, Aroldo de Azevedo, Milton Santos, Orlando Ribeiro, Rogério Haesbaert e Aquilino Ribeiro. São realçadas algumas obras que ajudaram na difusão do pensamento geográfico e é feita referência ao papel de instituições na institucionalização da Geografia enquanto saber científico e académico, como aconteceu em Portugal com a criação do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa (1943) e no Brasil com a Secção da Sociedade de Geografia de Lisboa no Brasil (1878), a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro (1883), a Associação de Geógrafos Brasileiros (1934) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (1936). Nesta seção destaca-se ainda um ensaio, da autoria dos coordenadores da obra e de Jonathan Felix Robeiro Lopes, que contempla a análise de 12 revistas académicas portuguesas do século XX e a identificação de 231 artigos de autores brasileiros ou sobre o Brasil, com referência aos autores citados, aos temas analisados e às redes que se estabelecem entre os dois países. De referir ainda que desta seção fica clara a abertura da Geografia a outros domínios disciplinares que lhe são próximos, como a História e os Estudos Literários, a que se acrescenta a Antropologia, a Sociologia e a Ciência Política. Esta interceção é clara através do ensaio de Glyedson Gonzaga de Lucena que analisa “Portugal na obra do brasileiro Josué de Castro” e de Aquilino Machado que escreve sobre “Aquilino Ribeiro no Brasil. Narrativas literárias e a rede de influência dos itinerários literários”.
Por fim, a terceira seção - Temas Gerais, caminhos singulares - inclui cinco estudos que mostram a diversidade temática que a Geografia está atenta e sua aplicação mais prática em estudos de caso. Esta seção inclui, assim, um ensaio sobre a pedagogia e o ensino da Geografia em Portugal, da autoria de Ricardo Coscurão, a análise da geografia tropical portuguesa e o ensino superior em África, nas palavras de João Sarmento, o território no pensamento geográfico brasileiro contemporâneo, reflexão feita por Ana Cristina da Silva, as vulnerabilidades socioespaciais e os efeitos da urbanização recente, analisadas por Nelba Azevedo Penna e, por último, a governança climática e a floresta da amazónica segundo Fronika de Wit.
De referir que, nestas três seções descritas, há um grande equilíbrio entre textos de natureza mais teórica e textos que resultam de um estudo de caso, mas também um equilíbrio entre textos que problematizam de forma mais genérica o intercâmbio do pensamento geográfico entre os dois países e textos que focalizam apenas um autor ou uma temática para evidenciar esta conexão. Na primeira seção a ilustração do discurso é feita com o recurso a fotografias, que ajudam, sobretudo, a contextualizar os testemunhos de Suzanne Daveau e Pedro Geiger e nas seções seguintes, embora em número reduzido, são também utilizadas fotografias, mapas e gráficos.
II. Breves comentários à obra
Começo por elogiar a estrutura da própria obra. Depois de textos introdutórios na primeira seção que remetem para uma leitura mais paternalista da Geografia, com o destaque para autores como Orlando Ribeiro e Milton Santos, o livro centra-se numa leitura das conexões existentes entre a Geografia e os geógrafos dos dois países.
Desta seção retiro sobretudo a necessidade dos geógrafos de hoje serem mais ambiciosos ou audazes no diálogo com outros geógrafos ou outros intelectuais de distintas áreas do conhecimento. É preciso ir além do território conhecido, ultrapassando distâncias e fronteiras, temas tão acarinhados no ensino da Geografia. Sabemos o rasgo que Orlando Ribeiro representa no pensamento geográfico, não apenas pelo seu conhecimento profundo do nosso país, sintetizado na obra Portugal e Mediterrâneo e o Atlântico, mas também pelas relações que estabeleceu com outros geógrafos e pelos seus trabalhos em diferentes territórios latino-americanos, que possivelmente tiveram o seu impulso quando o geógrafo parte em 1952 no navio transatlântico Vera Cruz em direção ao Brasil, como Suzanne Daveau nos conta.
É preciso conhecer o território, é preciso ficar nele, é preciso pensar sobre ele. Orlando Ribeiro fez da sua vida um verdadeiro trabalho de campo, não sendo de ignorar as suas passagens pelo Brasil e as viagens e incursões que fez com Aroldo de Azevedo e que Suzanne Daveau descreve como sendo fundamentais para a consolidação de uma geografia aberta e de partilha.
Depois, valorizo o próprio objetivo central desta obra. Isto porque há nela uma necessidade, quanto a mim central, de indagar e divulgar a História da Geografia, que se confunde com a própria Identidade da Geografia, incluindo as suas origens, os seus precursores e demais autores de referência, as suas influências ou os seus elementos identitários enquanto ciência (conceitos, métodos, temas e objeto de estudo e práticas), quer seja em Portugal quer seja no Brasil. Aliás, este objetivo remete para o pensamento do Professor Gama Mendes, da Universidade de Coimbra, quando lecionava História e Teoria da Geografia, no primeiro ano da licenciatura (Ferrão, 2015; Gaspar, 2015; Jacinto et al., 2015). A região, espaço vivido, do geógrafo francês Armand Frémont era a obra de suporte nestas aulas e, porventura, ainda hoje a História da Geografia de Coimbra, poderá ser contada a partir das interferências francófonas, no campo da Geografia Humana, da Geografia Social e da Geografia Política, de geógrafos e de outros pensadores das ciências sociais e humanas, como De Martonne, Demangeon, Deffontaines, Gourou, Bachelard, Lefebvre, Vidal de la Blache ou, mais recentemente, Claval.
De facto, do lado de Portugal e do lado do Brasil a origem da institucionalização da Geografia enquanto ciência académica viria a ser marcada por esta referência a autores franceses, em particular nos estudos e monografias urbano-regionais e na adoção dos conceitos de região, paisagem e género de vida e, portanto, esta influência comum não poderia ser esquecida, sendo nesta obra amplamente referida por Suzanne Daveau e Pedro Geiger.
No que diz respeito aos percursores ou autores de referência nos primeiros anos do século XX, em Portugal, fixamos os nomes de Francisco Xavier da Silva Teles, Luís Schwalbach, Orlando Ribeiro e Idílio Amaral. Fixamos também a criação do Centro de Estudos Geográficos (1943), a realização, em Lisboa, do Primeiro Congresso Internacional de Geografia, da União Geográfica Internacional (1949) e ainda a realização do Primeiro Seminário Internacional de Geografia (1967). Acresce também a produção e divulgação científica como a criação da revista Finisterra - Revista Portuguesa de Geografia (1966).
Do outro lado do Atlântico destacamos nomes como Aroldo de Azevedo e Milton Santos e o papel desempenhado pela Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro (1883) e, posteriormente, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (1936), pelo Conselho Nacional de Geografia (1937) e pela Associação dos Geógrafos Brasileiros (1934).
No caso português, e seguindo as referências indicadas por Suzanne Daveau, foram, entretanto, surgindo outros nomes como Amorim Girão, Alfredo Fernandes Martins, Pereira de Oliveira, Jorge Gaspar, Teresa Barata Salgueiro e João Ferrão.
Desta obra fazem ainda parte geógrafos de uma outra geração, como João Luís Fernandes e João Sarmento, dois nomes associados à Geografia Humana e à Geografia Cultural em Portugal, da Escola de Coimbra e do Minho, respetivamente. Representam uma nova geração de geógrafos, comprometidos com a Geografia Cultural e com a abertura da Geografia a outros saberes e a outros autores internacionais de referência, no caso concreto autores brasileiros.
João Luís Fernandes, por exemplo, faz no seu ensaio uma síntese dos trabalhos que orientou enquanto professor e nos quais é evidente a influência de Rogério Haesbaert, dando destaque ao valor singular da sua obra O mito da desterritorialização: “do fim dos territórios” à multiterritorialidade (Haesbaert, 2004). Porventura a Haesbaert poderia ser acrescentado outro geógrafo brasileiro, Marcos Aurélio Saquet (2007, 2015): são ambos excecionais no estudo das diferentes abordagens do território, diferentes dimensões do espaço geográfico e escalas de análise, da territorialidade e da desterritorialização, conceitos que foram entrando no léxico dos trabalhos de geógrafos portugueses, como João Luís Fernandes evidenciou, e que mostram os efeitos da multiterritorialidade da vida contemporânea.
Autores como Lefebvre, Foucault e Raffestin estão também na origem desta análise sobre o território e sobre o espaço, onde emergem as visíveis consequências do movimento cultural turn e da desconstrução do pensamento geográfico, com efeitos na afirmação contemporânea de um paradigma pós-colonial, como Pedro Geiger analisa no ensaio inicial. Se olharmos ainda para autores que não são geógrafos, como Bauman, Appadurai, Maallouf, e até Sen, Fukuama e Harari, podemos constatar que inspiram estas novas interpretações do território, analisam a compressão espaço-tempo, os confinamentos e os muros da contemporaneidade, o crescimento da cibernética e das tecnologias de informação e comunicação, a crise das identidades e a fluidez e instantaneidade, características das novas sociabilidades, temporalidades e espacialidades. Valorizam a Geografia, ao integrarem nos seus discursos a análise dos territórios, das regiões ou dos estados e as questões políticas ou até religiosas. Aqui são acrescentados os temas que a Geografia não ignora como a Filosofia, a Política, a Economia ou a Religião, e que Geiger também reforçou na primeira secção desta obra.
Aliás, foi a crítica a uma Geografia demasiado descritiva que impulsionou a abertura da Geografia a novos temas trazidos pelo processo de globalização muitos dos quais de cariz mais social, como o estudo em torno dos países em desenvolvimento e antes designados de Terceiro Mundo, das periferias urbanas ou mesmo das questões demográficas, do crescimento populacional, da fome e da pobreza, que estão plasmados nos trabalhos de Milton Santos, mas sobretudo de Josué de Castro, que escreve Geografia da fome, obra analisada por Gleydson Gonzaga de Lucena.
Estes trabalhos aqui referidos são um exemplo de como é necessário valorizar as redes de conexão entre as duas comunidades científicas, reforçando a divulgação da produção científica em língua portuguesa e constituíram um fórum alargado e cada vez mais eficaz na partilha de conhecimentos, de métodos e de práticas.
No caso português, o número de estudantes brasileiros inscritos nas universidades portuguesas (20 627 no ano letivo 2018/2019), alguns dos quais bolseiros, tem vindo a aumentar e, segundo a Direção-Geral de Estatística de Educação e Ciência (2019), são a nacionalidade mais representada, com 28% do total dos estrangeiros (58 092 no ano letivo 2018/2019). Este reforço coincide com o aumento de investigadores brasileiros nos encontros científicos em Portugal, bem como o aumento do número de publicações e uma maior diversidade de revistas que publicam textos de autores brasileiros ou sobre o Brasil, como indiciado no estudo proposto neste livro por Daniel Paiva, Jonathan Felix Ribeiro Lopes e Francisco Roque de Oliveira.
Desta parte, prevê-se, efetivamente, um novo impulso na relação científica entre os geógrafos portugueses e brasileiros, aumentando as conexões recíprocas entre estes dois países.