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Medicina Interna
versión impresa ISSN 0872-671X
Medicina Interna vol.27 no.4 Lisboa dic. 2020
https://doi.org/10.24950/PP/4/2020
PÁGINA DO PRESIDENTE / PRESIDENT’S PAGE
Certificação de Internistas em Áreas Específicas do Conhecimento: Razões para Fazer
Certification of Internists in Specific Areas of Knowledge: Reasons for Doing So
João Araújo Correia https://orcid.org/0000-0002-6742-3900
Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
O modelo do exercício de Medicina Interna em Portugal e Espanha, é diferente doutras partes do mundo. Ele caracteriza-se por uma fortíssima formação generalista, que permite a qualquer Internista ter a “plasticidade” muito apreciada pelas Administrações Hospitalares, de se adaptar a trabalhar em qualquer área mais deficitária na instituição. Sente-se apto a trabalhar na enfermaria de agudos, na gestão dos doentes crónicos complexos, na discussão de casos raros e difíceis, no Serviço de Urgência, nas Unidades de Cuidados Intermédios, nos Cuidados Paliativos, ou nas várias Comissões de Qualidade e Segurança.
A base generalista dos Internistas é a característica mais importante da especialidade que a torna uma mais valia no estudo das doenças sistémicas, com vantagem assinalável sobre os especialistas de órgão.
A velocidade prodigiosa de crescimento do conhecimento médico, faz com que nenhum Internista possa estar “up to date” em todas as matérias.
Será adequado dizer, que ao especialista de Medicina Interna, não há nada que lhe seja desconhecido, mas que também não sabe tudo de todas as coisas. Abrem-se duas grandes opções ao Internista: manter-se como sólido Internista generalista ou, conservando a sua base de formação geral, ter uma dedicação a uma área especifica, buscando uma competência de excelência.
Os 21 Núcleos de Estudo da SPMI, refletem a necessidade dos Internistas dedicados a áreas especificas se encontrarem, promoverem atividades formativas, desenvolverem Unidades de tratamento dirigidas, publicarem protocolos de diagnóstico e terapêutica ou darem informação útil aos seus doentes.
É muito importante que Internistas dedicados há vários anos ao tratamento dos doentes de áreas particulares (doenças autoimunes, doença VIH, diabetes, medicina obstétrica, medicina de urgência,hospitalização domiciliária, insuficiência cardíaca, cuidados paliativos, hipertensão pulmonar, doença respiratória crónica, doença hepática crónica), possam ter reconhecimento das suas competências. É uma questão de justiça, mas também de defesa desses especialistas dedicados, que porvezes são confrontadoscom a ameaça de lhes ser cortada a possibilidade de prescrição de terapêuticas inovadoras, aos seus doentes de sempre.
Em Portugal, o título de Competência é dado pela Ordem dos Médicos. Em Espanha, esse título é dado pela Sociedade Espanhola de Medicina Interna (SEMI) e pelo respetivo “Grupo de Trabajo”. Consideramos que a Competência é o título que melhor serviria o interesse de todos, incluindo dos doentes, por ser inclusivo, permitindo a sua atribuição a especialistas de várias origens. Á Sub especialidade apenas se pode candidatar uma determinada especialidade, sendo por isso fraturante e promovendo a sacralização de cuidados específicos, com comprometimento da resposta aos doentes.
O processo de autorização de uma competência pela OM, implica a consulta e aprovação de todos os Colégios de Especialidade relacionados. Principalmente nos casos em que existem terapêuticas inovadoras, há conflito entre as especialidades defronteira. Porisso, constatamos apenas ter sido pontual a criação de Competências (Cuidados Paliativos e Geriatria).
A proposta desta Direção da SPMI, dirigida aos Núcleos de Estudo (NE), é a definição de Critérios de Certificação de áreas específicas do conhecimento para especialistas de Medicina Interna. Esses critérios deverão ser públicos, com reconhecimento interpares, baseados nosdados da literatura. Aos candidatos elegíveis, será emitido uma certificação individual, sancionada pelo Presidente da SPMI e pelo Coordenador do NE respetivo.
Há quem argumente a sua oposição, com o facto de que uma certificação nestes moldes não ter valor legal. Mas, não depreciemos o seu inegável valor formal. Um Internista com trabalho continuado numa determinada área, munido de um Certificado de Competência com critérios indiscutíveis, nunca seria arredado das suas funções. Não há Conselho de Administração que se arrisque afazê-lo. E, não esqueçamos, que a motivação e o orgulho de ser Internista, crescem em paralelo com o reconhecimento do trabalho, e esta é a melhor forma de combater o burnout.
© Autor (es) (ou seu (s) empregador (es)) e Revista SPMI 2020. Reutilização permitida de acordo com BY-NC. Nenhuma reutilização comercial.
© Author(s) (or their employer(s)) and SPMI Journal 2020. Re-use permitted under CC BY-NC. No commercial re-use.
Recebido / Received: 21/09/2020
Aceite / Accepted: 21/09/2020
Publicado / Published: 18 de Dezembro de 2020