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Análise Social

 ISSN 0003-2573

NUNES, Filipe. Eleições de segunda ordem em Portugal: o caso das europeias de 2004 . []. , 177, pp.795-813. ISSN 0003-2573.

^lpt^aNeste artigo, as eleições europeias de 2004 são analisadas à luz da teoria das eleições de segunda ordem. De acordo com este modelo, é expectável que este tipo de eleições seja marcado por taxas mais elevadas de abstenção e por melhores performances eleitorais por parte dos médios e pequenos partidos. De facto, as eleições europeias continuam a destacar-se pela baixa participação eleitoral. A performance dos pequenos partidos em eleições europeias é que parece estar a ser afectada pela progressiva bipartidarização registada nas restantes eleições. Confirmou-se igualmente que as eleições europeias funcionam como uma espécie de referendo ao governo. A meio do mandato, numa conjuntura desfavorável, os partidos que suportam o governo foram claramente penalizados. De resto, nas eleições europeias de 2004, o que mais condicionou os resultados, para além do autoposicionamento ideológico, foi a avaliação que os eleitores faziam da acção do governo e da situação económica. As clivagens sociais tradicionais ajudam pouco a perceber o sentido de voto nas europeias. A participação eleitoral, por seu turno, surge fortemente associada à idade e ao interesse pela política, não se podendo concluir que, nas eleições europeias, a abstenção esteja associada a atitudes negativas face à União Europeia ou à oferta partidária.^lfr^aDans cet article, les élections européennes de 2004 sont analysées à la lumière de la théorie des élections de second ordre. Suivant ce modèle, il fallait s’attendre à ce que ce type d’élections soit marqué par des taux plus élevés d’abstention et par de meilleures performances électorales de la part des moyens et des petits partis. En effet, les élections européennes continuent à enregistrer une faible participation électorale. Mais la performance des petits partis dans les élections européennes semble être présentement affectée par la bipolarisation progressive qui se vérifie dans les autres élections. Tout comme il s’est avéré que les élections européennes fonctionnent comme une espèce de référendum au gouvernement. A la moitié du mandat, dans une conjoncture défavorable, les partis qui supportent le gouvernement ont été clairement pénalisés. Du reste, les résultats des élections européennes de 2004 ont été davantage conditionnés, en plus de l’auto-positionnement idéologique, par l’évaluation de l’action gouvernementale et de la situation économique qu’en ont faite les électeurs. Les clivages sociaux traditionnels n’aident pas beaucoup à comprendre le sens du vote aux élections européennes. La participation électorale, quant à elle, se présente fortement liée à l’âge et à l’intérêt porté à la politique, ce qui ne nous permet guère de conclure que, dans ces élections, l’abstention soit associée à des attitudes négatives face à l’Union Européenne ou à l’offre partisane.^len^aThis article looks at the European elections of 2004 in the light of second-tier election theory. According to this model, higher abstention rates and better electoral performances from small and medium-sized parties are to be expected in this type of election. It is true that turnout in these elections continues to be low, but the performance of small parties in them does seem to be affected by the increasing trend towards two-party dominance in other elections. We have also confirmed that European elections operate as a sort of referendum on the government. Halfway through a parliamentary term, at a time when the economy was not doing well, parties which supported the government were clearly made to suffer. Moreover, the most significant factors affecting the 2004 European election results, apart from ideological positioning, were voters’ assessment of the government’s performance and the economic situation. Traditional social divisions are of little help in understanding the meaning of votes cast in European elections: turnout bears a strong relationship to age and to how interested the voter is in politics. The article does not support any conclusion that abstention in European elections is linked to negative attitudes vis-à-vis the European Union or to the range of party platforms on offer.

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