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Finisterra - Revista Portuguesa de Geografia

 ISSN 0430-5027

SANTOS, João Rafael. Espaços infraestruturais e vacância: traços diacrónicos na formação do território metropolitano de Lisboa. []. , 108, pp.135-159. ISSN 0430-5027.  https://doi.org/10.18055/Finis12057.

^lpt^aA formação do território metropolitano de Lisboa assentou numa complexa articulação entre o suporte fisiográfico e hidrográfico e o traçado de diversas redes infraestruturais, nomeadamente rodoviárias e ferroviárias, aterros e espaços portuários, limites e estruturas militares. Dessa articulação resultaram espaços de interface com tecidos urbanos de diversa natureza. A sua reconstituição e interpretação cartográfica permite descodificar as lógicas subjacentes aos processos de territorialização que, frequentemente, coexistem e se sobrepõem, resultantes também de alterações de uso e de racionalidade programática. Numa perspetiva diacrónica, revelam-se os traços da sua transformação: adições, justaposições, mas também persistências, subtrações e demolições. Alguns resultam fragmentados e desagregados, restos de estruturas que se perderam no esteio de mudanças tecnológicas e funcionais, descontinuados no espaço e no tempo. Espaços vacantes na atualidade, constituem áreas de oportunidade para intervenções tópicas, temporárias e imprevistas em lógicas de maior formalidade. Neste sentido, o artigo propõe uma leitura dos processos de infraestruturação do território metropolitano de Lisboa, focando-se no solo portuário e industrial e nas coroas de circulação, demarcação militar e equipamento da capital, articulando-a com o reconhecimento de espaços vacantes na atualidade. A partir desse confronto, propõe-se uma interpretação territorializada das relações entre infraestruturação e produção de vacâncias segundo uma pauta tipológica e temporal.^len^aLisbon’s metropolitan territory was shaped by a complex interaction between its physiographic and hydrographic features and the laying of multiple infrastructural networks, namely roads, railroads, ports and landfills, various boundaries and military facilities. This interaction resulted in interfacial spaces with various types of urban fabric. The cartographic interpretation of these interfacial spaces provides insight into the logics underlying their contribution to wider territorial processes, namely those of addition, juxtaposition, persistence, subtraction and demolition. This resulted in fragmented and splintered spaces, remains of structures lost in the wake of technological and functional changes, discontinued in both in space and time. Many became today’s vacant spaces; they are realms of opportunity for topical and transitional interventions, unanticipated by formal rationales. In this context, the paper provides a reading of the processes of infrastructural development of the metropolitan territory of Lisbon, focusing on port and industrial land and the belt structures defined by military perimeters, ring transportation and major urban facilities.^lfr^aCette formation résulte d’une articulation complexe entre sa base physiographique et hydrographique et le tracé des divers réseaux infrastructurels, surtout rodoviaires et ferroviaires, des remblais et espaces portuaires, et des limites et espaces militaires. Il en résulte des tissus urbains de natures diverses. Leur reconstitution et leur interprétation cartographique permettent de comprendre les logiques sous-jacentes aux processus de territorialisation, lesquels coexistent et se superposent fréquemment, et résultent aussi des modifications de leur usage et des normes programmatiques. Une vision temporelle révèle les aspects de cette transformation spatiale : ajouts et juxtapositions, mais aussi persistances, soustractions et démolitions. Il peut en résulter des fragments désagrégés, des restes de structures abandonnées à cause de modifications technologiques ou fonctionnelles, ou encore des discontinuités spatiales ou temporelles. Les espaces vacants actuels offrent des lieux propices aux interventions spécifiques et temporaires, difficiles à prévoir dans un cadre logique et formel. On propose donc une lecture des processus de infrastructuration du territoire métropolitain de Lisbonne, en insistant sur les espaces portuaires et industriels, sur les ceintures de circulation, sur les démarcations militaires et les monumentales de la capitale, sans oublier leur rapport avec les espaces vacants actuels. Ce qui permet d’offrir une interprétation typologique et temporelle des rapports qui lient les infrastructures aux lieux vacants.

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