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Jornal Português de Gastrenterologia

 ISSN 0872-8178

     

https://doi.org/10.1016/j.jpg.2012.04.006 

INSTANTÂNEO ENDOSCÓPICO

 

Cancro do cólon de aspeto endoscópico invulgar

Colon cancer, an unusual endoscopic presentation

 

Pedro Cardoso Figueiredoa,∗, Paula Borralhob e João Freitasa

aServiço de Gastrenterologia, Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal

bServiço de Anatomia Patológica, Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal

*Autor para correspondência

 

Mulher de 66 anos, leucodérmica, seguida em consulta por anemia ferropénica e referenciada por suspeita de doença linfoproliferativa. Medicada com propranolol, ranitidina, sinvastatina, loflazepato de etilo, bromazepam, diclofenac e sulfato ferroso oral. A endoscopia digestiva alta era normal. A tomografia computorizada revelou exuberante componente adenomegálico mediastínico, abdominal e retroperitoneal, bem como neoformação sólida com 9 cm de extensão, envolvendo o cólon transverso. Foi submetida a colonoscopia tendo sido detetada, no cólon transverso, uma extensa lesão ulcerada com coloração negra e de bordos elevados (fig. 1, fig. 2 e fig. 3). A análise histológica das biopsias colhidas revelou adenocarcinoma pouco diferenciado com extensa ulceração e depósitos de material negro positivo na coloração de Perls.

 

 

 

 

Procedeu-se ainda a estudo dirigido das linfadenopatias que se revelaram lesões metastáticas do adenocarcinoma cólico.

O óbito ocorreu cerca de 5 meses após o diagnóstico.

Discussão

Os autores apresentam este caso pela raridade do aspeto endoscópico do tumor do cólon.

A coloração negra em lesão endoscópica pode ser devida à produção de melanina - o que não se verificou nesta doente - ou à presença de pigmentos exógenos. Nesta doente, o pigmento depositado na mucosa ulcerada era positivo para a coloração de Perls, identificando iões de ferro na forma férrica. Várias espécies de bactérias pertencentes à flora do cólon produzem sulfureto de hidrogénio, que ao reagir com iões ferro, provenientes não só da hemorragia local como também da medicação da doente, origina sulfato férrico, apresentando-se como um precipitado negro1. Será provavelmente esta a razão para a coloração encontrada2.

 

Bibliografia

1. Korenman EW, Allen SD, Janda WM, Schreckenberger PC, Winn Jr WC. Color atlas and textbook of diagnostic microbiology. 5th ed. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins; 1997. p. 187-96.         [ Links ]

2. Wang L, Warner N, Sherrod A. Pathologic quiz case: a 79-year-old woman with a black, ulcerated cecal tumor. Arch Pathol Lab Med. 2005;129:113-4.         [ Links ]

 

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

 

*Autor para correspondência

Correio eletrónico: pedro.c.figueiredo@hotmail.com (P. Cardoso Figueiredo).

 

Recebido a 11 de setembro de 2011; aceite a 14 de novembro de 2011