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Etnográfica

 ISSN 0873-6561

PATRIARCA, Madalena. Como nos tornamos antropólogos?: Imprevisto e mutualidade na constituição do terreno etnográfico da saúde mental em Lisboa. []. , 16, 3, pp.589-618. ISSN 0873-6561.

^lpt^aEste artigo trata da necessidade de o antropólogo integrar os imponderáveis do terreno na descrição etnográfica enquanto condição de produção de conhecimento antropológico. Ao longo do trabalho de campo que realizou em Lisboa e visava compreender como os psiquiatras aprendiam a sua profissão, a autora foi sendo defrontada com entraves diversos à observação de alguns serviços psiquiátricos hospitalares. Foi ainda surpreendida pela desconfiança explícita de muitos psiquiatras quanto à possibilidade de a abordagem etnográfica conseguir traduzir “com fiabilidade científica” a identidade social deste grupo profissional. Porém, da incessante procura de novos lugares para observar, a par de uma reflexão constante sobre as dificuldades sentidas no trabalho de campo, a investigação resultou na descoberta inesperada, não de um serviço de psiquiatria, mas de toda uma cartografia histórico-psiquiátrica intimamente ligada com as dinâmicas do quotidiano da cidade. Recorrendo ao seu material etnográfico a autora repensa, assim, categorias como reflexividade, intersubjetividade e representação, e propõe-se encarar a pesquisa de campo como processo de aprendizagem do próprio antropólogo.^len^aUnder what conditions can unexpectedness in the fieldwork become a way of anthropological knowing? How can we write about silence and the concealed? This paper explores unexpected situations that occurred during our fieldwork on several psychiatric hospital wards in the city. Due to their medical thinking most psychiatrists are suspicious of ethnographic data, mainly when they are the ones the anthropologist wants to study, serving as gatekeepers is a way to limit our access to their medical world. This becomes highly problematic since the ethnographer feels most of the time as having failed her fieldwork. But differently, our proposal is to understand fieldwork difficulties as a process of anthropological apprenticeship. In other words, difficulties in the fieldwork become paths to understand and to craft our knowledge of a shared world.

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