20 2 
Home Page  

  • SciELO

  • SciELO


Etnográfica

 ISSN 0873-6561

BISPO, Raphael. Tempos e silêncios em narrativas: etnografia da solidão e do envelhecimento nas margens do dizível. []. , 20, 2, pp.251-274. ISSN 0873-6561.

^lpt^aA proposta deste artigo é contribuir para uma etnografia do sentimento de solidão e abandono na velhice. Tal abordagem será efetuada a partir da análise da trajetória das chacretes, nome artístico de antigas dançarinas eróticas que durante as décadas de 1970 e 1980 foram famosas personagens da televisão brasileira. A solidão é entendida neste artigo como uma experiência emocional oriunda das negociações sociais cotidianas operadas pelos sujeitos acerca de suas próprias vidas. Tendo como base o caso de uma chacrete, é analisado ao longo do texto o trabalho da passagem do tempo na fabulação e na descrição de sentimentos considerados violentos e tortuosos por quem os vivencia. A experiência extrema de dor, sofrimento e solidão de uma mulher envelhecida liga-se a um trabalho de gestão de palavras e lembranças acerca de seu passado, demonstrando ser a solidão não um sentimento idiossincrático, “não relacional”, mas, pelo contrário, resultado de contatos e trocas sociais.^len^aThe purpose of this article is to contribute to an ethnography of loneliness and abandonment that may affect some people in certain moments of their lives. Such approach will be made here from the analysis of the trajectory of chacretes, erotic dancers who during the 1970s and 1980s were famous characters of Brazilian television. Loneliness is understood in this text as an emotional experience resulting from the daily negotiations operated by the subjects about their own lives. Based on the case of a single chacrete, the analysis focuses on the work of the passage of time in the fabling and description of feelings considered violent and tortuous by those who experience them. The extreme experience of pain, suffering and loneliness of an aging woman promotes the management of words and memories about her past, demonstrating that loneliness is not an idiosyncratic sentiment, “non-relational”, but rather the result of contacts and social exchanges.

: .

        · | |     · |     · ( pdf )

 

Creative Commons License All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution License